30 de janeiro de 2012

Permita-se ao amor!








Uma vela acesa é como um grande amor, que tem o poder de iluminar uma escuridão a partir de uma pequena fagulha. O amor é capaz de contagiar o corpo e a alma, fazendo todos notarem a sua presença.

Não há amor sem a união, não há amor sem o mergulho para dentro de si. O amor é entrega, é doação. Quando não correspondido desmancha-se no ar, assim como a vela, que se apaga num pequeno sopro, mas pronta para ser acesa novamente.

O amor é o mais místico dos sentimentos. É um mistério que tem o poder de unir pessoas e confundir corações. Por mais que se tente fugir dele, somos sempre pegos de surpresa e, quando nos damos conta, estamos totalmente entregues. Trata-se da grande razão de viver e do caminho para a evolução do ser humano.

Quando o amor acontece, cria-se um mundo que vai da multiplicidade à unidade, num processo onde todos se tornam um. Todos nós temos a necessidade da mais alta realização da vida. O nosso viver está na descoberta de que temos um mundo interior e que dele brota o amor, a cura e também as tempestades.

Um sentimento absoluto, que nos possibilita revelações, que faz com que enxerguemos as nossas limitações e as nossas ilimitadas reações. Um sentimento, por vezes, sem princípios, simples e complexo, que quase sempre justifica atos insanos em nome do outro, em nome da humanidade, em nome da vida.

O amor assume uma natureza humana, familiar a todos, por que nada do que é humano nos pode ser indiferente. Um "eu te amo", quando sincero, torna-se a frase mais marcante da nossa vida. Na descoberta, ou redescoberta do amor, enxerga-se o prazer da vida. A nossa vida dá ao tempo a possibilidade de uma parada para que possamos refletir, e essa reflexão pode nos trazer uma certa insegurança. Porém, vivendo no amor, somos capazes de superar todos os nossos medos, pois estamos deixando de alimentá-los. Viver com amor significa aceitar a missão de combater o sofrimento.

Quem ama, descobre-se. Quando nos pensamos fortes, nos descobrimos fracos, e quando nos julgamos fracos, nos percebemos como leões. Com o amor, nossas colinas são aparadas, todas as pedreiras se transformam em vales e todos os vales, paraísos, e o pecado se torna contemplação.

A conexão íntima entre duas pessoas que se amam forma um grande mistério, que procura e vislumbra uma existência afetivamente mágica. Só o amor é o motivo da criação; só ele é o motivo da vocação da criatura para a adoção; só ele é motivo da misericórdia ilimitada que faz superar todas as barreiras impostas pelo dia a dia.

O mundo do amor faz triunfar a fidelidade, faz descobrir a infidelidade e faz com que tudo se apresente como se uma necessidade objetiva se encontrasse na base de todos os mistérios. Sua repugnância instintiva para com tudo o que é contingente parece fazê-lo esquecer de que a raiz de nossa existência e de nossa elevação é constituída por contingência radical, apresentando, porém, mais solidez do que toda a necessidade.

O amor permite a liberdade de cada coração, sem o medo do amanhã e sem o sofrimento do ontem. É no presente que ele faz maravilhas, milagres e alegra o coração.

Procure saber se está amando. Procure saber se está sofrendo com o passado, iludindo-se com o futuro ou gozando o presente. 




Bernardino Nilton Nascimento

29 de janeiro de 2012

Amar é compartilhar felicidade!




A psicanálise nos fornece uma preciosa contribuição no que diz respeito ao tratamento das desordens emocionais. Nesse sentido, na fase infantil quando mãe e pai são referências máximas na futura definição de perfis masculino e feminino, distúrbios psíquicos podem interferir nas relações afetivas do filho adulto. 

Quando escolhemos o parceiro ou a parceira para um compromisso sério, estamos depositando naquele indivíduo, expectativas de que o suprimento de amor do qual necessitamos seja contemplado nessa relação. No entanto, esse "suprimento" que são as nossas carências afetivas, não inicia na nova relação com o sexo oposto, mas a continuidade do histórico de relações com as figuras materna e paterna que são transferidas para a atual relação. 

As carências afetivas tornam-se transferenciais, passam do pai ou da mãe para aquela mulher ou homem cujas expectativas de suprimento que restaram do passado, alimentamos inconscientemente. 

Em suma: parceiro não é pai, mas tem que ser um pouco "pai". Parceira não é mãe, mas deve ser um pouco "mãe". Caso contrário, sentimentos não resolvidos com as figuras referenciais da infância, podem emergir com a energia das emoções desequilibradas que acabam por afetar a qualidade do relacionamento. 

Portanto, o mais importante nas relações afetivas adultas é ambos encontrarem o ponto de equilíbrio entre a demanda afetiva do passado e a necessidade de suprimento do presente. Não esquecendo, que não basta ser um pouco mãe ou pai se o inerente desejo sexual não for contemplado pelo desempenho dos amantes... 

Invariavelmente, o relacionamento íntimo - e sério - entre duas pessoas, envolve a fusão de carências afetivas, desejos e expectativas de crescimento pessoal e mútuo. E na ânsia de preencher o vazio de amor que ficou da relação com as figuras parentais da infância, o volume de energia que acompanha o envolvimento afetivo do casal, costuma gerar conflito de egos. 

Se os envolvidos não tiverem um nível aceitável de conhecimento de si mesmos e do que o outro representa na relação, o envolvimento tende a fixar-se na demanda instintual (sexo), que apesar de ser importante no contexto geral, é apenas mais um ingrediente na qualidade do relacionamento. 

Amar exige cumplicidade no sentido de compreender as carências que transitam numa relação amorosa. Ignorar é assumir um comportamento infantil ainda sintonizado ao passado. Por este motivo, o risco maior para a relação ocorre quando levamos para a proposta de crescimento mútuo e pessoal, os sentimentos negativos que transferem-se para o outrem em forma de processo obsessivo e asfixiante para ambos, como a dependência afetiva e o ciúme patológico, entre outros. 

Quanto mais estivermos focados numa relação afetiva estável, mais libertos estaremos da sintonia do passado para assumirmos a condição de adultos que encaram o amor como uma forma de buscar a completude e a felicidade.




Flávio Bastos


28 de janeiro de 2012

Sorria, meu bem





A eterna discussão entre "ser" ou "estar" feliz pode estar perto de chegar ao fim. Por que precisamos justificar o motivo da nossa felicidade? Zélia Duncan, na música "Felicidade", diz o que todos pensamos: "felicidade assim, sem mais nem menos, é muito esquisito". Somos todos responsáveis pela nossa própria felicidade. Quando uma pessoa se sente bem consigo mesma irá sentir-se feliz, sem precisar de nenhuma justificativa. É mais simples do que parece. E você, do que você precisa para ser feliz? 

A felicidade está dentro de nós mesmos. A psicóloga e psicanalista Luciana Brasil César destaca que "o trabalho e o amor deixam a pessoa feliz. Tudo depende do percurso que foi feitos. Se a pessoa deixou um caminho muito frustrante talvez sinta mais dificuldade de sentir-se feliz, mas isso depende de cada um". Para a psicóloga, psicanalista Denise Duek Reznik, "a felicidade é a comunhão consigo mesmo, principalmente. Estar bem consigo é fator essencial para sentir-se feliz". 

Apesar de ser um sentimento e, por isso, ter uma característica bastante emocional, é possível racionalizar a felicidade. "A felicidade é muito mais emocional mas, às vezes, podemos olhar o que está em volta pragmaticamente ao lidar com momentos não tão favoráveis com um olhar mais benigno, por exemplo. O próprio trabalho de análise é tentar minimizar sofrimentos de eventos passados e emprestar um sentido menos sofrido para o que passou. Não sei se dá para dizer que isso é racionalizar o sentimento mas, ainda assim, usando a palavra, você ainda está no terreno emocional", explica Denise. 

