31 de maio de 2011

Amor versus individualidade



Ao longo do segundo ano de vida a criança vivencia enorme avanço em suas competências: aprende a andar, a formular as primeiras frases, aprimora suas aptidões motoras etc. Se até então seu maior prazer era ficar no colo da mãe, usufruindo da paz e aconchego similar ao que foi perdido com o nascimento e sentindo por ela aquilo que chamamos de amor, agora ela gosta também de circular, especular sobre o ambiente, tentar entender para que servem e como é que funcionam os objetos. Coloca quase tudo que encontra na boca, tenta sentir seu tato, observa o que acontece quando deixa que caiam no chão. Dá sinais de grande satisfação a cada nova descoberta. Está praticando os primeiros atos próprios de sua individualidade - e se deleitando com eles.

Tudo isso acontece na presença da mãe. Sim, porque se ela for para um outro local, a criança imediatamente abandona o que está fazendo e sai em disparada atrás dela. O mesmo acontece se levar um tombo: corre chorando de volta para o colo. Diante da dor física ou da iminência de distanciamento exagerado da mãe, a sensação de desamparo cresce muito rapidamente e aí se torna absolutamente necessária a reaproximação. Há, pois, uma clara alternância de preferências: estando tudo em ordem, o que a criança quer é exercer os prazeres da sua individualidade em formação; ao menor desconforto, busca no aconchego materno (amor) o remédio para todas as dores.

Não há como não compararmos nossos comportamentos ditos adultos com o que acabei de descrever: queremos exercer nossa individualidade com a máxima liberdade, mas queremos voltar para casa e encontrar o parceiro à nossa espera. Ficamos bem longe da pessoa amada por algum tempo, mas depois o desejo maior é o de nos aconchegarmos; se isso não é possível, sentimos a dor forte correspondente à saudade (mistura de abandono com lembrança do calor que advém da companhia). Temos a nosso favor o benefício de um imaginário mais rico e a capacidade de nos comunicar com o amado à distância graças aos recursos tecnológicos: sentimos-nos aconchegados, mesmo longe, graças às palavras e juras de amor.

No convívio íntimo, parece que queremos mesmo é encontrar uma fórmula capaz de conciliar amor e individualidade: quero, por exemplo, assistir ao programa de TV do meu interesse e quero que minha amada esteja ao meu lado, se possível bem agarradinha. Ela, também interessada no aconchego, poderá tentar achar graça, por exemplo, no jogo de futebol que tanto me encanta. Mas talvez não consiga e aí começam os problemas. Ela se afastará, indo em busca daqueles que são os seus reais interesses individuais. Eu me sentirei rejeitado, abandonado e mal amado; tentarei pressioná-la com o intuito de fazer com que volte. Ela, prejudicada em seus legítimos direitos, irá se revoltar e a briga (chamada de briga normal dos casais) será inevitável.

O homem é, ao mesmo tempo, a criança e a mãe. O mesmo vale para a mulher. Querem exercer sua individualidade, mas sem se afastar muito um do outro. Lutarão pelo poder, para definir quem irá impor o ritmo e a programação. Por maiores que sejam as afinidades, sempre irão existir atividades que são do interesse exclusivo de um dos membros do casal. A fórmula tradicional - homens mandam e mulheres obedecem - não funciona mais (felizmente).

O que fazer? Só há um jeito: o crescimento emocional de ambos para que a dependência típica do amor infantil se atenue. Que cada um consiga se sentir em condições de exercer suas atividades, de modo a liberar o parceiro para fazer o mesmo.



Flavio Gikovate 

30 de maio de 2011

Assim não dá!!! Explode coração!!!


Era Uma Vez... 


Era uma vez um sonho tão lindo, que já não se contentava em ser apenas sonho. Queria ter cheiro, gosto, olhos para lacrimejarem, beijos para doar... Mas era apenas um sonho!

Então, todos os elementos da natureza viram o sonho começar a se dissipar. Acharam muito triste aquilo! O sonho era lindo demais para ser deixado de lado!


Então, começaram a confabular. O que poderiam eles, elementos tão singelos, simplórios, que mantivessem o sonho vivo e resplandecente?


Pois depois de muito pensarem e argumentarem, ficou decido que cada um doaria um pouquinho de si, fariam uma condensação de elementos para presentear o sonho, para que ele não morresse!


Então juntou-se numa bacia d'agua mais cristalina que havia no mundo, um tanto de nuvens suaves, perfume de rosas e flores as mais variadas, as cores do arco-íris, os mais luminosos raios de sol, o verde mais verde de dentro das matas, os assovios mais encantadores de todos os pássaros, o toque amadeirado com notas de sândalo que iria quebrar um pouco do doce mais doce do mel mais suave.


Juntando-se todos os sabores e odores mais preciosos que cada pedacinho da natureza possuía, o ser humano doou carne e assim formou-se o corpo mais puro e belo que havia. Alguns notaram, depois de análise minuciosa, que haviam alguns defeitos, algumas imperfeições, uns toques meio azedos e outros meio espinhosos.


Mas apesar disso, embrulharam o presente no mais brilhante desejo!


Quando chamaram o sonho e lhe presentearam, tão exultante que ficou, preencheu todo o corpo, enchendo-o de vida.


Esse corpo era feminino, dourado, delicado. Espalhava luz, enfim, em cada etapa do desenvolvimento que se descobriu possuir de dentro pra fora do corpo juvenil. E o corpo tinha olhos que tudo viam e lacrimejavam por cada nuance que percebia. E tinha lábios cheios de calor que doavam os beijos mais suaves e gentis. Tinha no peito um coração enorme, que guardava cada dos elementos que o haviam gerado, assim como novos elementos que lhe acrescentavam a cada dia!


Esse corpo ficou chamando Lena, e sua luz ainda hoje é pressentida...!


  Com muito carinho pra vc, minha amiga linda.

Os sonhos que tenho são pedacinhos do céu, são todos que me presenteiam com sua presença única e inigualável.


Hoje minha homenagem a esta amiga tão especial que há momentos,

acredita que posso me esquecer dela.

Não é possivel que isso aconteça, florzinha!


Beijos, Lena.



Poema da minha linda amiga Kiro Menezes, postado em 30 de maio de 2011, 

Depois, quando puderem, vão lá conhecerem essa pessoa linda que é Kiro e o seu trabalho incrível, lá no Diário da Kiro. Vocês não vão se arrepender!
Meus amigos, a única forma que tenho para agradecer a Kiro, virtualmente, é reeditando  o post dela com essa linda homenagem a mim dedicada, aqui no "Amadeirado". Muitos já devem estar me achando uma chata e convencida, mas confesso que não sou "vaidosa", mas estou, sim,  muito feliz em poder compartilhar com vocês todos! E, todos vocês, sem nenhuma exceção, são muito especiais pra mim também! Como bem o disse Martha Medeiros, "Tenho vários amigos que enriquecem minha vida e se encaixam no meu conceito de "pessoas especiais", mas meu coração é espaçoso e está em condições de receber novos inquilinos...”
Obrigada, Kiro, sempre!!!

Lena Simões


Fim de caso



Na hora do basta, eles tremem. Mesmo descontentes, os homens têm dificuldade na hora de por um ponto final na relação. Especialistas dizem que, ao contrário do que ocorre com as mulheres, se eles não agem de acordo com o que sentem, é pura falta de preparo para uma vida mais solitária.

A explicação dessa dificuldade está no modelo familiar instituído, séculos atrás, pelo catolicismo, no qual o pai, como chefe da família, ocupava o lugar de Deus no ambiente familiar.

Esse modelo predominou durante muito tempo, e ainda hoje existem resquícios disso. O soberano não pode abandonar seu reino, e o pai não pode acabar com sua família. A mulher, no papel de súdito, tem mais facilidade para "deixar o reino".

