30 de junho de 2012

A dificuldade de dizer “Eu te amo”




Por que o ser humano possui tanta dificuldade de dizer coisas boas? Insegurança? Medo? Vaidade? Orgulho?

O grande poeta John Donne escreveu um poema chamado O Triplo Louco. Ele começa assim: "Sou duplamente louco, confesso, por amar demais e confessá-lo em verso. Mas quem não quereria estar em mim se ela dissesse sim"?

Ele se acha um louco por amar e mais louco ainda por confessar o amor. A recompensa seria um sim da mulher amada. Portanto, a vida é risco, os sentimentos nobres geram risco. Geram risco porque colocam a vida em movimento; o resultado é a perda de controle.

A decisão é da mulher amada. Ele ama, ela escolhe se retribui ou não. Amar é a perda de controle, a dúvida, o não saber, o risco. Dizer eu te amo é aumentar o descontrole, transferindo definitivamente para o outro a decisão: quero ele ou não.

A vida da maior parte dos seres humanos é organizada para diminuir os riscos. Mesmo que o resultado seja a morte "da alma". Se não amo ninguém, não dependo de ninguém. Pode ser também: amo meu cachorro porque ele não me abandona - o animal, escravo de um ambiente fechado, profundamente dependente e sem conhecer outras opções, sempre recompensa seu provedor. Risco quase zero de perda de controle.

"Se eu disser "te amo", ela vai fazer pouco caso de mim. Não dizendo nada, não sou desprezado".

Quantas vezes as pessoas escolhem estes jogos neuróticos para se protegerem. Tornam a vida mais pobre, assim imaginam que ela será mais segura. Segurança e certeza só existem onde há repetição constante das mesmas coisas - estagnação. A inovação e o inesperado (espontaneidade) quase sempre são idealizados, cantados, falados, mas pouco praticados.

Surge dentro do ser humano uma necessidade de justificar o ficar estagnado. Para justificar são criadas dezenas de mentiras ou de regras. A vida fica mais confusa e mais chata. Observe - ANTES de amar as pessoas já tomaram uma decisão, que ajuda a "inutilizar" o amor: "Quero segurança. Preciso paralisar a vida, preciso de certezas, não aguento o risco".

A vida em sua essência é inexplicável. Ela acontece e, em parte, somos testemunhas de nossa própria existência. Para controlá-la temos que tentar paralisar as forças vitais que encaminham a nossa vida para lugares e situações que vão muito além dos nossos desejos e das nossas vontades. Outra opção é ter coragem para permitir seguir o desconhecido. É desta forma que aprendemos a confiar nestas forças vitais que vibram em nosso interior e à nossa volta. John Donne se acha louco por dar vazão a estas forças internas...

A vida boa é intensa. A vida na qual Deus vibra é inexplicável. Esta vida flui, e não somos plenamente donos dela. Somos testemunhas e partícipes. Desapegamos e confiamos. Seguimos e não dirigimos. É a incerteza. O amor se vive, não se controla. A vivência espiritual se vive, não se controla. É o momento do amor, é o momento da vivência espiritual. Não escolhemos.

Qual é a escolha mais comum: o apego, o medo, a fuga, o distanciamento, o alheiamento. O preço: somente dizem "te amo" quando possuem muita segurança e muita certeza - e mesmo assim sofrem muito. Alguns diminuem o amor, outros o matam. Assim, vivem mais seguros, com o amor morto ou diminuído.

Será que é uma escolha boa?

Elas matam a "luz do fundo da alma" e depois perguntam: "Porque a vida é tão complicada". E Deus responde: "Sabe aquela luzinha que tu apagaste com tanto esforço? Ela era a tua guia na vida, para iluminar teu caminho, para te trazer intuições, para transformar conhecimento em sabedoria, para ampliar tua consciência... Ela servia para te facilitar a vida, mas você decidiu que ela só complicava..."



Regis S. Mesquita de Oliveira

29 de junho de 2012

Veneza, a cidade mais romântica do mundo





Veneza é frequentemente considerada como um dos destinos mais encantadores e românticos do mundo. A cena de duas pessoas de mãos dadas passeando por um dos inúmeros canais da cidade em uma gôndola se tornou clichê no cinema e é copiada todos os dias por casais apaixonados. Também pudera: o cenário cheio de palacetes e restaurantes que oferecem jantares à luz de vela parece feito sob medida para ser desvendado a dois.

Em três dias é possível conhecer toda a cidade, classificada como patrimônio da humanidade pela Unesco. Construída no século V sobre uma lagoa, Veneza é um arquipélago formado por 118 ilhas interligadas por 177 canais e 400 pontes. Não há carros nem ônibus circulando por lá. O transporte público é feito por barcos (os vaporetti) e anda-se muito a pé.

Pode-se chegar a Veneza de avião, aterrissando no Aeroporto Marco Polo, na cidade vizinha de Mestre, ou de trem, pela estação Santa Lucia. Dentro da estação, há um centro de informações turísticas, que funciona em horário comercial. Lá, o visitante pode pegar um mapa com os principais pontos turísticos, um livro com endereços de hoteis e um guia cultural. Também pode comprar cartões que dão acesso ao transporte e museus da cidade por um, três ou sete dias.

No primeiro dia, aproveite para se perder pelas ruelas de Veneza. Você vai encontrar casas de pedra, monumentos, museus e igrejas por todos os lados. Tente chegar à Ponte Rialto, uma das três que cruzam Grande Canale , a principal via de Veneza. Vendedores ambulantes oferecem máscaras, brincos e pulseiras. Siga para a Mercerie, a rua mais chique de lá. O dia pode terminar com um jantar romântico em um dos restaurantes da Piazza San Marco.

Guarde a localização para visitar a praça no segundo dia de viagem bem cedo, quando acontece a cerimônia de hasteamento da bandeira. Ali do lado fica a imponente Basílica de San Marco, igreja que guarda os restos mortais do padroeiro da cidade. Vale a pena pegar a fila para visitar a catedral, revestida internamente com 4,2 mil m² de mosaicos. Você pode subir a torre do sino do Campanile, o campanário, de onde terá uma vista completa da cidade.

