31 de agosto de 2010

Os 10 mais das novelas

Seja pelo carisma que despertou ou até pela maldade extrema… Alguns personagens de novelas brasileiras fizeram tanto sucesso que, não importa quanto tempo passe, serão sempre lembrados pelo telespectador.


10. Odorico Paraguassu (O Bem Amado)

Um prefeito que tem como carro-chefe de sua gestão a construção de um cemitério, pois quem morria em Sucupira precisava ser enterrado na cidade vizinha. O problema é a sequência de trapalhadas de Odorico Paraguassu - político corrupto, sem cultura nem vergonha na cara - depois que sua principal obra fica pronta e ninguém mais morre na cidade. Foi um personagem que começou no teatro, foi levado à TV, interpretado por Paulo Gracindo na novela O Bem Amado (1973), e acaba de ganhar as telonas.


09. Odete Roitman (Vale Tudo)

Poucas vilãs podem se gabar de ter tido a morte mais comentada da história das novelas brasileiras. A empresária Odete Roitman (Beatriz Segall), com certeza, pode. Foi depois de Vale Tudo (1988) que os autores descobriram a mina de ouro que era lançar um mistério no meio da trama, para solucioná-lo no fim. “Quem matou Odete Roitman?” era a grande questão a ser desvendada, que perdurou por 11 capítulos. Para manter o suspense, a resposta foi gravada (em cinco versões diferentes) apenas no dia em que o último capítulo foi exibido.


08. Bebel (Paraído Tropical)

Poucas candidatas à vilã ganharam tanto a simpatia do público quanto a prostituta Bebel de Paraíso Tropical (2007). Ao lado do mau caráter Olavo, ela formou um dos casais mais famosos e interessantes das novelas brasileiras até hoje. Seu ar de superioridade e a falta de bom senso garantiram à personagem um toque de humor que foi fundamental para o seu sucesso. Camila Pitanga foi quem deu vida à musa do calçadão de Copacabana.
  

7. Jorge Tadeu (Pedra sobre Pedra)

Um fotógrafo que usa o seu charme para conquistar boa parte da população feminina e comprometida de Resplendor. Basta isso para resumir Jorge Tadeu, o galanteador que levou polêmica e levantou a ira de homens casados à novela Pedra Sobre Pedra (1992). Nem seu assassinato foi suficiente para tirar da trama o personagem interpretado por Fabio Jr. A cena mais emblemática ocorre depois de sua morte: as mulheres seduzidas comem os copos de leite que nascem no túmulo e, enlouquecidas, enxergam o fantasma do fotógrafo.


6. Tieta (Tieta)


Nem é possível escolher qual Tieta ficou mais famosa, se a do romance de Jorge Amado, a do cinema ou a da novela, de 1989, vivida por Betty Faria. Mas, fato é que a personagem ficou tão enraizada no imaginário dos noveleiros que não importa a cara que ela tenha, sempre será a mulher arretada que, após ser escorraçada de casa e de Santana do Agreste pelo pai, volta anos depois, rica, ousada e exuberante, pronta para calar os demagogos da cidade, em especial, sua irmã Perpétua.



5. Natasha (Vamp)

A paixão pelo submundo dos vampiros começou muito antes da saga Crepúsculo. Em 1991, era Natasha (Claudia Ohana) quem encantava com uma pele friamente pálida, olhos vermelhos e dentes afiados. A vampira, que conseguiu fama no mundo musical ao fazer um pacto com o mestre conde Vlad, luta para desfazer o acordo e escapar da maldição, ainda mais depois que se apaixona pelo mortal Lipe. Mas é a partir dela que Armação dos Anjos se torna praticamente uma cidade vampiresca.


4. Dona Armênia (Rainha da Sucata)

Dona Armênia é a prova de que nem só de protagonistas vive uma novela. Afinal, a mãe superprotetora de três marmanjos, que falava aos berros que queria ver “a prédio na chon” foi a personagem mais marcante e imitada da novela Rainha da Sucata (1990), mais até do que a “sucateira” Maria do Carmo. Para completar, a Armênia de sotaque carregado vivida por Aracy Balabanian ainda usava e abusava de um visual exageradamente colorido e estampado.



3. Sinhozinho Malta e Viúva Porcina (Roque Santeiro)
Eles são uma coisa só. Afinal, é impossível falar de Sinhozinho Malta (Lima Duarte) sem lembrar da Viúva Porcina (Regina Duarte), e vice-versa. E pensar que até o último capítulo de Roque Santeiro (1985) o autor tentou manter segredo sobre quem seria o escolhido para ficar com ela: se o fazendeiro que se sujeita a imitar cachorrinho ou o personagem que dá nome à trama e acabou relegado a segundo plano neste triângulo amoroso. Como se todos os altos e baixos desse casal hilário e cheio de manias pudesse ser esquecido.


2. Nazaré (Senhora do Destino)

Nunca se viu uma vilã que fez tanto jus à palavra maldade quanto Nazaré, de Senhora do Destino (2004). A ex-prostituta roubou uma criança para comprovar uma falsa gravidez e convencer seu amante a abandonar a família e se casar com ela. Depois, traiu e matou o  marido, que  encabeça a a lista de assassinatos. Renata Sorrah deu à Naza risada maquiavélica e arrogância ao melhor estilo “espelho, espelho meu”.



1. Tonho da Lua (Mulheres de Areia)
Quem consegue manter o sorriso diante de uma imitação de Tonho da Lua? Basta a  combinação entre Ruth e Raquel ou uma gagueira sem querer para que algum engraçadinho emende uma gracinha com o personagem de Mulheres de Areia (1993). É por isso que ele é o personagem mais carismático de toda a história. A interpretação de Marcos Frota como escultor de areia fez com que o personagem com deficiência mental se tornasse o maior defensor de sua amada “Ruthinha”. Por isso, quase ninguém se lembra do intérprete de Tonho na versão da novela, 20 anos antes.


