28 de fevereiro de 2011

A verdadeira caridade




Caridade. Esta é uma palavra que já está bastante batida e quando a ouvimos pensamos imediatamente em dar dinheiro a alguém. Este pensamento está correto. Em parte.

O verdadeiro conceito de caridade é dar ao próximo aquilo que ele realmente necessita. E frequentemente dinheiro é a primeira coisa que vem à nossa cabeça. Mas não é só isso.

Muitas pessoas pedem à Deus uma maneira de serem úteis, de fazer suas vidas terem “significado” . Todas as vidas têm um significado, um motivo para existirem. Neste caso, me refiro às pessoas que esquecem disso e acham que precisam de uma missão para que suas vidas tenham valor. Pois bem!

Deus nos oferece várias formas de sermos úteis, mas constantemente negamos o seu pedido. Apesar de sempre pedirmos por uma missão ou “tarefa”, quando ela aparece e vemos que a doação vai além de dinheiro recusamos na hora.

A verdadeira caridade não está em doar algum dinheiro, seja qual for a quantia, mas em nos doarmos, doar o nosso tempo, o nosso amor, o nosso carinho ou até mesmo a nossa vida.

Aqueles que mais precisam de ajuda não têm as suas dores aliviadas com dinheiro. Elas precisam, sim, de atenção, amor e carinho, de alguém que pegue-as pela mão e ajude-as a caminhar sobre o solo pedregoso do sofrimento.

Os mais necessitados são aqueles que possuem fome de amor. E ajuda a estes irmãos não é tarefa nada fácil. É necessária muita dedicação, paciência, e principalmente, amor. Só que para ajudar a esses irmãos doando-lhes tudo isso, iremos sofrer junto com eles, pois para isso será necessário muito sacrifício da nossa parte. Será preciso muito tempo e muita paciência. Será necessário amá-los todos os dias com a mesma intensidade. E este tempo pode durar semanas, meses ou até anos. A grande questão é: desejamos sacrificar parte da nossa vida terrena em benefício de outra(s) pessoa(s)?

A resposta pode variar de pessoa para pessoa. Mas alguns comentários devem ser feitos: Não nos esqueçamos que somos espíritos milenares habitando este planeta de provas e expiações em busca de crescimento. Ao lembrar disso, vinte anos na Terra são apenas alguns segundos na nossa jornada evolutiva.

Ao doar nosso tempo, nossa paciência e nosso amor, estaremos dando um grande passo em direção ao Pai Maior e vamos aprender, também, que ao nos sacrificarmos em favor de outras pessoas, iremos receber em dobro tudo aquilo que fizermos. E não há como explicar o sentimento que toma conta de nós quando, após muito esforço, vemos espíritos que ensinamos a engatinhar andando sozinhos, com suas próprias pernas.

Então eu lhes digo que, pessoalmente, vale a pena, sim, nos dedicarmos de corpo e alma a ajudar ao próximo, mesmo que isso exija muito de nós. Antes de pedir a Deus por alguma tarefa pense se você realmente está preparado para qualquer missão, pois muitos são os chamados e poucos os escolhidos.



Fabio Centenaro 

Para ser feliz




A vida é assim, cheia de contradições, de paradoxos. A frase célebre do poeta português Fernando Pessoa, "Eu sou aquilo que eu perdi", explica bem isso. Ela mostra que é a forma como reagimos às perdas que determina a nossa vida. São justamente essas curvas no caminho que definem para onde vamos, a força e a coragem que temos.

Por que algumas pessoas reagem melhor do que outras? Por que algumas levam melhor a vida e logo dão a volta por cima depois das pancadas? A vida é uma corrida de obstáculos. Apesar de não podermos escolher a quantidade de dificuldades que teremos a cada ano, podemos escolher como vamos enfrentá-las.

Todas as pessoas têm uma capacidade individual inata, ou então adquirida, de luta. Lutar é preciso, até mesmo para descobrir as próprias forças e os próprios limites. Tenho certeza de que não existe ninguém que você conheça que não teve que lutar bravamente com alguma dificuldade. Então, a diferença não está em quem batalhou, quem não batalhou. Está na forma como cada um se sente, se percebe. Se como vítima ou como sobrevivente.

Quem são as vítimas? Vítimas são as pessoas que ficam paralisadas, sentem-se impotentes diante da realidade, sem poder para mudar o que precisa ser mudado. Enquanto os sobreviventes são todos os que continuam lutando, apesar das circunstâncias adversas.

Então, não adianta só reclamar. As queixas não podem se transformar em um hobby da moda, como por exemplo: "Como a gente pode ser feliz se o mundo não é perfeito, se o casamento não é aquela oitava maravilha, se os negócios só dão preocupações?"

Se você investir toda a sua energia só em lamentações, não vai sobrar nada para a vida. Essa energia é preciosa, não pode ser jogada fora, desperdiçada. Sabemos que não temos controle sobre tudo o que acontece à nossa volta, mas de certa forma somos co-autores do destino. Apesar dos pesares, existe uma fome de dar um sentido à própria vida, uma fome de felicidade. A pergunta que surge é: "O que faz a vida ter significado, valer a pena?"

Alguns autores acreditam que a finalidade da vida é o próprio processo de viver. Não só o processo biológico - nascer, crescer, morrer -, mas tudo o que as pessoas sentem e pensam, a soma de todas as vivências.

Outros pensadores acreditam que é procurando desenvolver globalmente a própria personalidade que se dá um significado para a vida. Portanto, ao atualizar seu potencial, crescendo e se desenvolvendo intelectual, emocional, sexual e espiritualmente é que as pessoas se realizam. Há quem diga que o sentido da vida está em realizar tarefas específicas (cuidar, proteger, ensinar, aprender). Isto significa que o papel do homem é basicamente dar e receber, proteger e ser protegido, ajudar e ser ajudado.

Outros acham que a vida se assemelha a uma corrida de revezamento, em que o mais importante é cada geração transferir para a próxima tudo o que acumulou. Muitos se sentem insatisfeitos e querem transformar a realidade. Dar um sentido especial à vida pode deixá-la um pouco mais bonita. Para muitos, o elemento fundamental, a força motora da vida, é o amor. Portanto, amar e ser amado são as justificativas básicas da existência.