Em frente à praça fica o Palácio dos Doges, antiga sede do governo, de frente para o mar, ótimo para ver a tarde cair. De lá, atravesse a Ponte dos Suspiros e visite a antiga prisão. 

Guarde o último dia para conhecer as outras ilhas da cidade. Pegue um vaporetto e vá até Murano, onde artesãos produzem peças de vidro e cristais manualmente. De volta à Veneza, termine seu dia com um passeio de gôndola para apreciar o pôr-do-sol. É bom combinar o preço do pacote antes para que a conta não estrague o clima.


www.terra.com.br

28 de junho de 2012

A depressão




Quando se olha o mundo de fora é muito fácil dizer o que se deve fazer, como e até quando. Achamos soluções para todo mundo, desde que não estejamos envolvidos. É fácil falar da dor que não sentimos, do amor que não perdemos, dos problemas que não temos e da vida que não vivemos. Somos assim muito sábios quando o espinho não está em nós!...

Os altos e baixos são comuns a todo mundo. Ninguém vive em linha reta. E há pessoas que suportam mais facilmente as subidas e descidas da vida que outras, como umas pegam certas doenças e outras não. Há coisas que não se controla, pois se tivéssemos escolha, optaríamos sempre por uma vida sã.

A depressão é uma doença como uma outra, não um capricho de quem deseja mais do que a vida pode oferecer. Só quem passou ou passa por isso sabe entender o que é. E como toda doença, deve ser reconhecida, entendida e tratada como tal. Infelizmente todo mundo não está preparado para ajudar em casos assim e tentam resolver os problemas mostrando que há pessoas mais infelizes. Contudo, não é possível minimizar a dor de ninguém, fazendo-o comparar sua infelicidade com as misérias do mundo. Ninguém pode se sentir melhor porque do lado de fora há mais sofrimento. Se fosse assim, seria fácil ir dormir feliz a cada dia, bastando assistir ou ler jornais.

É claro que muitas vezes vemos uma coisa triste e pensamos no quanto somos abençoados por não vivermos aquilo. Isso é normal para todo mundo, nos faz refletir sobre a realidade da vida. Mas se passamos nossa vida com comparações não vamos a lugar nenhum, pois sempre haverá parâmetros diferentes e acabaremos nos sentindo perdidos.

Precisamos respeitar a dor e sentimento do outro, como respeitamos os limites do seu jardim. Cada vida é única, é própria. Podemos ajudar uma pessoa depressiva mostrando-lhe o lado belo da vida, dando-lhe razões para olhar além do horizonte, criar objetivos e acreditar neles. Podemos tirá-la do isolamento em que se encontra dando-lhe palavras de reconforto e amizade, fazendo-a sentir-se amada e útil. Dizer a um depressivo que seus problemas são mínimos porque há coisas piores na vida não o fará sentir-se melhor.

Quando Jesus se referiu à pessoas com problemas e ansiedades, mandou que olhassem os lírios dos campos e as aves no céu e se repousassem, apontou para coisas bonitas e alegres, nunca disse para olharem os necessitados. E Ele teve, também, Seu momento de dor, tristeza e lágrima, como todo ser humano.

As soluções para os problemas começam com o reconhecimento deles. Ter amigos que possam compreender já é um passo na direção da cura. A compreensão da dor do outro leva-lhe segurança. E, segura, uma pessoa poderá se levantar e recomeçar seu caminho, com toda ajuda que ela deve ter.

Depressão? Uma doença sim. E médicos são úteis. Amigos são preciosos. Orações são imprescindíveis.



Letícia Thompson 
 

27 de junho de 2012

Amor: energia universal




O que a nossa humanidade mais precisa é despertar o amor em todos os corações. Dilacerada pela violência, ela chegou perto do fundo do poço. E deste lugar, só lhe resta uma alternativa, é olhar para cima, em direção ao sol, à luz da sabedoria e ao calor do amor.

O amor do coração foi progressivamente abafado por quatro mil anos de dominação dos homens, que limitaram a participação das mulheres à família e ao lar. Resultou disto uma repressão dos valores femininos no Homem, e com eles o próprio amor. A nossa cultura masculinista esta na raiz do desenvolvimento extremo das qualidades intelectuais mais particularmente da razão, que leva ao domínio absoluto da ciência e da tecnologia, e limita a educação ao puro intelecto. Os valores do coração e do espírito são desprezados e relegados à religião.
Resulta disto um racha entre razão e coração. E chegamos aos extremos das aplicações frias da ciência através da tecnologia, à fabricação descontrolada de armas e ao seu uso na matança de seres indefesos no terrorismo ilegal e nas guerras legais, tanto faz. As empresas usam as tecnologias tanto a serviço de valores construtivos ou destrutivos desde que se obtenha o devido lucro.

O advento do movimento feminista levou as mulheres à saírem do seu lar para trabalhar fora. Isto faz com que, progressivamente, os valores afetivos penetram na empresa e no trabalho humano em geral. A preocupação masculina exclusiva pela efetividade, vem se integrar harmoniosamente o valor feminino da afetividade. A exclusividade de focalização empresarial pela produção, está se acrescentando um interesse cada vez maior pelas pessoas, isto é pela qualidade de vida de cada funcionário. É de esperar também que com o ingresso de mulheres na política, o Amor e a preocupação pelo ser humano tornem se cada vez mais central na gestão das sociedades O futuro desta gestão se acha num reencontro do masculino e do feminino em cada um de nos.

Tirar o amor da vida humana é ameaçar a própria vida no nosso planeta. Pois a destruição ecológica é o resultado da falta de amor à natureza, que leva o ser humano a um suicídio progressivo, o qual já começou.

O amor é a força que sedimenta todos os conjuntos. A energia que liga entre elas as partículas do átomo é amor, garantindo assim a existência da matéria.

O amor é a energia que une as células formando os tecidos das plantas, dos animais e do nosso corpo.

O amor é a força que atrai os dois sexos garantindo a continuidade de todas as espécies, vegetal, animal e humana.

O amor estimula a nossa criatividade insuflando o nosso entusiasmo pela vida e inspirando a nossa alma poética.