Autor: Pollyane Lima e Silva
 

30 de agosto de 2010

Tatto é para sempre!

Conheço uma moça que gastou um bom dinheiro, e um bocado de tempo, tentando, sem sucesso, tirar da orelha uma tatuagem que havia feito na Índia, no tempo em que era devota de um guru famoso. Não sei por que ela queria tirar a marca, mas o que me ficou marcado, para mim, é que ela não estava conseguindo.


Eu não tenho tatuagens. Na minha geração não era moda. Quando se tornou moda, nos anos 90, eu não consegui embarcar. Tenho dificuldade em responder às duas perguntas básicas que antecedem a tatuagem: onde tatuar e o quê tatuar. Imagino que essas dúvidas expressem uma resistência mais profunda. Tatuagens são para sempre e eu tenho dificuldade com o que é irremovível. Vou morrer com a tela do corpo intacta – ou, pelo menos, livre de marcas voluntárias.

Mas, ao meu redor, as tatuagens se multiplicam. São como itens de série num grupo de mulheres urbanas entre 20 e 30 anos. Em geral, vêm em dupla: uma na nuca, outra no ombro; uma no pé, outra na virilha; uma no cóccix, outra na panturrilha. Os temas das tatuagens também são parecidos, o que faz com que as pessoas fiquem mais ou menos iguais. Homens e mulheres.




Houve um tempo em que fui tocado pela novidade e achei que esses adereços expressavam alguma forma de rebeldia. Ou de erotismo. Hoje eles não me dizem muita coisa, num terreno ou no outro. A revolta embutida nas tatuagens-padrão ficou para trás há muito tempo. Para chocar, hoje em dia, é preciso cobrir uma vasta porção do corpo ou inventar um desenho totalmente inusitado e bem agressivo.

No capítulo do erotismo, uma pele sem mácula me parece tão sensual quanto uma pele desenhada, talvez mais. Vi este fim de semana as fotos da Cléo Pires sem roupa e fiquei com a impressão de exagero – com todas aquelas palavras tatuadas, a moça parecia São Paulo antes da lei Cidade Limpa. Continuava linda, mas, de alguma forma, aquele monte de desenhos desviava a atenção do essencial. Se as atrizes dos pornôs baratos fazem as mesmas tatuagens das garotas de classe média, alguém está usando a coisa errada. Por isso que eu aposto que dentro de poucos anos nós veremos uma revalorização do corpo intacto. Chique vai ser não ter marcas.

Outra coisa que me parece óbvia é que as pessoas tentam usar as tatuagens como uma forma de diferenciação. É uma declaração sobre si mesmo. Os desenhos dão uma pista do que a pessoa pensa ou é. Ou pensa que é. Mas, quando todo mundo faz a mesma coisa, onde fica a individualidade? Não fica. Desaparece num mar de clichês visuais. Luas, estrelas, fadas, lírios, beija-flores, tribais... Parece uma feira hippie.


Eu acho a onda das tatuagens mais uma expressão da nossa dificuldade cada vez maior em tratar com o abstrato, com aquilo que vai além das aparências. O corpo deixa de ser o complexo portador dos sentidos, dos sentimentos e das ideias para se transformar num outdoor. Frases curtas, imagens marcantes, cores. A complicada troca de ideias dá lugar a uma espécie de comunicação instantânea. Carrego os meus símbolos comigo e os revelo de uma só vez, exibindo o braço em que uma imagem me define: Cristo, Che Guevara ou Gaviões da Fiel. Eu sou isso, sacou?

Como virou moda e todo mundo usa, alguém pode dizer que a tatuagem tornou-se simbolicamente inofensiva. Ela passa, como outras rebeldias visuais da adolescência ou modismos de décadas passadas. Os piercings que a garotada usava na sobrancelha e no umbigo sumiram, embora tenham ficado os buraquinhos. Cabelos esverdeados, tranças rastafári, cavanhaques, isso tudo vai embora quando o dono cansa. A tatuagem não. Ela fica. O corpo muda, as ideias se transformam, mas a aquele desenho permanece, na contramão da natureza.

Imagine a sua mãe até hoje com o cabelo que ela usava nos anos 80. A tatuagem pode ser isso, um anacronismo existencial colado na pele, a lembrança de algo que você já foi, deixou de ser, mas continua sinalizando, como uma placa de trânsito que esqueceram de arrancar – e que agora indica a direção errada.


Talvez eu esteja exagerando, mas sempre penso nas pessoas que escrevem na pele o nome daqueles que amam. O que acontece com elas? O sujeito vai embora, viver com outra, mas a ex tem o nome dele escrito na nuca. O rapaz levou um pé na bunda, o noivado acabou, mas ele fica com o nome da fulana escrito no braço. Acho essas coisas antinaturais.

A marca do humano é ser transitório. Tentar fixar na pele uma paixão, um momento, uma filiação, é inútil. As coisas passam, elas nos escapam. E aquelas que realmente permanecem estão tão fundas dentro de nós, tão entranhadas, que dispensam adereços e representações. Eu diria que as coisas essenciais não precisam ser tatuadas - e que as coisas que precisam ser tatuadas não são essenciais. Mas dêem um desconto no meu ponto de vista: eu sempre fui apaixonado por cadernos em branco.

Ivan Martins

O melhor do Oscar

Se você está afim de incrementar a sua videoteca particular, mas morre de preguiça de ficar horas fuçando as montanhas de DVDs em promoção das lojas, que misturam em uma mesma pilha "Cantando na Chuva", "Triplo X", "O Poderoso Chefão" e "Crepúsculo", então, a dica é prestar atenção na coleção "Vencedores do Oscar".