Como sabemos, não nascemos com o direito à felicidade, mas simplesmente com o direito de buscá-las. Por isso, coragem. Examine sua vida e faça as pazes com ela.


Maria Helena Matarazzo

Ser forte



Ser forte, não é colecionar vitórias, mas não se sentir fracassado, ante o que pareça derrota.

A força verdadeira não se dimensiona pelo impacto demolidor dos punhos, mas pela ternura construtora das mãos que acariciam e dos dedos que confortam.

Ser forte, não é ter a arrogância de não chorar, mas ter a coragem de parar o próprio pranto a fim de consolar as lágrimas de quem mais está sofrendo.

Ser forte, não é caminhar impávido com a coroa de louros à fronte, mas é cair coroado de espinhos e fazer tudo para levantar-se e para ajudar a que o irmão se levante.

Ser forte, não é não perceber a escuridão que ficou atrás da última lâmpada que se apagou quando se teve de sair do sonho, mas é a bravura de acender nova chama,de ligar de novo a luz, de abrir a janela da alma para sentir outra vez a claridade da manhã.

Ser forte, não é ser insensível, mas sentir, compreender aquilo que não tem palavras para completamente traduzir e interpretar.

Muitas vezes se exige mais força para proteger a pétala do que para derrubar a árvore imensa.

Bendita seja a força do ombro amigo que ampara a cabeça cansada, dos braços que se enlaçam para enfrentar a fúria dos acontecimentos e o uivar do furacão, do coração que reanima no momento difícil, do pensamento que não se entrega, da alma que não para de lutar.

Ser forte é oferecer a própria fraqueza para somar-se a fraqueza de quem se feriu e, juntas,as duas debilidades se farão uma verdadeira e brava força que nada e ninguém conseguirá dobrar.

Ser forte, é mesmo quando com medo, procurar transmitir coragem; é,mesmo na dúvida, transmitir a verdadeira fé; é fechar a porta ao pesadelo e abrir o ser por inteiro ao sonho maior que se chama esperança.

Ser forte, é às vezes, sair catando os pedaços do corpo pisado e da alma marcada, e juntá-los todos, com bravura e carinho, para ficar de novo de pé, com o rosto molhado pela chuva que cai e beijado pelo vento suave que passa.

Ser forte

é ser gente

e ser gente

é ser forte… 

Rhámar I'Húmistan

Algumas pessoas se destacam para nós




Algumas pessoas se destacam para nós (...) Não importa quando as encontramos no nosso caminho. Parece que estão na nossa vida desde sempre e que mesmo depois dela permanecerão conosco. É tão rico compartilhar a jornada com elas que nos surpreende lembrar de que houve um tempo em que ainda não sabíamos que existiam. É até possível que tenhamos sentido saudade mesmo antes de conhecê-las. O que sentimos vibra além dos papéis, das afinidades, da roupa de gente que usam. Transcende a forma. Remete à essência. Toca o que a gente não vê. O que não passa. O que é (...) Com elas, o coração da gente descansa. Nós nos sentimos em casa, descalços, vestidos de nós mesmos. O afeto flui com facilidade rara. Somos aceitos, amados, bem-vindos, quando o tempo é de sol e quando o tempo é de chuva. Na expressão das nossas virtudes e na revelação das nossas limitações. Com elas, experimentamos mais nitidamente a dádiva da troca nesse longo caminho de aprendizado do amor.



Ana Jácomo

27 de fevereiro de 2011

O lugar onde o amor reside



Para ter lábios atraentes, diga palavras doces; para ter olhos belos, procure ver o lado bom das pessoas; para ter um corpo esguio, divida sua comida com os famintos; para ter cabelos bonitos, deixe uma criança passar seus dedos por eles pelo menos uma vez por dia; para ter boa postura, caminhe com a certeza de que nunca andará sozinho; pessoas, muito mais que coisas, devem ser restauradas, revividas, resgatadas e redimidas; lembre-se que, se alguma vez precisar de uma mão amiga, você a encontrará no final do seu braço.

Ao ficarmos mais velhos, descobrimos porque temos duas mãos, uma para ajudar a nós mesmos, a outra para ajudar o próximo; a beleza de uma mulher não está nas roupas que ela veste, nem no corpo que ela carrega, ou na forma como penteia o cabelo.
 
A beleza de uma mulher deve ser vista nos seus olhos, porque esta é a porta para seu coração, o lugar onde o amor reside.



Audrey Hepburn
 
 

Recomeçar




Nossa vida é feita ciclos, com início, meio e fim. Todos os dias, durante a nossa caminhada, iniciamos e encerramos ciclos. Dentro destes ciclos estão nossos projetos, nossos sonhos, nossos desejos. Estes ciclos podem ser um emprego, uma relação amorosa, um curso ou uma faculdade, uma viagem, e inclusive a nossa própria vida. Estes ciclos começam por uma vontade nossa, na tentativa de mudar, de melhorar, de alcançar uma situação melhor. O final, porém, é sempre imprevisível, e nem sempre é como esperávamos.

Quando acontece de sermos demitidos, ou a pessoa que amamos decide seguir por caminhos diferentes, ou algum ente querido parte desse mundo, ou então somos obrigados a mudar de cidade ou país, todos os nossos planos caem por terra. Muitas vezes perdemos o chão, não sabemos mais o que fazer da vida.

Situações como essas são comuns na vida de qualquer pessoa. Muitas vezes durante a jornada teremos que recomeçar. Seremos obrigados a recomeçar. Voltar ao ponto de partida, recalibrar, rever planos e sonhos. E quando situações assim acontecem, trazem consigo dor, dúvidas, medo, receio. E isso é absolutamente normal. Sentimos por sermos tirados do nosso caminho, por termos os sonhos destruídos, promessas quebradas.

Mas apesar de tudo, são estas situações que nos fortalecem, que nos empurram para frente, e que fazem com que alcemos novos voos, que outrora não seriam possíveis. Todo recomeço é difícil, repleto de dúvidas e medos, mas é por causa deles que crescemos, que aprendemos, que damos um passo a frente.