O amor é o fator que proporciona a ternura dos casais e amizade entre pessoas.

O amor é a liga das estrelas formando o Universo.

Onde há amor é impossível a violência, o terrorismo e as guerras. Despertemos a todo instante o amor no nosso coração para todos os seres viventes. É a melhor contribuição que podemos dar para a nossa humanidade sair do atoleiro em que está enleada!

Pierre Weil

26 de junho de 2012

Fator sorte







Questões tão polêmicas quanto o sexo dos anjos, a sorte e o destino estão em pauta. Gurus de auto-ajuda vêem seus livros desaparecerem rapidamente das livrarias ao ressaltar que não existe destino e a sorte não é um dom com o qual se nasce, mas algo construído e ampliado. Suas teorias confirmam a visão moderna de que as oportunidades são criadas por quem sabe lidar com sua intuição. Na contramão dessa visão pragmática, uma corrente de psicólogos e filósofos mostra que acreditar em destino, sem que este exclua a liberdade de escolha, pode ajudar a construir significados, aceitar as excentricidades da vida e dar importância aos próprios desejos.

Para boa parte dos psicólogos atuais, a distância entre a sorte e o azar está no esforço que cada um desprende. Depois de entrevistar 400 pessoas, o professor de psicologia Richard Wiseman, da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, e autor do sucesso "The Luck Factor" (O Fator Sorte), conclui que sorte ou azar são imprevisíveis e, se nada está escrito, as chances de sucesso em qualquer empreitada é diretamente proporcional ao número de apostas que se faz.
Os que se dizem azarados são os que preferem não investir nas oportunidades.Temos como exemplo a piada do pão-duro que todas as noites pede a Deus para ganhar na loteria "até que um dia, Deus atende aos chamados e responde: se quer ganhar, pelo menos se dê o trabalho de comprar o bilhete". Por outro lado, nem sempre basta o empenho. O que explica, por exemplo, o desejo de alguns de ser artistas, palhaços de circo, viver longe do caos e outros perseguirem exatamente o oposto? O psicólogo junguiano, James Hillman, dos Estados Unidos, insiste que "cada qual tem um dom e ambições particulares". Para ele, a noção de sina é muito importante, pois permite que certas excentricidades sejam tidas como sorte.

É importante lembrar da importância da noção de destino na Grécia Antiga. Nas peças gregas, o Oráculo, figura que revelava o futuro dos heróis, simbolizava uma forma de mostrar a singularidade do personagem.  No caso da tragédia grega, o herói, como o Édipo, é aquele que não pode fugir da própria história, mesmo que trágica.

Acreditar na predestinação é uma tentativa do homem de controlar o inexplicável. Nas peças, tudo era ordenado com começo, meio e fim. O destino determinava a continuidade das histórias. Na vida real, ninguém pode predizer a sorte do outro, pois tudo o que é vivo está em transformação interior e sofre influência do acaso. Aristóteles dizia que não se pode falar que alguém é feliz, mas que foi feliz. Só a morte confirma o destino de alguém.



Simone Muniz

25 de junho de 2012

Nuvens no caminho das estrelas



Apesar das nuvens, das chuvas, e da escuridão que às vezes toma conta do céu as estrelas continuam a brilhar. Muitas pessoas não percebem a luz da sua alma, porque se deixam levar por problemas que limitam os horizontes das suas viagens. Ficam perdidas em pequenas nuvens sem terem consciência da sua capacidade de transcender a esses obstáculos. São pessoas que ficam paralisadas diante de seus problemas, sem forças para se mover e assim encontrar uma solução.

A vida não é um fardo a ser carregado com suor e sacrifício. Quantas pessoas passaram as vidas correndo atrás dos seus problemas, torturados pelas preocupações? Se uma dificuldade aparece é importante saber que se trata apenas de uma situação passageira. Esse sofrimento não é a vida, é simplesmente uma contingência dela. Se você está vivendo uma situação dramática em sua vida, essa dificuldade não é a sua vida, é simplesmente uma contingência dela.

Infelizmente muitas pessoas já determinaram para si que a vida é uma viagem de problemas, com alguns dias de descanso nos intervalos. Se você pensa dessa forma, e já se acostumou a viver para resolver problemas, vamos trabalhar juntos para você poder fazer uma revolução na sua maneira de enxergar o mundo. É preciso reaprender a viver para celebrar a vida, aprender a despertar todas as manhãs com alegria no coração, fazer uma oração para agradecer a oportunidade que a vida está lhe dando e olhar para o futuro com a certeza de que Deus lhe protege.

Parece difícil? Olhe a natureza a sua volta. Você acha que algum pássaro acorda e pensa: “Que lástima, hoje tenho de trabalhar e resolver um monte de problemas”. Você consegue imaginar que uma rosa passa seus dias carregando o peso de perfumar o lugar onde vive? Somente os seres humanos acordam com a sensação de que a vida é fardo muito pesado para carregar. E isso é um equívoco de dimensões infinitas. Quando entendemos qual é o verdadeiro problema no meio de uma grande dificuldade, podemos diagnosticar melhor a causa e enfrentá-lo com mais eficácia.

Existem problemas imaginários que exigem soluções psicológicas. Problemas reais solicitam soluções concretas. E os verdadeiros dramas que a vida nos coloca exigem uma sabedoria especial para superá-los. Lembre-se: problemas não foram feitos para serem alimentados como bichinhos de estimação! Problemas existem para serem resolvidos e utilizados como alimento ao nosso crescimento interior. Você foi criado por Deus para ser feliz. Por maior que seja o seu desespero neste momento, é importante não se deixar vencer pelo desânimo!

E acredite! Daqui há algum tempo, você vai olhar para trás e constatar que essa experiência foi importante para o seu crescimento. Os problemas são estratégias da natureza para nos proporcionar crescimento pessoal. Ninguém cresce sem problemas. Ninguém comemora ter problemas. Pode ser que você esteja lendo este livro de madrugada, esperando pelos seus credores que lhe cobrarão suas dívidas quando o novo dia chegar. Por mais escura que pareça ser à noite, mantenha a fé no seu coração e lembre-se que um amanhã sempre traz consigo novas possibilidades e esperanças!