Em alguns casos, mesmo insatisfeito, o homem busca sua realização afetiva fora do casamento e sustenta o núcleo família. É raro ele sair do casamento para viver sozinho. Geralmente, o parceiro decide pelo fim quando vislumbra a possibilidade de constituir uma nova família com outra pessoa.

E isso não é à toa. O homem é criado e educado por uma mulher, seja mãe, empregada ou algum familiar, que supre suas necessidades domésticas. E cria nele a expectativa de que, no casamento, a esposa assumirá esse papel. Daí a dependência dele por uma vida a dois. Embora essa realidade esteja mudando, a mulher ainda é mais treinada para resolver problemas e se virar sozinha. Eles, pelo contrário, têm mais dificuldade em viver só.

A postura muda dependendo do estado civil. Quando o homem está solteiro, com um espírito de conquista, não sente essa dificuldade, até porque a sociedade machista aplaude esse comportamento 'Don Juan’. Se o contexto é o casamento, ele sente medo de perder a estabilidade. Há psicólogos que acreditam que a dificuldade existe em ambos os casos. Porém, o homem é o gênero que precisa mais de família. A mulher, por ser a base da família devido à gestação, é mais independente.

É preciso estar atento aos sinais para saber se existe insatisfação no relacionamento. Quando existe abertura para diálogo, o descontetamento é verbalizado. No entanto, quando falta intimidade, a insatisfação aparece em detalhes, gerando conflitos no cotidiano. Às vezes, o detalhe é o significativo do todo.


Andrea Guedes 

29 de maio de 2011

Quais são suas reais necessidades?





Quantas vezes temos necessidades físicas e emocionais e as negamos como se não as sentíssemos? Você pode até dizer que sabe quando está com fome e por isso come até mais do que gostaria. Mas quantas vezes você comeu mesmo sem fome, só para satisfazer uma necessidade que pensava ser fome? Você tem certeza que sua necessidade em alguns momentos é mesmo de comida? Quantas vezes comeu por raiva, ansiedade, nervoso, preocupação e só percebeu seus reais sentimentos depois que comeu? Não percebemos nossas necessidades na mesma proporção em que não percebemos nossos sentimentos, negamos até mesmo necessidades básicas.

Desde muito pequenos aprendemos a nos distanciar daquilo que sentimos e a priorizar as necessidades dos outros. Você nunca deixou o maior pedaço de bolo ou o maior bife para que seu marido ou sua filha comesse? Quantas vezes deixou de comprar um roupa para você, mas não deixou de comprar para seu filho? Você nunca poupou seu marido de ter que fazer o supermercado e, mesmo sobrecarregada e sem tempo, você conseguiu fazer as compras?

Como são divididas as tarefas da casa? Igualmente entre todos? Você tem o privilégio de chegar em casa depois de ter trabalhado dia todo e ir direto para o banho, sem ter nada para fazer? Ou ao chegar você coloca roupa na máquina de lavar, o feijão para cozinhar, enquanto isso, liga o computador, recebe e-mails, retorna alguns telefonemas pendentes, conversa com o filho, arruma a mesa para o jantar e depois disso tudo, seu marido chega e ao encontrar tudo praticamente em ordem, ele vai direto para o banho? Acontece assim em sua casa? E ao sair do banho, ele vai deitar só um pouquinho porque está muito cansado. E você, como se sente? O que faz com que a necessidade do outro se torne mais importante que a sua?

Geralmente sequer percebemos que temos necessidades. Algumas vezes, não falamos o que sentimos para evitar uma briga e chegamos a ponto de negarmos para nós mesmos o que sentimos e, assim, vamos levando, como diz o ditado: empurrando com a barriga. Mas até quando podemos viver assim? Você já parou para pensar nas possíveis causas dessas atitudes? O que faz com que neguemos nossas próprias necessidades enquanto buscamos suprir de quem está a nossa volta?

Muitas vezes aprendemos a negar nossas necessidades, ainda muito pequenos. Um exemplo: um bebê chora porque está com fome, mas a mãe não o atende. Por outro lado, quando não chora, a mãe o alimenta, pois está na hora. Assim, aos poucos, o bebê conclui que ao expressar sua necessidade, não é ouvido, mas quando não o faz, recebe atenção.

Outro exemplo: a criança ao chegar da escola triste porque brigou com um amiguinho, ouve a mãe dizer que isso não tem importância, porque briga de criança logo passa, que isso é bobagem. O que é bobagem, a tristeza da criança? E as infinitas vezes que essa mesma criança ouviu que criança não sabe o que fala, ou que só faz coisa errada? E aquela mãe que diz não é nada quando a criança pergunta por que ela está chorando? Alguém chora por não estar sentindo nada? É possível se sentir digno de confiança dessa mãe que nega o que está evidente? Como alguém pode crescer se sentindo importante e consciente de seu valor enquanto pessoa se tudo que faz ou sente é errado, ou se não lhe dizem a verdade?

À medida que essa criança cresce irá registrando em seu inconsciente que é melhor negar e não demonstrar o que sente, pois aprendeu que mesmo que demonstre suas necessidades, elas não serão atendidas. E você, quantas vezes teve alguém que realmente se importou com o que sentia, com seus medos, seus pesadelos, suas dúvidas, quando era criança? Quem o ouvia com atenção e o fazia se sentir compreendido e seguro?

Antigamente, raramente os sentimentos de uma criança eram ouvidos e respeitados, levando-nos muitas vezes à conclusão que para satisfazer nossas necessidades não devemos demonstrar que as temos. É assim que desde crianças aprendemos a negar nossas necessidades, sentimentos e supervalorizamos as necessidades de outras pessoas. Assim, passamos a dar ao outro aquilo que gostaríamos de receber.

Como esse processo todo acontece de forma inconsciente, raramente percebemos que fazemos isso e até damos justificativas quando fazemos por alguém o que sequer pensamos em fazer por nós mesmos. Nos preocupamos com todos, buscamos suprir as necessidades de todos, amenizamos o sofrimento de muitos, mas insistimos em negar o que está dentro de nós. Resultado: insatisfação, depressão, doenças. Até quando você irá agir como se não sentisse?

Enquanto você mesmo não respeitar o que sente, o que precisa, dificilmente as pessoas irão respeitá-lo. Procure se ouvir mais. Identifique o que precisa, suas necessidades em todos os aspectos, não apenas físico, mas também, e principalmente, suas necessidades emocionais.

Do que você mais sente falta neste momento? De um colo, um ombro amigo para chorar? Fale isso para seu namorado, marido, esposa, amigo. Deixe-o saber o que quer, assim dará ao outro a chance de fazer um pouco mais por você. Continue fazendo com que as pessoas que estejam ao seu lado se sintam importantes por serem tratadas da forma especial com que você as trata, mas isso não requer que deixe de lado suas vontades, desejos, necessidades e sentimentos. Não espere alguém perceber suas necessidades para que elas sejam supridas. Sabe aquela atenção, amor, carinho e dedicação que você distribui entre aqueles que ama? Dê um pouco para si mesmo, sempre e incondicionalmente!



Rosemeire Zago 

27 de maio de 2011

Uma homenagem além das nuvens!



Meire,

Não poderia deixar de postar na página principal do "Amadeirado" esse presente lindo que você me ofereceu ontem. Sem palavras! Mil emoções! Obrigada, meu anjo da guarda. Obrigada, meus amigos!!!

Em tempo, a Meire é uma garota muito especial que escreve coisas lindas no seu blog My Crystal Visions!!!



"Amadeiradamente além das nuvens


 Lena, um anjo na vida de tantos,
Cuida de um cantinho cheio de luz,
onde às vezes por emoção ficamos aos prantos
pelas reflexões e suavidade com que nos conduz.

O nome desse cantinho é Amadeirado

que sempre nos acolhe com delicadeza
deixando nosso coração amparado
e nossa vida brilha adquirindo mais riqueza.