"Independente dos deslizes, dentre todos os felizes sou o mais feliz", cantou Zélia Duncan. De fato, se o copo está "meio cheio" ou "meio vazio" depende do ponto de vista de quem olha. Para Denise, "as pessoas podem 'ser' felizes e estarem descontentes, tristes ou aborrecidas em alguns momentos. A completude é da ordem da ilusão. Não se pode estar completo, pois sempre há um furo, um descompasso. A incompletude está na nossa condição de ser humano. Tudo depende da maneira como se vê a vida". 

Para ajudar você a ver o lado cor-de-rosa da vida e ser mais feliz, seguem algumas dicas para fazer as pazes consigo mesmo e conquistar a sua própria felicidade. 

Faça as pazes com seu corpo: a partir de certa idade, é preciso fazer as pazes com as limitações físicas, não brigar com elas. Abrem-se novas possibilidades a partir de uma conexão consigo mesmo, desde que as próprias condições físicas sejam respeitadas. 

Abra-se para o novo: a idade traz muitas coisas positivas, muitas novidades e possibilidades também. Para estar em conexão consigo mesmo é preciso entender a posição em que se encontra atualmente e tirar proveito do que a idade nos traz, como não precisar mais ter tanta responsabilidade com os filhos ou com o emprego. 

Conecte-se: potencializar e desenvolver a capacidade de desfrutar a vida mesmo que as condições não sejam as mais favoráveis. Existe uma vida que nos foi ofertada e, mesmo que tenhamos que conviver com algumas frustrações, temos essa vida e precisamos vivê-la. 

Conheça a si mesmo: rever a si mesmo e buscar um maior autoconhecimento é muito importante para buscar a felicidade. Ao entender os seus defeitos e qualidades, pode-se aumentar a conexão que se tem consigo mesmo e, assim, diminuir a autocrítica e ser mais feliz. 

Descomplique: a resolução das situações não precisa ser complicada. Simplesmente vá e faça. Se sentir dificuldade, procure ajuda dos amigos, familiares e, por que não, de um profissional. Esqueça os dramas e viva com mais simplicidade.



Fonte: Mais50 - Redação



26 de janeiro de 2012

Quando você muda, a relação muda!





Quando você se relaciona com alguém, sob qualquer título – amigo, parceiro, companheiro, namorado, cônjuge, etc. – esta relação pode ser comparada a uma combinação entre dois elementos químicos. 

A interação entre o que você é e o que o outro é resulta num terceiro elemento, diferente do que cada um é individualmente e diferente também da simples soma de duas individualidades, já que somos intrinsecamente mutáveis. 

Não é difícil perceber essa alquimia se observarmos que nos comportamos de modo específico e diferenciado dependendo de com quem estamos. Com algumas pessoas somos mais calmos, com outras, mais frágeis; com algumas, mais agitados, com outras, mais espontâneos; e por aí vai... 

Aí está o encanto dos encontros: tudo pode ser transformado! Basta que um dos dois mude, e o resultado será novo, será outro, diferente do obtido até então... 

Mas, infelizmente, muitas vezes nos esquecemos desta opção (ou escolhemos nos manter na cômoda posição de ignorá-la). Preferimos acreditar que o outro é sempre o mesmo, não muda nunca e que, sozinhos, por mais que tentemos, não podemos transformar a relação. 

Nesta crença estão contidos dois enganos extremamente limitantes: o primeiro é que o outro não é o mesmo de sempre e pode mudar a qualquer momento, acredite você ou não. O mais provável é que você não queira se arriscar a olhar para esta possibilidade, até porque tais mudanças não necessariamente serão do seu agrado; mas que ele pode mudar, não resta dúvida. 

O segundo engano refere-se ao fato de que você, sozinho, é capaz de mudar a relação, sim. Talvez não queira. Talvez não esteja disposto. Entretanto, é fato: quando você muda, a relação muda! Claro que isso também não é garantia de que o outro gostará da mudança, mas que será diferente, será! 

Porque se considerarmos que mudanças são escolhas pessoais e intransferíveis, ou seja, que somente estamos habilitados a promover mudanças a partir de nossas próprias atitudes mudadas (e, portanto, ninguém pode mudar pelo outro), há aqui uma valiosa conclusão: se você deseja que sua relação seja diferente do que é atualmente, decida-se você por mudar seu comportamento e pare de investir toda sua energia na expectativa de que o outro mude. Caso contrário, correrá o eminente risco de se frustrar várias e várias vezes. 

Óbvio que é extremamente delicado investir em mudanças quando o outro é parte essencial do que virá a ser. Requer dedicação, paciência e persistência. Requer o exercício constante e intensivo de suas melhores qualidades. Requer, sobretudo, a decisão contundente e firme de que você deseja dizer e expressar, ser e agir, propor e sentir um amor ‘manualmente’ transformado... 

E é aí que está o xis da questão: sentar-se no sofá da sala e pensar em como têm sido chatos os seus dias ao lado de alguém com quem você imaginou viver uma linda história de amor é realmente bem mais fácil... Porém, não lhe rende alegria, satisfação e a sensação de ter feito absolutamente tudo o que podia para que os próximos dias sejam diferentes... 

Ter na ponta da língua um sem número de reclamações não lhe permite vivenciar uma competência superior, ousada, própria de quem redige sua história no imperativo, de modo consciente, e não no condicional, somente reagindo ao ritmo que a vida ou as pessoas lhe impõem. 

No final das contas, sua capacidade de dar novo sentido para esta relação (e para sua vida) é uma oportunidade de apostar naquilo que você deseja para si, de um novo jeito. E se conseguir enxergar a sutileza contida nesta possibilidade, certamente entenderá que a felicidade não está apenas nos resultados que obtém, mas especialmente no que você faz, e como faz, para alcançá-los.




Rosana Braga





25 de janeiro de 2012

Dá pra simplificar o amor?





Por que raios os relacionamentos não podem ser mais simples? Por que cargas d´água duas crianças conseguem se comunicar de forma tão clara e dois adultos não são capazes de se entender mesmo falando a mesma língua? Claro que não se trata aqui de casamentos estabelecidos nem de namoros sólidos e sim dos passos iniciais das relações afetivas. São tantos filtros, frescuras e censuras que amar fica inviável! Cadê a espontaneidade de que o romance tanto necessita para florescer? Cadê a sinceridade adulta de que as pessoas tanto precisam para se entender? Gente, ainda não somos capazes de nos comunicar por telepatia. Hello! Aliás, está cada vez mais difícil manter a sintonia afiada porque existem milhões de interferências, externas e internas. Por isso, é preciso falar! Usar a boca, as palavras que você aprendeu na vida – de preferência as mais simples – e pronunciá-las clara e pausadamente. “Eu gosto de você”. “Eu quero conhecer você melhor”. “Eu não estou interessada”. Simples assim. Para complicar, adquirimos esta mania infantilóide de trocar emails, MSN, torpedos, que dá o direito ao outro de captar a mensagem da forma que lhe convier. Mais ou menos isso: você escreve acreditando ter dado um passo acertado (até ousado!). O lado de lá recebe sua mensagem sabe Deus como e, nos dias subsequentes, silencia. O lado de cá acha que o silêncio é a resposta a uma ofensa, ou quem sabe o lado de lá tenha entendido que o de cá deu um chega-pra-lá. Aiiiiiiiiii. E se porventura os dois lados estavam querendo a mesma coisa? A chance acabou nessas mal traçadas linhas das cartas eletrônicas, né? Silenciar é sintoma para o bem ou para o mal e sempre dá margem para mil e uma teses quase acadêmicas. Sem querer comparar homens e mulheres e já comparando, eles são especialistas em cortar a conversa, desligar o MSN na cara, mudar o tom do email, ou nunca mais responder seus torpedos (“somos adultos”, mesmo?). E as mulheres, especialistas em querer saber tudo nos mínimos detalhes, insuportavelmente ansiosas, são incapazes de pararem quietas e esperar para ver o que acontece. Cutucam, perguntam, mandam um email seguido de outro. O cara acha que a gata é doida, se assusta e só reaparece quando o surto felino passou. Ou some de vez. É ou não é assim? Na era da comunicação, o que mais falta é comunicação. Se metade desse caminho tortuoso fosse abreviado pela clareza, vocês já estariam do mesmo lado da cama há muito tempo, acredite.