Roberto Shinyashiki
 

24 de junho de 2012

Não consegue se entregar para viver um grande amor?




Por mais que o discurso da grande maioria das pessoas seja o de que desejam sinceramente experimentar uma relação madura, intensa e íntegra, verdade seja dita: muitas sequer conseguem acreditar nesta possibilidade e, consequentemente, entregar-se ao que sentem!

Outras, embora acreditem e se empenhem para viver uma relação baseada nesses preceitos, sentem tanto medo de dar errado e sofrer, ou de não serem correspondidas, que começam e terminam com "um pé atrás", como se tivessem de se manter sempre defendidas para, caso algo dê errado, estejam preparadas... Mas, sabem que nunca estão, nem nunca estarão!

Claro, amar (e receber amor) não são tarefas fáceis! Entregar-se requer autoconfiança, confiança no outro e coragem para correr riscos. Coragem para, sobretudo, ver-se no outro, através dele! Além disso, pode ser mesmo que não dê certo, que acabe antes do que a gente gostaria ou que haja boa dose de sofrimento envolvido nesse intenso aprendizado.

Estamos falando de um encontro entre seres em evolução e amadurecimento. Estamos todos aprendendo, desejando acertar, mas errando muitas vezes, sem conseguir enxergar a nós mesmos naquilo que tanto nos incomoda e assusta.

Além disso, somos também resultado de muito do que aprendemos com nossos pais, do que vimos na dinâmica de amor deles. O que e como vivemos quando crianças diz muito sobre o modo como nos relacionamos atualmente, pode apostar! Elis Regina imortalizou muito bem essa verdade no verso:


"...Minha dor é perceber / Que apesar de termos / Feito tudo o que fizemos / Ainda somos os mesmos / E vivemos / Como os nossos pais..."

Mas isso não significa, definitivamente, que você não tem como fazer diferente, fazer do seu jeito, do modo como acredita ser o melhor. Isso não significa que você não está pronto para se entregar, para apostar todas as fichas num encontro sem que isso signifique se perder de si mesmo.

Pare de acreditar que existirá um momento perfeito, com alguém perfeito, quando você estiver completamente certo ou tiver todas as respostas. Esse momento simplesmente não existe. Nunca vai chegar!

O momento de se entregar é agora, hoje, daí de onde você está, com quem estiver, ou ainda que esteja só. A entrega não pode depender do outro. É a sua escolha. É a sua postura diante do amor, diante da vida! Isso muda tudo! Faz toda a diferença!

O fato é que, no exato instante em que você decide viver, conectado com o momento presente, atento aos sinais, fluindo com os acontecimentos, em sintonia com seu coração, a existência recupera toda a sua força e faz acontecer o que tiver de ser! Isso se chama fé! E não existe amor sem fé!

Não estou dizendo que as dúvidas, todos os medos ou todas as frustrações desaparecerão. Não! Até porque isso tudo também faz parte do processo de amar e viver. De crescer. De fazer valer a pena!

O que estou dizendo é que quando a gente para de dar desculpas e começa a viver de verdade, o amor se enche de possibilidades e de atalhos. Que fica muito mais fácil lidar com os conflitos. Que se tornam muito mais cheios de significados tanto os encontros quanto os desencontros.

Porque, no final das contas, cada detalhe é parte fundamental de uma história cujo enredo depende somente de quanto tempo você fica sentado na plateia pensando se deve arriscar ou não, e de quanto tempo você sobe no palco e faz acontecer. Pensando, sim. Mas, sobretudo, vivendo, amando e aprendendo!


Rosana Braga

23 de junho de 2012

Sem planos...



Estava sonolenta quando senti a presença doce de uma avó... Fiquei ali quieta desfrutando daquela energia tão acolhedora e calma, mas parece que ela queria me dizer algo. E ela me disse que não era hora de fazer planos.

Ela disse isso, mas... nesse tipo de comunicação, parece que a gente recebe as informações todas de forma clara e entende sem passar pelas palavras de modo linear... como se as informações viessem em um bloco e depois a gente coloca em palavras o que entendeu... Com essa frase, ela me passou que os planos que eu fizer agora podem atrapalhar algo novo que está chegando... mas como á algo novo mesmo, que ainda não tenho registro, qualquer plano agora pode interferir porque os planos são baseados em coisas que já conhecemos, em memórias e experiências do passado e... se nos apegamos a eles, dificultamos a entrada do novo... que não se encaixa em nada do que já é conhecido...

Assim, ela me passou essa mensagem e sua doçura de sempre... e também a tarefa de apagar todos os planos que eu já havia feito para os próximos dias.

Agora, sei que meu momento é não fazer planos porque nenhum plano que eu possa fazer vai servir... pensei comigo, enquanto tentava deixar escorrer por água abaixo tudo que minha fértil imaginação havia criado para os próximos dias... É que justamente nos próximos dias vou fazer uma viagem para um lugar que sempre quis ir, desde que soube da sua existência... e como já havia pesquisado muito sobre lá... claro, que junto com as pesquisas, muitos planos iam sendo feitos... E pensei que não ia ser fácil me desfazer de tudo que criei para deixar livre esse espaço de tempo que vou viajar... Mas, como diz uma mulher muito sábia "fala quem pode... obedece quem tem juízo"... resolvi optar por obedecer... e deixei ir tudo que planejei... e, por incrível que pareça, o vazio de planos se revelou como um estado muito bom de ser.. Senti-me muito mais confortável e encaixada no presente...

Fiquei pensando como em nossas vidas, cada ciclo... cada tempo, tem um tipo de energia e, se a gente obedece os sinais e as mensagens que nos são passados de muitas formas, fica mais fácil deixar fluir em sintonia com as energias do ciclo em andamento.

Há um tempo que é de fazer planos, há um tempo que é de não planejar nada e receber o novo, há um tempo de espera, quando qualquer movimento pode atrapalhar o que está encaminhado, há um tempo de ação... e assim vai.... e a chave é a gente estar aberta para perceber o ciclo em andamento e para fluir em sintonia com esse ciclo.