Esse "especial" foi lançado por diferentes distribuidoras (sendo a maioria da Fox), que agruparam seus títulos de acervo com estatuestas do Oscar no currículo em diversas categorias aleatórias, tal como melhores filmes, melhores atrizes e atores, filmes estrangeiros ou mesmo prêmios técnicos e de trilha sonora.

Os boxes variam entre três e quatro DVDs por caixa e também há uma oscilação de preço entre eles. No entanto, essas coleções podem ser uma excelente opção de aquisição, tanto por seu custo benefício (algumas custam em torno de 40 reais) quanto para presentear alguém que goste do melhor do "cinemão" internacional.

Veja abaixo, alguns exemplares dos "Vencedores do Oscar":

Oscar Feminino
Este box, distribuído pela Fox, traz quatro títulos: "Titanic" (1997), em que Deborah Lynn Scott levou a estatueta de melhor figurino; "Jonny & June" (2005), que premiou Resse Witherspoon como protagonista; o clássico road movie de Ridley Scott, "Thelma & Louise" (1991), em que Callie Khouri ganhou por melhor roteiro; e "Moulin Rouge!" (2001), de Baz Lurhmann, que abocanhou dois Oscar por mãos femininas de melhor direção de arte e figurino.

Filmes Clássicos
Também lançado pela Fox, a caixa vem com três filmes históricos premiados pela Academia: "Cleópatra" (1963), com Elizabeth Taylor e Richard Burton, sobre a famigerada lenda da Rainha do Nilo; "O Rei e Eu" (1956), protagonizado por Deborah Kerr no papel da professora Anna e Yul Brynner (Oscar de Melhor Ator), no papel do Rei de Sião; e o fenômeno musical "A Noviça Rebelde" (1966), com Julie Andrews e Christopher Plummer, que conta a emocionante história da família Von Trapp, levando vários Oscar, inclusive de melhor filme.

Oscar Masculino
Nesta coleção, filmes como "Wall Street" (1987), com Michael Douglas (Oscar de Melhor Ator) e Charlie Sheen, dirigido por Oliver Stone, remonta os bastidores do poderoso mercado financeiro de Nova York. O clássico "Touro Indomável" (1981) marca a frutífera parceria de Martin Scorsese e Roberto De Niro (premiado por sua grande atuação naquele ano). "O Mais Longo dos Dias" (1962), filme de guerra sobre o "Dia D", vencedor de estauetas por fotografia e efeitos especial, com Henry Fonda, John Wayne e o cantor Paul Anka no elenco. Além desses, "Estrada para Perdição" (2002), dirigido pelo ótimo Sam Mendes ("Beleza Americana" e "Foi Apenas um Sonho"), com Tom Hanks, Jude Law, Paul Newman e Daniel Craig, que levou melhor fotografia.

Melhor Filme Estrangeiro
Distribuída pela Europa filmes, a caixa vem com três preciosidades do cinema "não norte-americano". O belíssimo alemão "A Vida dos Outros" (2006), sobre um agente da Stasi na época de Berlim Oriental, interpretado com maestria pelo já falecido Ulrich Mühe. O canadense "Invasões Bárbaras" (2003), de Denys Arcand ("O Declínio do Império Americano"), que conta o drama de um pai em estado terminal e sua difícil relação com o filho. Por último, o argentino "A História Oficial" (1985), dirigido por Luis Puenzo, foi o primeiro filme dos "hermanos" a ganhar um Oscar - o segundo saiu recentemente para "O Segredo de Seus Olhos". O enredo remonta o cruel cenário político do país nos anos de 1980, com Norma Aleandro no elenco.

Autor: Malu Porto
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29 de agosto de 2010

Sermão de casamento



Em maio de 98, escrevi um texto em que afirmava que achava bonito o ritual do casamento na igreja, com seus vestidos brancos e tapetes vermelhos, mas que a única coisa que me desagradava era o sermão do padre: "Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?"

Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões:

- Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?

- Promete saber ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?

- Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?

- Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e por tanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?

- Promete se deixar conhecer?

- Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?

- Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?

- Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?

- Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?

- Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?

Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declaro-os maduros.
 
Mário Quintana
 
Com muito amor, para Juliana e Leandro!

Nunca fui primeira-dama



O Brasil tem Fernanda Young, reserva de Paulo Coelho. Cuba tem Wendy Guerra, igualmente performática, mas talentosa. “Nunca Fui Primeira-Dama” é um romance-vingador. A involução de Fidel Castro destruiu a família da autora e, por isso, Wendy ataca a ditadura castradora. Batalha estética corrosiva.

A surpreendente Wendy, de 40 anos, é uma mulher mignon, mas de muita coragem. Seus livros não podem ser lidos pelos cubanos, pois a dinastia Castro os pôs no índex (e depois a esquerda fala mal da Inquisição). “Nunca Fui Primeira-Dama” (Benvirá, 255 páginas, tradução de Josely Vianna Baptista) é muito bem escrito, uma delícia, mas conta uma história tristíssima. A história é verdadeira, mas o recurso à imaginação literária é que a torna mais interessante e poderosa.

Wendy conta o drama de Nadia Guerra, alter ego da autora, e Albis Torres. Albis, a mãe de Wendy, reuniu material para escrever um romance biográfico de Celia Sánchez, a ex-mulher não-oficial de Fidel Castrador (opa, Castro). Não deu pé. Albis perdeu o emprego e teve de sair do país. Mais: chegou-se a divulgar que teria disputado Celia Sánchez com o próprio garanhão-mor do país. A quase-primeira-dama seria bissexual. Como Albis não pôde escrever o romance, ou biografia, sobre a supostamente injustiçada Celia Sánchez, Wendy decidiu escrevê-lo, e o fez muito bem. Com talento e muito tutano.