Fernanda Santos




23 de janeiro de 2012

Não se culpe pelas expectativas



Alguém já lhe disse a seguinte frase com um ar irritante de superioridade? “Você cria muita expectativa!”. Eu ouvi várias vezes – da terapeuta às piores e melhores amigas. Em relação à profissional, sinceramente não acredito que ela consiga viver sem criar expectativas; em relação às amigas, tenho certeza de que todas, sem exceção, esquecem os mantras budistas, a lucidez adquirida desde a última frustração e desabam ao primeiro sinal de luz no fim do túnel. Vale para o amor, para o trabalho… vale para tudo o que desejamos na vida. Se existisse oração, simpatia ou qualquer outra mandinga capaz de aplacar nossas expectativas estaríamos salvas. Não existe. Existe, isso sim, imaginar o que não existe, criar historinhas (que mal começaram) com final feliz. Existe fantasia e ilusão. E quer saber? Perdoe-se por isso. Você não é a única roteirista de casos de amor água com açúcar. E que ninguém se atreva a julgar seus desejos mais profundos e medir com uma trena o tamanho dos seus sonhos. Muito menos aconselhá-la com clichês do tipo “quando você desencanar, acontece”! Diga para uma mulher que está tentando engravidar que, quando ela desistir, engravida. Quem aqui consegue “desencanar” da vontade? As pessoas têm sangue nas veias, sonhos grandiosos, desejos que as mantêm vivas e ativas. Ok, somos adultas e sabemos que a desilusão – ou a frustração – é proporcional ao tamanho da expectativa. E daí? Estamos aprendendo a viver, certo? Só não podemos esquecer de um detalhe: do céu só cai chuva. Isso significa que tudo na vida é conquista, tanto o homem dos sonhos quanto o emprego dos sonhos ou o filho dos sonhos. Podemos até pular etapas por causa da ansiedade. Faz parte do aprendizado voltar algumas casas e refazer o caminho passo a passo. A expectativa está alta demais? Sem problemas. A vida saberá como dosá-la. A frustração está doendo demais? Acalme seu coração e não se culpe. Sim, inevitavelmente vamos chorar muito e desacreditar. E quando a próxima possibilidade aparecer, quem sabe não estaremos mais pé no chão para dar os passos na direção certa hein? Nada é impossível nesta vida. Na-da!




Fernanda Santos




22 de janeiro de 2012

Quando o amor é distração



Depois de algum tempo, que varia de pessoa para pessoa, é inevitável que a gente tenha a sensação que já fez de tudo e que a vida – aquela de todos os dias, ano após ano - está se repetindo. Quando eu tinha 17 anos, um dos meus melhores amigos, um ano apenas mais velho do que eu, decidiu se casar. Durante a conversa que tivemos sobre isso, argumentei que a decisão era pra lá de precoce, mas ele respondeu, cheio de si: “Eu sinto que já fiz de tudo.” 

Os tempos mudam, mas algumas coisas permanecem. 

Nos anos 70, quando essa conversa aconteceu, havia pressa entre os garotos em tornar-se homens. Para alguns, como esse amigo, mais conservadores, isso se dava por meio do casamento. Você provava ao mundo e a si mesmo que havia crescido ao entrar na igreja e ter um filho, preferencialmente com um intervalo de alguns meses entre uma coisa e outra. 

Hoje em dia talvez seja o contrário. Há uma determinação coletiva em esticar a adolescência além do limite razoável. A sensação predominante, aquilo que alguns chamam de espírito do tempo, é que nós todos viveremos como Oscar Niemeyer ou Domingos de Oliveira. Talvez mesmo como Matusalém, aquele personagem bíblico que bateu sandálias aos 969 anos. Com frequência eu escuto conversas assim: “Eu tenho 25anos, sou moleque, mas...” Obviamente mudou a idade em que as pessoas sentem que cresceram. 

O que não mudou desde a calça boca de sino foi a maneira que as pessoas escolhem para mudar a vida. Quando as sensações estão se repetindo, quando um ciclo aparentemente se esgotou, elas se apaixonam. Temos até uma frase para explicar isso: quando estamos prontos, a pessoa certa aparece. A “pessoa certa” varia de uma vida para outra, mas a função dela, eu acho, é sempre encerrar uma etapa e dar início a outra. Recomeçar. 

O motivo é simples: a paixão nos dá a sensação de voltar a zero. Ou quase. Eros, na mitologia grega, não encarna apenas a força brutal do amor e do erotismo. É também o deus da natureza, com seus ciclos indomáveis de morte e renascimento. Estar apaixonado é florescer, tanto quando se entorpecer ou enlouquecer. Meu amigo percebia isso aos 18 anos. Pegou carona na energia da paixão para mudar a vida na direção que imaginava correta. Um novo amor, um novo começo, a possibilidade de uma nova vida. Quem nunca embarcou nessa? 

Mas eu vejo um problema com essa forma de mudar as coisas: a energia da paixão é ambígua. Ela pode ajudar a promover mudanças reais ou pode encobrir, sob uma camada de novidade e erotismo, a vontade de mudança que não se realiza em outros aspectos da vida. O amor pode ser ação, mas pode ser apenas distração. 

Escrevo isso porque, frequentemente, tenho a sensação de que transferimos para o amor a responsabilidade por milagres que ele não tem capacidade de operar. É comum, por exemplo, estar tão enfastiado com o trabalho que a vida pareça insuportável. Quem pode ser feliz fazendo o que não gosta todos os dias? Ou indo a um lugar onde não gostaria de estar? Ou tratando diariamente com pessoas que não gostaria de ver? 

Mas é igualmente comum que, em vez de tentar alterar esse aspecto essencial da existência, as pessoas se atirem a mudanças de outra ordem, sobretudo afetivas, em busca de uma satisfação que será necessariamente temporária e que não vai mudar em nada o problema essencial. Eu já fiz isso e já vi dezenas de pessoas fazerem igual. 

(Minha sensação é que as pessoas práticas, aquelas capazes de mudar com mais eficiência os aspectos materiais da sua existência, têm menos necessidade de revolucionar seu mundo afetivo a cada par de meses ou anos. Elas se renovam mudando outros aspectos da vida.) 

Há também a paixão que nos consola das nossas questões interiores. Das nossas dores permanentes. Da nossa ansiedade intolerável. Por algum tempo ela nos distrai de nós mesmos. É uma fuga que tende a se repetir. Gente angustiada e sedutora faz isso o tempo inteiro: troca de parceiro e de paixão sem conseguir trocar o essencial em si mesmo. Eu já conheci gente assim, você também. Um belo dia elas acordam, percebem que a velha dor está lá, e vão embora, atrás de outra paixão que consiga preencher o buraco impreenchível. 

Qual é a moral dessa história? Que talvez tenhamos de desconfiar de nós mesmos (e de nossas razões) mesmo quando estivermos sendo levados ao céu pelo anjo inesperado e providencial da paixão. Se o anjo aparece toda vez que a vida se torna insuportável, talvez não passe de uma requintada muleta com asas. Ou de uma ilusão. Quem sabe um analgésico. 