Cada recomeço é uma nova chance de fazer diferente. De fazer melhor. Muito melhor. O mundo se abre novamente à nossa frente, podemos escolher – agora mais experientes, mais conscientes – o que queremos para a nossa vida, podemos concluir projetos que abrimos mão por uma razão ou outra, podemos realizar sonhos das quais já nem lembrávamos mais, podemos começar a sonhar novos sonhos, desejar coisas novas, conquistar coisas novas. E melhores.

Um recomeço é a chance de acertar o que erramos e melhorar o que acertamos. Ele serve de aprendizado, apenas mais uma etapa na escola da vida.

Não devemos encará-lo como um fracasso, mas sim como algo natural, algo que acontece, e tirar lições disso. Às vezes, coisas acontecem sem que a culpa seja de ninguém, elas apenas acontecem. Ser demitido porque a empresa não tinha mais dinheiro não significa que sejamos maus profissionais, por exemplo. É apenas a chance de procurar um emprego melhor, que possamos ganhar mais, aproveitando da experiência que tivemos. Um relacionamento quando chega ao fim nem sempre significa infelicidade, apenas uma mudança de rumo de duas pessoas.

Recomeçar, apesar de difícil, é uma chance de ser feliz. Ou então de ser mais feliz ainda. Sempre que a vida nos tira algo – e nisso eu acredito – é porque, mais adiante, logo ali na frente, ela nos dará algo muito melhor. A vida trabalha de formas estranhas, que vão além da nossa compreensão. Mas ela sempre trabalha para o nosso bem, para o nosso crescimento.

Recomeçar é ter a chance de acertar onde erramos e melhorar o que estava certo.


Fabio Centenaro 

26 de fevereiro de 2011

Perguntas


 



Quantas vezes você andava na rua e sentiu um perfume e lembrou de alguém que gosta muito?

Quantas vezes você olhou para uma paisagem em uma foto, e não se imaginou lá com alguém...

Quantas vezes você estava do lado de alguém, e sua cabeça não estava ali?

Alguma vez você já se arrependeu de algo que falou dois segundos depois de ter falado?

Você deve ter visto que aquele filme, que vocês dois viram juntos no cinema, vai passar na TV...

E você gelou porque o bom daquele momento já passou...

E aquela música que você não gosta de ouvir porque lembra algo ou alguém que você quer esquecer mas não consegue?

Não teve aquele dia em que tudo deu errado, mas que no finzinho aconteceu algo maravilhoso?

E aquele dia em que tudo deu certo, exceto pelo final que estragou tudo?

Você já chorou por que lembrou de alguém que amava e não pôde dizer isso para essa pessoa?

Você já reencontrou um grande amor do passado e viu que ele mudou?

Para essas perguntas existem muitas respostas...

Mas o importante sobre elas não é a resposta em si...

Mas sim o sentimento...

Todos nós amamos, erramos ou julgamos mal...

Todos nós já fizemos uma coisa quando o coração mandava fazer outra...

Então, qual a moral disso tudo?

Nem tudo sai como planejamos portanto, uma coisa é certa...

Não continue pensando em suas fraquezas e erros, faça tudo que puder para ser feliz hoje!

Não deite com mágoas no coração.

Não durma sem ao menos fazer uma pessoa feliz!

E comece com você mesmo!!!




Martha Medeiros

Você acredita em sorte ou azar?





A toda hora dizemos: “fulano tem muita sorte; tudo o que ele faz dá certo”; “sicrano é pé-frio, só tem azar”. Afinal, o que será isso que chamamos levianamente de sorte e de azar, sem tentar entender? Será uma coisa ligada ao “destino” de cada pessoa, à vontade de Deus? Será mera coincidência? Será que existem processos psicológicos que ainda não entendemos muito bem e que predispõe algumas pessoas a ter sucesso nas suas empreitadas?

Não podemos continuar a pensar nesses processos como sendo simples coincidências. Pessoa com sorte no jogo ganham com uma freqüência muito acima do que se poderia esperar pela lei das probabilidades. Chamar apenas de coincidência às repetições de acontecimentos positivos ou negativos na história de vida das pessoas é negar a evidência de que algum outro fator está interferindo na evolução dos fatos. Aliás, essa concepção de que existem “coincidências significativas” e não apenas casualidades foi uma das mais importantes contribuições de Jung à psicologia. 

A repetição de fatos positivos ou negativos que nos acontece em série em certas fases da vida sugere a existência de algum processo interferindo em nosso destino. O pensamento científico não pode, pelo menos por enquanto, ir muito longe no sentido de estudar a influência de fatores sobre-humanos em nossas vidas. Porém, não creio que seja prudente descartá-los, pois também não temos dados para isso. A astrologia, a numerologia, o espiritismo e vários outros tipos de esoterismo tentam estabelecer regras a respeito das influências sobrenaturais às quais estariam submetidos. São coisas interessantíssimas e temos de continuar aguardando uma maior acumulação de informações para poder elaborar um julgamento a respeito delas, sem preconceito.

Alguns mecanismos psicológicos podem influir sobre o que chamamos de sorte ou de azar. É bastante provável que existam criaturas mais positivas do que outras. Nossa mente, quando funciona de forma mais otimista e com mais coragem de ter sucesso naquilo a que nos propomos, pode interferir muito nos resultados. Acredito que os fenômenos que chamamos de paranormais existam em todos nós, sendo mais eficientes em algumas pessoas do que em outras. O vendedor que estiver determinado a vender terá melhores resultados. O jogador de futebol com mais coragem para o sucesso disporá de muito mais chances. Ou seja, é bem provável que nossas mentes disponham de mais poderes do que aqueles que conhecemos e utilizamos. Algumas pessoas conseguem se utilizar, ainda que de forma intuitiva, desses outros poderes, obtendo resultados muito melhores. Essas são as pessoas de sorte. Os mesmos poderes poderão provocar, quando ativados negativamente, fracassos sucessivos, e as pessoas que padecem dessa tendência são as azaradas.

