31 de agosto de 2011

Como não ir além do seu limite?





O mundo está uma loucura mas todos só acertam na vida. Não é esquisito isso? Será que só eu e você temos inquietações e erramos?

Será que só eu e você temos a sensação de correr o dia inteiro e ainda estar em falta com alguma coisa no fim do dia? Todo mundo tem dúvidas, mas faz pose de gênio! Os super-heróis atacam por todos os lados. E os seres humanos deixam de viver as ordens do coração para viver num mundo de aparência.

Fico impressionado com o número de pessoas que se enche de dívidas só para desfilar o carro novo para o vizinho, ou para fazer inveja à amiga com a bolsa de marca famosa, ou para deslumbrar a mulher desejada com um jantar além da sua condição financeira. Pessoas que se cercam de bens materiais e conceitos supérfluos para serem admiradas. Pessoas que não sabem como é bom amar alguém. Não conhecem a essência de um relacionamento. Querem apenas impressionar. Aparentar aquilo que não são.

E os pais super-herois? Esses querem que os filhos também sejam super-heróis. Lotam a agenda das crianças com aulas e mais aulas. Elas não têm tempo livre sequer para brincar. A ideia dos superpais é preparar os filhos para o futuro. Mas assim as crianças acabam perdendo a infância. Ou seja, não fazem a única coisa realmente importante para se tornar um adulto pleno.

Gostaria de convidar você a refletir um pouco sobre seus herois. Pense por alguns segundos nas pessoas que você admira. Quando proponho essa reflexão em meus seminários, em geral ouço descrições que lembram os super-herois das histórias em quadrinhos ou do cinema. Herois com superpoderes que nada têm a ver com o mundo real.

Apesar de ter plena consciência de que essa imagem não passa de pura fantasia, a maioria das pessoas embarca nela de cabeça. E se ilude querendo mostrar que são superexecutivos, superempresários, supermães, superprofessores, superamantes.

Não estou dizendo que a pessoa que procura dar sempre o melhor de si em cada ação está errada. Ao contrário. É altamente positivo buscar a excelência em cada coisa que fazemos. Isso não quer dizer, no entanto, que sempre sairemos vitoriosos de nossas batalhas. Ninguém consegue ganhar todas as disputas da vida.

Quem exige de si vencer o tempo todo está se candidatando a viver crises de depressão ou, pior ainda, agir sem ética para vencer a qualquer preço. Quem precisa se sentir importante o tempo todo está criando um grande vazio em sua vida... É preciso estar muito consciente para não embarcar nesse jogo de aparências e não se deixar envolver em atividades sem sentido para sua vida.

Acredite: é possível ser feliz com o que você tem e é. Eu digo, com todo carinho do meu coração: da mesma maneira que é importante tirar das suas costas o peso de ser algo que você não é, também é importante tirar esse peso dos ombros de quem está ao seu lado. Aliás, nem precisamos ser o que não somos nem precisamos ser perfeitos no que queremos ser. Ser muito bom já é suficiente. Temos de ser bons naquilo para o qual temos talento, o que não significa nos exigir sermos maravilhosos o tempo todo.



Roberto Shinyashiki 


Bob Mc Ferrin - Don't Worry Be Happy

30 de agosto de 2011

Julgamento e preconceito



 
Todo mundo já sentiu na vida alguma forma de preconceito. E todos já julgaram alguma situação ou pessoa, baseado apenas na sua experiência de vida. Ou seja, baseada na mínima parte de algo que se torna imensamente grande na vida de quem sofre algo do gênero.

Acredito que alguém que sofreu algum preconceito relacionado à sua opção sexual, saúde ou mesmo relacionado a alguma escolha que tenha feito na vida, tenha sentido muito, o fato de as pessoas apontarem a escolha como errada ou mesmo com preconceito em relação à situação. Mesmo que as pessoas evitem que a opinião alheia interfira na sua vida, não é legal escutar milhões de coisas ruins a respeito de algo que é considerado bom ou legal, ou mesmo que não se tenha escolhido passar. Mesmo porque, as escolhas caso não sejam boas, a própria pessoa irá aprender isso vivendo e com o tempo.

Imagino que essas pessoas já sofram uma enorme pressão por terem o preconceito de algumas pessoas que fazem parte da estrutura de seus valores e de referência em sua vida. E imagino que deve ser, talvez em menor proporção, mas não menos difícil, suportar as dificuldades do dia a dia, com as pessoas com quem se convive ou ainda que somente passem pela vida mesmo que por segundos.

Sofremos preconceito o tempo todo, e também fazemos com que outros sofram com o preconceito que temos em relação a coisas que são contrárias ao que acreditamos ser verdade. O preconceito vem de diversas formas, pelo aspecto físico, ou pela forma com que nos apresentamos às pessoas ou ainda pela forma que levamos a vida ou escolhas que fizemos ou iremos fazer em nossas vidas.

O preconceito, nada mais é do que algo que acreditamos como única verdade. Mas se pensarmos que o outro tem uma verdade diferente e que também é adequada, tanto quanto ou mais que a nossa, poderemos repensar algumas formas de pensar e agir.

Com toda certeza o preconceito que sentimos não é algo que possamos alterar em nossas vidas da noite para o dia, porém é algo que pode ser repensado em todos os momentos. Quem sofre o preconceito é a parte que mais sofre, mas como o universo é perfeito, e Deus age de maneiras muito sábias, todos acabam de alguma forma sofrendo preconceito e entendendo ou pelo menos sabendo como o outro se sente em relação.

Cabe a nós então, apenas repensarmos nossas atitudes e evitarmos essa falha humana, porém muito intensa. Falha porque não temos direito de fazer as pessoas sofrerem e principalmente se tratando de uma ideia baseada apenas em nossa vivência.

Mesmo pessoas que se tornam doutores em determinado assunto estão suscetíveis ao erro e ao fracasso. Mesmo elas podem dizer que alguma coisa é algo e aquilo não se tornar ou mesmo não ser como dizem. Como nós, pessoas que estamos caminhando e aprendendo sobre todos os assuntos de forma generalizada e não aprofundada, saberemos mais sobre a vida do outro, se nem a vivemos e sentimos na própria pele?

O mundo pode ser melhor. A partir do momento em que pensarmos que a nossa liberdade termina quando o espaço do outro é invadido. Na verdade, termina um pouco antes, para evitar que os caminhos sejam atravessados.

Antes de julgar ou ter preconceito sobre o que é certo ou errado. Pense de que forma aquilo pode atingir o seu espaço, e quando perceber que é apenas um capricho de vaidade por estar certo ou ser "dono da verdade", deixe o outro viver a vida dele, da forma como escolher e achar correto. Todos têm direito de ser feliz e principalmente ser respeitado pelo que é e pelo que escolhe ser, ou pela situação que está passando no momento. E todos, precisamos vivenciar nossas escolhas, para poder afirmar se é certo, bom, errado ou ruim. Afinal de contas, isso é viver e todos querem ser feliz! Sem preconceitos ou julgamentos!