O meu amigo decidiu que já tinha vivido tudo aos 18 anos e que a paixão e o casamento resolveriam suas angústias de adolescência. Obviamente ele era um tolo e as coisas não aconteceram como ele previa. A maioria de nós fez 18 anos há muito tempo, mas, de uma forma silenciosa e quase inconfessável, muitos continuamos esperando que o amor (o próximo amor, o casamento, ou aquele cara...) vá solucionar, repentinamente, nossa vida. Eu acho que não acontece assim. Pelo menos comigo não tem acontecido.


Ivan Martins





21 de janeiro de 2012

Sua vida em suas mãos



Você é forte. Sua vida sempre será um novo recomeço a cada dia que passa. Lembre-se de que você está eternamente na alvorada de sua vida. Seus momentos devem ser únicos e prazerosos. Sua jornada é única. Sua ação no mundo te oferece infinitas possibilidades de ser criador de sua própria história. Evite ser condescendente consigo abrindo espaço para se queixar de sua vida. Você é o protagonista responsável pelos caminhos trilhados por você.

Se em algum momento estiver em desespero, recolha-se ao seu mundo interior e de lá tire os frutos da sapiência que você acumula ao longo de muitas e muitas jornadas. Nada tema, para tudo há solução.

Ao longo de sua vida certamente que muitas pessoas podem ter sido marcantes na construção do seu modo de ser, te influenciando sobre o modo como você pensa e age. Já é hora de retirar o véu de seus olhos e definitivamente ser você mesmo. Ficar com o bom e libertar o que não te serve mais. Assumir a liderança da sua própria vida. Sem pestanejar e assumir, portanto, todos os riscos que envolvem o estar vivo.

- Você está preparado?

É nessa trajetória que saímos definitivamente da zona de conforto sobre a qual tantos falam. Deixamos para trás os comodismos que nos dão a ilusão de que isso seria a própria vida. Deixamos também para trás todas as fantasias de que somos menos ou mais do que alguém e caminhamos para uma percepção muito única de nós mesmos, onde definitivamente o que importa é a sensação inequívoca de ser feliz. Um estado que por si só é recompensa. Um estado sem dependência emocional e sem subterfúgios. Um lugar que pode ser plenamente alcançado por todos nós, aqui e agora.

É a hora de ousar de colocar toda a sua vitalidade de modo consciente em suas ações, pensamentos e emoções.

- Você está preparado?

É o estado do sagrado que está além de todos os preceitos aprendidos, um estado que requer apenas e somente a conquista diária de si mesmo e, o principal, requerer a incorruptibilidade, pois só através dela é que alcançamos este status de ser e de se bancar no que realmente se é. Mesmo que depois, com a liberdade que todos nós temos, possamos rumar para um novo posicionamento.

Atente que esta é a sua vida e neste momento é tudo o que você possui. Pense, o que está fazendo efetivamente por você nesta sua vida? Já é hora de agir a seu favor, você não acha? Se não for agora, quando?


Silvia Malamud

20 de janeiro de 2012

Na própria pele



Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo convivendo com tantas perguntas que o tempo não respondeu e com a ausência de qualquer garantia de que ele ainda responda. É me sentir confortável, mesmo entendendo que as respostas que tenho mudarão, como tantas já mudaram, e que também mudarei, como eu tanto já mudei.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo sentindo que cada vez mais eu sei cada vez menos, e não saber, ao contrário do que já acreditei, pode nos fazer vislumbrar uma liberdade incrível, às vezes. Tem saber que é nítida sabedoria, que fortalece, que faz clarear, mas tem saber que é apenas controle disfarçado, artifício do medo, armadilha da dona autosabotagem.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo percebendo que a minha vida não tem lá tanta semelhança com o enredo que eu imaginei para ela na maior parte da jornada e que nem por isso é menos preciosa. É me sentir confortável, cabendo sem esforço e com a fluidez que eu souber, na única história que me é disponível, que é feita de capítulos inéditos, e que não está concluída: esta que me foi ofertada e que, da forma que sei e não sei, eu vivo.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir. É me sentir confortável, mesmo sentindo uma saudade imensa de uma pátria, aparentemente utópica, onde os seus cidadãos tenham ternura, respeito e bondade, suficientes, para ajudar uns aos outros na tecelagem da paz e no desenho do caminho.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. Estarmos na nossa própria pele não é fácil e essa percepção é capaz de nos humanizar o bastante para nos aproximarmos com o coração do entendimento do quanto também não seria fácil estarmos na pele de nenhum outro. Por maiores que sejam as diferenças, as singularidades de enredo, as particularidades de cenário, não nos enganemos: toda gente é bem parecida com toda gente. Toda gente é promessa de florescimento, anseia por amor, costuma ter um medo absurdo e se atrapalhar à beça nessa vida sem ensaio.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável o suficiente para cada vez mais encarar os desconfortos todos fugindo cada vez menos, sabendo que algumas coisas simplesmente são como são, e que eu não tenho nenhuma espécie de controle com relação ao que acontecerá comigo no tempo do parágrafo seguinte, da frase seguinte, da palavra seguinte. É me sentir confortável o suficiente para caminhar pela vida com um olhar que não envelhece, por mais que eu envelheça, e um coração corajoso, carregado de brotos de amor.








Ana Jácomo

18 de janeiro de 2012

É preciso saber desligar


Esqueça o trânsito caótico, a urucubaca política, o tal balancete no final do ano. Deixe de lado a cobrança interna, a dívida externa, a tão eterna dúvida. Viver é assim. Não há como negar. Para ficar ligado é preciso saber desligar. Fácil? Nem tanto. Descobrir qual é o seu tempo é tarefa nobre: exige um grande conhecimento sobre si mesmo. Portanto, esqueça o relógio. Seu tempo está dentro de você. Chega de viver com a ansiedade no colo e o celular na mão. Não deixe a agenda ocupar ? sem querer - o lugar do coração. Respeite sua hora. Desacelere. TURN OFF. Mais do que correr, é preciso saber parar. Não adianta viver no piloto-automático e deixar de sorrir. Nem tirar folga e levar uma enorme culpa dentro da mala. O mundo lá fora exige produtividade e imediatismo. Aqui dentro, corpo e alma pedem menos, muito menos. Como fazer, então, para conciliar tempos tão diferentes? A resposta não está em livros. Mas dentro de cada um. Quer tentar? Respire fundo. Desencane. Perca seu tempo com você!É uma responsabilidade enorme desconectar-se, eu sei. Mas vida ao vivo é pra quem tem coragem. Coragem de arriscar. Cuidado em saber a hora certa de parar. Difícil? Pode ser. É um exercício diário que exige confiança e um amor incondicional por tudo o que somos e acreditamos. Uma aceitação suave dos próprios defeitos, um rir de si mesmo, um desaprender contínuo, um aprender sem fim sobre o que queremos da vida. Não importa se tudo parecer errado e o mundo virar a cara para você. Esqueça. Se esqueça. Hora de se perdoar. RENASÇA. Eu sei pouca coisa da vida, mas uma frase eu sigo à risca: é preciso respeitar o próprio tempo. E eu respeito! Acredito no que diz o silêncio na hora em que a mente cala. E meu silêncio - que não é mudo e também escreve - dita com voz desafiante: confie em si mesma. Quebre a rigidez. Ouse. Brinque. Viva com mais leveza. E - por favor - desligue-se. Só assim você vai transformar vida em letra e letra em vida. E ter coragem e fôlego pra ser VOCÊ, no momento em que o mundo te atropelar sem licença e disser: CHEGOU A HORA!