Por que o livro de Wendy é tão forte? Porque, apesar de ser uma vingança, é também literatura de nível. Quando a estética é usada como arma de ataque, mas não mera arma de ataque, acaba por ser muito mais forte do que a literatura puramente engajada, à esquerda ou à direita.

O regime cubano fica parcialmente indiferente a Wendy, pois, ao proibi-la, a ignora e, sobretudo, a isola internamente. Mas o mundo acaba sabendo de suas ideias, prosa e poesia.

Lendo o romance constata-se que Cuba se tornou um imenso campo de concentração — e legitimado pela esquerda internacional. Trata-se do Auschwitz dos trópicos? Não chega a tanto, sejamos justos. Os cubanos não podem sair, os dissidentes são presos por uma legislação totalitária e uma justiça corrompida pelo Partido Comunista, e livros, quando não agradam à família Castradora (opa, Castro), são proibidos.

Mas felizmente as pessoas não são mortas em câmaras de gás. Dissidentes militares, como o general Arnaldo Ochoa, são, em regra, executados no Paredón, porque, teoricamente, ameaçam o poder da dinastia. Claro que, para protestar — como não têm jornais, revistas, rádios e tevês e são apontados como “bandidos” —, os dissidentes têm de fazer greve de fome.

Oxalá Wendy não se torne uma escritora que “apenas” protesta, e torçamos para que siga escrevendo prosa de qualidade. A prosa de combate acaba morrendo com a circunstância, não se torna atemporal. Seu livro, uma pequena obra-prima, talvez sobreviva, ainda que não tenha a energia dos romances “O Vermelho e Negro”, de Stendhal, e “Guerra e Paz”, de Liev Tolstói.


 
Autor: Euler de França Belém

28 de agosto de 2010

Opções



If you don't
like the road
you're walking
start paving
another one. 


Dolly Parton

Apaixonar-se é possível



Nos últimos dias eu tenho pensado nisso: por que algumas pessoas, e não outras, nos cativam?

Homens e mulheres são atraídos uns pelos outros o tempo inteiro, por diversas razões. Umas pessoas são bonitas, outras são sensuais, algumas têm carisma. Mas poucas causam impacto. Por alguma razão, a graça desaparece e com ela o desejo de rever.

Essa é a regra nas grandes cidades: tentativa e erro. Aquilo que os cínicos chamam de mercado e os pessimistas de selva. Outro dia alguém me disse um nome novo: prateleira. Acabou o namoro, estava na prateleira. Tipo sucrilhos.

As mulheres se queixam disso. Sentem-se usadas. O sujeito se esforça em seduzir, é todo gentilezas, desdobra-se em safadezas e, dias depois – às vezes, horas ou minutos depois – veste a calça e some para nunca mais ser visto.

Tudo isso parece premeditado. Mas eu posso atestar, tendo ouvido centenas de depoimentos espontâneos, que o homem está sinceramente empolgado quando faz a corte. Mas a empolgação desaparece, o desejo passa, uma mistura de culpa e chateação aflora. É hora de ir embora.

Às vezes, porém, muda o roteiro. Nessas raras ocasiões os homens têm vontade de ligar e dizer coisas doces. O sujeito – ou a mulher – se põe a fazer planos inconfessáveis de tão precoces. Na hora do sexo, se pega dizendo romantismos. Esses são sinais de sentimentos duradouros. Pode ser o começo de um romance.

A explicação simplista para o fenômeno é a química. A pele e o temperamento se combinariam para formar uma conexão. Mas eu não acredito nisso. Ao longo da vida as pessoas se envolvem com parceiros totalmente diferentes entre si. A qual química teria de ser muito flexível ou inteiramente mutável.

Prefiro acreditar em momento. A cada período da existência nós queremos algum tipo de coisa, que ganha a forma de uma pessoa. Pode ser ternura, pode ser firmeza, pode ser racionalidade ou maluquice. Provavelmente é uma combinação de qualidades e defeitos que formam uma receita de felicidade: você foi feita pra mim, a gente tem vontade de dizer.

E foi mesmo, não? Entre 6 bilhões de pessoas, num mundo cheio de gente, lá está a sua pessoa, totalmente única. Para este momento da vida, seu sorriso. É o que se pode desejar. É bom. É sobre isso que se constrói.

 
Ivan Martins

27 de agosto de 2010

Use ecobags



No Ano Internacional da Biodiversidade e com a COP10 – Convenção de Diversidade Biológica prestes a acontecer, no Japão, em outubro, o tema se tornou o centro das atenções do mundo. Muito merecido, afinal, a biodiversidade envolve todos os seres vivos que habitam o nosso planeta – incluindo os seres humanos – e, num sistema interdependente como o nosso, o desaparecimento de uma espécie afeta a vida das demais.

Entre as várias atitudes que podemos tomar para preservar essa riqueza biológica da qual tanto dependemos, está a redução do uso de sacolas plásticas em nosso dia-a-dia. Eis aqui dez motivos para você defender essa causa.

1. Os plásticos convencionais levam cerca de 400 anos para se decompor. Segundo levantamento do Ministério do Meio Ambiente, de 2009, cada família brasileira descarta cerca de 40kg de plásticos por ano e mais de 80% dos plásticos são usados apenas uma vez.

2. Por serem leves, os sacos plásticos voam com o vento para diversos locais e acabam poluindo não apenas as cidades, mas também nossos biomas, as florestas, rios, lagos e oceanos.
3. A sopa de lixo que flutua pelo oceano Pacífico contém mais de 100 milhões de toneladas, sendo que 90% são constituídos de detritos de plástico. Desse total, 80% vêm do continente.

4. Nos oceanos, as sacolas plásticas se arrebentam em pedaços menores e se tornam parte da cadeia alimentar de animais marinhos dos mais variados tamanhos. Ao ingerirmos esses animais, engolimos também resíduos de plástico que fazem mal à nossa saúde.