Tassiane Oliveira 

Black Magic Woman - Santana

 

29 de agosto de 2011

É um erro associar separação ao fracasso



A experiência da separação se apresenta como uma realidade humana típica. Prova incontestável deste fato, é o nosso próprio nascimento: comprovadamente há vida intra-uterina, mas nos referimos ao nascimento somente no momento em que, de fato, a criança e mãe se separam. Ou seja, o nascimento é consagrado pela separação de duas vidas, ambas pré-existentes, que se reencontram em um outro nível de realidade.

Até então, o feto, apesar de pulsar e reclamar junto à mãe é encarado como "alguém que está por vir". De modo que o nascimento é, a um só tempo, uma separação e um sinalizador de um novo momento de se relacionar com a realidade concreta.

No decorrer de nosso desenvolvimento psíquico inúmeras são as ocasiões onde o mote da separação se apresenta, especialmente na relação pais-filhos: o primeiro passeio do casal após o nascimento do filho; o primeiro dia de aula; a primeira noite dormida na casa dos amiguinhos; a primeira balada; o primeiro namoro. A lista é interminável, fato que nos aponta à percepção de que a separação é uma realidade humana. Mas o que podemos perceber entre separação e relacionamento amoroso?

Vivemos a realidade da globalização: a um clique de mouse ou um toque de celular atravessamos o mundo; um minuto diante da televisão e nos damos conta daquilo que acontece nos locais mais distantes do planeta. Outra faceta deste fenômeno mundial refere-se à esfera econômica: vivemos a globalização do capitalismo, onde seus valores matemático-financeiros se impõe, não só no âmbito comercial, mas também como parâmetros que regulam nossas relações interpessoais.

Uma decorrência diretamente perceptível deste fato, é a maneira bancária de nos mantermos em relação. Explico. Passamos a viver e medir nossas experiências exclusivamente pelo viés econômico, ou seja, o sucesso de um relacionamento é medido pelo tempo de duração; o sucesso de um indivíduo é medido, por sua vez, pela quantidade de relações em que se envolve. A própria noção de mensurar um relacionamento nos mostra quão arraigada esta percepção financeira está em nossas existências. O que importa, então, dentro deste viés, é "quanto" e não "como".

O que podemos perceber deste modo, é que a separação ora entendida como um aspecto legítimo - dentre tantos outros - da natureza humana, passa ao status de erro, falta, falha. Tratamos algo próprio da experiência humana e, portanto, necessário, como um deslize a ser evitado. E a culpabilização decorrente deste processo nos afasta de um aspecto primordial da separação: a possibilidade de emersão de nossa individualidade.

A separação é necessária à vida. Se, por um lado, apresenta um aspecto de dor e solidão, por outro pode se apresentar como edificante. Pois é a partir da experiência de separação que a possibilidade de individualidade apresenta-se como possível. É a partir da dor da separação que surge a alegria da existência individual. E esta tomada de consciência de nossa individualidade se dá, justamente, quando podemos nos perceber "separados" do outro, como uma existência autônoma, onde também passamos a perceber o outro como uma entidade única, desejante, que também deve ser levada em conta como tal.

Podemos perceber aos poucos se delineando uma ideia de escolha. De um lado, o chamado a uma percepção "econômica" da separação, vinculada intimamente a ideia de quantidade (mais é melhor); por outro, o chamado a um entendimento mais integrado da ideia de separação, como um dos aspectos da existência humana, percebido agora não mais como falha, mas como necessário ao processo de crescimento individual.

O que podemos perceber, então, é que dentro de uma perspectiva materialista, onde se prioriza a quantidade, a separação é vista e sentida como perda. Mas, diante de uma percepção integral, onde procuramos entender cada passo por nos dado, como partes de um quebra-cabeças - nossa vida - a separação pode se apresentar não só como uma etapa, mas uma etapa edificante, onde são colocados à prova nossos critérios éticos de escolha. E a questão principal da separação diz respeito justamente ao posicionamento ético que nos propomos e propomos ao mundo.

Então, as escolhas que norteiam um relacionamento devem estar presentes, também, no processo de separação. Este processo deve ser ético e procurar criar uma nova síntese, ou seja, não encará-la como perda, mas sim como um novo momento, onde se apresenta um novo estágio de consciência, trazendo à tona possibilidades de crescimento pessoal e novas opções de vida.



Luiz André Martins 

Reedição do post do dia 9/8/2011.


Beatles - Hello Goodbye
 

28 de agosto de 2011

Você é uma pessoa coerente?




Quando chega o final do ano, mesmo sabendo que os finais e começos são ilusórios, sempre dá aquela sensação boa de renovação. É quando todo mundo ousa sonhar um pouco e brincar de desejar uma vida mais feliz.

Se sonhar é maravilhoso, ver um sonho ganhar raízes e se ancorar na vida real é o mais puro néctar, cada sonho um pedacinho de felicidade criado por nós - não essa felicidade idealizada que os imaturos ainda buscam, mas a felicidade possível, muitas vezes feita de coisas pequenas e simples.

Mas para que tenhamos a chance de aproximar os sonhos de nossa vida real, é preciso que sejamos capazes de manifestar o que chamarei de coerência. A coerência acontece quando alinhamos nossos pensamentos, sentimentos e ações com os nossos sonhos. Por exemplo, de nada adianta sonhar com uma vida mais simples, se continuamos nos sentindo compelidos a comprar cada vez mais coisas, nos endividando a ponto de nos tornarmos escravos de trabalhos e rotinas de vida tão complicadas.

Assim, procure trazer para a sua consciência o que de fato importa para você, e procure avaliar o custo envolvido na realização de seus desejos. Não siga pela vida agindo como uma criança que acredita poder ter tudo sem dar nada em troca, negando a realidade. Mesmo sendo um pouco desconfortável, quando ficamos em contato com a realidade nos tornamos mais poderosos e capazes de manifestar na vida concreta aquilo que almejamos internamente.

Todos nós possuímos um imenso potencial criativo e somos capazes de transformar muito mais coisas do que imaginamos. Podemos criar mais saúde, mais harmonia, mais paz, mais alegria. Podemos mudar de rumo na vida, deixar para trás o que já não faz sentido, abrir caminho para que o novo chegue. Podemos nos tornar mais conscientes, mais amorosos, mais realizados, mais poderosos. Mas para isso precisamos acreditar em nós mesmos e nos dar uma chance. Se nos definirmos com base em nosso passado, nos aprisionamos em um círculo vicioso de infinitas e tediosas repetições. Não faça isso com você. Você pode ter caído dez vezes em um buraco, isso não significa que acontecerá de novo!

Abra-se para que o seu melhor venha à tona. Queira, lá no fundo do seu ser, que isso aconteça. Mesmo que um longo caminho ainda o separe do que você deseja conquistar, ao menos dê os primeiros passos na estrada que o conduz naquela direção. Siga sempre em frente, na velocidade que for possível para você. Não perca a coerência, não traia a si mesmo no meio do caminho, apenas siga, sem se preocupar com quando finalmente chegará. Aprecie essa viagem chamada vida! Quando sentimos que já estamos a caminho, algo em nosso íntimo se acalma, e dessa calma flui uma confiança amorosa de que, se persistirmos, sem desistir, um dia chegaremos lá.