Fernanda Mello






17 de janeiro de 2012

As prisões de cada um




Todos cometem pequenos ou grandes delitos. E no amor, como fica esse balanço? Uns nem imaginam que fizeram faltas com consequências tão graves; outros acham que estão no máximo do pecado e se julgam criminosos hediondos, quando na verdade ninguém foi prejudicado a não ser eles mesmos. O amor tem leis próprias e uma infinidade de jurisprudências. Só que o coração é o juiz, o poder supremo – ele prende, liberta, absolve, perdoa, pune. Há que respeitá-lo, pois nele ninguém manda. No máximo, podem afrontá-lo de forma dura, ou enganá-lo por vias escusas. Quem tem essa capacidade? A razão, sem dúvida. Embora não tenha poder absoluto, é dotada de força avassaladora, já que é ela quem, de fato, descumpre as ordens do coração. Essa conversa está muito burocrática né? Tudo isso para dizer que o coração tem razões que a própria razão desconhece; que a razão sufoca, invade, invalida e, acima de tudo, aprisiona o sentimento de um jeito implacável. Infelizmente, não dá para sair por aí fazendo tudo o que o coração quer, mas tornar-se refém da razão também não está entre as dez atitudes mais saudáveis do mundo. Outro dia li uma frase que diz mais ou menos o seguinte: quando alguém está na sua cabeça é porque ainda não saiu do seu coração. Existem pessoas que esmagam o coração alheio sem entender que o primeiro a ser machucado é o delas. Assim como existe gente que brinca com o coração do outro sem esperar que o seu próprio um dia lhe pregue uma peça. E finalmente ainda há aqueles que são sinceros, mas acabam engolidos pelo aprisionamento da razão. Choram em silêncio, travam uma disputa desleal entre o querer e o não poder, não arriscam, não extravasam, apenas sentem um ritmo acelerado, tão acelerado que, a qualquer momento, vencem a barreira da razão e se permitem transgredir. Resta saber se esse coração será punido ou absolvido. 




Fernanda Santos




15 de janeiro de 2012

Até as suas melhores escolhas valem somente por um dia...



É a consistência de suas atitudes que conduz você ao sucesso e à realização de qualquer que seja o seu desejo. Desde uma promoção no trabalho até um relacionamento, passando pela aquisição de um bem material ou a efetivação de uma viagem, qualquer sonho precisa de ações coerentes e, principalmente, recorrentes para se tornar real.

Para as questões mais objetivas, em geral seguimos essa lei. Ou seja, economizamos determinado valor por mês para comprar um imóvel, investimos num curso semanal ou diário para merecermos um aumento salarial e por aí vai. Mas, infelizmente, quando se trata de questões subjetivas ou emocionais, raras são as pessoas que se comprometem com a consistência de suas escolhas.

Ser consistente é decidir fazer algo por um dia e refazer essa decisão todos os dias, incansavelmente, até que o objetivo seja alcançado. E é bom lembrar que, num relacionamento, partimos da premissa de que deveremos ser consistentes por toda a vida. Isto é, amor não se trata apenas de um sentimento que parece surgir do nada e se mantém por conta própria. Muito pelo contrário!

Amor é escolha, é decisão e precisa ser consistente. Estamos de fato amando quando nos predispomos a investir – por meio de atitudes coerentes e recorrentes – todos os dias no relacionamento que resolvemos viver. E isso, diferentemente do que muitos pensam, não significa acusar, cobrar ou se lamentar. E tem mais: quanto pior e mais desgastada estiver a relação, mais difícil (mas não impossível) pode ser resgatá-la. Portanto, se você estiver começando uma relação agora, aproveite para aplicar essa lei da preservação desde já.

Viva com a pessoa amada somente por hoje, como se o amanhã não fosse existir. Imagine que a tem somente até esta noite e que precisa fazer o seu melhor, ser paciente, ouvi-la e agradá-la somente até este dia acabar. Faça deste o dia mais especial de vocês dois. Pense: só por hoje é bem fácil.

Em vez de discutir por alguma bobagem ou diferença de opinião, converse calmamente. No hoje seguinte, foque o que ela fizer de bom. Qualquer pequena ação que te agrade ou que demonstre uma característica positiva, elogie, reconheça! Num outro hoje, pergunte como ela está, se está feliz e se você poderia fazer algo para que ela se sentisse melhor ainda. Lembre-se: amanhã também será um dia único. Você também pode presenteá-la inesperadamente. E depois, simplesmente não revidar nada, não dizer nada de negativo, manter-se o mais compreensível que conseguir.

Enfim, assim como reservaria algumas horas de seus dias para investir num curso superior, por exemplo, reserve duas ou uma que seja, para investir no seu relacionamento. Não caia na armadilha de acreditar que o fato de ter se casado é garantia para que fiquem juntos e felizes. Não é! Você vai precisar se casar um dia e se recasar todos os outros, pelo menos enquanto quiser manter vivo esse encontro.

Por fim, perdoe-se quando não conseguir. Saiba que mais importante do que acertar sempre é continuar disposto, continuar consistente. Pergunte-se: será que você mantém uma média razoável de atitudes que reforçam seu amor e sua vontade de fazer o outro feliz? Intenções são ótimas, mas o que faz a diferença mesmo é a sua consistência no exercício de amar... e também de viver!

 
 
Rosana Braga
 
 
 
 

13 de janeiro de 2012

Os opostos se atraem




Cansamos de ver no cinema inúmeras comédias românticas que contam a história de um homem e de uma mulher que, definitivamente, não nasceram para ficarem juntos. Mas suas diferenças acabam por se completarem, eles se apaixonam e vivem felizes para sempre. Será que pode acontecer o mesmo na vida real? Algumas diferenças podem realmente ser atraentes na hora de se buscar um parceiro, mas isso significa que os opostos, de fato, se atraem?

Muitos estudos já foram feitos abordando o polêmico tema da atração entre pessoas opostas. Um exemplo interessante é uma pesquisa divulgada pela Evolutionary Psycology Journal, que diz que as pessoas se atraem, de fato, por outras de personalidade semelhante, mas dizem se atrair por aquelas com personalidades opostas. Outra pesquisa, realizada pela University of Mexico, mostra que o motivo de os opostos se atraírem está na genética. De acordo com esse estudo, as mulheres estão programadas a procurar homens que tenham um sistema imunológico diferente do seu próprio. A genética do sistema imunológico definiria, inclusive, se a mulher seria ou não fiel ao seu parceiro.

Estudos à parte, a questão da atração entre opostos também interessa aos especialistas brasileiros. Para a psicóloga e psicoterapeuta Beatriz Helena Paranhas Cardella, "no que se refere ao ser humano, não dá para fazer nenhuma generalização. No entanto, as pessoas que possuem características diferentes das nossas naturalmente nos provocam algum tipo de curiosidade. Mas isso não pode significar que uma relação com alguém muito diferente de nós vá ou não dar certo".

O que existe, então, nos opostos, que são vistos como os parceiros perfeitos? "A curiosidade, o encantamento. A diferença leva ao crescimento. O que é igual à nós não nos leva a enriquecer e, então, estagnamos. Muitas vezes, precisamos desenvolver alguma coisa que, na nossa história de vida, não tivemos a oportunidade. Se o parceiro conseguiu desenvolver essas atitudes, a presença da experiência dele nos enriquece. O que determina se um relacionamento com alguém oposto vai em frente ou não é a abertura do casal às diferenças. O oposto é encantador e difícil ao mesmo tempo", pondera Beatriz.

Não são todas as oposições que são valorizadas nos relacionamentos. Às vezes, justamente essa oposição, leva a um crescimento das pessoas, pois elas têm o que ensinar à outra. A personalidade e algumas outras características não necessariamente levam a uma repulsão. No campo dos valores e dos projetos de vida, no entanto, a relação entre os opostos é mais complicada pois o equilíbrio é mais difícil de ser alcançado. A diversidade nos faz abrir, crescer e ver o mundo além das nossas perspectivas. A relação entre opostos pode ser com filhos, colegas de trabalho ou parceiros românticos. A diferença, naturalmente, leva ao conflito, mas o conflito nos leva a crescer.