5. A ingestão de pedaços de sacolas plásticas já é uma das principais causas da mortes de tartarugas, que confundem o plástico com comida e têm seu aparelho digestivo obstruído. Estima-se, ainda, que em torno de 100 mil mamíferos e pássaros morram sufocados por ano por ingerirem sacos plásticos. Na Índia, cerca de 100 vacas morrem por dia por comerem sacolas plásticas misturadas a restos de alimentos.

6. Nas cidades, as sacolas descartadas de maneira incorreta entopem bueiros, provocando enchentes, que causam a morte de pessoas e animais domésticos, destroem plantas e árvores e até contribuem para que os peixes nadem para fora do leito de rios e morram.

7. Jogadas em um canto qualquer da cidade, as sacolinhas podem acumular água parada e permitir a proliferação do mosquito da dengue.

8. O plástico já é o segundo material mais comum no lixo municipal.Quando os aterros chegam à sua capacidade máxima, é preciso abrir outras áreas – que poderiam ser utilizadas para plantio de vegetação nativa, por exemplo – para o depósito de resíduos.

9. O material orgânico depositado em sacos plásticos demora mais para ser degradado e decomposto em nutrientes e minerais, que serão utilizados em outros processos biológicos.

10. Com a decomposição lenta dos resíduos orgânicos aprisionados nas sacolas plásticas, produz-se mais metano e CO2, que são liberados quando a sacola é rasgada e contribuem para a aceleração do aquecimento global.


Autor: Thays Prado
  

Será que...






...há algo no sushi mais sutil que a alga? 

É claro! A alma...


Rogério Viana

26 de agosto de 2010

McGourmet


"Alguma coisa está fora da ordem", já cantou um dia Caetano Veloso. Essa máxima vale também para a gastronomia. Foi-se o tempo, por exemplo, em que o McDonald's era apenas a cadeia de fast-food mais famosa do mundo, conhecida por seus sandubas perfeitinhos e pelas batatas-fritas mais sequinhas e crocantes do mercado. Chamado carinhosamente de "Mac", são poucos os que não se libertam vez ou outra para devorar os lanches com sabor de infância e culpa de adulto.

Nem só de pressa, no entanto, vive o logo de arcos dourados e fundo vermelho, o símbolo maior da obesidade norte-americana, imortalizado pelo documentário "Super Size Me". O inusitado McGourmet surgiu de uma iniciativa brasileira, em 2005, com uma finalidade estratégica de marketing para melhorar a imagem da lanchonete, convidando jornalistas e nutricionistas para uma degustação a fim de destacar a qualidade dos ingredientes servidos no "vapt-vupt".

Para elaborar o menu, foi chamada a chef Maria Luiza Ctenas, que se utilizou da técnica da gastronomia molecular de Ferran Adrià, criando pratos pra lá de imaginativos e surpreendentes como: maçãs caramelizadas com queijo cheddar, ceviche de McFish regado a sorvete de maionese, salada de folhas com queijo e espuma picante de Fanta Laranja, barreado de Big Tasty com farofa de banana, moqueca de McFish em folha de tomate, espetinhos de McNuggets com redução de Coca-cola, entre outras curiosidades.

O resultado fez tanto sucesso que, atualmente, uma média de 30 jantares do tipo são promovidos por ano, para grupos fechados, sempre acompanhados de harmonização de vinhos selecionados por um sommelier. A chef já garantiu, em declaração à imprensa, que todos os ingredientes utilizados fazem parte do cardápio regular do lugar, sem tirar nem por.

Para completar o espírito da proposta, só faltava ver o Sr. Ronald substituir o usual traje de palhaço por um elegante fraque. Aí sim, seria um verdadeiro episódio de "Além da Imaginação".


Autor: Malu Porto



Facebook: amigos e inimigos

O Facebook foi eleito o site mais acessado da web, tem 540 milhões de visitantes únicos e está prestes a ganhar as telas dos cinemas. Com estreia prevista para outubro nos Estados Unidos, o filme "A Rede Social" (The Social Network) enfoca a trajetória de Mark Zuckerberg, criador e executivo-chefe desse website tão popular.

O longa é baseado no livro de Ben Mezrich, The Accidental Billionaires: The Founding of Facebook, a Tale of Sex, Money, Genius and Betrayal ("Os bilionários acidentais: a fundação do Facebook, uma história de sexo, dinheiro, genialidade e traição").

Pelo vídeo que caiu recentemente na internet, o filme promete abordar as polêmicas e brigas que fizeram parte da criação do site como anuncia uma mensagem do trailer, "você não consegue fazer 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos".

Um dos momentos interessantes é a situação que gerou a fundação do Facebook. Em 2003, Zuckerberg invadiu o sistema online de Harvard que trazia o cadastro dos estudantes. Assim, ele roubou as fotos das meninas que estudavam ali e organizou-as em um site, para que os jovens pudessem avaliá-las. A universidade puniu Zuckerberg pelo ato e o site acabou, mas, em 2004, o jovem criou o Facebook, inicialmente uma rede social exclusiva para os alunos da universidade; em semanas, 85% dos estudantes estavam na rede.

Com os atores Jesse Eisenberg e Andrew Garfield e o cantor Justin Timberlake no elenco, o filme deve chegar por aqui em dezembro. Eisenberg (Zumbilândia) interpreta Zuckerberg, Andrew Garfield fará Saverin, brasileiro que deixou o Facebook no começo, processou Zuckerberg e é a principal fonte do livro de Mezrich e Timberlake fica com o papel de Sean Parker, co-fundador do Napster. A produção é da Columbia Pictures.