Não é somente o cantinho que nos banha com palavras de suavidade e frescor

Há outro detalhe que nos faz gostar dele mais e mais
São suas palavras tão gentis Lena, minha flor.
Nelas, tantas vezes, encontramos o que precisamos; a paz!

Por esses momentos tão acolhedores,

que nos proporciona a cada visita cordial
Você merece 500 e outros milhares de seguidores,
pois você é uma pessoa muito especial".
(Meire)

Não bastando essa poesia de sua autoria, ainda veio mais emoção:

"Tem o trecho de uma música que cabe bem aqui: Não te trago ouro, porque ele não entra no céu e nenhuma riqueza deste mundo. Não te trago flores, porque elas secam e caem ao chão. Te trago os meus versos simples, mas que fiz de coração".



Obrigada, Meire!

Em seguida, outra ótima surpresa. O meu querido João, do Blog Sobre o Tempo, também transformou o selo comemorativo dos 500 Seguidores do Amadeiado, em post  no Blog dele! Obrigada, João

 
"Lena, agradeço o carinho e fico honrado em fazer parte do sucesso do seu blog. Não é fácil atingir um número tão grande de seguidores. Isso é prova de que seu blog é muito bom. Parabéns Lena. 

Aos leitores deste post, recomendo a visita no blog "Amadeirado":

http://amadeirado.blogspot.com Postado por Sobre o Tempo às 11:51


Obrigada, João.

Lena Simões



 

Coragem de desistir



Hoje precisava escrever sobre esse tema que... em principio, parece tão controverso.

Certa vez, num domingo, estava na casa de um namorado, lendo jornal na sala, eu num canto e ele em outro. De repente me veio uma luz, como se eu estivesse mais lúcida, como se os véus que me faziam imaginar o que se passava do outro lado, tivessem caído finalmente. Comecei olhar o ambiente, a situação e o que eu estava fazendo com a minha vida. Nada fazia mais sentido, meu lugar não era mais ali. Comecei a enxergar a situação com outros olhos, os olhos espirituais. Maravilhoso enxergar com esses olhos... os olhos da alma... que nos colocam em contato direto com o que realmente vale a pena... com o certo.

Era hora de desistir, eu não estava acostumada a desistir de nada. Sempre terminei os cursos que comecei, sempre me achei persistente... sempre achei que desistir de qualquer coisa era para pessoas fracas.


Hoje, depois de muitos anos, percebi que desistir era meu ponto fraco. Sempre tive vontade e coragem para continuar, persistir e não entendi a linha tênue que existe realmente entre a teimosia e a persistência. Uma grande amiga dizia que ela era tão teimosa que o ascendente dela era em mula e não em Capricórnio. rsrs

Hoje eu entendo que muitas coisas nos machucam, muitas pessoas e situações passam dos limites de tolerância e do respeito. Deus, o Universo e nossa própria alma mostram que é chegada a hora de desistir de uma situação que já se esgotou e que ainda estamos presos por fios de dependência emocional, por medos infundados.

Hoje, conversei com um amigo que estava numa situação muito difícil numa empresa e resolveu ponderadamente deixar cair o que tem que cair... simplesmente cair.... sócios que não servem mais... produtos que não dão mais lucro... formas administrativas inadequadas.

Veja bem... não estou incentivando ninguém a desistir de nada. Estou dizendo que muitas coisas já acabaram faz tempo e nós não queremos aceitar que é chegada a hora de mudar, transcender. Água parada apodrece, água que fui purifica, limpa.

Dizem que o casamento de pessoas que se amam não se inicia na troca das alianças mas... na troca de olhares. Também acredito que muitas situações não terminam quando o juiz assina, elas já terminaram muito antes com o desrespeito, a traição, a desconexão.

Enfim, é preciso ter coragem de desistir do que nos faz mal, do que não é mais..

É preciso ter coragem para persistir no bem. Tudo o que faz bem para o corpo e para a alma. Aprendi a escolher tudo assim... estou aprendendo a confiar mais e mais em mim mesma e no Universo

Segundo Amyr Klink: o maior medo do navegador é o de não partir...




Simone Arrojo

26 de maio de 2011

Um ano repleto de... 500 amigos incríveis!!!








"A gente não faz amigos, reconhece-os."


Vinicius de Moraes



Ficaria muito feliz se vocês recebessem e levassem consigo  - caso queiram -  o selo "Amadeirado: 500 corações"  como uma forma de agradecimento e retribuição pelo carinho imensurável que venho recebendo de vocês, desde 28 de maio de 2010.

E vou lhes contar um segredo: esse tal de "Amadeirado"  tem um coração enorme! Sempre caberá mais um para fazê-lo pulsar mais e mais, distribuindo sempre muito amor!!!

Obrigada pelo legado de cerca de  32.539 acessos, 2.886 visualizações de perfil,  2.136 comentários, desde 28 de maio de 2010, data da primeira postagem!

Beijos,

Lena Simões

Não quero saber...




Você evita pensar ou falar sobre o que sente ou convive com alguém assim? É muito comum as pessoas não desejarem saber sobre alguns fatos que estão bem diante delas. Estamos habituados com frases feitas como: o que os olhos não vêem o coração não sente, ou pensar dói, não quero nem saber..., vamos colocar panos quentes ou ainda, a crença que devemos colocar para debaixo do tapete situações ou atitudes das quais não concordamos ou que nos machucam e por isso mesmo, tendemos a fugir, negando o que é óbvio. Mas quais as conseqüências disso? Muitas!

Em algum momento aquilo que, até então, estava escondido pode se manifestar de alguma forma, seja por um sintoma, doença, acidente, angústia, insegurança, tristeza, culpa, arrependimento, entre outros; e muitas vezes sequer relacionamos o fato a situações mal resolvidas e acumuladas ao longo do tempo. Isso acontece porque ainda que nossa consciência queira negar, tudo é registrado pelo inconsciente. Ou seja, uma situação não deixa de existir apenas porque a negamos. Quando evitamos a verdade, estamos omitindo de nós mesmos o que sentimos e nos negando a possibilidade de evitar conflitos futuros. Que com certeza irão existir.

Em algumas situações, pode até ser mais prudente adiar a conversa sobre o que aconteceu e como nos sentimos, mas isso não significa deixar pra lá, como muitas pessoas preferem. Em algum momento de nossa vida, o deixar pra lá vai ressurgir e em geral, de maneira muito mais intensa, pois irá se somar a muitas outras situações que também foram deixadas pra lá. É a famosa última gota que faz tudo transbordar! Transborda a paciência, tolerância, a raiva, o ressentimento, as mágoas, podendo comprometer a amizade, admiração, e até o amor!

Quando somos acusados injustamente por algo que não fizemos, é natural que tentemos nos defender, mas nem sempre fazemos isso, pelos mais diferentes motivos. Alguns alegam que é para evitar brigas, outros sentem dificuldade em demonstrar o que sentem diante de alguma situação, outros ainda querem tanto agradar que nem pensam na possibilidade de dizer o que pensam, enfim, no fundo queremos poupar o outro em detrimento de nosso próprio sofrimento. É justo? Não quero defender a idéia de que devemos brigar por tudo, mas saber impor limites e nos fazer respeitar quando alguém nos invade, nos machuca, deve ser entendido como saudável e não como mais fonte de brigas. Se a briga acontece porque você demonstrou que não gostou de uma acusação, uma palavra ou gesto que te ofenderam, na verdade está lidando com uma pessoa imatura e que não suporta ser contrariada.

Já percebeu que algumas pessoas têm a necessidade de inferiorizar o outro com brincadeiras inadequadas e desagradáveis? Sabe por qual motivo agem assim? Em geral, para sentirem-se superiores. É certo com você mesmo agir como se nada houvesse acontecido? E nos relacionamentos afetivos? Quantas pessoas não sabem nada da vida do outro? A parte financeira é algo sigiloso até entre os casais. E sabe o que aconteceu com um casal que conheço? O marido veio a falecer num acidente e a esposa ficou totalmente perdida e sem nenhum recurso financeiro, pois nada sabia sobre isso. Quantas histórias você conhece que aconteceu isso? Se não conhece, saiba que é muito freqüente.