Patricia Gebrim


Jevetta Steele - I`m Calling You


27 de agosto de 2011

No exercício do amor, você pratica alegria ou tirania?





Estranho paradoxo o que a maioria dos casais experimenta: ao mesmo tempo em que desejam sinceramente serem felizes e fazer com que o relacionamento dê certo, sem se darem conta vão agindo no sentido de armar uma verdadeira guerra um contra o outro. Ou seja, buscam a alegria, mas pelo caminho da tirania. Resultado? Não dá certo!

Alegria é resultado de atitudes leves, que incluem compreensão, ponderação, reflexão, paciência, capacidade de colocar-se no lugar do outro, aprender a relevar, desculpar, não endurecer tanto, não acusar tanto, olhar para si mesmo e buscar um comportamento mais equilibrado... Ao passo que a tirania é a conduta arrogante e prepotente de quem sempre tem razão e é incapaz de aceitar as diferenças, de concordar que o outro pode pensar e sentir de modo adverso e, ainda assim, ambos terem razão. As suas razões.

Claro que muitas pessoas imediatamente reagem a esse tipo de acusação dizendo que não são assim, que não se consideram sempre certos. Porém, pergunto: se você está brigando e discutindo com alguém, o que mais está fazendo senão tentando provar que ele está equivocado e que você está certo? Afinal, esta é a base de qualquer crise - um discordar do outro!

Não estou querendo insinuar que num relacionamento nunca haverá discordâncias. Isto é impossível. O que proponho é uma reflexão sobre o quanto elas são recorrentes e o quanto têm se tornado um jeito de exercitar o amor. Sim, porque muitas pessoas terminam considerando as constantes brigas e discussões como "normais". E embora sintam o peso deste clima, a tensão e a falta de alegria continuam presas nesta dinâmica doentia e destrutiva.

Como mudar? Como sair deste círculo vicioso? Como para a maior parte das perguntas sobre relacionamentos, começaria dizendo que a solução é simples, mas nem por isso fácil! Aliás, por ser tão simples, mas tão profunda e exigir tanta autenticidade, não é mesmo nada fácil. Mas é possível e, sobretudo, vale muito à pena!

Comece considerando a única verdade sobre relacionar-se: é preciso que você faça a sua parte e se responsabilize por ser o melhor que pode, a cada dia. Isso quer dizer que enquanto você continuar discutindo, gritando e tentando convencer o outro de que está com a razão, bem pouco vai adiantar e dificilmente vão se entender!

Pare e ouça. Sim, ouça o que o outro está dizendo. Se não entender, pergunte! Interesse-se por descobrir o que ele está sentindo, o que está pedindo, do que sente falta, o que quer, como quer, quanto quer! Nenhuma solução pode ser encontrada se você não souber e compreender exatamente o que está acontecendo no seu relacionamento.

E acredite: não se trata de submissão ou de fazer o que você não quer. Não se trata de se desrespeitar ou ignorar seus limites. Não! Trata-se de flexibilizar, crescer, rever conceitos e crenças. Trata-se de aprender e evoluir! Isto é relacionar-se de verdade.

Cada vez que você se disponibiliza a pelo menos tentar (mas tentar de verdade, com todo seu coração) a conciliação, em vez de se desgastar apontando os erros e as limitações do outro, você está, de fato, praticando o exercício de amar!




Rosana Braga 



Michael Jackson - Smile




 

26 de agosto de 2011

Ter tempo para tudo




O relógio no pulso marca o tempo. Embora invisível, o tempo nos aprisiona em conceitos e em modo de viver. Conceitos de novo, antigo, moderno, ultrapassado, velho originam-se do tempo. O novo atrai. Chama ao consumo. O novo modelo, mais aperfeiçoado. O que carrego comigo num instante fica sem graça frente à nova cor ou ao moderno designer.

Contudo, o mesmo tempo que torna sem graça o modelo “antigo”, torna valiosas outras coisas: a velha camiseta de dormir, aquela velha xícara que pertenceu a minha avó, aquele velho amigo. O que perdurou no tempo nos apoia, nos transmite segurança, nos conforta. Há reciprocidade familiar entre mim e meu velho travesseiro. E por que corremos tanto atrás do novo? E por que trabalhamos mais, para ganhar mais dinheiro, para comprar os novos modelos, os novos sabores, as novas fórmulas?

Tempo. Esse invisível que regula a nossa vida, que nos dá o sentimento de carência: a falta de tempo, o tempo que voa, o tempo que desvaloriza o que há pouco compramos, mas que paradoxalmente valoriza a velha xícara que torna o chá mais saboroso. O tempo não para. Então, talvez nós é que tenhamos que parar a fim de não sermos engolidos por algo que é tão relativo como Einstein nos ensinou.

Eu ia ligar para ela, juro que ia – todos os dias eu pensava em ligar, mas é tanta correria, tanta falta de tempo, uma loucura. Pois é, ela se foi. A culpa não é do tempo, é mesmo nossa por temos permitido subjugarmo-nos a ele, deixando de regar nosso jardim. E é justo no nosso jardim que parece estar toda graça da vida. Ler um livro, assistir a um bom filme, ligar para a velha e querida tia, levar uma flor para mãe fora do Dia das Mães. Aquelas velhas formas de gentileza, aqueles velhos hábitos, aquele tempinho para alimentar nossa alma que carece de uma pausa. A correria provoca stress e o stress vai aos poucos matando a nossa sensibilidade.

Não tenho tempo para mais nada! Todavia, é o “mais nada” que mais importa. O “mais nada” é justamente o cultivo do jardim. Como fazer, então? Tem alguma saída? Tem, mas implica perdas e ganhos. Talvez a velha sabedoria de Sêneca (4 a.C-65 d.C) possa nos ajudar a encontrá-la.

“O tempo que temos não é curto, mas, perdendo grande parte dele, fazemos com que ele seja. A vida é suficientemente longa para realizar nela grandes coisas, se a vivermos bem.”  SÊNECA in Sobre a Brevidade da Vida.

“ Eu tenho tempo, meu caro, muito tempo; tenho tempo para tudo, e onde quer que esteja disponho sempre de mim. Eu me empresto à atividade profissional, não me entrego a ela; nem procuro ocasiões para empregar mal meu tempo.” SÊNECA in Cartas a Lucílio.

Não se entregar à atividade profissional, mas emprestar-se a ela certamente abrirá brecha no tempo. Muitas pessoas se entregam tanto ao trabalho que lhes falta tempo para as coisas simples e prazerosas da vida.Ter tempo para tudo depende de mudar alguns hábitos e paradigmas. Quem sabe, vestir a velha camiseta, tomar um chá na velha xícara e falar no antigo modelo do celular seja uma das formas de dispor mais de si mesmo, como nos diz Sêneca, e assim arranjar tempo para tudo. 