Ainda não sabemos como funcionam os processos parapsicológicos e por que algumas pessoas dispõem de certos “dons” – premonições, vidências etc. – e outras não. Mas não podemos continuar a negar a existência desses fenômenos e muito menos deixar de pesquisá-los, pois eles abrem perspectivas incríveis para uma melhor utilização de nosso potencial psíquico. Esses processos não são autônomos e dependem também de como funcionam nossos processos psicológicos mais conhecidos.
Por exemplo, para que uma pessoa possa ter sorte é necessário que ela se permita coisas boas. Todos nós temos um certo tipo de contabilidade interna, na qual uma certa quantidade de esforços dá direito de recompensas. Algumas pessoas se vêem com direito a uma boa quantidade de recompensas, mesmo sem se acharem com o dever de fazer grandes sacrifícios. Essas, é claro, são mais predispostas a ter sorte do que aquelas, muito rígidas do ponto de vista moral, que se sentem melhor quando obtém pouca recompensa com muito sacrifício. A moralidade na qual fomos criados, que dá grandeza e dignidade ao esforço, à renúncia e ao sacrifício, acaba nos levando para o caminho do azar, porque nos impede grandes benefícios sem grandes privações.
A sorte é, ao contrário, um amontoado de ganhos que resulta de pouco – ou nenhum – esforço. São poucas as pessoas de caráter que se permitem isso. E, quando abrem as portas da sorte, em um determinado setor da vida, costumam fechá-las em algum outro igualmente importante. Isso explicaria, por exemplo, a concepção de que aqueles que têm sorte no jogo terão azar no amor.

Nada é mais fascinante do que nossa mente. Não me canso de pensar sobre nossos mecanismos íntimos e gostaria de ser capaz de transmitir o meu entusiasmo. Temos de ler muito, pensar muito, conversar muito, pois tenho certeza de que esse empenho será muito bem recompensado.

Flavio Gikovate 

Chorar




Pessoas são seres complicados, complexos, cheios de sentimentos. Cada sentimento é expressado de uma forma diferente, e o mesmo sentimento é expressado de forma diferente por cada pessoa. Hoje quero falar sobre o choro. Sim, o choro, que é visto por algumas pessoas como sinal de fraqueza, ou como coisa de mulher. O fato é que pessoas choram pelos mais variados motivos, dentro de duas grandes “categorias”: alegria e tristeza. E não é só mulher que chora, homem também chora. E muito.

O choro é uma forma de expressar sentimentos, sejam eles bons ou ruins. Chorar ajuda a limpar a alma, a se desfazer de sentimentos ruins, que apertam o peito de uma forma tão sufocante, que parece que não conseguiremos mais viver. O choro, quando de alegria, é emocionante. É bonito ver alguém chorar de felicidade, por ter conseguido algo que desejava muito, ou que batalhou muito. Quando passamos no vestibular, quando nos formamos na faculdade, no segundo grau, ou mesmo no primeiro grau. Seja qual for o motivo, e esse motivo é de diferente intensidade e significado para cada pessoa.

Chorar não é sinal de fraqueza. Chorar não é coisa para mulher. Chorar é do ser humano, é de pessoas que possuem sentimentos, e que são tão fortes, que não têm medo de exteriorizar aquilo que vai no seu íntimo. Aquele que chora demonstra todo o seu sentimento, tudo o que vai dentro do seu coração, da sua alma.

Respeite aquele que chora. Respeite aqueles que choram. Chore. Não guarde sentimentos dentro de você. Permite que os sentimentos sejam vividos, sentidos, em sua forma mais pura. Se algo lhe faz feliz de verdade, a ponto de não conseguir guardar para si mesmo, chore de felicidade. Chore muito. E seja feliz. Muito feliz. Se por outro lado, algo lhe faz muito mal, se sente uma dor insuportável no peito, se algo ou alguém lhe fez (ou está fazendo) muito mal, chore também. Limpe a sua alma.

Chorar não significa se humilhar, chorar significa sentir. E não há nada mais bonito na vida do que sentir. Apenas não chore por pessoas que não merecem. Neste caso é uma falta de respeito com você mesmo. Nos outros casos, sinta, chore, viva. Não tenha vergonha dos seus sentimentos, não dê importância ao que os outros vão pensar. O sentimento é seu, só seu.

Quando algo lhe tocar a alma, quando sentir extrema alegria ou tristeza, não sinta vergonha de chorar. Coloque para fora tudo o que vai na sua alma. Chorar também é um poderoso remédio. Depois que choramos, conseguimos ter mais clareza nos nossos sentimentos, e as coisas ruins podem se mostrar não tão ruins assim, e as conquistas podem ser comemoradas, mas nos devolvendo os pés ao chão.



Fabio Centenaro

25 de fevereiro de 2011

Coma os morangos





Um sujeito estava caindo em um barranco e se agarrou às raízes de uma árvore. Em cima do barranco, havia um urso imenso querendo devorá-lo. O urso rosnava, mostrava os dentes, babava de ansiedade pelo prato que tinha à sua frente. Embaixo, prontas para engoli-lo quando caísse, estavam nada mais nada menos do que seis onças tremendamente famintas.

Ele erguia a cabeça, olhava para cima e via o urso rosnando. Abaixava depressa a cabeça para não perdê-la na sua boca. Quando o urso dava uma folga, ouvia o urro das onças, próximas de seu pé. As onças embaixo querendo comê-lo, e o urso em cima querendo devorá-lo.

Em determinado momento, ele olhou para o lado esquerdo e viu um morango vermelho, lindo, com aquelas escamas douradas refletindo o sol. Num esforço supremo, apoiou seu corpo, sustentado apenas pela mão direita, e, com a esquerda, pegou o morango. Quando pode olhá-lo melhor, ficou inebriado com sua beleza. Então, levou o morango a boca e se deliciou com o sabor doce e suculento. Foi um prazer supremo comer aquele morango tão gostoso.

Talvez você me pergunte:

“Mas, e o urso?” Dane-se o urso e coma os morangos!

“E as onças?” Azar das onças, coma os morangos!