Sei que, às vezes, não é tão fácil soltar nossos planos e desejos porque acreditamos que temos que controlar as coisas para que elas dêem certo... e nem sempre confiamos que as coisas possam dar até mais certo sem o nosso controle...

Confiar que existem outros planos melhores que os nossos pode aliviar tanto nossa mente e nos dar uma sensação tão boa de leveza para o presente, que vale a pena tentar... se esse for o seu momento também, relaxe e deixe que o universo manifeste os planos que tem para você... Confie que nesses planos, muito além de tudo que você conhece, pode estar incluído um novo e maravilhoso caminho...


Rubia A. Dantés


22 de junho de 2012

O bom dura pouco mesmo?



Crenças e ditados populares atrasam muito a vida. A gente liga o automático e passa a acreditar, sem sequer questionar, num monte de bobagens. Exemplo? Dezenas! Mas este espaço fala de amor – ou da falta dele. Então vou me ater em um ditado que até virou música gravada, pasme, por Raul Seixas: “Tudo o que é bom dura pouco”. Não sei por que Raulzito escolheu a canção de Jerry Adriani para cantar. Imagino que ele estivesse bastante desiludido naquele momento. Sim, é uma crença baseada na desilusão, no pessimismo ou talvez num romantismo incorrigível. O que é bom pode durar. Aliás, o que é bom mesmo deve durar, porque, do contrário, não é tão bom assim. Ou alguém em sã consciência afasta o que está bom? Sim, pessoas afastam o que está bom. Nesse caso, vale questionar se a consciência está sã. Infelizmente, existe uma doença chamada ilusão, que leva à cegueira noturna (e diurna) e faz você acreditar que o que não é tão bom é o melhor que você já teve na vida. Complicado? Que nada! Simples, como o amor deve ser. Uma boa dose de realidade, mensurada por fatos e atitudes, olho no olho e ouvidos no coração respondem se aquilo que você está vivendo é verdadeiramente bom. Se for, pode ter certeza de que fica ainda melhor; se houver alguma dúvida, sinta. Se tiver convencida de que não está bom, não tente melhorar. E, por favor, não saia por aí disseminando a crença de que tudo o que é bom dura pouco. Isso definitivamente (e felizmente) não é verdade. Um pouco de fé nesse coração lhe cairá bem!


Fernanda Santos

21 de junho de 2012

Aceite-se para ser aceito pelos demais




Sentir-se rejeitado pelos outros é um sentimento que poucos conseguem superar facilmente, pois depende de uma elevada confiança em si mesmo, o que nem sempre temos. Quanto mais rebaixada nossa autoestima, quanto menos gostamos de nós mesmos, mais vulneráveis somos à rejeição. Quando uma pessoa com baixa autoestima perde uma pessoa que ama ou uma colocação profissional, passa a acreditar que não merece nada, que é indigna de ter o que deseja, sentindo-se completamente só e, principalmente, abandonada.

Mesmo as pessoas com elevada autoestima, ou seja, conscientes de seu valor, tendem a sentir os mesmos sentimentos quando há uma perda, pois neste momento perdem também o controle da situação que até então acreditavam ter e isso tende a abalar todas as emoções.

Lidar com a rejeição não é nada fácil, pois geralmente nos remete inconscientemente às situações de abandono durante a infância. Se alguém nos rejeita, de alguma forma não nos aceita, e se tentarmos mudar em função disso para agradar, tudo tende a piorar. Mas, na maioria dos casos, o outro dificilmente é a causa real do sentimento de rejeição, pois a sensação de sentir-se abandonado já existe internamente na pessoa. A dificuldade está em lidar com estes sentimentos anteriores somados aos atuais.

O principal antídoto ao sentimento de rejeição é não limitar todas as esperanças da vida a um relacionamento, ou seja, dedicar-se apenas ao marido, filho, a esposa, a mãe, ou a um emprego, não tendo mais nenhum outro objetivo, esquecendo-se de outras pessoas ou fatos importantes e principalmente de si mesmo. Mas não há nada pior do que acreditar cegamente e... ser abandonado. Se você admitir que pode um dia ficar só e ainda assim sobreviverá, correrá menos riscos de se sentir rejeitado. E também terá maior liberdade para mudar sua vida sem sentimentos de culpa.

Não devemos nunca perder nosso referencial interno, nem reduzir nossas esperanças ou colocar nossa expectativa de vida sob a direção de algo que não controlamos: o sentimento e a reação do outro. Por vezes, podemos ser preteridos e não é por isso que a vida deixará de existir ou que as coisas que desejamos deixaram de ser realizáveis, muito pelo contrário, pode ser a chance que temos de ter a possibilidade para irmos em busca daquilo que realmente queremos. Não podemos nunca depender da atitude de outra pessoa para termos certeza de nosso real valor.

É preciso que estejamos sempre conscientes de que as atitudes de outras pessoas nem sempre estão relacionadas à nossa pessoa, e, portanto, não são respostas a nós. Precisamos entender que os outros são seres humanos como nós e que às vezes podem nos dar um não ou uma resposta agressiva muito mais em função dos próprios conflitos internos e que nada têm a ver com sua pessoa. Mas como muitas vezes não consideramos a realidade interna do outro, imaginamos que estamos sendo rejeitados, mas muitas vezes a rejeição faz mais parte do nosso mundo interior do que da realidade. Por isso, é importante saber diferenciar a reação dos outros em cada momento. Procure entender as razões do outro, pois muitas vezes o problema para agir assim pode ser mais dele do que seu. Seja como for, de nada adianta dramatizar a situação e colocar-se no papel de vítima. O drama e o sentimento de culpa só irão aumentar a sua dor. Encare a dificuldade do momento de frente e procure aprender com tudo isso. No mínimo, você conquistará maior autoconfiança e isso lhe será útil pelo menos na próxima vez.

Muitas vezes, o sentimento de rejeição é acentuado pela insistência em supervalorizarmos a opinião e aprovação dos outros de nosso modo de ser, pensar e agir. Damos aos outros o poder de juiz e permitimos que comandem nossa forma de viver. A excessiva importância dada à opinião e aos valores dos outros, por mais que estes queiram apenas o nosso bem, retrata uma irresponsabilidade quase infantil e inconsciente de acreditar que são eles que devem assumir e suprir nossas necessidades.