Regina Ramos 








25 de agosto de 2011

Todo amor que não nos demos




Apesar de este ser um espaço que fala sobre relacionamentos, o post de hoje não faz referência ao amor romântico, nem ao sexo, nem aos homens e mulheres esquisitos.Trata-se de um convite ao amor por si mesmo – lugar comum, mas é sempre bom relembrar que temos uma essência contra a qual não podemos lutar.

Fim de ano é sempre propício para reflexões profundas e promessas futuras. Mais da metade das promessas não se realiza no ano seguinte e poucos têm coragem de olhar para trás e depois para dentro na hora do balanço geral. Muitos de nós preferimos computar vitórias alheias e dar aos outros os créditos de nossas derrotas.

E o que é derrota? É sempre a fase anterior à da vitória, a menos que você tenha desistido de vez. Embora eu ache que nunca desistimos do que queremos. Fingimos, talvez para evitar frustrações e decepções, talvez por falta de coragem de lutar ou por não sabermos direito como fazer. Damos um sonoro não ao coração e ele não está nem aí. Não adianta. Desejos genuínos estão guardados em algum lugar e vale recuperar os seus para ter um pouco paz e não entrar no rol dos que tomam antidepressivos na tentativa vã de abafar o clamor interior.

Muitas e muitas vezes, precisamos refazer o caminho obstruído no momento da bordoada ou do tombo. Refazê-lo com a humildade de quem não se acha o centro do mundo e com a dignidade de quem acredita ser capaz. Ninguém disse que será fácil, mas essa é nossa chance de não nos abandonarmos no caldeirão de mentiras e auto-sabotagens que esculpimos quais bruxas desiludidas.

As decisões futuras continuarão não se realizando enquanto não houver reflexão sincera de todo amor que não nos demos. Se tudo for energia como dizem, cada sonho jogado no lixo mental gera um débito com o universo, sem falar no mal que fazemos às pessoas próximas que absorvem sem querer nossas vibrações arrevesadas.

Agora a pergunta que não quer calar: o que você está fazendo para realizar seus sonhos mais caros? Admiti-los já é alguma coisa. Sintonizá-los é um bom progresso. Realizá-los é a salvação.


Fernanda Santos





Eric Clapton - Knockin' On Heaven's Door




 

24 de agosto de 2011

Saia de cima do muro, pule....



Às vezes é difícil, mas precisamos nos posicionar diante da vida. Não podemos ficar inertes sem tomar posição, com medo do julgamento dos outros ou da aceitação deles por causa das escolhas que fazemos. Precisamos entender que é quase impossível agradar a todo o mundo.

Fazer escolhas faz parte do nosso processo evolutivo e é através delas e da nossa posição diante de certas coisas e pessoas que direcionamos os nossos passos para o nosso objetivo que é ser luz. É preciso ser fiel à nossa natureza interior para que possamos ser felizes e isso quase sempre está ligado às escolhas que precisamos fazer.

Qual é a direção que você quer tomar? Quer seguir em direção à luz, à verdade ou vai querer fingir que não sabe de nada, dar uma de ingênua e ficar exposta às circunstâncias que querendo ou não podem influenciar e muito a sua pessoa. Não pensem que ficando em cima do muro estarão livres de consequências, pois agindo assim vocês podem ser associados tanto com um lado ou com outro. E aí?

Ficar em cima do muro não é a atitude mais coerente que podemos tomar. Não nos posicionarmos diante das questões que nos são apresentadas pode atrasar a nossa caminhada ou nos levar a fazer coisas que não condizem com aquilo que realmente acreditamos serem certas, e isso na verdade seria um retrocesso.

Só para ilustrar podemos dar um exemplo: se alguém trabalha em uma empresa e o seu chefe pede para fazer algo que esta pessoa sabe que vai prejudicar outra, e só para não perder o emprego ela aceita fazer, esta pessoa está se distanciando do seu "eu"e também corrompendo a sua natureza divina. Isso causa imensa dor naquele que é naturalmente bom.
Ou outro caso, se alguém sabe que um amigo seu não é "flor que se cheire", mas mesmo assim continua a conviver com ele sem questionar os seus atos... Imaginem como a consciência de uma pessoa assim deve ficar; num eterno conflito entre questionar e se afastar por saber que está no caminho errado ou continuar ao lado e ferir a si mesmo por ter um medo exacerbado de ser rejeitado.
Pessoas assim precisam acreditar mais em si mesmas, na sua capacidade de realização independente e portanto não precisam aceitar ir contra os seus valores para serem aceitas por este ou aquele grupo, por esta ou aquela pessoa.

Precisamos criar coragem e pular. Para evitar o equilibrismo em cima do muro é preciso escolher um dos lados, de preferência o da luz. Olhar atentamente tudo o que está acontecendo em torno da questão, meditar, tentar ver as coisas como um observador atento e imparcial, consultar no nosso interior os reais valores espirituais e decidir, pular para um dos lados assumindo a responsabilidade das nossas escolhas, enfrentando as consequências, sejam elas boas ou ruins.

Somos livres para decidir e de preferência sempre buscando o amor, a paz e a compaixão.



Márian Marta Magalhães  

Van Halen - Jump


23 de agosto de 2011

Apostar que a fila anda pode ser sua melhor opção!



Sempre mantive um pé atrás em relação a esta assertiva. Sustentar a ideia de que a fila anda sempre me pareceu arrogante e ilusória. Acreditar que existe uma fila de pessoas querendo se relacionar com você, a meu ver, é pretensioso demais. Entretanto, cá estou para refletir sobre a afirmação sob outro ângulo.

A intenção da frase é, certamente, mostrar que o cenário atual pode ser mudado a qualquer momento. Ou seja, a fila anda num relacionamento em que não existe cuidado mútuo. E a possibilidade deste andar da fila deixa claro que insistir nem sempre é a opção mais inteligente.

Quem me lê há algum tempo, sabe que sou defensora declarada de quem tenta salvar um relacionamento; haja vista que são oportunidades preciosas que temos de superar limitações, amadurecer e conquistar um novo patamar na busca pelo que temos de melhor. Portanto, desistir na primeira dificuldade ou ficar pulando de galho em galho, tentando encontrar o outro perfeito, não me parece ações que combinam com amor, consciência ou felicidade.

Porém, continuar dando murro em ponta de faca, sentindo e vendo a pele sendo dilacerada e o próprio sangue sendo derramado sem que nada de realmente significativo mude, já me parece teimosia, daquelas adotadas por quem quer ocupar o lugar de vítima ou de coitadinho, só para mendigar atenção e encobrir um enorme medo de se entregar à vida e arcar com as consequências de suas escolhas.

Assim sendo, hoje venho defender a opção de deixar a fila andar. Ou melhor, de – se for preciso – fazer a fila andar! Sim, botar um ponto final nesta história que tem se mostrado um grande fiasco e um completo e desastroso desencontro, e começar a apostar numa nova possibilidade.

Você não precisa, necessariamente, viver em função de começar e terminar relacionamentos indefinidamente. Pode, e em muitos casos até deve, permitir-se um tempo só seu. Deixar-se solteiro e desfrutar as muitas e deliciosas experiências que este status lhe proporciona.