Não adianta formular que o relacionamento ideal é entre pessoas parecidas ou opostas afinal, não existe uma fórmula para o amor. Não tem uma fórmula, receita ou ideal de relacionamento. Uma simples regra não responde à complexidade do relacionamento humano. Amor não é formula, é a disposição de uma pessoa ser transformada por alguém. Para um relacionamento durar é preciso ter paciência, tolerância, respeito e projetos de vida compartilhados. O que funciona com um casal pode não funcionar com outro. Não existe modelo. Se fosse assim, seria fácil, mas a vida não acontece dessa maneira.




Ilana Ramos 



12 de janeiro de 2012

Onde começa o amor



Quando eu caía, nos meus tempos de criança, abria o berreiro e, num passe de mágica, aparecia um monte de adultos: mãe, pai, avós, tios, bisavô. Só faltava a imprensa. Até o cachorro da época, que nem gostava muito de mim porque tinha ciúmes da minha mãe, corria para ver o que eu havia aprontado daquela vez. Geralmente, nada: era uma menina muito tranqüila. Tanto, que se fosse possível voltar no tempo eu resgataria a oportunidade de ser um pouco mais levada. Como não é, fica pra próxima.

Caía como gente de toda idade cai. Por descuido. Por uma momentânea falta de equilíbrio. Sem saber que troço aconteceu para confundir tanto as pernas. Aí vinha a parte boa do tombo: com exceção do cachorro, que não queria conversa comigo, era comum eu ganhar beijinhos daquela turma, sob a alegação de que o carinho faria o susto passar. Às vezes, eu nem estava mais assustada, não havia nada doendo, mas prolongava o choro só para ser mais beijada. Eu era tranqüila, mas não era boba.

Doce sabedoria, aquela: joelhos e braços continuavam feridos por alguns dias, mas o susto realmente passava logo depois do cuidado carinhoso. Para os machucados do corpo, existem alternativas para curativo. Mas, para os sustos dos tombos que a gente leva na vida, o que é bom mesmo é amor. Sem talvez perceberem, aqueles meus queridos protetores faziam algo muito importante ao permitir que o meu susto fosse reconhecido. As manchas roxas na pele tendem a desaparecer num curto período de tempo, com ou sem aplicação de pomada. As manchas que os sustos colorem na alma, não. Essas precisam de outro tipo de atenção para serem dissolvidas.

Alguns sustos somente se dissipam quando encontramos alguma palavra, algum carinho, alguma luz, que os libertem. Susto doído aprisionado pode virar um ponto de obstrução na alma que dificulta que a vida flua mais contente. A gente pode escolher fingir não lembrar que existe uma tristeza que não foi beijada ali, mas isso não faz com que ela pare de doer em silêncio, e poucas coisas são tão perigosas como as dores que crescem sem fazer barulho. Olhar, reconhecer, chamar pelo nome, tratar, é escolher beijar, esvaziar, e seguir.

De sustos doídos, de outra natureza, muito diferentes dos tombos da infância, nós entendemos bem. Não acho que seja possível passar pela vida sem susto algum. Não, não temos controle com relação a isso. Com toda a tecnologia do nosso mundo, não existe uma tecla que, ao ser apertada, nos impeça definitivamente de sofrer. Ninguém escapa da dor. Eu, pelo menos, nunca conheci uma pessoa que nunca tenha vivenciado o sofrimento, de alguma forma, em algum lugar da caminhada.

Por mais que a vivência seja solitária, não estamos sozinhos nesse sentimento. Em qualquer local do planeta, todos sabem do que se trata. Às vezes, até achamos que sofremos mais do que os outros e ficamos estagnados nessa crença. Mas, isso não vem ao caso. Não nos interessa competir para saber de quem é a dor maior. O que interessa é descobrir como podemos esgotá-las. Curá-las. Transformá-las. E é aí que entra a metáfora dessa história: depois de adultos, isso começa com o nosso próprio reconhecimento. Com o nosso próprio beijo. Com toda gentileza possível com a nossa vida. Com a nossa permissão.

De vez em quando, reencontro pessoas que passo muito tempo sem ver e elas me contam de novo sobre a mesma dor. Aquela que, com o passar dos anos, costuma se ramificar em outras tantas, às vezes já impressas no corpo. Pode mudar o cenário, as personagens, mas o argumento está intacto. E a impressão que me dá, em algumas circunstâncias, é que, de alguma maneira, elas continuam lá na infância, aguardando vir somente de fora os beijos para os seus sustos, o curativo para os seus machucados. É como se ficassem paralisadas nessa expectativa.

Aperta o meu coração, uma vontade de dizer sem saber se o outro quer ouvir: cuida de você, você pode, você é capaz, não fica aí nesse lugar. Vontade de dizer, compassiva, com empatia, porque eu muitas vezes também fiquei esperando. Até começar a entender que, depois que a gente cresce, a proteção amorosa, o suporte, a delicadeza, precisam começar na nossa relação com nós mesmos. É muito bacana, uma dádiva, termos relações de troca afetuosa e zelo recíproco na nossa vida. Uma benção receber amor. Mas quando a gente dói, a gente precisa saber formas de cuidar da própria dor com o jeito carinhoso com que gostaríamos de ser cuidados pelos outros, com a delicadeza com que cuidamos de outras pessoas. A gente precisa se ter, antes de tudo. O beijo precisa começar em nós.



Ana Jácomo




11 de janeiro de 2012

Aprenda a se amar!



Você já reparou que por vezes queremos abraçar o mundo, quando na verdade não conseguimos abraçar a nós mesmos? Qual foi a última vez que você se abraçou? Queremos cuidar de todos, enquanto não conseguimos, ou não sabemos, cuidar de nós e nem daqueles que amamos.

Quando não recebemos amor e atenção de nossos pais da forma que desejávamos na infância, passamos a vida em busca deste amor em forma de reconhecimento e aprovação. Esperamos sempre, consciente ou inconscientemente, que alguém reconheça nosso valor e, quando não acontece, perdemos nosso referencial interno e também nossa auto-estima. Esperamos aprovação pelo que fazemos e, acima de tudo, pelo que somos e realizamos. E por não sermos reconhecidos, principalmente por pessoas significativas, deixamos de acreditar em nossa capacidade. Assim, passamos a buscar amor sempre no outro, e nunca dentro de nós. Esquecemos o quanto é essencial aprendermos a nos amar. Em alguns momentos, perdemos nosso amor-próprio e com ele nossa confiança, por isso a opinião dos outros se torna tão importante.Quantas vezes você disse que se ama? Nunca? Pode ser! Mas sempre é tempo para começar.

Do mesmo modo que nosso físico precisa de água e comida, nossas emoções também precisam ser alimentadas. Mas estamos sempre esperando que o outro nos ame, nos abrace, que reconheça nosso valor, demonstre o quanto somos importantes, pois não nos sentimos capazes. Por que não nos amamos? Não nos aprovamos? Não nos sentimos importantes? Já pensou que se não nutrirmos estes sentimentos por nós mesmos, como podemos esperar que alguém o faça, e ainda mais, que faça melhor que nós? Por que desprezamos tanto nossa capacidade? Já pensou sobre isso?

É preciso aprender a identificar cada sentimento, sabendo o que sente e depois respeitar estes mesmos sentimentos e não desprezá-los. Não nos respeitamos e depois reclamamos que os outros não nos respeitam. Quantas vezes você sentiu algo e ignorou este sentimento para você mesmo? Geralmente isto acontece porque durante a vida, as pessoas tidas como significativas, ignoraram suas reais necessidades emocionais e com o tempo você aprendeu a fazer o mesmo. Por que desprezaram sua dor, você vai fazer igual? Pare com esse círculo vicioso. Olhe para dentro de você. Não como quem olha no espelho, superficialmente e tentando encontrar algum defeito, e porque até neste momento a imagem refletida é invertida. Olhe de verdade para dentro de seu ser, de sua alma. Deixe o medo de lado, pois ele não permite que você cresça. Enfrente-o e acredite que irá descobrir muitas qualidades que talvez ninguém reconheça, mas que há dentro de você. E se encontrar defeitos, quem não os têm? Olhe para eles com carinho, para mudar cada um, se quiser.