Cabe a cada um de nós satisfazer as próprias carências e não a quem está ao nosso lado. Acreditamos que ninguém deve nos dizer não, para que não nos sintamos rejeitados e abandonados, mas, na verdade, a principal rejeição não vem dos outros, mas está dentro de nós mesmos e resulta na falta de amor próprio.

Pare de se criticar, mude o que acha que tem de mudar em si e torne-se mais independente da aprovação de outras pessoas. Aceite-se. Torne-se responsável pelo que você é e deixe que o outro seja responsável pelo o que ele é. Faça sua vida ser conduzida sob sua responsabilidade e seus valores, e não sob os do outro.

Pense que você tem a responsabilidade de se amar, se aceitar, aprovar e valorizar. Se atribuir essa responsabilidade ao outro, cada vez que ele negar, surgirá a rejeição, um sentimento que só você poderá se isentar de senti-lo. E lembre-se: Nenhuma pessoa merece tuas lágrimas e quem as merece não te fará chorar.

Rosemeire Zago

20 de junho de 2012

Exercitando o sim



Duas palavras podem fazer grande diferença em nossas vidas, o sim e o não.


Embora muitas vezes reclamemos pela dificuldade em obter a satisfação de nossos desejos, se mantivermos a plena atenção na forma como reagimos aos acontecimentos, podemos ter uma surpresa. Isto porque a atitude de recusa, de negação, é geralmente a postura mais comum que costumamos adotar. Dizemos não ao nosso poder, às mudanças que a existência coloca em nosso caminho, às atitudes dos outros, quando estas não correspondem às nossas expectativas. Vamos, aos poucos, sem querer, acumulando uma avalanche de negações em nosso interior que, com o tempo, transforma-se em amargura, inconformismo e frustração.


O não mais necessário é aquele que se destina a defender o respeito à nossa dignidade, ao nosso valor intrínseco como seres humanos. Mesmo nos momentos em que precisarmos dizê-lo, devemos fazer isto de forma serena, segura e amorosa. O sim, quando expresso com entusiasmo e aceitação genuínos, que inclui a totalidade de nosso ser, abre portas energéticas poderosas e, como mágica, transmuta o que a principio parecia negativo, em algo positivo, pois traz novas possibilidades para o nosso crescimento e torna a vida muito mais rica e plena de potenciais. Exercitemos, então, o sim, com a certeza de que ele constitui a senha para a nossa conexão permanente com o divino.


"Sim à vida.

Diga sim à vida; abandone todos os não possíveis. Mesmo se você precisar dizer não e for difícil evitá-lo, diga-o, mas não se deleite em dizê-lo. E, se for possível, diga-o também na forma de sim. Não perca nenhuma oportunidade de dizer sim à vida.

Quando você disser sim, diga-o com grande celebração e alegria. Nutra-o, não diga relutantemente. Diga-o amorosamente, com entusiasmo, com gosto, coloque-se totalmente nele. Quando você disser sim, torne-se o sim!

Você ficará surpreso ao saber que 99, entre cem nãos, podem ser muito facilmente abandonados. Nós os dizemos apenas como parte de nosso ego; eles não eram necessários, não eram inevitáveis.

...Observe a si e aos outros e você ficará surpreso: as pessoas estão dizendo não por nenhuma razão absolutamente. Elas se satisfazem em dizê-lo: isso lhes dá uma espécie de poder. Quando você pode dizer não a alguém, você se sente poderoso.

Ao abandonar o não, o ego desaparece". (Osho, Believing in the Impossible Before Breakfast).


Elisabeth Cavalcante

19 de junho de 2012

Uma questão de tempo...




Sim... as pessoas que amamos são insubstituíveis ao nosso coração. Aquele lugarzinho que elas ocupam fica marcado com a presença delas, com o cheiro, com a forma e até o som do riso.

E quando elas partem forma-se o vácuo. Mas se a presença física se foi, ficam ainda as lembranças de tudo aquilo que foi construído juntos: os momentos vividos, as horas compartilhadas, muitas vezes as partidas e reencontros...

A saudade é tão indizível quanto a dor que ela provoca.

Mas ainda existe uma esperança: quem faz o bem aqui, nunca vai completamente: essa pessoa vive através dos ensinamentos que deixou, vive através das marcas que foi colocando em cada passo, cada acontecimento...

E o que reconforta é a esperança de que esse ponto final colocado é apenas passageiro, pois o Senhor nos prometeu que um dia, no céu, nós nos reconheceríamos.

Então... é apenas uma questão de tempo. Um dia a gente se reencontra fatalmente com aqueles que amamos e nos amaram acima de tudo nessa vida terrena. E enquanto estamos aqui, vamos deixando nossas marcas também, por que há os que precisam de nós e os que um dia irão querer viver com a esperança de nos reencontrar.

Assim, um dia, numa promessa feita por Deus, haverá no céu uma grande festa.

Tudo é uma questão de tempo...


Letícia Thompson






Meu querido pai Madeira, hoje você estaria fazendo 99 anos!!! Sei que tem festa no céu e que vc está alegrando a todos, como sempre fêz conosco aqui. Um beijo grande de quem sempre te amará!
Lena Simões



Frank Sinatra - I did it my way





18 de junho de 2012

Sobre estar sozinho




Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.

O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A ideia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei.

Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma ideia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal. A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.

Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.

O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade.

Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.

Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.

Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo.


Flávio Gikovate 

16 de junho de 2012

Que filme a gente seria?


Difícil começar a escrever sobre temas que anotei na minha lista de “crônicas para se pensar”, quando só uma coisa me vem à cabeça. Você. É, você. Você e seu jeito de me olhar quando eu abro a porta de casa. Você e suas blusas Hering sempre iguais. Você e seu jeito de mudar o canal cem vezes por minuto. Você e seu jeito tosco que às vezes me irrita. Você e suas manias engraçadas que me fazem rir. Você e seu coração que quase te engole. Você e seu jeito investigativo de olhar para o mundo, como se tudo fosse um filme. Achando planos. Ângulos. Luzes. Sombras. E me enquadrando no meio de tudo. 