Agora, obviamente, se surgir alguém especial, com quem você se identifique sem ter de fazer força ou inventar predicados, por que não? Contudo, observe esse detalhe: que seja fluido, que seja leve, que seja natural! Pare de fazer tanta força simplesmente para provar a si mesmo ou a quem quer que seja que você é capaz de ter alguém. Chega de viver relacionamentos que mais servem para te angustiar e confundir do que para te fazer descobrir que existem caminhos mais profundos e pacíficos a serem percorridos!

Enfim, com consciência, noção de si, disponibilidade para fazer o seu melhor e apostando que o autoconhecimento é a maneira mais eficaz de atrair encontros criativos e construir relacionamentos transformadores, estou certa de que – antes do que você imagina – a fila estará exatamente onde deveria. Afinal, se você quer viver um grande amor, precisa saber o que isso significa e qual a sua parte neste processo! A mudança começa sempre em você!



Rosana Braga




Adele – Don’t You Remember





22 de agosto de 2011

Felicidade autêntica


Todos queremos crescer e sermos felizes. As atitudes que assumimos, em qualquer momento, serão para nos sentirmos motivados. Todos queremos viver nossa felicidade autêntica. Então, por que a dificuldade?

Existem outros aspectos que algumas pessoas preferem mais: permanecerem no aconchego dos seus ninhos emocionais, os quais já conhecem, e não há riscos nestas zonas de conforto. Ainda que isto signifique permanecer em ser um pouco menos feliz. Para que tanto, não sejamos exagerados, assim como está, está bom!

Muitas dessas pessoas vêm estas situações até como sendo um transtorno, ou seja, quando a felicidade cria condições para entrega ao crescimento, sentem-se desconfortáveis, dizendo para si mesmas: "Bom demais para ser verdade!" Com certeza, pensando desta forma nos distanciamos deliberadamente do crescimento.

Nestes casos, a felicidade autêntica soa como um extra. Mais ou menos como cortar o cabelo que está comprido - quando estamos perseguindo a felicidade, mais e mais a queremos. Mas quando ela desponta nos solicitando a entrega, viramos a face em negativa. Aí, lançamos mão da Sra. Tesoura e cortamos; cortamos o extra como se fosse o cabelo que está a mais. E funciona certinho. Aí voltamos para as zonas de conforto, ainda que seja com algumas queixas e lamentações, dizendo: "Ah, faz parte da vida!" É importante saber que o extra na felicidade autêntica é exatamente a porção a mais, que nos distinguirá do costumeiro nível padrão, evoluindo para níveis superiores de consciência, estado que almejamos nas nossas buscas.

Continuando com o exemplo do corte do cabelo, a mente pergunta: "Como vai ser o corte hoje?" resposta: "Remova o extra!"; pergunta: "O que se entende por extra?"; resposta: "O extra é o que não é necessário, mas continue a deixar o de sempre!" Em forma de diálogo o exemplo ajuda, a imaginar o que se passa na mente nestas oportunidades de decisões.

É como estar dizendo para nós mesmos: "Assim sou eu, não vou mudar!", "É o lugar a que pertenço!" Ao estabelecer estes parâmetros para nós mesmos, nos fixamos neles como crenças, que é o mesmo que dizer: "O mais é extra! Corte logo antes que cresça muito, e saia do controle!" Este longo exemplo do cabelo uma vez sendo compreendido, poderá trazer esclarecimentos importantes. Na maioria das vezes não aceitamos a felicidade porque achamos que não a merecemos. Faz sentido?

Quais são os parâmetros da felicidade? Quando como resultante do esforço do nosso crescimento pessoal e espiritual, conseguimos enxergar que felicidade é amar e sentir-se amado pelos outros em perfeita imagem e semelhança de Deus, tornando real e palpável nosso progresso de alma. A vida equilibrada na competência emocional, por si mesma se manterá equilibrada, porque será surpreendente, preenchedora e plena.

Ser interessado e interessante, bem humorado, renascendo a cada dia como pessoas integrais e libertos do medo de ser e assumindo os riscos de ser.


Marcos Porto

Tom Jobim - Wave (Vou te Contar)






21 de agosto de 2011

L’ amour toujours l’amour





Ah! O amor! Sempre o amor! A busca do amor eterno, do amor sempre apaixonado, do amor como fuga de si mesmo... Ôps! Fuga de si mesmo?! Como assim?

Sim, o amor pode ser usado como fora de escapar de si mesmo ou da realidade da vida; principalmente a idealização sobre o que é o amor. Amor de verdade tem compromisso porque tem entrega e não o contrário. "O amor é o estar-se preso por vontade" - Camões.

A entrega é a confiança na vida e no outro de forma que você possa viver o amor plenamente, sem medo de perder: "Que seja infinito enquanto dure" - Vinícius de Moraes

O medo de perder traz as doenças de amor: a possessividade, o ciúme, as rupturas precoces - "ele ia me largar, então eu terminei tudo" - ,o envolvimento com pessoas que nunca estão ou estarão disponíveis para viver esse amor ou porque estão comprometidas com outras pessoas ou porque ainda são tão imaturas quanto quem as ama.

A pessoa passa anos de sua vida envolvendo-se com o mesmo tipo de pessoas, passa a acreditar que o amor não é pra ela, mas na verdade o problema dessa pessoa só pode ser resolvido quando ela olhar para si mesma e entender quem é, quais são as suas reais necessidades e carências e perceber que qualidades são essas que ela possui que sempre atraem o mesmo tipo de relacionamento.

Enquanto a pessoa não acordar para si mesma, para sua realidade, continuará sua jornada interminável na busca de um amor ideal. Pode passar uma vida inteira assim e quiçá, outras encarnações. Não, não tenho a intenção de magoar nem de ser dura, mas às vezes, um chacoalhão é bom pra despertar a pessoa!

Quem sabe não é hora da pessoa se perguntar se está realmente pronta para o amor, ao invés de se perguntar por que não encontra ninguém. Essa pessoa precisa descobrir quem é e o que deseja e aí, quando se tornar a melhor companhia pra si mesma, depois de ter se namorado e se amado bastante, de repente, o amor acontece.

Não adianta sair por aí procurando a solução para sua vida fora de você. A procura deve ser uma viagem para dentro de si, o resto, a vida vai cuidando de armar pra você. Aliás, entender esse mecanismo da vida é muito importante.

A vida sempre traz alguém novo, no entanto, esse alguém a faz reviver relacionamentos passados. Isso é sinal de que você ainda não arrumou sua casa interior. Semelhante atrai semelhante. Se você não está pronto para o amor, atrairá pessoas que também não estão prontas.

"Não corra atrás das borboletas. Cuide do seu jardim e elas virão até você". Infelizmente, não sei quem é o autor dessa frase, mas para atrair um grande amor, o segredo alquímico está aí!



Alethea Koumrouyan 



Jane Birkin e Serge Gainsbourg - Je T'Aime... Moi Non Plus




20 de agosto de 2011

O que fazer quando o cinza toma conta de sua vida?