Outra situação muito comum é de pessoas que buscam sempre agradar ao outro e cedem em tudo, deixam que o outro escolha a comida, onde viajar, o filme que irão assistir, e assim, com o tempo acabam se tornando desconhecidas de si mesmas, sem saber mais o que gostam. E não é surpresa se o outro deixar de ter a admiração e atração que tinha por você. Afinal, onde está aquela pessoa por quem um dia se apaixonou se ela se tornou uma extensão dele?

Atendi um senhor em meu consultório que durante as férias sua esposa e os filhos foram viajar e ele ficou. Numa noite foi até a pizzaria e não sabia qual o sabor da pizza escolher, pois sempre deixava que esposa e os filhos decidissem. Inconformado, voltou para seu carro e decidiu que não voltaria para casa sem escolher aquilo que queria comer. Demorou quase uma hora, mas conseguiu ouvir a si mesmo e fazer sua escolha. Depois disso, sempre que vão comprar pizza ele pede que ao menos dois pedaços sejam com seu recheio preferido.

Parece brincadeira, mas isso mostra o quanto nos perdemos até para fazermos escolhas tão simples como uma pizza, quem dirá para outras coisas. Sim, é importante cada um ceder em algumas situações, mas isso não quer dizer fazer o que agrada apenas para um. Relacionamento é troca, em todos os sentidos. E aquelas pessoas que estão sempre fugindo de uma conversa mais séria, evitam falar o que não gostaram para não machucar o outro ou evitar maiores aborrecimentos, devem pensar no quanto já estão machucadas, o quanto estão permitindo serem desrespeitadas, talvez até porque nunca aprenderam a se respeitar.

Pense sobre isso. Não coloque o que sente para debaixo do tapete, pois poderá chegar um momento em que terá tanta sujeira, que você não conseguirá sequer mais enxergar o outro à sua frente, e sequer a si mesmo. Converse, converse muito sobre tudo, afinal, o diálogo é o que nos faz seres humanos e nos aproxima de quem tanto amamos.

Rosemeire Zago


25 de maio de 2011

Uma janela para o amor



A felicidade está onde não a pomos e a pomos onde não estamos...

Como definir o amor? A respiração se acelera, o coração parece que sai pela boca! Sentimento estranho que provoca arrepios na pele... Por que gostamos de um e não queremos nada com o outro? O coração tem razões que a própria razão desconhece... Ninguém manda nos sentimentos.

Que o nosso amor seja eterno enquanto dure... já dizia Vinícius de Moraes. Vem com a força de um furacão e ai de quem for contra! A alma só enxerga perfeição e o dia-a-dia fica leve como a asa de uma borboleta. Tudo flutua e a vida é maravilhosa... O amor é lindo!

À busca pelo verdadeiro amor, quem resiste? Não existem regras e vale tudo! Lembrar a lei do retorno: tudo que plantamos, colhemos. Essencial é haver equilíbrio: ser bom para ambas as partes. Chantagens emocionais combinam com esta história de amor?O amor é cego, mas os vizinhos não... As paredes têm ouvidos e sabem de cada coisa!

E os casais que adoram cenas cinematográficas? Mostram todo o seu arrebatamento em público, como se a paixão fosse uma questão de vida ou morte! Quem pode com eles? E o superbonder que precisa ficar grudado o dia todo, esquecendo que a vida é mais holística? Deixar de ter outros interesses também acaba com o amor!

A competição só atrapalha o romance. Por que se sentir inferior se ela ganha mais? Necessidade de provar que é a dona da verdade ou de ser o galinha do pedaço só dão triunfos passageiros e a sensação de vazio permanece. Dar chances para que o amor bata à porta. Sair da superficialidade do ficar. Recordar que mais vale um pássaro na mão que dois voando.

Pode uma amizade sincera evoluir para o amor? Talvez não seja aquele fogo queimando por dentro, porém pega muito mais profundo e sem máscaras. E aquela paixão de adolescentes que praticamente foram os primeiros namorados e se casaram? É amor ou amizade? E se aparece mais tarde o grande Amor de sua Vida? Deixar de viver uma verdadeira história de amor por pura covardia, por medo de viver plenamente!? Já está tudo tão acomodado, para que ir em busca de emoções desconhecidas?

Ter que recomeçar tudo, não saber se vai dar certo. Vale o risco?

Monotonia segura casamento? Muitos continuam juntos, mas saem para arejar de vez em quando. Não é pior? Estamos nos enganando e o preço que pagamos no inconsciente é muito alto.

Será que ficar sozinho é tão terrível? A sociedade cobra namorado, noivo, marido, filhos, netos... Mas ela ajuda a cuidar? Quem é responsável pela sua vida? Não é melhor a solidão bem curtida do que se amarrar para satisfazer os outros? Renunciar a seus sonhos porque a outra não quer, não suporta, não tem vontade... E um tipo visual que gosta de silêncio com uma jovem auditiva? Dá certo?

Para que um grande amor valha a pena é necessária muita tolerância, saber ceder.

Aceitar o outro plenamente com suas qualidades e defeitos, como todo ser humano! Perdoar pequenas falhas. Não estamos falando de pular a cerca! Se há necessidade de experimentar outras emoções, significa que o relacionamento já deu tudo que tinha que dar... Hora de pegar as malas e partir para outra!

Ter coragem de encarar a vida de frente. Chutar o pau da barraca! Tentar. Fazer mais que um amor de verão. Não há emoção maior... Mostrar que a vida é feita de pequenos detalhes... mas tão significativos! Respirar a própria essência e curtir profundamente todos os momentos tão ricos... A nossa vida tem que valer a pena! Ah, o amor é lindo!



Mon Liu 


24 de maio de 2011

O mito da mulher misteriosa



Com certeza você já deve ter visto uma dessas ou no seu trabalho, grupo de amigos ou mesmo andando nas ruas. Talvez você até mesmo seja uma dessas mulheres.

É fácil reconhecer a mulher misteriosa. Ela jamais atende o celular na sua frente. Se levanta e vai atender bem longe de você. E você não sabe se ela está narrando alguma postura do Kama Sutra ou uma receita de bolo de fubá da vovó. O toque do seu celular é discretíssimo e você nem percebe que ela saiu de perto pra atender. Porque ela também é discretíssima.

Por que terminou o namoro da mulher misteriosa? Ela enjoou dele? Levou um pé na bunda? O cara morreu? Ela tá sofrendo? Você nem sonha. Ela não conta nem pro terapeuta. Aliás, você também jamais vai descobrir se existe um terapeuta.

Sua idade é entre 25 e 38 anos. Não dá pra saber só de olhar. Seu rosto se desfaz em segundos. Talvez ela more nos Jardins. Pinheiros. Veio de Curitiba. Ela é carioca? É ali por perto, você acha. Seu carro é preto ou cinza, quase certeza. Ela gosta de música, porque vive de I-pod. Mas o que será que ela escuta? Nada. você não sabe absolutamente nada da mulher misteriosa. Quando você a encontra no banheiro, dá um segundo e ela desapareceu. E você louca pra descobrir, ao menos, a marca da sua pasta de dente.

Numa mesa de bar com conversa animada ela se limita a sorrir. Numa festa importante ela se limita a aparecer por minutos e desaparecer em segundos. Em um show ela jamais canta as letras, rebola, comemora, fica suada. Aliás, quem é que já encontrou ela em algum show? Ou em algum lugar? Mas era ela, não era?

Dizer seu nome em vão parece até um pecado. Ela nunca fala de ninguém e muito menos dá assunto para alguém falar dela. Não se tem nada a dizer dessa mulher. Mas, para desespero geral de todas as outras mulheres, o mundo não tem outro assunto.