Nessas horas, te olho e penso: que filme se passa quando você NOS vê? Que filme te lembra quando você ME vê? Seria eu uma das mulheres loucas de Almodóvar? Uma neurótica com ares nouvelle vague, bem Woody Allen? Ou – quem sabe?- surgiríamos das telas lisérgicas de Kubrick, surpreendendo a nós mesmos, com atitudes e tons que teoricamente nunca teríamos?

Mas... Não. Não seria assim. No máximo, Agnes Varda te serviria de inspiração (gosto de pensar que você me acha maluca, mesmo tendo consciência que isso te assusta). A verdade é que tudo em você é original demais. Sua mente é intensa e infinita e eu adoro pensar nas imagens que dançam em sua cabeça, logo eu que só penso com palavras.

Aposto que agora você está imaginando: como seria o NOSSO filme? Bom, tenho uma coisa a dizer. A história é nossa, mas a direção é sua. Sempre foi, desde que te conheci. E eu te sigo, sigo... Produzo o que não existe, crio diálogos intermináveis, mudo o roteiro a toda hora. E tenho que confessar, mesmo tendo a lua em Áries (coisa de quem não aceita ordens): eu GOSTO disso. Gosto que você dirija. O carro. O ritmo. A ordem. A viagem. A relação. Porque, vamos ser sinceros... Se fosse eu a diretora dessa história, nosso longa-metragem seria um curta (já que nunca fui dada a grandes experimentos). Mas você me mostrou que faz parte acreditar. Amadurecer. Ter paciência. Relevar. OK. Vale conhecer o enredo. Vale apagar tudo e recomeçar. Vale rebobinar e rever. Vale apertar o pause e tentar. Não é assim? Por isso, antes que esse texto vire um emaranhado de metáforas baratas de cinéfilos, vou improvisar e dizer sem pensar (porque ambos sabemos que esse é um dos meus hobbies preferidos e meu “quase talento”): te deixo nos guiar, se você, por sorte, me deixar escrever. O roteiro é meu. Mas a direção é sua. Adivinha só o final que eu reservei pra nós?


Fernanda Mello 

Um difícil caso de amor


A pior relação de amor, a que mais dá errado, a que mais nos faz sofrer, a que deixa as cicatrizes mais profundas… é a que vivemos conosco mesmas. Não há relacionamento que resista a tanto autodesamor. Quem não se ama, sempre bate o olho num enguiço. Umas escolhem homens assustados, traumatizados, cheios de medo; outras optam por tipos esquisitos, sofredores, dependentes. Existem ainda aquelas que procuram sujeitos incapazes de um ato de generosidade, ou os que não conseguem tirar o olhar do próprio umbigo – os narcisistas (“… É que Narciso acha feio tudo o que não é espelho…”, cantou Caetano Veloso). Num outro nível, há aqueles que não sabem se comunicar, a não ser por meio de palavras carregadas de cinismo. E, nas lindas palavras de Nana Caymmi, existem os que “adormecem paixões” por pura incapacidade de entrega. Fofis, o problema é seu, entende? É uma questão de você com você mesma. O fulano, seja ele de que espécime for, é o antagonista do seu roteiro de aprendizado sobre o autoamor. É básico, é óbvio, mas é isso aí. Sofremos muito mais pelo pouco ou nenhum amor-próprio do que pelas besteiras e esquisitices do outro. Nada como relações ruins em série para descobrir o pote de outro atrás do arco-íris. Cada vez que mergulho fundo em alguém, volto à tona (não sem alguns arranhões) pensando na dificuldade daquele que ficou se debatendo na superfície por medo de se afogar. Fico orgulhosa em saber o quão fundo posso ir e mais ainda por conhecer melhor o caminho de volta. É isso. Ando completamente apaixonada por mim. Entendi que o pote de ouro sou eu.


Fernanda Santos

15 de junho de 2012

Por que somos supersticiosos?


Quando dizemos para alguém que nossos negócios estão indo bem, imediatamente sentimos uma forte compulsão na direção de buscar algum pedaço de madeira para nela batermos 3 vezes. O mesmo vale ao dizermos que estamos felizes no novo relacionamento sentimental ou que estamos bem de saúde. Ao agirmos de acordo com este ritual temos a impressão que afastamos de nós as perigosas influências malignas da inveja das pessoas. É fato que nossa felicidade pode provocar inveja; o duvidoso é se ela tem mesmo poder de influência negativa sobre nós, bem como se o ritual de proteção será mesmo eficiente. Porém, porque acreditamos nesta possibilidade nos sentimos mais apaziguados ao realizá-lo.

As situações descritas acima nos mostram alguns dos aspectos essenciais do pensamento supersticioso: um deles consiste em nos sentirmos inseguros e ameaçados em determinadas situações, especialmente aquelas em que estamos felizes; construímos uma associação entre a prática de certos rituais e a diminuição dos riscos, de modo a nos sentirmos protegidos contra as adversidades. O outro tem a ver com o desejo de interferir sobre eventos que não dependem de nós, mas que queremos muito que tenham um resultado positivo; associamos, por um caminho nada lógico, sua concretização à presença de algum objeto, um adorno promovido à condição de talismã e cuja presença, no processo ritual que construímos em torno dele, aumentaria – e muito – as chances de obtermos o favor desejado.

Pessoas inteligentes, cultas e um tanto céticas também costumam desenvolver algum tipo de ritual. As que são muito voltadas para as práticas religiosas tendem a desenvolver seus rituais dentro deste contexto: as promessas se assemelham muito ao processo que estamos analisando, sendo que aqui se renuncia a algo do qual se gosta muito em favor da facilitação de um resultado que aparece como muito importante (abre-se mão do chocolate por um tempo longo em benefício da saúde de um filho, por exemplo). As novenas, as peregrinações, os jejuns e as orações em geral têm por objetivo agradecer graças recebidas, pedir proteção para o que se tem e também para que o futuro nos sorria.