Qualquer um de nós pode ser, vez ou outra na vida, tomado por um lado sombrio que torna tudo cinza ao nosso redor. Quando isso acontece, como se estivéssemos doentes de alma, enxergamos sempre o pior de cada situação, nos sentimos aprisionados, encurralados, como se na vida não houvesse saída.

Você já encontrou alguém assim? A pessoa fica tão paralisada naquele lugarzinho apertado que, por mais que tentemos lhe dar opções, ela sempre responde: Pode ser que você esteja certo, mas...

Olhando de fora vemos que existem sim saídas. Mas, por mais que tentemos sugerir caminhos para uma melhora, a pessoa parece não ser capaz de enxergá-los. Responde sempre com um “mas”, seguido de uma justificativa que inviabiliza a solução. É como se, de alguma forma, ela quisesse permanecer lá, sofrendo. E nós, que tentamos ajudar, acabamos por nos sentir frustrados... e muitas vezes acabamos por desistir de ajudar. Como se a pessoa fosse um saco sem fundo, vemos que nossas sugestões são tragadas, uma a uma, caindo num buraco negro que existe lá no fundo do saco.

Sabemos que para sair desse buraco é necessário que se mantenha o equilíbrio, que se tenha paz para raciocinar com clareza, que se tenha atenção para pescar uma solução criativa nesse rico mar que é nosso inconsciente, cheio de belezas e tesouros. É preciso compreender que de nada adianta sobrecarregar a própria vida com esse peso mortal que destrói a leveza das ideias, que afasta de nós toda a alegria e o encantamento.

Quando tornamos tudo sério e grave dentro de nós, acabamos por projetar essa carga ao nosso redor, e logo nos percebemos rodeados por uma sensação densa e ruim, oprimidos e esmagados por uma realidade que nós mesmos criamos. Logo estamos nos sentindo completamente desesperançosos, impacientes com tudo e com todos, nos tornando parecidos com máquinas de reclamações e mau humor. O brilho de nossos olhos se apaga e ganhamos uma espécie de peso, nos afastando do suave mundo onde pulsam infinitas soluções criativas, nos afastando daquela camada sutil cheia de novas ideias que flutua leve, bem acima de nossas cabeças e que poderia nos tirar desse estado incômodo e assustador.

Se ao menos parássemos de, obsessivamente, catalogar as pedras e obstáculos ao nosso redor, enxergaríamos saídas, seríamos ajudados a flutuar e, como leves pássaros, seríamos soprados em direção a outras realidades, mais amenas, mais gentis, mais livres.

Se você quer mudar sua vida, precisa concordar em abandonar essa atitude que tem mantido você atado a uma vida que não lhe traz felicidade, Não importa o que você tenha criado em sua vida, a solução reside em uma palavra: desapego. Você não pode mudar o passado, mas pode se desapegar dele, deixá-lo para trás. Não perca tempo tentando entender, catalogando tudo, ou recriminando a si mesmo pelas escolhas errôneas que fez em sua vida. Isso de nada ajuda! Foque-se completamente no presente, seja amoroso e compassivo para com seu próprio Eu. Perdoe as atitudes que tenha tomado e que lhe tenham feito mal. Isso já passou. Olhe para cima, para o novo e permita-se construir uma nova realidade onde se sinta mais leve.

O mundo terá a gravidade que você decidir lhe dar. Você não precisa mudar o mundo. Mude a si mesmo, e o mundo se transformará antes que você consiga compreender como isso pode ter acontecido.


Patricia Gebrim


george harrison - cloud 9




19 de agosto de 2011

Qual o melhor dia da semana pra você?




Você já pensou sobre a pergunta do título? Qual o dia da semana que você prefere? Noite de sexta-feira, sábado, ou segunda? Muitos podem dizer: é claro que prefiro o final de semana, mas saiba que nem todos. Na verdade, a resposta por um ou outro pode representar que algo não está bem. Se prefere os dias que trabalha é importante questionar o que não está bem em sua vida pessoal. E se a preferência é pelos dias de descanso, também é válido identificar se há algo que não vai bem na área profissional. Há ainda quem não se sente feliz nem durante a semana nem no final de semana. Em tudo é preciso equilíbrio. É evidente que temos as exceções, como pessoas que trabalham em escala, mas a maioria trabalha de segunda à sexta-feira e descansa sábado e/ou domingo. O ideal é sentir satisfação e prazer tanto no trabalho, como na vida pessoal, compartilhando os momentos de descanso com aqueles que ama, ou quem sabe, sozinho. Mas quando percebemos que estamos insatisfeitos, irritados, intolerantes, é hora de parar e refletir sobre os prováveis motivos.

Para quem tem o final de semana livre, a programação começa logo na sexta-feira à noite, com happy-hour, viagens, festas ou outras atividades em que possa descansar e esquecer os problemas. Afinal, com tanto estresse, lazer hoje se tornou uma necessidade. Isso mesmo, ne-ces-si-da-de. O final de semana é propício para repor as energias e cada um faz isso a sua maneira.

Quem gosta do final de semana espera cada segundo para chegar noite de sexta-feira, seja para sair ou ficar em casa. Mas quando o domingo chega, parece baixar um desânimo, desejando que as horas passem mais devagar e que a segunda-feira custe a chegar. Para a maioria, a volta ao trabalho pode representar o retorno das obrigações, responsabilidades, dos horários a cumprir. Em linguagem freudiana, diríamos que durante a semana somos regidos pelo superego, aquele que dita as normas, e no sábado, regidos pelo id, que representa o prazer. Claro que isso não é regra básica, mas apenas proporcionar uma reflexão em como você está se sentindo em cada dia de sua vida. Como se sente durante a semana? E no final de semana? O sentimento que prevalece é semelhante? Não? No que difere? Já pensou sobre isso?

Quando o desânimo já começa no domingo à tarde, se acentuando durante à noite e ficando quase que insuportável na segunda pela manhã, fazendo que você se arraste para ir trabalhar, é preciso buscar a causa. Se trabalhar está sendo sinônimo de sofrimento, desgastante e insatisfação, é preciso saber o que está acontecendo. Está apenas cumprindo com uma obrigação? Está sem motivação? Não gosta do que faz? Ou do ambiente? Ou o salário está abaixo de suas necessidades ou do que merece? Pense sobre tudo isso, mas lembre-se que no mínimo você o mantém por alguma recompensa, seja pelo salário, para aprender mais, esperando uma promoção; alguma vantagem deve ter, ou então, comece a pensar na possibilidade de procurar algo novo, que corresponda mais às suas expectativas.

Enquanto alguns cancelariam a segunda-feira do calendário, outros contam os segundos para chegar a hora de ir ao trabalho. Para estes, o insuportável é o final de semana em casa, com a família ou com a falta de uma. O trabalho se torna o encontro com pessoas que se sente bem, companhia para almoçar, conversar, onde encontra pessoas que compensam o final de semana solitário ou insatisfatório.

É no trabalho, e somente nele, que muitos se sentem valorizados, estimulados, reconhecidos, seguros. A busca excessiva pela realização profissional, na maior parte das vezes, oculta uma insatisfação enorme na vida pessoal e/ou afetiva, pois o trabalho representa uma fonte de reconhecimento e segurança que nem sempre se consegue na vida afetiva. Para alguns, parece mais fácil vencer na profissão do que construir relacionamentos afetivos saudáveis e duradouros. Hoje, talvez até por medo, muitos preferem o trabalho ao amor.

