Praticamente impossível não surgir ao menos um assunto incluindo o tema relacionamentos numa rodinha de bate-papo, seja entre homens, mulheres ou os dois juntos.
É de praxe falar sobre um casal conhecido, a própria relação ou sobre casos ouvidos. Ou seja, a grande maioria das pessoas sempre tem uma opinião, uma história ou uma experiência vivida que inclui afeto, amor, paixão e todos os sentimentos consequentes.
Acontece que, cada vez mais, tenho tido a impressão de que o que se fala não é exatamente o que se sente. Ou melhor, a maneira com que se tem falado das situações que envolvem o coração é bem destoante do modo com que se tem vivido os sentimentos.
A meu ver, temos maquiado nossas palavras e colocações a fim de mostrá-las seguras, cheias de certezas, tão certas a ponto de tornarem-se inflexíveis, ao menos aparentemente. Parece-me que estamos convencidos de que precisamos provar que temos uma autoconfiança e uma auto-estima imbatíveis, indestrutíveis, sobre-humanas talvez...
Mas estou certa de que a realidade não é bem essa! Na solidão de cada quarto, no consolo de um ombro amigo, nas confissões feitas nos divãs e até na busca esperançosa nos templos, igrejas e orações, fica evidente que há bem pouca consistência nesta aparente perfeição.
Mais do que isso, a fragilidade e os intermináveis questionamentos que rondam tantos corações estão gritando em cada relação vivida e até mesmo naquelas não-vividas. A carência, o medo de sofrer, dúvidas sobre o que fazer e como agir revelam o quanto o ego de tanta gente está bem maior do que sua consciência.
Por quê? É... também me faço esta pergunta e não a encontro em absoluto, pois felizmente não sou dona da verdade, mas suponho que elas têm tentado – a todo custo – tão somente se defender. Entretanto, de tão defendidas, de tão cheias de couraças, escudos e máscaras, terminam subjugando sua essência e, portanto, se distanciando daquilo que realmente sentem.
Creio que a autopercepção seja um bom primeiro passo. Observarmos aquilo que estamos dizendo, pensando ou fazendo é uma maneira eficiente de constatarmos o quanto nossas palavras têm estado desafinadas com o que carregamos no peito.
Frases carregadas de prepotência, do tipo eu sou assim e pronto, se quiser, ele (ou ela) que mude de idéia, ninguém vai mandar em mim, entre outras, só servem para encorpar um orgulho que não nos preenche e nem nos satisfaz.
Que a partir de agora, possamos admitir mais: não sei, talvez eu tenha mesmo que mudar de ideia, quem sabe eu esteja enganado?, estou confuso, com medo, precisando de ajuda...
E que assim, bem mais consistentemente humanos, possamos nos encontrar num abraço maior que nossos próprios braços, que nos acolha não porque parecemos sempre certos, mas porque somos sempre ‘gente’... e gente precisa de afeto!
Rosana Braga
6 comentários:
Olá menina!
Saudades!
Sinceramente acho minha amiga que nos últimos tempos só temos mentido cada vez mais para nós mesmos.
Vale o que o outro pensa e não o que realmente sentimos e queremos para nós.
Aí vai dando um vazio imenso!
Beijo grande Lena, lindo e abençoado final de semana!
Enfeitam tanto o exterior que se esquecem do interior - da essência!
Bj. Célia.
Oi Lena!
"Somos sempre 'gente'... e gente precisa de afeto!"
É isso aí!!!!
Abração
Jan
Vivemos numa sociedade onnde as pessoas realmente criam carapaças para suas fragilidades e assim não se libertam para reflexões e retomadas de vidas,que só são possiveis com esta atitude adulta de se abrir e permitir ser ajudado.
Meu abraço amiga,bom vir aqui e ler estas belas postagens.
Bom fim de semana com paz e alegrias.
Ninguém gosta de parecer imperfeito... E talvez mais para convencer a si próprio que aos outros usamos palavras, afirmações...
Bem, ao menos penso que é melhor querer ser bom, do que aceitar que é um total babaca e ainda diga aquela frase célebre: eu nasci assim, eu sou sempre assim... tisc, tisc...
Beijo Lena linda!!!
Saudades, bom voltar aqui, beijo, beijo no coração
Oi Lena!
Estou aqui a refletir sobre este texto da Rosana e cheguei à conclusão de que,realmente as pessoas fantasiam as próprias experiências,maquiam seus romances e vivem esta ilusão.
E assim caminha a humanidade...
Bjsssss,
leninha
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