1 de novembro de 2010

A criança e a violência doméstica



As crianças que foram retiradas de seus lares por conta de abusos sexuais têm uma vida melhor nos abrigos do que se voltarem para suas casas. É esta a conclusão de um estudo com 3.872 meninos e meninas realizado entre 2003 e 2004 por pesquisadores da Universidade de York, no Reino Unido, e que acaba de ser divulgado na mídia de Londres.

Apesar de o sistema de assistência social ser muito criticado por suas falhas, o estudo revela que ele é capaz de fazer com que as crianças se sintam seguras, além de permitir que elas reestruturem suas vidas e aproveitem oportunidades que anteriormente não lhes foram dadas. O estudo diz que mais de 35% das que retornam às suas casas tiveram que receber cuidados da assistência social do governo britânico em menos de seis meses. Em 79% dos casos, as famílias receberam apoio no trabalho de reunificação.

Na Inglaterra, 60% das 63 mil crianças que moram em abrigos mantidos em instituições públicas foram parar lá por conta de violência doméstica ou negligência parental. Eu morei na Inglaterra e sei que esse fenômeno dos maus tratos é sério, principalmente numa sociedade fechada como a inglesa, onde a violência costuma acontecer no que cenário “behind the curtains” ou atrás das cortinas, como eles mesmo dizem. Já presenciei cenas horríveis em plena luz do dia.

Certa vez, vi uma mãe xingando seu filho de três anos dos piores nomes possíveis e ameaçando-o de espancá-lo, caso ele não parasse de chorar. Ao mesmo tempo, deixar essas crianças em instituições governamentais é muito complicado, principalmente aquelas que negligenciam cuidados básicos, como higiene e saúde. Quando há destituição do pátrio poder, ou seja, os pais perdem o direito de serem responsáveis por seus filhos, a situação é ainda mais complexa. E quanto mais velhas forem as crianças que moram em abrigos, mais difícil de elas serem adotadas e inseridas novamente na sociedade.

O ideal seria um sistema em que pudesse ser feita a reinserção da criança no contexto familiar de uma maneira mais equilibrada, em que a família fosse tratada e não apenas a criança, diz o estudo britânico. Os pesquisadores também apontam a vontade de a criança retornar a seu lar e dizem que não estão incentivando a permanência delas em instituições.

Fico pensando em como deve ser difícil voltar para uma casa para sofrer mais agressões físicas e verbais, às vezes de pais drogados ou dependentes de álcool.


E vocês, o que pensam sobre essa questão?


Kátia Mello


 

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