Homens e mulheres precisam na verdade, descobrir um ponto de equilíbrio entre a realização afetiva e profissional, que não precisam ser antagônicas, mas devem e podem ser complementares. É preciso estar atento para não fazer do trabalho ou do final de semana, um escudo ou uma fuga constante de seus sentimentos e do encontro consigo mesmo, como se fosse uma escolha, onde um compensa a falta do outro. Quando isso acontece é hora de parar, pensar e avaliar valores e escolhas, acreditando que se pode sim, obter prazer e satisfação, tanto no trabalho quanto na vida pessoal.

O mais importante não é só estar bem durante a semana ou no final de semana, com o trabalho ou com alguém, mas principalmente consigo mesmo, fazendo coisas que gosta, sem se preocupar com o dia da semana, mas fazendo de cada dia uma fonte rica de satisfação e prazer!



Rosemeire Zago

Beatles - Yesterday





 

18 de agosto de 2011

Nada se perde, tudo se transforma




Em nossa existência, nada vem de graça, tudo tem seu preço. Há ganhos que se transformam em perdas e perdas que, por incrível que pareça, se transformam em ganhos. Você pode ter perdido algo ou alguém (um amor, um amigo), mas em compensação aprendeu alguma coisa. A vida é assim: cheia de contradições, de paradoxos. E tudo é aproveitável, mesmo as decepções, os reveses, as frustrações.

A frase do célebre poeta português Fernando Pessoa "eu sou aquilo que perdi" explica bem isso. Ela mostra que é a forma como reagimos às perdas que determina nossa trajetória. São justamente as curvas imprevistas no caminho que definem para onde vamos e que revelam nossa força e nossa coragem.

Por que algumas pessoas reagem melhor à adversidade do que outras? Por que algumas logo dão a volta por cima depois de cair do cavalo? A vida é uma corrida de obstáculos. Apesar de não escolhermos a quantidade de dificuldades que teremos de enfrentar, podemos escolher como vamos enfrentá-las.

Todas as pessoas têm uma capacidade individual, inata ou adquirida, de lutar. Lutar é preciso, até mesmo para descobrir as próprias forças e os próprios limites. Ninguém escapa de lutar bravamente contra alguma dificuldade. Então, a diferença não está em quem batalhou e quem não batalhou. Está na forma de cada um se sentir, se perceber - como vítima ou como sobrevivente.

Quem são as vítimas? Vítimas são as pessoas que ficam paralisadas, sentem-se impotentes diante da realidade, sem poder para mudar o que precisa ser mudado. Enquanto os sobreviventes são todos os que continuam lutando e, apesar das circunstâncias adversas, aprendem que lutar custo muito, mas não lutar custa mais ainda. Sabemos que não temos controle sobre tudo o que acontece à nossa volta, mas de certa forma somos co-autores do nosso destino. Apesar dos pesares, existe uma fome de dar um rumo, um sentido à própria vida. Existe uma fome de felicidade.

Esperança é uma "espera feliz"

Temos entre as mãos um espaço que tentamos preencher com nossos sonhos. O problema é que um dia acreditamos em nós mesmos, na vida e no outro, mas no dia seguinte não acreditamos mais - e é entre esses dois pólos que ficam contidas as alegrias do paraíso e todas as angústias do inferno.

Entretanto, não são as alegrias ou as tristezas as coisas mais importantes em nossas vidas. O que importa mesmo é um sentimento que está infiltrado na nossa pele, nos nossos músculos e nervos: a esperança.

Esperança nós criamos e recriamos, porque ela é um desejo que mora no coração dos homens: é desejo de acreditar. Porém, é ainda mais do que desejo, é necessidade de acreditar no outro, no futuro, na vida. Todos precisamos de esperança para sustentar o presente e nos impulsionar para o futuro, ou seja, ter esperança de encontrar algo ou alguém, de ser correspondido.

Nesse sentido, pode-se dizer que é bom ser "maníaco por felicidade", isto é, teimar em querer se conhecer, se amar, se fazer amar, se compreender, se fazer compreender, se encontrar, se fazer encontrar. E, além do mais, teimar em ter esperança.

Esperança não é uma espera qualquer, é uma "espera feliz". É esperar por aquilo que se deseja. É aguardar, contar com, acreditar que se vai conseguir e também acreditar no acaso. Na vida, existem momentos-surpresa de infelicidade (um minidivórcio, um desencontro), como há também momentos-surpresa de felicidade ( um desejo transbordante, uma fascinação), mas a vida não é só uma espécie de roleta emocional em que tudo depende só do acaso. Essa mistura estranha que chamamos de felicidade não cai do céu. É em grande parte fruto de nosso esforço. Por isso, é bom se mexer, pois quando só esperamos a felicidade, em vez de produzi-la, perdemos a consciência dos nossos próprios recursos, da nossa força e do nosso valor.

Todos nós temos um desejo de ser feliz, mas esse desejo muitas vezes se frustra. Vem um sonho, e logo ele desaparece, se apaga, vem outro e... nada. Nesse vaivém, alguns perdem a esperança, mas muitos continuam a acreditar.

Acontece que a vida é um processo, um lento processo de aprendizado. Viver é crescer, e o crescimento acontece sempre devagar, não é como colocar uma moeda numa dessas máquinas que vendem chocolate e refrigerante e, instantaneamente, obter o chiclete da felicidade.

No nosso encontro com o destino, vamos aprendendo a lidar com os imprevistos, com o perigo. Portanto, não adianta acreditar que não existem abismos na estrada da vida. O importante é atravessá-los, superá-los construindo pontes.

Mas essa é uma questão difícil: como se constrói uma ponte? Quando deparamos com um abismo e não sabemos como atravessá-lo, lançamos uma corda sobre ele. Às vezes dá certo, às vezes erramos, e a corda não se fixa do outro lado.

Sabemos que o amor é a corda, com ele se faz uma ponte, se tece uma ligação, mas todos temos medo do poder que o amor tem de criar e de destruir. Não é segredo que ele tanto pode alterar o nosso mundo amanhã quanto pode tornar a mudá-lo depois de amanhã. Entretanto, só se aprende tentando.

De repente, acontece um duplo contato e daí surge um amor tecido, trançado, mesclado, um vaivém, uma espécie de entrelaçamento. Esse é um amor que, por sua vez, faz aparecer, engendra, dá forma ao nosso sonho de felicidade.



Maria Helena Matarazzo 


 George Harrison - What Is Life








Os texts de Regilene e Meire encontram-se postados na página "Feito pra Mim", deste blog.
 

17 de agosto de 2011

Prazer em resolver problemas




É um prazer resolver problemas quando os encaramos como um estímulo para a autorrealização. Afinal, a alegria diante de uma realização interior é genuína. É como o sorriso de uma criança quando está aprendendo a andar. Quando sua mente está livre de expectativas exageradas e do medo de errar, ela pode gozar da satisfação do autodomínio.