Todos os homens desejam loucamente a mulher misteriosa. Todas as mulheres desejam loucamente a mulher misteriosa. Sua personalidade incerta acaba se tornando uma personalidade fortíssima e seu jeito anulado acaba se tornando um espaço gigantesco para todos imaginarem o que bem quiserem.

E eu, como estava dizendo, sempre quis ser dessas mulheres imperfuráveis, inatingíveis, inaudíveis e incompreensíveis. Mas nunca consegui. Quando vou ver, já contei minha vida pra primeira pessoa que me deu um pouco de atenção. Já to rindo alto no restaurante porque não me controlei e fiquei feliz demais. Já escrevi um texto sobre o fulaninho da terça passada e publiquei numa revista. E o fulaninho ta morrendo de medo porque escrevi que gosto dele. E se alguém perguntar, vou dizer mesmo que goste dele. E se ele não gostar de mim, minha tristeza não será segredo para ninguém. E minha pasta de dente é para deixar os dentes branquinhos. E quando vou ver, lá se foi a mulher misteriosa que eu gostaria tanto de ser. Porque eu jamais poderia ser uma.

E sofri anos com isso. Até que resolvi conviver de perto com algumas mulheres misteriosas para tentar descobrir o que se passa na cabeça e na alma desses seres incríveis que nunca têm nada a dizer, a doer, a aconselhar, a cantar, a dançar, a morrer de rir, a fofocar, a detalhar, a exagerar, a sonhar, a dividir, a acrescentar. E descobri que a coisa era muito mais simples do que eu imaginava: nada. Não se passa nada de relevante nem na cabeça e nem na alma dessas mulheres.

As mulheres misteriosas, tão admiradas e desejadas, não passam de mulheres sem a menor graça. Elas não calam por mistério, charme ou discrição. Calam porque simplesmente não há nada mais sábio que elas possam fazer.

Tati Bernardi 

23 de maio de 2011

Quanto tempo dura uma paixão?




Paixões arrasadoras, com "P" maiúsculo, daquelas para valer, são raras: uma, duas, três durante toda a vida. Em geral, dá para contar nos dedos. Não estou falando de minipaixões - aquelas que duram um dia, uma semana, um mês, nem de paixões vividas à distância, que podem durar anos. Estou me referindo às paixões clássicas, irresistíveis, avassaladoras, que colocam a vida de pernas para o ar e nos fazem perder o rumo de casa.

Se dependesse da nossa vontade, é claro que a paixão jamais acabaria. Mas estudos científicos mostram que esse tipo de envolvimento, quando vivido realmente (e não apenas sonhado), dura de dezoito a trinta meses. Ou seja, em média dois anos.

Como a vida pode fazer uma brincadeira dessas? Leva-nos ao Paraíso, transporta-nos ao melhor dos mundos e, em poucos meses - para os amantes, sempre um prazo insuportavelmente curto -, joga-os de volta à realidade.

Pensando bem, a natureza é sábia. Nenhum ser humano suportaria por tempo indefinido esse clima de constante expectativa, de enorme antecipação, de incontrolável excitação e de total incerteza que toma conta dos apaixonados. Assim, com o passar das semanas, o estado de graça que caracteriza a paixão começa a se alterar. Os sentimentos, pouco a pouco, vão assumindo outros contornos e novas possibilidades se abrem diante dos amantes.

Mas esta já é outra etapa da nossa história. Vamos tentar compreender o perigoso e fascinante campo da paixão. Visto de permanência no Paraíso é sempre por tempo limitado

Duas pessoas se cruzam numa esquina da vida, uma vai se chegando, se acercando da outra, até que, depois de um período de aproximações sucessivas, tudo parece possível. A partir daí, o outro, que era inatingível, torna-se atingível, o que era intocável torna-se tocável. Entramos numa atmosfera em que o sonho vira realidade e a realidade vira sonho.

Sentimentos têm história. Por isso, os dois falam de suas vidas horas sem fim, durante dias, semanas ou meses. Na verdade, estão partilhando suas experiências, tornando-as comuns. Assim, os enamorados reconstituem a própria existência, tecendo-a em conjunto. É como se cada um redescobrisse sua identidade à medida que se revela para o outro.

Quem melhor descreveu esse estado de amor nascente foi o sociólogo italiano Francesco Alberoni. Ele explica que, mesmo sendo necessário um grande esforço e bastante tempo para ser descoberto pelo outro, parece não haver lógica entre o que se fez e o que de fato aconteceu. Sempre foi mais, foi além.

No estágio inicial do amor, a pessoa amada é vista como única, singular e incomparável. Isso porque o enamorado concentra todos os seus sonhos no outro e reencontra nele todos os amores do passado (pai, mãe, amigo, amante). Nessa hora, você entrevê o Paraíso, e isso não é pouco.

É fácil reconhecer a fase do amor nascente. Você provavelmente já viveu a experiência: transfigurou a realidade, dissociou-se dela, idealizou loucamente o parceiro. Nesse momento, todos nós conhecemos esperanças sem limites e medos avassaladores; mergulhamos em certeza inegáveis ("Estou vendo com os meus olhos, sentindo na minha pele…") e incertezas negáveis ("Será que estou só imaginando, será que estou apenas materializando meu desejo?").

Segue-se então um período de deslumbramento em que ambos ficam cegos pela impulsão de serem felizes - é a sensação do "eu mereço". Porém, não existe visto de permanência por tempo ilimitado no Paraíso. O visto é sempre de trânsito. A vida pergunta qual é a finalidade da viagem: turismo, negócios, lazer? Um congresso de sexo e amor? E carimba no passaporte: três dias, uma semana, um mês. Três meses, com direito a renovação. Findo o prazo, temos de fazer as malas e voltar para a realidade.

Sabemos quando estamos delirando, mas sabemos também que não podemos viver em estado permanente de delírio. Então, o que fazer? Cronometrar os dias, as horas, os minutos? Fazer contagem regressiva?

Não se deve medir o tempo em que se ama. Só o tempo cronológico pode ser cravado, cronometrado. O tempo subjetivo, não. Todos nós temos um relógio interno que nos diz quanto amamos e com que intensidade.

Quanto vale uma noite de prazer absoluto? Quanto tempo duram ou ficam gravados em nossa mente um olhar, uma carícia?

Encontros, músicas, ruídos, gestos de ternura, pedaços de conversa, essas coisas não se medem, não têm preço.

Quando a pessoa desperta desse estado onírico da paixão, o que acontece é que a paixão termina, e isso, em geral, provoca a morte da relação, ou então uma metamorfose. O fim do deslumbramento abre espaço para que o amor renasça com outra cara. A fase da paixão estonteante deve ser vista como uma etapa de um processo que continua.

Depois que os amantes voltam a colocar os pés no chão, surge a possibilidade da formação do vínculo amoroso, e a importância desse vínculo vai depender da quantidade e qualidade das trocas que os parceiros forem capazes de estabelecer.


Maria Helena Matarazzo


22 de maio de 2011

Por onde anda sua humildade?




Por que é tão difícil encontrarmos pessoas que tenham a humildade em suas características? O orgulho, a vaidade, o poder, a soberania e arrogância parecem sempre se sobrepor nas relações humanas. Algumas pessoas consideram o humilde como um ser menos digno, com menos potencial, menos capaz. Quanta ignorância! E assim querem ser tudo, menos humildes. Pisam nos outros, como se estivessem lidando com seres isentos de qualquer sentimento.
Na verdade, tratam aos outros dessa maneira, pois não consideram os próprios sentimentos, pois ter sentimento pode representar ser fraco. Não respeitam nada nem ninguém, pois também não se respeitam. Apenas estendem aos outros a maneira como foram tratadas na maior parte de suas vidas, e infelizmente, como ainda se tratam. No fundo, sentem que não são merecedores de amor e assim se tornam incapazes de amar, tornando as relações com quem se envolvem como grande fonte de sofrimento.