Transforme este momento no que podemos chamar verdadeiramente de crescimento, evolução. Liberte-se das necessidades não supridas de amor, aprovação, reconhecimento e saiba que só você pode se aprovar. Aprenda a se abraçar, se respeitar, se aceitar, se amar. Dê a si mesmo todo o amor que espera receber de alguém, pois só assim você poderá realmente ser amado e amar. Liberte-se das culpas, perdoe e perdoe-se! Liberte-se também das mágoas e dos ressentimentos do passado que só aprisionam e machucam tanto.

Agora, com as mãos livres, faça o seguinte exercício: coloque sua mão direita sobre seu braço esquerdo e sua mão esquerda sobre seu braço direito. Pronto! Você está aprendendo a se abraçar. Abrace-se com carinho, fale do quanto você é capaz, do quanto você pode conquistar com seus próprios méritos. Fale do quanto acredita em você e, principalmente, do quanto você se ama. Fale que a partir de agora, só você mesmo pode aprovar ou não o que faz. Se ninguém o ama, você se ama. Se ninguém vibra com suas conquistas, você mais do que ninguém passará a valorizar e a celebrar cada uma delas.

Não espere mais que o outro venha salvá-lo, venha aprová-lo e reconhecer tudo de bom que você faz. Pare de colocar sua vida e seus sentimentos, que é tudo que você tem de mais valioso, nas mãos de alguém. É claro que você pode dividir tudo isso com alguém que seja muito especial e que o ame muito, do contrário, guarde tudo só para você.

Agora olhe para dentro de você, sem medo, para que possa se descobrir. Perceba sua essência, deixe brilhar sua luz, pois só assim encontrará paz e poderá valorizar sua maior dádiva: sua vida neste momento presente! Afinal, o passado já se foi... e o amanhã, ah, o amanhã! Quem saberá? Por isso, a hora de começar é agora, faça seu melhor já! Comece irradiando amor... primeiro por você, depois poderá contagiar aqueles que ama.



Rosemeire Zago

10 de janeiro de 2012

A função da culpa



Assisti um documentário no Discovery Channel que tratava de uma pesquisa com pessoas denominadas serial killers ou matadores em série. Uma das coisas que me chamou muito a atenção é o fato de que a maioria deles não se sentia culpado por ter matado ninguém e prosseguiam as suas atividades normais sem nenhum remorso ou consciência do que haviam feito.

Assim acontece conosco. Enquanto não temos consciência de que um ato determinado nos prejudica ou prejudica o outro, continuamos a nossa vida como se tudo estivesse normal. Mas, e quando aparece a culpa? O que fazer com ela? Ou melhor, que função tem a culpa?

As religiões, como um todo, sabiam do significado e valor da culpa, porém se utilizaram e se utilizam dela como forma de nos fazer sofrer pelo ato errôneo que cometemos. Muitas pessoas sofrem com culpa como se ela tivesse a função de castigar-nos pelos nossos atos e através do castigo nossos atos podem ser redimidos. E assim continuamos com culpa e sofrimento o resto de suas vidas.

Será que o castigo traz redenção ou é a consciência e a modificação dos nossos atos que traz evolução... Quantas pessoas hipócritas vemos rezar em suas religiões, porém fora de seus templos continuam agindo da mesma forma de antes? Elas não crescem com a consciência evolucional, acham que só rezar já basta.

As religiões encontraram no castigo a forma mais fácil de controlar atos ilícitos para com a sociedade, mas agora temos mais condição de não sermos tratados como uma massa adormecida e de avaliarmos as coisas com muito mais clareza.

A culpa é um sinal de que nossas crenças e valores devem ser repensados para que nossos atos sejam coerentes e 'ecológicos' com nosso nível evolucional. Creio que a culpa seja um estágio anterior ao próximo degrau evolutivo.

Se você espanca seu cachorro porque acredita que os animais são seres que não devem ser respeitados e, de repente, um dia qualquer, você o machuca de verdade e se sente culpado por isso.... o universo está mandando um flash para iluminar seus valores e consciência com relação aos animais. Você pode escolher se sentir culpado por uns dias e depois voltar a executar o velho ato ou... você pode se sentir culpado para sempre, não fazer mais a mesma coisa porém sem ter consciência do que aconteceu ou.... ter maturidade e mudar seus valores com consciência e amor a você mesmo, sem martírio e chibatadas e aves-maria e etc...

Se você sofre de culpa, seja lá por qual motivo, aprenda que a culpa nada mais é do que a reestruturação de valores, por isso, reflita sobre seus valores e modifique-os. Porém, não leve a vida inteira para fazê-lo, pois a culpa nos deixa deprimidos e sem força de ação. Enquanto que a consciência da lição aprendida nos faz agir de forma diferente e nos deixa orgulhosos de nós mesmos, pois, se Deus nos perdoa, porque nós não podemos nos perdoar, aprender a lição e continuar em frente?

A culpa deixa nossa vida estagnada e, dependendo do grau de gravidade que damos a ela, somatizamos doenças e atraímos mais sofrimento e desgraça para nossa vida.

Por isso, nada melhor do que aprendermos a sacudir a poeira e dar a volta por cima... com consciência, humildade e amor às leis evolucionais desse planeta.


 
Simone Arrojo




9 de janeiro de 2012

Um novo dia que nasce


Quando um novo dia começa é mais uma oportunidade que Deus nos oferece de continuar. Infelizmente na correira do dia, muitas vezes nos esquecemos do nosso lado espiritual e vamos deixando para depois. Principalmente quando tudo está indo muito bem.

Naqueles dias e noites em que as coisas parecem desabar, nos lembramos novamente que os anjos nos rodeiam, sim, eu acredito neles. Pois cada vez que oro com fé, é possível sentir paz no coração. Algo que vêm do fundo do peito, nos faz soltar um suspiro profundo. O suspiro de bençãos de Deus. Nosso corpo parece mais leve, respiramos aliviados, tiramos uma carga pesada dos ombros.

Muitas vezes nos sentimos injustiçados por muitos acontecimentos, pela vida que vai acontecendo ao redor e que não podemos controlar. Pessoas que entendem de forma distorcida, atos e palavras que não eram necessários, mas por descuido acaba acontecendo. Relevem, não tem outra forma.

Quem erra não significa ter falta de caráter, como muita gente gosta de dizer e diz para maltratar o outro. Erra porque o ser humano é imperfeito, cheio de fraquezas e defeitos.

Precisamos ser menos combativos. Eu mesma, já fui tão assim, sempre no combate, na guerrilha, no ataque para me defender. Não adianta discutir, pois no auge das discussões falamos tantas coisas que magoam as pessoas, criamos rancores e guardamos raiva que vai contaminando nossa vida.

Cada dia novo que nasce há que se ter uma nova reflexão sobre tudo. Não simplesmente varrer para baixo do tapete. Refletir, ponderar, orar, perdoar e pedir desculpas se for necessário. Pense bem, não vitimize-se, reflita a sua parte de culpa. Compreenda. Mesmo que a pessoa que você magoou ou que te magoou não faça parte mais da sua vida, mesmo assim, converse com Deus e peça através dele esse perdão, ou diga a Deus que desculpou.

Muitas doenças aparecem porque guardamos muito sentimento ruim dentro de nós. Existe literatura que explica sobre isso, se formos analisar a vida de muitas pessoas com câncer, por exemplo, fica nítido a presença desses sentimentos que vão acumulando dentro das pessoas. Alguns foram rejeitados, outros sofreram uma perda irreparável, outros foram profundamente magoados.
Claro, nem todos nós desenvolvemos doenças no corpo, mas doenças psíquicas. Podemos ficar agitados, ansiosos, depressivos, sem sono, entre tantos outros distúrbios e transtornos.