No entanto, na medida em que crescemos, esta satisfação gerada pelo autodomínio será inibida devido aos inúmeros nãos que passamos a escutar, sem mesmo entender por que.

Gradativamente, a sensação de inadequação, culpa, vergonha e frustração irá se instalar em nossos padrões mentais. Neste sentido, aprendemos que não podemos controlar os móbiles como gostaríamos, mas, sim, que serão eles que irão nos controlar!

Seguir ordens é um processo penoso, pois, na maioria das vezes, representa negar nossas necessidades pessoais. Abrir mão do desejo natural de explorar o desconhecido e saber aguardar o momento justo para agir é um desafio constante que teremos que adquirir ao longo de toda nossa vida.

Quando as crianças observam os adultos tendo prazer em resolver problemas, aprendem e experimentam o mesmo prazer ao tentar resolver seus próprios problemas. Se tivermos crescido num ambiente seguro e que, ao mesmo tempo, nos encorajou para seguirmos adiante com nossas iniciativas e riscos pessoais, quando adultos seremos autônomos e, ao mesmo tempo, respeitaremos nossas necessidades naturais de dependência e proteção. Mas, se tivermos sido constantemente desencorajados a explorar o mundo à nossa volta, vamos crescer crendo que somos incapazes e que agir não leva a nada. A dor de ter nossas emoções e necessidades ignoradas ou distorcidas gera uma sensação profunda de inadequação.

Aos cinco anos de idade, já desenvolvemos uma noção clara do que podemos ou não fazer. Deixamos de agir erroneamente mesmo quando estamos a sós. Se nossos pais foram extremamente controladores, teremos facilmente a sensação de culpa e vergonha quando agirmos por conta própria, à revelia de seus comandos.

Quando crescemos, este sentimento já estará tão arraigado em nós que nem sabemos mais porque o sentimos. A questão é que quando ele se torna demasiado, perdemos tanto o desejo como o prazer de exercitar a nossa própria vontade!

Para superar esse bloqueio criativo, temos que cultivar uma nova postura interior, na qual nos vemos como criadores de nosso próprio curso de vida. Desta forma, será prazeroso nos estimularmos a assumir tanto os riscos como as suas consequências.

Para recuperar a alegria de conquistar uma nova habilidade, temos que nos conscientizar, repetidas vezes, de que não somos mais reféns do controle externo como fomos um dia.

Quando nos sintonizamos com a autorresponsabilidade e o autodomínio, somos capazes de aprender a ver os problemas não como problemas, mas como oportunidades de crescimento interior.

Lama Zopa, em seu livro Transformando problemas em felicidade, nos esclarece que precisamos ter constantemente duas atitudes internas: 1. cultivar uma mente que não tem aversão aos problemas e 2. gerar uma mente que sente prazer em resolvê-los.
Ele nos aconselha a substituirmos a palavra problemas por pequenas dificuldades. Na realidade, gostamos de arranjar pequenos problemas para resolver! Pois a sensação de controlá-los mantém nosso cérebro saudável e equilibrado. Enquanto uma área do cérebro registra a chance de erro e aciona outra área que nos deixa acordados e atentos, outra área analisa a situação e traça estratégias que, por sua vez, ativa o sistema de recompensa, deixando-nos motivados e animados com o desafio.

Na medida em que resgatamos o prazer de solucionar problemas, recuperamos o prazer de viver. Afinal, problemas existem e sempre existirão!



Bel Cesar 

Carpenters - Only Yesterday



16 de agosto de 2011

Aposto que só está faltando fazer o laço!




Chega de esperar! Chega de acreditar que haverá uma hora mais segura para criar laços, tornar-se íntimo e oferecer o seu abraço. O que mais pode nos fazer crescer de verdade senão o investimento diário na relação com quem amamos?

Sei que nossa vida é composta por muitas áreas e diversos compromissos. A cada momento trocamos de máscara para corresponder a determinadas expectativas. Na reunião com o chefe, na educação dos filhos, na festa do amigo, na casa da mãe, enfim, máscaras que definem papéis e posturas em cada uma das tantas situações que vivemos.

Mas a felicidade, a alegria de viver e o que verdadeiramente nos preenche jamais estarão nas máscaras, e sim na nossa essência. Somos feitos de laços e abraços. Só podemos ser preenchidos com sentimentos, emoções, amor. Nada mais!

Criar laços com o outro é entremear seu coração ao dele, é se desnudar e mostrar-se como você é. Sem ter vergonha de rir ou chorar. Apenas sendo você, exatamente do jeito que sabe sentir, pensar e fazer as coisas.

Os laços, embora sensíveis e vulneráveis (pois são feitos de sentimentos humanos), são os pilares que sustentam qualquer relação de amor. Sem laços não há vínculo, não há cumplicidade.

Pessoas estão morrendo de solidão e desespero por um único motivo: falta de laços. Medo de se entregar, de se mostrar e não serem aceitas. Falta de se enroscar no outro através de atitudes de afeto, carícias e cafunés. Laços são emoções fluindo de modo consciente, sabendo-se que é preciso dar para receber. São trocas recíprocas, recheadas de sentimentos.

Pessoas estão sedentas por um toque de carinho de verdade! Daqueles que provocam arrepios na alma, que afloram sensações de aproximação, de acolhimento. Gente precisa de colo que transforme o pH de sua pele e lhes dê uma nova dimensão da vida e do amor!

E os abraços... Ah! Como faltam os abraços, aqueles prolongados, inteiros, coração com coração, palpitações se misturando numa entrega de sentimentos, desejos, medos e sonhos... Abraçar é se dar ao outro como um conforto, um alento, uma esperança. Abraços mudam a nossa vibração; são capazes de transformar uma vida toda de tristezas e abandonos.

E quantas vezes nos esquivamos de um abraço? Abraçamos cheios de medo e desconfiança, com tapinhas nas costas, com corpos distantes, com pressa para ‘desabraçar’. Morremos de medo de um abraço de verdade, como se pudéssemos nos perder no meio dele.

Dormimos com a pessoa que amamos e, muitas vezes, não encontramos espaço ou coragem para nos aninharmos ao longo de todo o seu corpo, como quem, enfim, se entrega e ama completa e definitivamente!

Laços e abraços não faltam na bagagem de quem se decidiu, enfim, viver e amar pra valer! De uma forma ou de outra, mais rápida ou demoradamente, gente que é grande no amor tem sempre um jeito especial fazer o laço com quem ama.

Aí está a primeira gritante diferença entre amor de gente grande e amor de gente pequena. O primeiro é feito de intimidade e compromisso. O segundo, de expectativas, egoísmo e máscaras.

Porque é fato: só abraça e se deixa abraçar quem está disposto a pagar o preço. O restante, aqueles que resistem teimosamente e não se deixam enlaçar, dá um jeito de se afastar, vai embora aos poucos ou de uma vez; e assim vai se encolhendo em si mesmo sem se dar conta de que a vida não espera, não pára... e cada dia a mais é uma chance a menos...

Rosana Braga 

More than words - Extreme