A pessoa arrogante, orgulhosa, não conquistou a humildade, pois não sabe apreciar e valorizar a simplicidade. Tem sempre que demonstrar seu ar de superioridade, menosprezando quem está ao seu lado, pois acredita ser esse o caminho que irá garantir ser reconhecido. Desprezar o outro, o faz acreditar que é melhor, superior.

Claro que falar de humildade não torna ninguém humilde. Mas por que é tão difícil praticar a humildade? Nossa sociedade ainda e, infelizmente, associa humildade com inferioridade, fraqueza, submissão e até pobreza. Quando, na verdade, está relacionada com distinção, respeito, gentileza, sensibilidade, graciosidade, simplicidade e, principalmente, autoconhecimento! Afinal, quem tem plena consciência do seu valor pessoal não precisa se exaltar, se mostrar aos outros, nem se comparar. Não precisa gritar para que todos ouçam o quanto é melhor! Não sente necessidade de exibir sua capacidade, seu poder, prestígio ou cultura, porque tem consciência de seus valores internos. Não precisa diminuir o outro para que consiga se elevar.

As pessoas humildes realçam e valorizam as pequenas grandes conquistas do dia-a-dia em sua essência. Tratam as outras pessoas como seres dignos de respeito, pois possuem a capacidade de se colocarem no lugar do outro em seu sofrimento. E você, como se comporta perante o sofrimento de quem ama e das pessoas que sequer conhece? Como trata as pessoas que estão à sua volta? Como valiosos presentes em sua vida ou como se estivessem sempre atrapalhando? Como enfrenta as dificuldades que surgem em seu caminho? Como trata aqueles que por vezes o machucam? Com humildade, serenidade, confiando em sua capacidade de superar e aprendendo com cada uma dessas pessoas ou julgando-as e condenando-as? Por que, por vezes, se torna tão complicado ser flexível diante de alguns acontecimentos? Por que tendemos agir por impulsividade, sem pensar e sem analisarmos as próprias atitudes, como se só o outro fosse errado? Por sermos superiores? Sermos o certo? Quem nos garante que agimos da melhor maneira? Será que somos honestos com o outro como gostaríamos que fossem conosco? Creio que seja preciso um tempo para refletir sobre essas questões e conseguir responder essas perguntas. Afinal, ninguém é superior a ninguém, apenas podemos, sim, estar em momentos ou estágios diferentes, apenas isso.

Pode ser valioso também aprofundar essa análise em sua infância. Conviveu com pessoas arrogantes, orgulhosas? A criança que convive com o preconceito, incompreensão, críticas excessivas, pais inseguros, inflexíveis, excessivamente exigentes, dominadores, pode ter dificuldade quando adulto de desenvolver a humildade, pois para ser aprovada era necessário muitas vezes ser igual, experimentando sempre uma sensação de carência. Assim, se tornam pessoas orgulhosas, não de quem são, mas de quem acreditam ser.
O orgulho, arrogância, em geral, faz parte de pessoas com pouco autoconhecimento, por não se conhecerem precisam passar uma imagem de pessoas seguras, exatamente ao contrário do que verdadeiramente sentem. Pisam nos outros como sentem que foram pisadas durante parte de sua vida. Estão sempre buscando corresponder às expectativas dos outros para serem aceitas, ignorando os próprios sentimentos e quem são na verdade. Isso pode gerar um sentimento crônico de insatisfação, buscando sempre ser admirada de alguma maneira. Acredita que o externo, com seus aplausos e reconhecimento, através de sua vaidade extrema e pela busca de status, poderão compensar a falta de contato com seu mundo interior, que na verdade, sequer conhece. Com isso, busca transmitir uma imagem idealizada de ser extremamente importante, não importando os meios pelo qual irá atingir essa imagem.
Mas será que vale mesmo a pena ser orgulhoso, arrogante? Será que vale perder um amor por orgulho? Vale perder uma amizade? É mais importante manter sua imagem do que ser humilde o suficiente para admitir seu erro e pedir desculpas? Por que não ser mais amoroso consigo mesmo e aos poucos perceber a riqueza de existe dentro de si? Por que não mudar a maneira de tratar a si mesmo e estender aos outros? Por que não perceber que o aplauso mais significativo com certeza sempre será o seu?
Pense sobre isso, acima de tudo com muita, muita humildade!

Rosemeire Zago 

21 de maio de 2011

Aceite-se para ser aceito pelos demais



Sentir-se rejeitado pelos outros é um sentimento que poucos conseguem superar facilmente, pois depende de uma elevada confiança em si mesmo, o que nem sempre temos. Quanto mais rebaixada nossa autoestima, quanto menos gostamos de nós mesmos, mais vulneráveis somos à rejeição. Quando uma pessoa com baixa autoestima perde uma pessoa que ama ou uma colocação profissional, passa a acreditar que não merece nada, que é indigna de ter o que deseja, sentindo-se completamente só e, principalmente, abandonada.

Mesmo as pessoas com elevada autoestima, ou seja, conscientes de seu valor, tendem a sentir os mesmos sentimentos quando há uma perda, pois neste momento perdem também o controle da situação que até então acreditavam ter e isso tende a abalar todas as emoções.

Lidar com a rejeição não é nada fácil, pois geralmente nos remete inconscientemente às situações de abandono durante a infância. Se alguém nos rejeita, de alguma forma não nos aceita, e se tentarmos mudar em função disso para agradar, tudo tende a piorar. Mas, na maioria dos casos, o outro dificilmente é a causa real do sentimento de rejeição, pois a sensação de sentir-se abandonado já existe internamente na pessoa. A dificuldade está em lidar com estes sentimentos anteriores somados aos atuais.

O principal antídoto ao sentimento de rejeição é não limitar todas as esperanças da vida a um relacionamento, ou seja, dedicar-se apenas ao marido, filho, a esposa, a mãe, ou a um emprego, não tendo mais nenhum outro objetivo, esquecendo-se de outras pessoas ou fatos importantes e principalmente de si mesmo. Mas não há nada pior do que acreditar cegamente e... ser abandonado. Se você admitir que pode um dia ficar só e ainda assim sobreviverá, correrá menos riscos de se sentir rejeitado. E também terá maior liberdade para mudar sua vida sem sentimentos de culpa.

Não devemos nunca perder nosso referencial interno, nem reduzir nossas esperanças ou colocar nossa expectativa de vida sob a direção de algo que não controlamos: o sentimento e a reação do outro. Por vezes, podemos ser preteridos e não é por isso que a vida deixará de existir ou que as coisas que desejamos deixaram de ser realizáveis, muito pelo contrário, pode ser a chance que temos de ter a possibilidade para irmos em busca daquilo que realmente queremos. Não podemos nunca depender da atitude de outra pessoa para termos certeza de nosso real valor.

É preciso que estejamos sempre conscientes de que as atitudes de outras pessoas nem sempre estão relacionadas à nossa pessoa, e, portanto, não são respostas a nós. Precisamos entender que os outros são seres humanos como nós e que às vezes podem nos dar um não ou uma resposta agressiva muito mais em função dos próprios conflitos internos e que nada têm a ver com sua pessoa. Mas como muitas vezes não consideramos a realidade interna do outro, imaginamos que estamos sendo rejeitados, mas muitas vezes a rejeição faz mais parte do nosso mundo interior do que da realidade.

Por isso, é importante saber diferenciar a reação dos outros em cada momento. Procure entender as razões do outro, pois muitas vezes o problema para agir assim pode ser mais dele do que seu. Seja como for, de nada adianta dramatizar a situação e colocar-se no papel de vítima. O drama e o sentimento de culpa só irão aumentar a sua dor. Encare a dificuldade do momento de frente e procure aprender com tudo isso. No mínimo, você conquistará maior autoconfiança e isso lhe será útil pelo menos na próxima vez.