“A Origem”, ficção de primeira linha



Não torça o nariz para esse gênero tradicionalmente preferido por garotões moderninhos. Christopher Nolan, o diretor responsável por transformar “Batman – O Cavaleiro das Trevas” em um blockbuster cult, assina a nova produção e faz seu ingresso valer a pena com “A Origem”, principal estreia dos cinemas neste mês. Seja pela excelente atuação de Leonardo DiCaprio, seja pelo time de coadjuvantes que inclui Ellen Page (a eterna Juno) e o gatinho Joseph Gordon-Lewitt, aquele que não conseguiu conquistar a “Summer” Zooey Deschanel em “500 Dias Com Ela”, a produção é entretenimento que não subestima o espectador.

A trama conta a história de um time de ladrões de ideias. Comandado por Dom Cobb (DiCaprio), eles viajam o mundo retirando da mente de pessoas influentes informações importantíssimas – e ganhando bastante por isso. O trabalho, porém, não é fácil. Uma vez dentro do insconsciente do outro, eles precisam, literalmente, lutar contra as armadilhas psiquícas do cérebro, que podem tomar a forma de homens armados ou de prédios em ruínas. Se morrerem no mundo dos sonhos também morrem no mundo real.

Atormentado pela figura da mulher (papel de Marion Cotillard), que surge em seus pensamentos durante as missões ou mesmo quando está acordado, Cobb aceita um último e arriscado trabalho na esperança de que seu contratador seja tão influente que consiga fazê-lo apagar os problemas do passado. Ao invés de subtrair uma ideia, desta vez ele deve inserir na mente do herdeiro de um magnata da energia (personagem de Cillian Murphy) um pensamento completamente novo. Para o êxito da tarefa, Cobb e sua turma precisam colocar essa ideia nas camadas mais profundas do inconsciente para que ele aceite aquilo como sendo algo que sempre pensou.

Merece destaque ainda Marion Cottilard, seu figurino altamente desejável e sua interpretação, que se transforma de sutil ao eloquente à medida que sua personagem é desvendada. Efeitos especiais incríveis, como o da sequência em que o personagem de Lewitt luta com um inimigo andando pelas paredes e pelo teto do corredor de um hotel como se estivesse na gravidade zero, renovam o gênero como não se via desde “Matrix” e são esteticamente muito atraentes. Resultado, antes mesmo de estrear no Brasil, “A Origem” já arrecadou U$S1 bilhão de bilheteria ao redor do mundo. Prova de que desde “Cidade dos Sonhos”, obra-prima fantasmagórica de David Lynch, nosso subconsciente não era tão desbravado.


Autor: Luciana Borges

25 de agosto de 2010

Stomp, it´s amazing!

Quem poderia imaginar que o simples ato de varrer o chão, jogar basquete ou acender um isqueiro poderia se transformar numa coreografia de dança e música? Pois a idéia central do espetáculo é justamente mostrar que a música está em todo canto, inclusive em barulhos que normalmente as pessoas procuram evitar no dia-a-dia, ou que simplesmente passam despercebidos.


É justamente essa a força de criação do grupo inglês Stomp – em Brasília, nos dias 10, 11 e 12 de setembro - que começou com duas pessoas (Luke Cresswell e Steve McNicholas) tocando nas ruas de Brighton, Inglaterra, no verão de 1991 e hoje é o espetáculo que reúne artistas de várias partes do planeta e que está ganhando o mundo.

Com muita espontaneidade e expressão corporal, os artistas realizam oito performances, produzindo sons e ritmos musicais através de sucata, material reciclável e objetos de todo tipo (plástico, metal, madeira, vassouras, caixa de fósfora, latas de lixo, etc), além de usar o próprio corpo como instrumento de percussão.

Nos faz lembrar Hermeto Pascoal, brilhante músico brasileiro que, com um potencial extremamente aguçado e uma prática cotidiana de explorar sons e melodias, apresenta o que é música de maneira profunda e original.

Um dos pontos mais interessantes durante a apresentação é o envolvimento crescente das pessoas que, ao serem convidadas a participar de um jeito irresistível, experimentam a arte de criar diferentes sons com o simples gesto de “bater palmas”, através de ritmos percussivos, despertando a criatividade que há em cada um. Plateia e artistas tornam-se um só, numa espécie de comunicação espontânea e prazerosa. É pura energia! Esse tipo de arte nos remete ao desejo de poder se expressar através da inventividade de algo que se encontra no limiar entre o conhecido e o que está por vir, o senso comum e a arte.

O Stomp tem se apresentado em diversos países e a lista de artistas famosos que assistiram ao espetáculo é interminável: Brad Pitt, Bruce Willis, Julia Roberts, Jim Carrey, Jodie Foster, Denzel Washington, Aretha Franklin, Madonna, dentre outros.

"It’s amazing!", como devem estar dizendo os ingleses. Ou, nas palavras do jornal The Sunday Telegrafh, Stomp é “pure stage magic”.


Autor: Paula Cauchick

Combinação explosiva


Apesar do empenho feminino em busca da igualdade, por um capricho da natureza, o metabolismo do álcool nas mulheres não é, nem jamais será igual ao nosso. Se administrarmos para mulheres e homens a mesma dose, ajustada de acordo com os índices de massa corpórea, elas fatalmente apresentarão níveis sanguíneos mais elevados.

Nelas, a fragilidade aos efeitos embriagadores é justificada pela maior proporção de tecido gorduroso, por variações na absorção do álcool no decorrer do ciclo menstrual e porque a concentração gástrica da desidrogenase alcoólica (enzima essencial para a decomposição do álcool) é mais baixa do que nos homens.

Esses mecanismos explicam porque ficam embriagadas com doses mais baixas e progridem mais rapidamente para o alcoolismo crônico e seu cortejo de complicações.

