A história é tão bonita quanto o lugar. Óbidos é uma das vilas mais lindas e preservadas de Portugal. Em parte porque a trajetória desta cidadela protegida por uma alta murada de pedra é fortemente ligada à nobreza desde o século XIII, quando o rei Dinis se casou com Isabel de Aragão. Entre os presentes que o monarca deu à mulher estava... a vila de Óbidos inteirinha.
A tradição de ser dote real se estendeu até o século XIX. Essa ligação com os poderosos portugueses ajudou a conservar intacto o casario gracioso, com paredes caiadas e detalhes em azul ou amarelo, cenário típico lusitano. Para tudo ficar ainda mais belo, todas as fachadas são enfeitadas com flores, principalmente gerânios vermelhos e buganvílias roxas.
As construções antigas abrigam tudo o que um turista precisa para fazer uma viagem prazerosa: há bons restaurantes, cafés, boas lojinhas de artesanato e galerias de arte cheias de charme, muitas garrafeiras, como os portugueses chamam os lugares que vendem bebidas alcoólicas - entre as especialidades estão os vinhos e a ginjinha, uma espécie de licor feito a partir da ginja, um tipo de cereja selvagem, pequenina e muito saborosa, abundante na região.
Essa pequena e encantadora cidade medieval, localizada a 80 km ao norte de Lisboa é cercada por muralhas do tempo da ocupação dos Mouros e já cativa e o visitante logo ao entrar pelo Portal da Vila, a porta de entrada da cidade. O Portal é uma obra do Século XVII e tem como elementos decorativos azulejos do séc. XVIII e uma capela-oratório, avarandada, de arquitetura singular. Sobre o portal vê-se a inscrição "A Virgem Nossa Senhora foi concebida sem pecado original". Foi construído por ordem do Rei D. João IV como agradecimento pela proteção da Padroeira.
A Rua Direita, assim conhecida desde o século XIV, é a principal da vila de Óbidos e liga o portal ao Paço. Esta pequena e simpática vila foi conquistada por D. Afonso Henriques em 1148 e merece uma visita de algumas horas. Entre suas atrações há um belo castelo, hoje está uma das “Pousadas de Portugal”, e de onde se tem uma bela vista aérea de vinhedos e pomares, vales, outeiros e montes, já que Óbidos fica numa elevação.
A respeito do castelo sabe-se que foi D. Sancho I quem mandou reconstruir a muralha ocidental e construir a torre do facho, que tem algumas alvenarias romanas. No século XVII, este forte já se encontrava em mau estado e piorou significativamente com o terremoto de 1755, ficando parcialmente destruído.
Cada rua ou travessa tem recantos pitorescos e silenciosos nos quais podemos ouvir nossos passos e respiração. É tudo tranquilo e acolhedor, uma atmosfera de harmonia e paz. As casas caiadas de branco com barras coloridas, enfeitadas com flores, janelinhas com cortinas bordadas e rendadas, complementam com perfeição cada sobrado.
Logo ao entrar na cidade , passando o portal, suba na escadaria à sua esquerda, que o levará ao topo da muralha e de onde se tem uma vista aérea da vila, talvez o ponto mais fotografado dela. Dá para se passear pelas muralhas - são cerca de dois quilômetros – tendo cuidado porque em certos pontos não há qualquer proteção. Cada ponto é um diferente mirante de onde se vêm telhados entremeados por torres e praças.
Não deixe de provar a excepcional bebida local “ginjinha de Óbidos” um delicioso licor típico, ou ao menos entre nesta aqui, epeça ao seu dono, um simpático jovem português, para orgulhosamente mostrar-lhe – emoldurado e exposto em destaque, na parede – um bilhete de Juscelino Kubtschek especial para a casa e para a vila, quando lá esteve. Seja gentil, retribua com um sorriso e tome uma ginginha.
A cidadela é um brinco, uma joia medieval. Só não faça como muitos turistas que visitam Óbidos a partir da capital portuguesa em excursões cansativas combinadas a outras atrações da região. A vila de Óbidos merece, no mínimo, um dia inteiro dedicado a ela. Porque é preciso muita calma para saborear a cidade, seu casario precioso, sua gastronomia, seus vinhos e suas histórias.
Infelizmente alguns carros circulam lá dentro, muitas vezes até com velocidade incompatível com o lugar. Talvez esse seja o único defeito de Óbidos - ao lado do excesso de turistas. Mas, ao menos, o fluxo constante de visitantes originou uma boa infraestrutura de restaurantes, pousadas, bares e cafés. Na parte da tarde, é hora de se dedicar a explorar uma das maiores virtudes de Óbidos: a seleção de bons restaurantes. E apreciar a ginginha típica da região...
Um comentário:
Bem, adorei esse post sobre o meu país. Tiraste umas fotos fantásticas! A minha cidade também foi um dote do D.ª Diniz para a rainha Santa Isabel (como a chamamos por cá).
Beijinhos
Postar um comentário