Talvez fosse por causa da canseira de brincar na piscina durante toda a manhã de sábado, mas a comida do Bodinho (pois é, esse era o nome do restaurante em Limeira!) até hoje parece uma das mais deliciosas do mundo. Eu me lembro de que a esperava ansiosamente, entre exausta e feliz. Como o restaurante fechou há muitos anos, não posso ir lá para checar se aquele pãozinho com maionese e azeite era algo de outro mundo, como me diz minha memória. Mas até fico feliz de não poder fazer isso.
Lembro-me de quando, num domingo, depois de muitos anos, minha família e eu decidimos voltar ao Figueira Branca, um restaurante num posto de gasolina à beira da rodovia Anhanguera. A descrição pode não parecer muito animadora, mas muitas famílias almoçavam lá. Minha irmã e eu adorávamos. Não pela comida: o lugar tinha um gramado nos fundos, e um parquinho. Vai ver é por isso que eu só me lembro do couvert, que tinha um pãozinho com manteiga divino. No resto do tempo eu devia estar mais interessada no balanço que no prato.
Quando voltamos, vimos poucas famílias ocupando as mesas antes disputadas. E a minha própria já não contava mais com meu avô que, mesmo doente, sempre nos acompanhava nos fins de semana. E, de repente, o pão com manteiga de que eu tanto gostava me pareceu sem graça. Sem sabor mesmo. Não sei se era porque eu já não tinha idade para correr para o balanço. Não sei se era porque notar a decadência do lugar – e talvez a nossa própria – acabou tirando o sabor da comida.
Naquele dia, pensei que jamais deveríamos tentar reviver um sabor da infância. Sparkies, guarda-chuvinhas ou (extintos) cigarrinhos de chocolate, balas “Soft” (aquelas que a vovó ficava de olho para não nos afogarmos!)… Talvez devêssemos deixar tudo para trás para não correr o risco de ficar com aquele pão um tanto borrachento e sem graça na boca – e perder uma boa memória a menos na cabeça. Não importa que os ingredientes e o lugar não tenham mudado. Nós não somos os mesmos.
Para mim, a maionese (e eu nem gosto mais de maionese!) do Bodinho foi e será a melhor do mundo. Porque ela chegava depois de um sábado de sol na piscina, com minha irmã e minha mãe, e meu pai ia ao nosso encontro para nos sentarmos à mesa daquele salão simples e comermos juntos. Hoje eu nem saberia mais dizer onde ficava esse lugar. Fica, então, só na minha memória.
Quando voltamos, vimos poucas famílias ocupando as mesas antes disputadas. E a minha própria já não contava mais com meu avô que, mesmo doente, sempre nos acompanhava nos fins de semana. E, de repente, o pão com manteiga de que eu tanto gostava me pareceu sem graça. Sem sabor mesmo. Não sei se era porque eu já não tinha idade para correr para o balanço. Não sei se era porque notar a decadência do lugar – e talvez a nossa própria – acabou tirando o sabor da comida.
Naquele dia, pensei que jamais deveríamos tentar reviver um sabor da infância. Sparkies, guarda-chuvinhas ou (extintos) cigarrinhos de chocolate, balas “Soft” (aquelas que a vovó ficava de olho para não nos afogarmos!)… Talvez devêssemos deixar tudo para trás para não correr o risco de ficar com aquele pão um tanto borrachento e sem graça na boca – e perder uma boa memória a menos na cabeça. Não importa que os ingredientes e o lugar não tenham mudado. Nós não somos os mesmos.
Para mim, a maionese (e eu nem gosto mais de maionese!) do Bodinho foi e será a melhor do mundo. Porque ela chegava depois de um sábado de sol na piscina, com minha irmã e minha mãe, e meu pai ia ao nosso encontro para nos sentarmos à mesa daquele salão simples e comermos juntos. Hoje eu nem saberia mais dizer onde ficava esse lugar. Fica, então, só na minha memória.
Letícia Sorg
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