Às vezes, você está em sua casa no final de semana com seus filhos e amigos, comendo um churrasco. Percebendo seu mau humor, seu (sua) esposo (a) lhe diz: – Meu bem, relaxe e aproveite o domingo!

E você, chateado(a), responde: “Como posso curtir o domingo se amanhã vai ter um monte de ursos querendo me pegar na Empresa?”

Relaxe e viva um dia por vez. Coma o morango.

Problemas acontecem na vida de todos nós, até o último suspiro. Sempre existirão ursos querendo comer nossas cabeças e onças, arrancar nossos pés. Isso faz parte da vida, é importante saber comer os morangos, sempre. A gente não pode deixar de comê-los só porque existem ursos e onças.

Você pode argumentar: Eu tenho muitos problemas para resolver. Problemas não impedem ninguém de ser feliz. O fato de seu chefe ser um chato não é motivo para você deixar de gostar de seu trabalho. O fato de sua mulher estar com tensão pré-menstrual não os impede de tomar sorvete juntos. O fato do seu filho ir mal na escola não é razão para não dar um passeio pelo campo.

Coma o morango, não deixe que ele escape. Poderá não haver outra oportunidade para experimentar algo tão saboroso. Saboreie os bons momentos. Sempre existirão ursos, onças e morangos. Eles fazem parte da vida. Mas o importante é saber aproveitar o morango, porque o urso e a onça não dá para aproveitar. Coma o morango quando ele aparecer. Não deixe para depois. O melhor momento para ser feliz é agora.

O futuro é uma ilusão que sempre será diferente do que imaginamos. As pessoas vêem o sucesso como uma miragem. Como aquela historia da cenoura pendurada na frente do burro que nunca a alcança.

As pessoas visualizam metas e, quando as realizam, descobrem que elas não trouxeram felicidade. Então, continuam avançando e inventam outras metas que também não as tornam felizes. Vivem esperando o dia em que alcançarão algo que as deixará felizes.

Elas esquecem que a felicidade é construída todos os dias. A felicidade não é algo que você vai conquistar fora de você. A felicidade é algo que vive dentro de você, de seu coração. A felicidade é a oportunidade que você cria para ser o artista de sua autocriação.



Roberto Shinyashiki


Pessoas que passam na nossa vida





Pessoas entram na sua vida, por uma razão, por uma estação ou por uma vida inteira.

Quando perceber qual motivo é, você vai saber o que fazer com cada pessoa.

Quando alguém está em sua vida por uma razão é, geralmente, para suprir uma necessidade que você demonstrou.

Elas vêm para auxiliar em uma dificuldade, fornecer apoio e orientação, ajudar física, emocial ou espiritualmente.

Elas poderão parecer dádiva de Deus. E são!!!

Elas estão lá pela razão que você precisa que estejam lá.

Então, sem nenhuma atitude errada de sua parte ou em uma hora inconveniente, esta pessoa vai dizer ou fazer alguma coisa para levar essa relação a um fim.

Às vezes, essas pessoas morrem. Às vezes, elas simplesmente se vão. Às vezes, elas agem e te forçam a tomar uma posição

O que devemos entender é que nossas necessidades foram atendidas, nossos desejos preenchidos e os trabalhos delas feitos.

As suas orações foram atendidas. E agora, é tempo de ir.

Quando pessoas entram em nossas vidas por uma estação, é porque chegou sua vez de dividir, crescer e aprender.

Elas trazem para você a experiência da paz, ou fazem você rir.

Elas poderão ensinar algo que você nunca fez.

Elas, geralmente, dão uma quantidade enorme de prazer. Acredite!!! É real!!!

Mas, somente, por uma estação.

Relacionamentos de uma vida inteira ensinam lições para a vida inteira. Coisas que você deve construir para ter uma formação emocional sólida.

Sua tarefa é aceitar a lição, amar a pessoa e colocar o que você aprendeu em uso, em todos os outros relacionamentos e áreas de sua vida.

É dito que o amor é cego, mas a amizade é clarividente.

Trabalhe como se você não precisasse do dinheiro. Ame como se você nunca tivesse sido magoado. Dance como se ninguém estivesse observando. O maior risco da vida é não fazer nada.



Fabio Centenaro 

Reciclagem de vida



  
Não sei se a vida se recicla.
Não, talvez não.
Mesmo se após um tempo de reflexão decidimos
mudar nossa vida,
seremos sempre nós mesmos no fim.
Mudados, mas nós.
Com todas as marcas e cicatrizes para que não
nos esqueçamos do que fomos.
Sabemos que jamais poderemos recolar os
pedaços das coisas vividas e construir novas.
Colchas de retalhos são muito bonitas,
mas não passam de colchas de retalhos.
Remenda-se panos,
recola-se papel ou vidro,
mas não se remenda vidas,
não se recola momentos passados,
coisas que deixamos pra trás.
Recomeçar? Sim.
Recomeçar é possível,
mesmo (e felizmente!) se
já não somos os mesmos.
Aprendemos, à custa de dor,
mas aprendemos.
Não cometeremos duas vezes os mesmos erros,
não beberemos a mesma água.
Durante anos vivemos como se não tivéssemos
outras alternativas.
A vida é assim... é o destino.
Mas nosso destino, nós fazemos.
Nossas prioridades,
escolhemos e aprendemos a viver com elas.
E só depois, mais tarde,
é que nos questionamos sobre o fundamento
das nossas escolhas.
Há pessoas que acham que é tarde demais para
mudar e continuam na mesma linha,
mesmo se conscientes de que talvez esse não
tenha sido o melhor caminho.
Homens e mulheres que se mataram a vida
toda para ganhar dinheiro,
terminam muitas vezes a vida sozinhos,
cheios de dinheiro,
vazios de amor.
E felizes há aqueles que descobrem que ainda
é tempo para fazer alguma coisa.
E que podem redefinir as próprias prioridades
e assumi-las.
Vai doer, mas vai valer a pena,
porque no fim das contas vamos ter a consciência tranqüila de que tentamos.
Um dos piores sentimentos que existem é o de não poder recapturar um momento que gostaríamos que tivesse sido diferente.
O eu de hoje não teria feito isso ou aquilo,
mas o que eu era ontem
não sabia o que sei agora.
Se soubesse,
teria cometido menos erros.
Mas temos um Deus tão bom e tão grande que
Ele está sempre nos oferecendo a oportunidade
de nos redimir e fazer novas escolhas.
E agora? Agora sabemos.
Não vamos pegar atalhos.
Eles podem ser atraentes,
mas nos impedirão talvez de aproveitar as
belezas da jornada.
O caminho da vida é bonito,
apesar de ser mais difícil para uns
que para outros.
Mas é bonito se sabemos tirar o máximo do que é bom.
Noites escuras podem nos fazer ver mais
claramente as estrelas.
Só veremos o nascer do sol se acordarmos cedo.
Coisas simples que a natureza nos ensina.
Reciclagem de vida?
Talvez sim.
Talvez sejamos, no fim das contas,
uma colcha de retalhos da vida.
Mas que sejamos então uma bela colcha nova
enfeitando um quarto,
um coração, talvez mesmo muitos corações e muitas vidas, a começar por nós mesmos.