A avaliação dos questionários aplicados durante anos consecutivos em dezenas de milhares de mulheres acompanhadas no célebre “Nurses’ Health Study”, revelou que tomar 2 ou 3 drinques diários aumenta em 40% o risco de surgir hipertensão arterial, bem como o de derrame cerebral hemorrágico.

Uma análise de seis estudos demonstrou que as mulheres habituadas a ingerir de 2,5 a 5 drinques por dia, apresentam probabilidade 40% maior de desenvolver câncer de mama. O uso continuado de álcool reduz a densidade da massa óssea em ambos os sexos, mas a probabilidade de provocar osteoporose é maior no feminino.

Estudos demonstram que a maior parte das mulheres bebe como forma de livrar-se das angústias associadas aos quadros depressivos. A prevalência de depressão nas que abusam de álcool é de 30% a 40%. Talvez por essa razão, tentem o suicídio 4 vezes mais do que as abstêmias.

Além de tudo isso, a bebida pode causar problemas ao feto. A ingestão de álcool durante a gestação eventualmente provoca distúrbios fetais que vão do retardo de desenvolvimento à chamada síndrome alcoólica fetal.

Não há nenhum estudo que assegure existir na gravidez uma quantidade de álcool segura. É imprevisível: bebês de mães que beberam a toda a gestação podem nascer normais, enquanto os de outras que o fizeram ocasionalmente podem apresentar malformações congênitas. Recomenda-se, assim, que a gestante não beba, afinal são apenas nove meses.

Caso não esteja grávida, a mulher pode beber, mas pouco, talvez um ou dois drinques por vez. Como a carne é frágil, entretanto, se houver exagero dê um tempo de alguns dias, contrariar a natureza é guerra perdida.

Drauzio Varella 
 

Xô, enxaqueca!


Popularmente conhecida como dor de cabeça, cefaleia é o termo médico utilizado para definir esse problema que pode afetar a maioria da população. Estudos mostram que 90% a 100% das pessoas têm ou terão crises de dor de cabeça ao longo da vida.

A cefaleia pode ser dividida em primária e secundária. Quando é o sintoma de alguma doença, é chamada secundária, como em casos de infecções, aneurismas, tumores cerebrais, entre outras situações. Quando a dor é por si só a manifestação principal da doença, é chamada cefaleia primária, como no caso da enxaqueca.

A enxaqueca é uma doença comum, incapacitante, caracterizada por crises de dor pulsátil e latejante em um lado ou em ambos os lados da cabeça. Uma crise pode durar de três horas a três dias, podendo ser precedida por alteração de humor, irritabilidade e depressão, alteração do apetite, alterações na visão com sensibilidade à luz, sensibilidade ao barulho, náuseas, vômitos, fraqueza, tontura e diarreia. A enxaqueca é uma das principais causas de incapacidade e perda produtiva no trabalho.

A interação entre enxaqueca e nutrição é um tema amplo e polêmico e existem muitos mitos e verdades sobre o assunto e o jejum prolongado é considerado um comportamento alimentar que também pode desencadear o problema. A suscetibilidade a determinado alimento depende de cada indivíduo, por isso é importante que o paciente preste atenção na alimentação e qual o alimento ocasiona uma crise de enxaqueca. Vários são os fatores alimentares desencadeantes de crises de enxaqueca, mas muito mais frequentes são os mitos relacionados a eles.

Quando há um aumento do consumo desses alimentos, pode acontecer hipoglicemia. O organismo reconhece a carência de energia no cérebro para o funcionamento normal e utiliza outros mecanismos para manter os níveis de glicose cerebral. Um dos mecanismos é o aumento da produção de catecolaminas, gerando vasoconstrição, que tem como consequência o aumento da frequência cardíaca, da temperatura, da irritabilidade e da produção de prostaglandinas, que causam vasodilatação e, por conseqüência, a enxaqueca.

- Adoçante: o consumo de 30 mg/dia de aspartame pode aumentar em até 9% o risco de enxaqueca em indivíduos predispostos.
- Glutamato monossódico: usado como tempero na cozinha oriental, pode inibir a absorção de glicose por parte das células cerebrais.
- Nitrito: usado para realçar a coloração dos alimentos; é encontrado em embutidos.
- Cafeína: presente no café, chá, guaraná, cacau e chocolate. Tem ação vasodilatadora nos vasos sanguíneos do corpo e vasoconstritora nos vasos do cérebro.
- Tiramina: presente no queijo amarelo, chocolate, vinagre, bebida alcoólica, iogurte, lentilha, amendoim e sementes.

A seguir, algumas dicas alimentares para evitar episódios de enxaqueca:

- Adequar o consumo de carboidratos, especialmente os carboidratos complexos (cereais, massas, pães, farináceos).
- Acrescentar frutas na dieta.
- Incluir selênio na dieta; é um mineral envolvido no funcionamento do sistema nervoso central. O consumo de apenas uma amêndoa é suficiente para as quantidades necessárias ao dia.
- Fracionar a dieta em seis pequenas refeições ao dia, evitando os jejuns prolongados.
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas, principalmente de vinhos tintos que contêm grande quantidade de tanino.
- Ingerir alimentos fontes que contenham magnésio, como as folhas verdes escuras, soja, leguminosas, castanhas, cereais, carnes, peixes (salmão) e ovos.
- Inserir a vitamina B2 presente no leite, queijos (ricota e requeijão), iogurtes, carnes magras, ovos e vegetais verdes.

24 de agosto de 2010

Manual do homem sensível



Tenho ouvido acusações recorrentes e bem humoradas de ser um “homem sensível”. Como eu não sei o que isso significa, saí perguntando aos amigos e escolhi algumas respostas interessantes.