Muitas vezes, o sentimento de rejeição é acentuado pela insistência em supervalorizarmos a opinião e aprovação dos outros de nosso modo de ser, pensar e agir. Damos aos outros o poder de juiz e permitimos que comandem nossa forma de viver. A excessiva importância dada à opinião e aos valores dos outros, por mais que estes queiram apenas o nosso bem, retrata uma irresponsabilidade quase infantil e inconsciente de acreditar que são eles que devem assumir e suprir nossas necessidades.

Cabe a cada um de nós satisfazer as próprias carências e não a quem está ao nosso lado. Acreditamos que ninguém deve nos dizer não, para que não nos sintamos rejeitados e abandonados, mas, na verdade, a principal rejeição não vem dos outros, mas está dentro de nós mesmos e resulta na falta de amor-próprio.

Pare de se criticar, mude o que acha que tem de mudar em si e torne-se mais independente da aprovação de outras pessoas. Aceite-se. Torne-se responsável pelo que você é e deixe que o outro seja responsável pelo o que ele é. Faça sua vida ser conduzida sob sua responsabilidade e seus valores, e não sob os do outro.

Pense que você tem a responsabilidade de se amar, se aceitar, aprovar e valorizar. Se atribuir essa responsabilidade ao outro, cada vez que ele negar, surgirá a rejeição, um sentimento que só você poderá se isentar de senti-lo. E lembre-se: nenhuma pessoa merece tuas lágrimas e quem as merece não te fará chorar.


Rosemeire Zago 

20 de maio de 2011

Querer é mesmo poder?



As pessoas mais persistentes acabam indo mais longe do que aquelas que ora querem uma coisa ora querem outra. Mas não basta ter um projeto em nossa mente para que ele se concretize.

A afirmação querer é poder pressupõe a concepção de que a vontade da nossa razão é soberana. Ela admite que basta que nossa mente construa um projeto e passe a perseguir esta meta para que todo o resto do organismo a siga. Assim, as pessoas não alcançariam um determinado resultado, não porque o querer não seja suficiente, mas porque o querer delas não seria bastante forte. Não desprezo, em hipótese alguma, a eficiência da razão e a importância de se querer muito uma coisa ou uma situação, para que se tenha mais chance de chegar lá. Não desprezo também os chamados poderes paranormais da mente, de tal forma que é possível que o querer muito abra portas para que um determinado evento aconteça.

Porém, acho fundamental fazermos algumas ressalvas a respeito desse assunto. A primeira delas é que não se deve incluir no querer coisas ou atitudes que dependam da vontade de outras pessoas. Por exemplo, posso querer muito ganhar num jogo de bingo domingo no clube. É possível até que a força da minha razão aumente as minhas chances de isto acontecer. Mas não acho que se possa querer muito que uma determinada moça – ou rapaz – passe a se interessar pela gente. Tenho todo o direito de tentar me aproximar das pessoas que despertam em mim a admiração e o interesse. Mas tenho o dever de respeitá-las, de modo que não me resta alternativa senão me afastar quando não encontro reações favoráveis à minha aproximação. Quando se trata dos direitos das outras pessoas, querer não é poder. Não posso dizer: tudo o que eu quero eu consigo quando este tudo é um ser humano.

Na realidade, as pessoas sempre tomam o cuidado de querer coisas até certo ponto possíveis. Caso contrário seria óbvio que querer não é poder. Querer ter um helicóptero está longe de adquiri-lo! Agora, as coisas materiais – e outras conquistas que não sejam as de seres humanos – nos chegam mais facilmente quando a queremos com fervor e persistência. Ou seja, as pessoas mais determinadas e que mudam menos de opinião, acabam indo mais longe que aquelas que ora querem uma coisa, ora querem outra. Esta última atitude, que é a mais comum, acaba por provocar uma dispersão de energia psíquica, de forma que é bem menos provável que se atinja resultados muito positivos. É o que se quer transmitir quando se fala da mula que ficou indecisa diante de dois montes de feno. Não sabendo qual dos dois comer, acabou morrendo de fome!

A ressalva mais importante que eu queria fazer é a de que não são raras as situações nas quais se quer muito um determinado resultado, mas não se tem condições emocionais para sustentá-lo. Eu posso querer ser promovido rapidamente para a direção da empresa onde trabalho. Mas é preciso ver se tenho competência emocional para arcar com este grau de responsabilidade e de obrigações. É preciso ver se eu posso assumir o cargo que tanto quero. Se não estiver pronto para ele, isso poderá me pesar tanto que não será incomum que eu venha a ter, por exemplo, minha saúde arruinada. O indivíduo que está numa posição que quer, mas não pode sofre de insônia, dores de estômago, dores de cabeça fortíssimas, palpitações cardíacas, falta de ar e, em situações extremas, poderá até mesmo chegar a ter um infarto do miocárdio ou um derrame. Estar maduro para assumir uma determinada função significa ter a competência técnica necessária e também estar psicologicamente apto às responsabilidades e tensões próprias daquele cargo.

Existe a possibilidade, portanto, de acontecer que a gente deseje muito uma coisa ou situação e ainda não possa ter ou estar nela. Nesses casos, querer definitivamente não é poder. Será necessário um grande trabalho interior para que se processe o desenvolvimento íntimo que criará as condições para o exercício daquilo que se quer.

A situação mais importante em que isso costuma acontecer é no amor. Muitas pessoas encontram um par com o qual se identificam muito intensamente. Nesses casos, se desenvolve um encantamento amoroso de forte intensidade, coisa que é do enorme agrado da razão. As pessoas assim, apaixonadas, querem muito ficar o tempo todo umas com as outras. Mas começam a ter várias reações emocionais que denunciam que ainda não são competentes para a realização do seu desejo amoroso. Começam a ficar com muito medo de que alguma coisa ruim irá acontecer. Começam a ter ciúmes desproporcionais aos riscos. Começam a procurar pêlo em casca de ovo, ou seja, pretextos menores para justificar a falta de coragem para ficar juntas. Perdem o sono e o apetite, ficam muito nervosas, não pensam em outra coisa, ficam completamente obcecadas pelo assunto e não conseguem se decidir por coisa alguma.

Esses dados indicam que ainda não estão emocionalmente preparadas para uma relação amorosa de grande intensidade. Terão que andar mais devagar e ir se acostumando aos poucos com a nova situação, de modo a um dia estarem em condições de poder agir conforme seu querer. 
Flávio Gikovate 

19 de maio de 2011

As agressões que ignoramos





Muitas vezes, somos vítimas de agressões que nem sempre nos damos conta e que com muita freqüência acontecem entre pais e filhos, famílias, casais, pessoas que se amam, enfim, nas relações cotidianas. Muitas delas nos causam culpa, doenças, conflitos. Parece ser difícil perceber essas agressões e, principalmente, os ferimentos que causam, pois em geral só é enfatizada a violência física e explícita. As agressões silenciosas nem sempre deixam marcas externas, físicas e visíveis, mas conseguem deixar marcas eternas.

Muita violência velada é transmitida pelas famílias nas entrelinhas da comunicação diária, mediante conselhos, avisos e cuidados que nos impedem de entrar em contato conosco e com nossas necessidades. Quantas famílias, ainda nos dias de hoje, ensinam que sentir e expressar sentimentos é sinal de fraqueza? Quantas vezes não fomos ou somos comparados com o irmão que é mais inteligente e que tira as melhores notas? Ou ainda, as críticas sob o legado, que são construtivas e para nosso bem? Que bem é esse que nos lembra a todo o momento que tudo que fazemos é errado? Por que é tão difícil elogiar o outro, valorizando o que faz de bom? Talvez por que irá percebê-lo como melhor? É mais fácil e tão somente, criticar?