Letícia Thompson

24 de fevereiro de 2011

A oração e os poderes da mente

 



Nos dias de hoje, cada vez mais pessoas acreditam que o sucesso ou o fracasso de um empreendimento depende, ao menos em parte, da maneira como organizamos nosso mundo interior e nossos pensamentos. O fato de nos colocar­mos de modo positivo e afirmativo, frente à realização de um certo objetivo, aumentaria as chances de sermos bem-sucedidos. Será verdade? Antes de mais nada, temos de saber se a disposição interior realmente interfere em nossas realizações.

Acredito que sim. E por dois mecanismos. O primeiro tem a ver com o que chamo, desde 1980, de medo da felicidade. Todos nós nos assustamos um pouco - ou muito - quando percebemos que nossos projetos estão sendo bem encaminhados e com chances crescentes de sucesso. Parece que o acúmulo de coisas boas "atrai" maus pensamentos, a inveja das pessoas - o que é verdade - e a ira dos deuses. Nos sentimos ameaçados. É como se as chances de tragédia aumentassem na proporção de nossos bons resultados. 
 
Apesar de falso, é assim que sen­timos. Daí a prática universal de rituais supersticiosos de proteção, como bater na madeira, fazer figa, usar amuletos, etc. Quanto mais competentes para "suportar" alegrias, maior será a tendência de agirmos de modo positivo e construtivo. Afinal, quando o medo da felicidade cresce muito, acabamos cometendo equívocos que nos afastam do sucesso e nos conduzem para piores resultados. Apesar de tristes, eles são menos ameaçadores. O sucesso dá mais medo que o fracasso!

O outro mecanismo tem a ver com os fenômenos chamados paranormais. Apesar de ser terreno menos sólido do que o mecanismo anterior, é indiscutível e fácil de ser provado. Só pessoas muito teimosas, hoje em dia, põem em dúvida a existência, por exemplo, da telepatia. A telepatia corresponde ao fenômeno parapsicológico mais simples e ele­mentar. É a comunicação entre dois cérebros por meio de processos chamados de extra-sensoriais (sem auxílio dos órgãos dos sentidos). Assim, existem dois níveis de comunicação - em luta - entre as pessoas: o sensorial e o extra-sensorial. Quando dois concorrentes disputam um determinado segmento de mercado, por exemplo, há a propaganda feita para os órgãos dos sentidos e aquela que chegará por vias paranormais.

A propaganda que se irradia por caminhos parapsicológicos dependerá do estado de alma daquele que estiver vendendo o produ­to. Se sua disposição última para o sucesso é forte e definida, sem titubeies e com boa con­vicção em suas chances, você poderá ter um resultado mais favorável do que um competi­dor que, em igualdade de condições, negligenciar este aspecto subjetivo, mais psicológico. Crescem, assim, as chances de sucesso para o indivíduo que controla seus medos íntimos ligados ao sucesso e à felicidade. E também para aqueles que menta­lizam positivamente para que as coisas ca­minhem do modo como pretendem. Isto não quer dizer que o êxito está garantido.

Pode parecer, graças ao progresso das ciên­cias do cérebro e da psicologia, que estamos nos apropriando de mecanismos novos. Não é o que penso. Todas as técnicas modernas de mentalização, de potencialização do uso do cérebro, nada mais são que versões científi­cas das tradicionais e antiquíssimas orações, próprias da maioria das religiões. Por meio da oração, o fiel se concentra, pede a Deus que o ajude a atingir determinados objetivos, que lhe dê força para suportar dores e dificul­dades. O indivíduo se concentra algumas vezes por dia, com toda sua força psíquica, com a finalidade de aumentar suas chances de sucesso.
 
Não creio que restem dúvidas de que este processo de mentalizar, próprio da oração, seja eficaz. Talvez daí tenha vindo o ditado: "Mais vale quem Deus ajuda do que quem cedo madruga".
 
 
Flávio Gikovate 

Amores modernos



Que tempo é esse de tantas máquinas e pouco amor? Na internet, você se oferece num classificado. Pesos e medidas que nunca vão definir quem você é. Que tempo é esse que anestesia o coração?

O sexo corre solto, ninguém é de ninguém. Vale tudo no jogo da sedução. Corpos e formas nas prateleiras da noite. Quantidade versus qualidade. Como é mesmo ser íntimo? Conversa em volta da mesa, troca de idéias, papo furado. Abrir a guarda, ficar vulnerável, de carne e osso como todo mundo é.

Nos tempos modernos você não conhece o vizinho, esquece dos amigos. O trabalho, o sucesso, o congestionamento e a fumaça embotam os sentidos.

Desfile de tragédias e cenas chocantes invadem sua casa, de onde você vê o que acontece no mundo. Acostuma com a desgraça e nem lembra que pode mudar o canal. Toneladas de informações para se manter no mercado. Para não perder o seu posto, defender a posição.

Mas se você parar para pensar no que está fazendo, se consultar a alma para saber o que ela quer, pode ser que você leve um susto ao perceber que esse dia-a-dia não o leva a lugar algum.

