23 de julho de 2010

O doce veneno do escorpião



Histórias sobre garotas de programa são praticamente irresistíveis, seja no cinema ou na literatura. Alguns roteiros memoráveis trazem tramas ligadas a essa profissão, como “A Bela da Tarde” (1967) e “Bonequinha de Luxo” (1961), por exemplo. Não se tornaram clássicos à toa; aproveitaram esta premissa atraente para mostrar duas realidades femininas bem diferentes ligadas ao sexo, ao prazer e à ambição.

“Bruna Surfistinha – O Doce Veneno do Escorpião”, por sua vez, nasceu de fatos bastante reais. É baseado na história da jovem Raquel Pacheco, garota de classe média de São Paulo que resolveu se tornar uma prostituta e contava as “aventuras sexuais” de sua profissão em um blog, sob o pseudônimo que a fez conhecida.

Previsto para estrear em 29 de outubro, o filme de tom biográfico tem os mesmos elementos do livro “O Doce Veneno do Escorpião – O Diário de Uma Garota de Programa”, da Panda Books, estrondoso sucesso de vendas no apático mercado literário brasileiro com mais de 250 mil cópias. Apesar da curiosidade ter sido a maior responsável pelo boom da história impressa, esse mesmo caminho não foi trilhado pelo filme: poucas marcas quiseram contribuir com o orçamento de R$5,5 milhões da produção para não associar seu nome ao de uma garota de programa.

Dirigido por Marcos Baldini, um estreante em longas de ficção, “Bruna Surfistinha” tem roteiro escrito Homero Olivetto e argumento assinado pelo experiente Karïm Ainouz (diretor de “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo” e “Céu de Suely”). Raquel Pacheco faz uma ponta interpretando uma recepcionista. No papel principal está Deborah Secco, mais conhecida por seus trabalhos na televisão e por algumas incursões no cinema (como em “Meu Tio Matou um Cara”). Para encarnar a personagem, ficou loira e ganhou medidas, mas o sotaque carioca, pelo que se viu no teaser já apresentado do filme, continua lá.

No elenco também estão Cássio Gabus Mendes e Drica Moraes, nomes mais fortes do cinema nacional. É de se esperar que a trama se apóie mais nas cenas de sexo envolvendo a personagem do que em um possível conflito interno de Surfistinha diante de sua vida dupla. Resta torcer para que o resultado não fique banalizado pelo que de mais superficial pode haver na vida de mulheres que escolhem essa profissão – a busca por saciar o prazer do outro.

Autoria: Luciana Borges
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