Quantas pessoas não percebem que continuamente agridem do mesmo modo que foram agredidas? E quantas outras não permitem ser agredidas mesmo adultas? Quantas pessoas por medo permanecem acorrentadas, sem motivação interior para mudar, preferindo o comodismo, conformismo, aceitação, ainda que isso traga muito mais sofrimento que a mudança em si? Por que as pessoas esquecem que ao nascer todos trazemos dentro de nós a potencialidade para ser feliz e viver em paz? O controle e as manipulações estão presentes para dominar as emoções do outro e, inconscientemente, limitar seu crescimento.

Será que as pessoas são conscientes do quanto foram ou são vítimas da agressividade silenciosa ou o quanto reproduzem essa mesma agressividade sem se darem conta? Digo vítimas, pois constantemente são feitas com crianças. Será que o agressivo percebe quanto destrói a si mesmo e todos que estão à sua volta? Muitas vezes são pessoas tão destruídas por dentro que nem se dão conta da própria dor ou agressividade, ignorando esses comportamentos por considerá-los normais.

As agressões silenciosas são sutis e nem sempre são fáceis de serem percebidas, e por isso, perigosas. Muitas vezes são simples gestos, olhares, que reprovam, censuram, julgam. Em muitos casos, podem gerar doenças e quase sempre aquele que adoece num grupo familiar, inconscientemente, revela a doença latente do próprio grupo, sendo freqüentemente aquele que procura ajuda, não por ser o mais doente, como muitos acreditam, mas sim o mais sensível. O perigo é reforçado pelo aspecto repetitivo das atitudes agressivas, fazendo com que os envolvidos se acostumem com tais atitudes, podendo ser consideradas normais tanto por quem faz como por quem as recebe.

Muitas pessoas mantêm relacionamentos afetivos mesmo quando não há respeito, carinho, afeto, com total desinteresse pelo que faz e, principalmente, pelo que sente; da mesma maneira que foram tratadas durante suas vidas e acabaram se acostumando a essa realidade. Não conseguindo identificar a origem, os padrões se repetem, pois nem sempre há a consciência da agressão recebida. O que pode levar ao outro extremo, sentir-se agredido mesmo que não tenha sido, interpretando erroneamente alguns fatos e agindo também de modo agressivo.

Um exemplo muito simples é quando se referem a alguém como coitado, isso pode gerar um sentimento de alguém como incapaz de se defender. Ou ainda, quando ouvimos: fiz por você, ou não me separei por você. A princípio pode parecer uma frase de alguém preocupado com nosso bem-estar, uma aparente valorização, mas na verdade, revela uma provocação para que se sinta culpado, como se fosse: veja como me sacrifico por você. Ou quando foi fazer um desabafo e foi julgado em seus sentimentos, como se sentiu? Uma pessoa constantemente desvalorizada em tudo que faz, pensa ou sente, tratada com indiferença, desprezo, dificilmente acreditará em si mesma. E isso não é uma agressão silenciosa? Há muitos outros exemplos, basta lembrarmos com atenção frases que ouvimos, gestos que observamos, perguntas ou comentários que nos constrangem ou nos induzem a não reagir ou nos defendermos. Tudo aquilo que nos fere, nos agride, ainda que não seja pela violência explícita, com tapas e berros, pode ser considerada uma agressão silenciosa.

Passe um filme mentalmente sobre sua vida e perceba quantas agressões silenciosas não gritam ainda hoje, talvez depois de anos, dentro de você. Perceba quantas vezes se sentiu agredido e por não reconhecer esse fato, ainda se permite ser. O conhecimento dessas agressões pode ser muito doloroso, mas não será mais doloroso e destrutivo manter esses padrões? Só identificando seu sofrimento poderá buscar soluções e mudar aquilo que acredita ser necessário mudar. A dor será muito menor do que continuar ignorando as agressões que viveu, ou ainda, se permite viver.



Rosemeire Zago

18 de maio de 2011

Combata o medo de se envolver com alguém




Não são poucos os que estão na corda bamba entre o desejo de amar e o medo de se ferir. E conseguir amar é justamente não se deixar engolir por esse medo. Desilusões, frustrações, decepções amorosas acontecem. O importante é compreendê-las.

Uma busca de diversão, uma série de jogadas ao mesmo tempo tentadoras e ameaçadoras é que leva as pessoas a um número bastante grande de encontros, desencontros e reencontros. Os “namorantes” vêm de muitos cantos e convergem em alguns pontos da cidade. Todos partilham as mesmas crenças, ou seja, acreditam que estão em busca de alguém que vai tornar sua vida mais rica, diferente, excitante. Buscam se encontrar para abrir novas portas. Querem dar a sua vida uma nova dimensão.

A maioria das pessoas que estão procurando um possível companheiro íntimo nunca se encontrou antes, mas, como estranhos num navio, rapidamente se abre, confessa sua ilusão, sua esperança, como também o medo e a desilusão. Todos estão em busca de amantes, mas uma vez por outra, encontram “odiantes”. Isso cria muitas dúvidas. Todos já fomos decepcionados, frustrados e rejeitados de alguma maneira, todos já fomos menos amados do que queríamos.

Na terra do desejo somos livres – “eu quero, eu posso” - , mas, quando voltamos à realidade, olhamos nossa vontade cara a cara e vemos que é limitada. Quando ocorre um encontro, todos queremos evitar sermos machucados, nos sentirmos presos numa armadilha ou sermos abandonados.

Há momentos em que temos a impressão de que a vida e as relações são uma sucessão de experiências sem significado. Saímos de uma relação para outra com necessidade de esconder os próprios sentimentos ou as próprias dúvidas.

Muitas mulheres que se transformaram em “gatas escaldadas” pelas suas perdas juram pelo fundo de sua caixa de lenços de papel nunca confiar novamente. Por outro lado, a maioria dos homens se entorpece, lacra sua decepção no copo de um bar, provando uma bebida atrás da outra até que chega uma hora em que não se sabe mais o que está bebendo nem muito menos sentindo: desilusão, raiva, irritação diante do conhecido e dos desconhecido.

Um segredo em relação às perdas é encara-las em vez de fugir delas, porque isso diminui seu poder. Antes de buscar alívio para a dor é importante compreende-la: caminhar com calma para dentro dela. Logo abaixo da superfície de qualquer dor encontram-se, com freqüência, medo ou raiva escondidos. Em vez de ficarmos sendo jogados de um lado para o outro por esses sentimentos, podemos reconhecer o que está acontecendo e tentar “pular fora”. Em outras palavras, quando podemos abrir um espaço para o sentimento e ficar na beirada, nos situamos. Ainda sentimos o calor da fogueira, mas as chamas não nos queimam mais. Se conseguimos criar algum espaço, uma “distância protetora”, não nos sentimos mais vulneráveis ou indefesos, ou seja, encaramos nosso medo ou nossa raiva sem sermos totalmente engolidos por eles.

Apesar de “pular fora” ser algo simples de explicar, nem sempre é fácil de conseguir, especialmente quando se trata de amor. Nosso amor por outra pessoa remexe nossos sentimentos, atiça fogo em nossas incertezas, em nossos medos, como também em nossos desejos.

Sempre que se apresenta uma nova possibilidade, há medo. Nós nos defrontamos com ele quando existe contato, quando nos sentimos afetados, tocados, pelo outro. Antigamente se dizia: “Amar é não sentir medo”.Entretanto, essa é uma explicação bastante simplista; amar é, mais do que tudo, não se deixar ser engolido pelo medo. A sensação é a de ficar na corda bamba entre o desejo e o temor. Balançamos de um lado para o outro. Aproximar-se de alguém inevitavelmente cria um desafio. Nós só iremos descobrir o que fazer quando tivermos a coragem de sentir e fazer uma escolha, pois o medo adverte: “Cuidado”. Mas a vida diz: “Arrisque”. Afinal, a única saída continua sendo o amor.



Maria Helena Matarazzo