Afinal, o que você espera da vida? Será que não é mais um boi na boiada? Como andam suas relações?

A música bem alta, a melodia que falta. O divertimento que tenciona mais do que relaxa. Tudo para disfarçar o desgosto, a falta de entusiasmo. Tudo para esconder o quanto você está só.

Mas existe outro jeito de ser, que não depende desses tempos, e que pode ser muito mais interessante. E você o descobre quando experimenta os caminhos que foram apontados por sábios homens, em um tempo de menos tecnologia e muito mais compaixão.




Sergio Savian

Por que você está só?




As pessoas têm ideias erradas sobre o amor; como a de que, quando amamos, não precisamos de nada mais. Outro erro é confundi-lo com a excitação e a euforia do início da união. Esses mitos prestam um grande desserviço ao amor. Ao se livrar deles fica mais fácil encontrar parceiros e estabelecer relações mais criativas e duradouras. Há muitas crenças falsas sobre o amor. Uma delas defende que "é bom em si e, se amarmos, não precisamos de nada mais"; outra propõe que "surge do nada e é eterno".

A ideia de que o sentimento é sempre bom sugere que deveríamos amar sem problemas; já a de que surge do nada indica que temos de esperar por ele, em vez de procurá-lo. É também um absurdo pensar no amor como um sentimento e depois queixar-se de que não é duradouro. Sentimentos mudam.

Aquela emoção inebriante e arrebatadora ligada ao sexo prolonga-se por algumas horas; ou poucos dias; a excitação e a euforia talvez duram meses, mas isso ainda é um tempo curto no calendário do amor. O clímax de um bom romance não ocorre logo nos primeiros capítulos, quando ainda faltam 500 páginas para o final. Assim, ficar vidrado nas sensações calorosas e borbulhantes nos momentos iniciais pode nos fazer confundir excitação com amor.

A paixão desenfreada é uma idealização e frequentemente consiste apenas no sentimento de excitação, às vezes, avassalador. Na verdade, a idealização de quem amamos é o que em grande parte faz do amor uma emoção tão desejável; não há nada de errado em vermos a pessoa amada como "o ser mais maravilhoso do mundo". Só que a idealização tem seu preço: torna o amor maior do que o companheirismo e desejo sexual, pois envolve a glorificação do outro. Aí a levamos ao extremo: procuramos alguém que nos ame totalmente, sem compromissos anteriores, sem paixões recolhidas. Mas é quase impossível encontrar alguém que tenha uma história assim, uma vida sem amores vividos, fracassados ou perdidos.

O problema é que, quando existe exigência excessiva pela perfeição do outro, despimos a pessoa amada da realidade, ela é esmagada com expectativas impossíveis e posta num pedestal, podendo cair a qualquer momento; ou a vemos como alguém que não atingiu seu potencial, não conseguiu realizar-se e acaba sendo fonte de decepções.

Ao contrário de nossas expectativas, o amor não é "a resposta" para tudo; apresenta tanto soluções quanto problemas. Amar, por outro lado, não é entrar num mundo onde não existam desilusões, medos, ciúme, raiva. A idealização do amor tem, portanto, um custo. Não é verdade que tudo de que precisamos é estar amando; necessitamos também de trabalho, de pagar o aluguel, de amigos fiéis, de boa dose de coragem.

A excessiva idealização nos faz pensar no amor como garantia em vez de desafio, numa coisa fixa, não num processo de vaivém, ou seja: ora ele se manifesta, ora não. Esperamos sentir mais do que realmente sentimos e, por isso, desconfiamos de nós mesmos. Acontece que, como qualquer outra emoção, o amor varia de intensidade. E, como a maioria de nós não é capaz de manter um delírio febril por muito tempo, aparecem as dúvidas chatas: "Será que eu ainda o (a) amo?". É como se o amor fosse real só quando é explosivo, obsessivo, quando nos absorve totalmente.

O amor, como todas as outras coisas, deve encaixar-se na vida e, em geral, ela é cheia de problemas e obrigações. Como pergunta, de forma contundente, o filósofo americano Robert Solomon em seu livro O Amor, "por que nos recusamos a admitir que o amor possa ser de meio período", como ocorre com a tristeza, a alegria e os outros sentimentos? Ele continua: "No amor, não queremos só sexo e segurança, mas também felicidade, companhia, diversão, alguém com quem viajar, sair, alguém de quem depender nas horas difíceis...”.

Portanto, o amor é um estimulante emocional poderoso, que pode parecer milagroso, porém tanto destrói vidas quanto as salva. E ninguém vende um remédio milagroso aos fregueses sem mencionar os efeitos colaterais ou a dosagem ideal". Esses mitos prestam um grande desserviço ao amor. Quem se liberta deles pode ter mais facilidade para encontrar parceiros e estabelecer relações criativas e duradouras.


Maria Helena Matarazzo 

Beija que sara!


Uma distração ou uma paixão. O que quer que você tenha à mão nesse momento, acredite, pode ser o melhor analgésico para eventuais dores. O amor é mesmo poderoso e alivia, atesta um novo estudo realizado na Universidade de Stanford, nos EUA. Trocas de carinho e de afeto ativam as mesmas áreas do cérebro em que as aspirinas, por exemplo, atuam. Ocupações simples podem provocar o mesmo efeito. Nos dois casos, o tratamento pode sair de graça. Ou bem mais barato do que ir até a farmácia.

Oito mulheres e sete homens apaixonados e no início de uma nova relação serviram de cobaia para a pesquisa. Os estudiosos pediram que cada um levasse uma foto da pessoa amada e de um conhecido por quem também sentissem atração. Separados os grupos, os pesquisadores mostravam as imagens para os participantes enquanto aqueciam um simulador termal localizado nas mãos de cada um, com o objetivo de gerar dor leve.

O resultado? Ao olhar para as fotos dos amados, a intensidade da dor provocada pelo simulador era menor. Já diante das fotos das pessoas consideradas atraentes também provocaram reações, mas em menor grau, ou seja, sob efeito da paixão, a resistência é bem maior.