. É um cara que se importa com os sentimentos dos outros (resposta de homem).
. Alguém sensível que é capaz sentir o que o outro está sentindo (resposta de mulher).
. É um homem que percebe os efeitos e as consequências de seus afetos (resposta de homem).
. É o cara que “percebe” as coisas, aquele que é capaz de se deixar emocionar com as coisas bonitas do mundo, que se deixa afetar sem medo, sem ser bebê chorão (não confundir com falta de masculinidade). Gostar de filmes de ação, carros, futebol, não é sinal de insensibilidade (resposta de mulher).
O que se pode concluir disso? Primeiro, que homem sensível é elogio. A sensibilidade masculina é vista como coisa positiva, como sinônimo de olhar e entender melhor o outro. Segundo, é que o termo ainda sofre de indefinição. Assim, vou tentar rascunhar a primeira versão com as regras básicas do "Manual do Homem Sensível".

1. Gostar de mulher. Não só do corpo ou da cara bonita, mas ter interesse pelo jeito, pela conversa, pela vida delas que é tão diferente da nossa. O sujeito que vive cercado de homens perde metade do potencial da humanidade. Homens sensíveis dão bom dia, felizes, porque gostam da presença feminina.

2. Olhar e escutar. Homens sensíveis prestam atenção ao redor, inclusive nas mulheres. As pessoas têm coisas a dizer, não nasceram para nos servir. Suas opiniões e ideias frequentemente são interessantes. Seus sentimentos devem ser considerados. Isso é sinal de inteligência e de sensibilidade.

3. Sentir. A tradição diz que homem não chora. Isso equivale a dizer que homens não sentem ou não mostram seus sentimentos. Na intimidade da relação é comum que ocorram conversas difíceis, durante as quais a mulher chora e o sujeito fica ali, com cara de tonto, sem saber o que sentir. Isso é um aleijão masculino que deve ser superado. Um homem sensível vive com todos os seus sentimentos.

4. Dividir e ajudar. Há uma parte do mundo doméstico na qual os homens não entravam. Ele se estendia da cozinha à sala de parto. Isso vem mudando: homens sensíveis não dividem o mundo entre tarefas masculinas e femininas, sobretudo no que diz respeito aos filhos. Entrar no mundo das tarefas das mulheres é trabalhoso, mas garante que a mulher desfrute melhor da vida e permite ao pai uma relação mais densa com filhos.

5. Dedicar-se. Esta talvez seja a parte mais difícil. As mulheres se dedicam aos seus amores com facilidade, os homens hesitam. Mas aqueles que traduzem seu afeto na forma de uma atenção prática e apaixonada pelo outro, têm mulheres muito mais felizes. Um homem sensível começa a se preocupar com o presente da mulher dele bem antes da semana do aniversário. Ele planeja uma viagem com meses de antecedência, para surpreendê-la. Ele antecipa as preocupações da casa e evita os problemas, porque pensa sobre as necessidades do outro. Quem faz assim diz que dá trabalho, mas compensa.

Bom, esse é o começo. O Manual do Homem Sensível está aberto a colaborações.

 
Ivan Martins

Onde vivem os bilionários?


Qual é o país que conta com o maior número de bilionários? Se sua resposta foi Estados Unidos, acertou. Dos 794 afortunados no mundo, 115 vivem na terra do Tio Sam.

A constatação é do site espanhol jordiplanas.com, que criou uma lista que mostra em quais partes do mundo os homens mais afortunados vivem nos dias de hoje.

Não é de se estranhar, já que, apesar da crise, os Estados Unidos ainda contam com a maior parte de empresas mais lucrativas no mundo.

A Alemanha vem em 2° lugar com 28 bilionários. A Rússia figura na terceira posição e conta com 18 afortunados. O 4° lugar é ocupado pela Índia. Em 5° vem o Japão seguido por Reino Unido, França e Suíça.

O Brasil aparece em 9° lugar servindo de lar para sete bilionários. O país divide o número de ricaços com Suíça (8°), Hong Kong (10°) e Arábia Saudita (11°).

O mapa revelou ainda que dos 300 bilionários, 271 são homens e que 190 deles construíram o seu próprio patrimônio ao invés de herdá-lo de familiares.

23 de agosto de 2010

Passaporte animal!


Cães e gatos que acompanharem seus donos em viagens para outros países vão ganhar passaporte internacional. É o que determina um decreto publicado no mês passado. O documento vai poder substituir os atuais certificado sanitário internacional e atestado de saúde para trânsito de cães e gatos; caberá ao dono decidir se prefere aderir ao passaporte ou não.

A expedição do Passaporte para Trânsito de Cães e Gatos ficará por conta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Segundo o decreto, o documento deverá ter informações de identificação do dono, do animal (nome, espécie, raça, sexo e data de nascimento), da vacinação antirrábica e de exames exigidos pelos países de destino. O decreto também prevê a implantação de microchips no bicho, como forma de identificação eletrônica. O microchip já é obrigatório para a entrada de cães e gatos na União Europeia e no Japão.

O Ministério da Agricultura informou que está elaborando uma instrução normativa para definir detalhes sobre o passaporte e a aplicação dos microchips. O documento dará mais rapidez ao processo, já que o mesmo passaporte poderá ser utilizado para a viagem de ida e retorno de cães e gatos ao Brasil.

As regras para viagem internacional variam de acordo com a região. A União Europeia, por exemplo, permite ingresso do animal após três meses da realização do teste de anticorpos contra raiva; no Japão, a espera é de seis meses. Hoje, qualquer cão que sai do Brasil para a União Europeia precisa ter o microchip, mas em países como os Estados Unidos, ainda é possível entrar sem ele. O valor de um microchip é de R$ 75. O aparelho, revestido em capa de polipropileno, tem o tamanho de um grão de arroz. É implantado em menos de trinta segundos, na base do pescoço do animal.



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