E o que fazer se a outra pessoa envolvida jamais te desculpar ou que nunca te peça perdão? Siga em frente no seu caminho, mesmo que nunca tenha o perdão ou que nunca te peçam desculpas. Sua parte está feita. Afinal na vida existe o amadurecimento, o crescimento e quem nunca aprende vive de julgar as pessoas.

Siga com fé e em paz, com seu coração livre! Pois quem nunca compreendeu um outro ser humano, jamais compreendeu nem a si mesmo.




Carla Reichert 



8 de janeiro de 2012

Amar é embarcar em uma viagem...



Amar é uma viagem a ser feita com alguém, na qual, ao mesmo tempo em que desfrutamos essa entrega, desvendamos os mistérios que ela nos apresenta a cada momento.

O amor é uma força que nos leva a enfrentar todos os nossos medos, criados desde as primeiras experiências dolorosas de aproximação. Nos torna corajosos e ousados, prontos a desafiar o tédio e o comodismo, a enfrentar o cotidiano, sem deixá-lo se transformar em rotina.

Ele faz nos sentirmos aprendizes, concedendo-nos a suprema compreensão de que, quando somos movidos pelo impulso do amor, realizamos algo. No amor, não estamos nos submetendo ao outro, mas sim obedecendo às ordens do sábio que existe dentro de nossos corações.

O amor nos dá coragem para enfrentar todas as mensagens negativas ouvidas na infância, do tipo “homem não presta” e “mulher só dá trabalho”, que poluem nossos pensamentos. É um sentimento que nos proporciona a sensação de gratidão para com a existência; um sentimento de ser abençoado pela dádiva divina. Em retribuição, somos levados a cuidar desse amor.

Por isso, não podemos exigir a perfeição do ser amado, pois, como dizia o filósofo grego Aristóteles: “O amor é o sentimento dos seres imperfeitos, posto que a função do amor é levar o ser humano à perfeição”.

O amor é muito mais que o encontro de dois corpos, muito mais que a união entre duas pessoas. É a própria consciência da existência: a crença nas forças divinas, que cuidam de todo o universo e que nos levam um ao outro, com a mesma fluidez com que aproximam uma nuvem de uma montanha, que nos proporcionam uma força sobre-humana, que dão energia ao vento, ao mar e à chuva e que nos tornam grandes como pinheiros gigantescos.

No amor, seguimos um caminho realizando uma história, cujo final, apesar de todo o nosso conhecimento, só vamos saber quando a completarmos.

A única certeza que temos é a de que o amor é uma condição inerente ao ser humano. Assim como a flor emana seu perfume, o homem naturalmente exala o amor. Isso é tão inevitável quanto é impossível proibir a terra molhada de desprender seu cheiro.




Roberto Shinyashiki




7 de janeiro de 2012

Abandonando a dependência



Todos nós nascemos dependentes e, enquanto crianças, dependemos dos pais para quase tudo, mas por que alguns adultos mantêm a dependência em algum grau de sua vida? Se analisar sua vida em todas as áreas será que encontrará algum tipo de dependência?

A dependência seja física e/ou emocional pode trazer muitos danos tanto ao corpo como para a mente e nem sempre nos damos conta da extensão de suas conseqüências. Por que em algumas situações nos sentimos tão frágeis e carentes que não conseguimos encontrar com facilidade nossa própria maneira de viver?
É imprescindível compreendermos e termos consciência de nosso valor pessoal para assumirmos a responsabilidade pelo próprio caminho. Sim, para muitos a responsabilidade pela própria vida é assustadora. Muitas pessoas acreditam que são responsáveis porque trabalham, acordam cedo, como a maioria dos mortais, mas se esquecem que a vida não se resume a apenas isso.
Quem cuida de suas roupas? E de sua alimentação ao chegar em casa? Quem mantém sua casa limpa, administra o que e quando deve ser feito? E o supermercado, quem compra seu sabonete, o papel higiênico, o sabão em pó para lavar suas roupas? Quem paga a conta de luz, água?

Muitas vezes algumas pessoas pensam que o fato de trabalharem e terem alguém que limpe suas casas é o suficiente. Esquecem-se de quantas coisas é preciso para manter uma casa organizada e uma vida independente. Parece que acreditam que a roupa fica lavada e passada e vai até o guarda-roupa, sozinha. Alguns ainda respondem que quem lava é a máquina de lavar, sim, mas quem coloca essa roupa na máquina, quem foi comprar o sabão para lavá-la? Quem a pendurou no varal ou colocou na secadora para que secasse? Pensam que a cama toda manhã se arruma por si só. Alguns acreditam que pai, mãe, esposa, ou quem quer que seja, tem a obrigação de fazer isso.

Temos sim, cada um a obrigação de cuidar daquilo que nos diz respeito e ponto. Se alguém faz algo para nós ou se fazemos para alguém, é feito como um gesto de carinho e o mínimo que se espera é que ao menos isso seja reconhecido. Quando tudo se encontra arrumado, organizado, é fácil acreditar que tudo foi feito num passe de mágica, ignorando quem fez e o tempo e carinho dedicado. Claro que tudo isso depende muito das necessidades de cada um e da maneira com que cresceu. Quem nunca precisou fazer nada por si mesmo, encontrando tudo pronto, por pais que queriam acima de tudo suprir todas suas necessidades, com certeza encontrará muita dificuldade em tornar-se independente.

Não me refiro também àquelas pessoas que fazem de tudo para os outros, as eternas boazinhas, sempre dispostas a ajudar, mas que, na verdade, também são dependentes, da aprovação e reconhecimento. Fazem de tudo para agradar, sempre com o intuito de ajudar alguém. O que não percebem é que estão presas num círculo vicioso. Deseja conquistar amigos, a família, os filhos, o chefe, os colegas de trabalho, o companheiro(a), para que assim possa acreditar em seu próprio valor enquanto pessoa, pois do contrário se sentem inseguras. Por que não simplesmente ser sem ficar tão preso ao ter?

Sermos nós mesmos é tomar decisões, ainda que possamos correr riscos, mas quem disse que a vida é um eterno acerto? Tomar decisões não para agradar aos outros, mas porque estamos usando, consciente e responsavelmente, nossa capacidade de ser, sentir, pensar e agir.

Sermos nós mesmos é eliminar a dependência que nos impede de crescermos, sem medo de ficar só. Quantas pessoas não mantêm relacionamentos afetivos, ainda que destrutivos? Ou ainda, usam roupas de grifes não porque se sintam mais confortáveis, mas para obterem aprovação das outras pessoas? Não nos deixar influenciar pelo consumismo, pelas idéias alheias, não significa abandonar completamente as pessoas, mas somente a dependência, muitas vezes doentia, dessas mesmas pessoas. Por que não ter a coragem de romper com as amarras internas e externas que impedem a conquista da liberdade?

Essa liberdade exige esforços, coragem, ousadia, sem nos permitirmos mais permanecer em situações ou relações que apenas nos manipulam e nos fazem sofrer. Por estarmos tão acostumados a voltarmos nossos olhos para fora pode ser difícil olharmos para dentro de nós e percebermos a riqueza de nosso mundo interior. A realização interior tão almejada está relacionada com o conhecimento de nós mesmos, e dificilmente é possível conseguir olhar para dentro enquanto houver a dependência no externo. E a pior dependência ainda é a busca pelo reconhecimento e aprovação, seja de quem for.
 
Todo ser humano precisa de reconhecimento pelo que faz, mas há uma diferença enorme entre querer esse reconhecimento de uma maneira sadia e depender do reconhecimento exterior por sentir-se incapaz de reconhecer por si mesmo. Não lhe compete mudar o mundo, mas com certeza poderá mudar o que quiser dentro de si mesmo e de sua própria vida.
 
 


Rosemeire Zago