Ao mesmo tempo, uma ressonância magnética escaneava os cérebros dos estudados, mostrando a ativação, entre outras regiões, do sistema de recompensas, uma parte irracional e instintiva do cérebro que é responsável por gerar e buscar bem estar e satisfação. O sistema de recompensas também está por trás do que você sente quando ganha um dinheiro extra, faz um strike no boliche, vê os filhos sorrindo ou até mesmo usa alguma droga. Essa região e as outras áreas do cérebro que são afetadas pelo amor são justamente onde atuam os analgésicos.

Para quem não está apaixonado, os cientistas sugerem outros meios para diminuir a dor. Meras distrações podem dar conta do recado, dizem os pesquisadores, que também testaram o nível de alívio da dor quando os participantes se ocupavam com questões banais como “pense em um esporte que não use bolas”.
O resultado, em ambos os casos, foi tão forte quanto às reações provocadas pelo suposto efeito do amor. A diferença está na área afetada do cérebro. A distração agia na parte superior, enquanto o amor chegava mais fundo. A anestesia induzida pelo amor ativa estruturas profundas que podem bloquear a dor a nível espinhal – similar a como analgésicos funcionam.

Os cientistas ainda não recomendam que se abra mão dos remédios anestésicos em favor apenas de se encontrar alguém para amar ou por uma rodada de carteado, mas esperam entender melhor os mecanismos que o corpo usa para se defender da dor e produzir novas formas de alívio.

O grande trunfo do estudo é a confirmação de que não é preciso se apoiar em medicamentos – e seus efeitos colaterais – para conseguir alívio. Abrir o coração pode fortalecer suas barreiras contra a dor.

E você? Sua dor é menor quando é alguém que você ama que está cuidando dela?

23 de fevereiro de 2011

Simplesmente




Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
Ou flecha de cravos que propagam fogo;
Te amo como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e
Leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores.
E graças a teu amor, vive oculto em meu corpo
O delicado aroma que ascende da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde.

Te amo simplesmente, sem complicações, nem orgulho;
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Senão assim, deste modo, em que não sou nem és.
Tão perto que tua mão sobre meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com
Meus sonhos...


Pablo Neruda


A hora de impor limites





Essa questão é muito mais comum do que se pensa: raiva incontida. Trata-se de uma atitude impulsiva, abusiva, que precisa ser tratada e modificada, tanto a sua, a de seu parceiro, porque acaba sendo muito danosa do ponto de vista emocional e, por isso mesmo, gera medo, afastamento e muita frustração. Não importam a idade, grau de parentesco ou sexo. Importa que a raiva é um sentimento bom e protetor, mas que não deve ser indiscriminadamente dirigido nem surgir a troco de nada ou ter sempre a mesma pessoa por alvo preferencial.

Sentimos uma raiva justa e digna sempre que somos maltratados ou presenciamos alguém maltratar alguém, fazer mal a alguém, estragar alguma coisa ou machucar um animal. A esse tipo de raiva justa chamamos indignação. Ela nos faz tomar atitudes construtivas e recolocar as coisas em seu devido lugar.

Mas não é o mesmo caso quando trata-se de alguém que está descompensado e usando outro alguém como saco de pancada ou lata de lixo.

Em primeiro lugar, a pessoa que está sendo vitimada por esse tipo de agressão gratuita deve decidir se quer continuar se prestando ou não a ser usada para esses fins. O fim desse pesadelo começa com essa decisão.

O medo de dar início a uma nova dinâmica nesse relacionamento precisa desaparecer. Se houver medo de mudar, não vai funcionar. O medo de um alimenta a agressividade e a covardia do outro e vice-versa. Uma vez que a decisão de mudar essa dinâmica tenha sido tomada, o próximo passo é: afastar-se da pessoa que está atacando. Começou o ataque? Saia de perto. Não importa a hora nem o lugar. Largue a pessoa falando sozinha. Estão em público? Saia de perto. É de noite? Saia de perto e vá para a casa de um vizinho.

Tem vergonha de fazer isso? É porque o medo de mudar ainda não passou. Reforce a decisão inicial de vencer o medo. O manejo da raiva destrutiva passa pela necessidade de fazer uma TCC - terapia comportamental-cognitiva, que trabalha na percepção e na reestruturação dos modos de pensar, de perceber o mundo, a relação entre os eventos, o que é e o que não é passível de modificar na gente, enfim, o método leva a pessoa a criar condutas outras que lhe permitam expressar suas raivas positivas e não, simplesmente, a despejá-las inadequadamente, sem se dar conta de seus efeitos danosos sobre as pessoas com as quais convive, o que acaba por gerar um verdadeiro efeito boomerang: é fácil justificar ter agido mal com alguém, só porque esse alguém agiu mal com a gente antes!

Tem gente que tem raiva incontida por puro hábito. Porque não foi educada para se conter. Feito criança mimada. Mas tem gente que sofre de distúrbios afetivos. Seria interessante conversar mais longamente com um médico, sabe? Buscar um bom psiquiatra, fazer uma boa anamnese (traçar um histórico de vida) dele e sua, porque você também pode ter o mau hábito de se prestar ao papel de vítima. Daí se juntam a fome com a vontade de comer. Então, os dois precisam se corrigir. É preciso estudar com carinho se você não estará gerando um campo fértil e propício para que essa pessoa cometa esses ataques a muito tempo, por não ter reagido antes, por não ter-se posicionado melhor, por nutrir algum medo em relação a essa pessoa, até chegar no que chegou.

E é preciso, também, observar melhor e levar essa pessoa ao médico (tudo a seu devido tempo) para saber se há ou não outros fatores agravantes associados: abuso de álcool, consumo de drogas, um distúrbio metabólico, enfim, há sérias questões de ordem médica que podem piorar o humor de uma pessoa e que, sem se dar conta, desconta na pessoa mais próxima que, no caso é você.

De qualquer forma, não fique sozinha nessa história toda. Convoque a família. Se não todos, chame algum filho, algum irmão seu ou dessa pessoa e, se não os tiver, algum amigo ou amiga. Boa sorte!


Ana Fraiman