Afinal de contas, por que tanto empenho? A verdade é que nossa condição enquanto humanos (e conscientes) é bastante complexa, pois estamos expostos à incerteza de forma continuada e lidamos muito mal com isso. Não suportamos o fato de estarmos em uma embarcação sujeita a ventos que não controlamos. Não sabemos nada do que é relevante acerca do nosso futuro e tentamos nos defender disso por todos os meios.

Buscamos defesas contra a incerteza que cerca os relacionamentos afetivos através de estratégias de controle sobre as pessoas que amamos. As mães de adolescentes tentam saber deles o tempo todo e impedir que todos os males lhes alcancem. Homens e mulheres tentam vigiar os passos de seus parceiros, sempre com medo de serem traídos ou abandonados.

Usamos boa parte de nossas possibilidades intelectuais com o objetivo de projetarmos um futuro de acordo com nossos melhores sonhos. Tentamos impedir que as doenças nos alcancem, de modo que nos submetemos a um estilo de vida que nem sempre é aquele que mais gostamos. Consultamos os médicos para exames periódicos com o intuito de detectar doenças precocemente e, com isso, ter o poder de interferir ao máximo sobre sua evolução. Tentamos acumular o máximo de dinheiro, sempre norteados pela ideia de sermos mais parecidos com as cigarras do que com as formigas: para que nada nos venha a faltar.

Ainda assim não nos sentimos seguros. Temos, em nosso íntimo, a sensação de que estes meios concretos são muito insuficientes; considero muito provável que isso seja verdadeiro, já que todos os exames médicos, por exemplo, apenas nos dizem de nossa condição até hoje e das probabilidades de estarmos bem nos próximos tempos. O mesmo vale para o dinheiro, que poderá ser perdido por alguma fatalidade. Do amor então, nem é bom falar...

Os mais céticos podem pensar que é pura insegurança buscar em forças maiores que a nossa, os reforços a favor de nossos interesses. A grande maioria das pessoas pressente a existência de forças não tão concretas a nos cercar. Buscam também nelas algum apoio tanto com o objetivo de se protegerem contra a inveja para que seus sonhos se realizem. É por essa via que entra o pensamento supersticioso, presente em quase todos nós. Pode não ser de grande valia, mas ações concretas para garantir um futuro melhor também não o são. Por mais que façamos, a incerteza sempre sairá vencedora.

Flávio Gikovate

14 de junho de 2012

A arte de beijar



Beijo de selinho, de língua, esquimó, de bom dia e de saudade são beijos comuns. Mas ainda existem beijos técnicos, de peixinho, de mola, grampo, touro. É mais do que a gente sequer se dá conta. Tanto que um especialista no tema reuniu – e descreveu – 484 formas diferentes de beijar. Pois é, um beijo nunca é igual ao outro e nem deveria ser. O beijo faz parte de uma relação amorosa e é através dele que conseguimos medir a "temperatura" da relação. Não importa a idade do casal, beijar é uma arte que deve ser explorada em todas as suas vertentes.


Em um relacionamento amoroso, o beijo é fundamental. De acordo com Pedro Paulo Carneiro, jornalista, diretor de TV e cinema e autor do livro "Dossiê do Beijo: 484 formas de beijar", "sem beijo não existe relação amorosa verdadeira, não existe a cumplicidade. O beijo é muito mais do que a união de duas bocas, é a junção de almas, texturas, cheiros, gostos, sentimentos, energias e vontades. Através do beijo, o casal mantém uma relação de reciprocidade amorosa, sendo ele, também, um termômetro infalível do nível de afetividade do casal".

"O beijo é o termômetro do sexo". Quem nunca ouviu esse dito popular? O beijo sempre precede o sexo e é uma excelente maneira de medir o nível de entrosamento do casal. Isso tem 90% de verdade. O beijo é a conexão mais íntima entre dois corpos, maior até que a relação sexual. Nossas bocas, língua, palato têm terminações nervosas semelhantes a do nosso órgão sexual. Através do beijo conseguimos transmitir mais de 60 tipos diferentes de sensações, que vão desde o odor da saliva, passando pela textura dos lábios, dos movimentos da língua, pela intensidade, vontades, pupilas dilatadas até chegar aos feromônios liberados. Tudo isto e muito mais enviam para nosso cérebro informações preciosas sobre o tipo de pessoa que estamos beijando, sexualmente falando.

Beijar é bom em todas as épocas da vida, mas, na maturidade, esse gesto adquire um nível diferente. O beijo não muda ao longo da vida, o que muda é o sentimento envolvido nele. Uma pessoa com mais de 50 anos pode vir a beijar outra de uma forma mais quente e decisiva do que um adolescente. O que importa na verdade são os sentimentos envolvidos. Gosto de contar a história do surgimento do selinho (forma mais tradicional de se beijar), para que possamos entender esta relação. O selinho 'nasceu' na Idade Média quando senhores donos de terras trocavam seus bens e 'selavam' o acordo através de um beijo frontal, com duas testemunhas que presenciavam a cena. Ou seja, este beijo significa compromisso, não afetividade. Com o advento da peste, este costume foi substituído pelo sinete do anel no papel, e, posteriormente, pela assinatura".

Casais que estão juntos há muito tempo tendem a perder a intensidade e o "fogo" do relacionamento – dando muito mais selinhos do que outros tipos de beijos para demonstrar afetividade. Acontece que o selinho não é o tipo de beijo ideal para isso. "Muitos casais ao longo dos anos vão perdendo 'o calor' do beijo, restando apenas o selinho. E selo, como vimos, significa compromisso, e não paixão, afetividade. Costumo dar uma sugestão para manter a chama acesa: dê dez beijos diferentes por dia", recomenda Pedro. Beijar é um tipo diferente de arte porque você pode executá-la de diferentes formas e evoluir na 'arte' de conceder prazer. O beijo nada mais é do que proporcionar a liberação da serotonina, o elemento neurotransmissor de prazer.

Ao longo de mais de dez anos, Pedro Paulo Carneiro viajou para mais de 40 países para estudar o beijo. "O que me motivou a fazer isso foi, definitivamente, a sensação deliciosa que senti no meu primeiro beijo. Isto me fez querer aprender o porquê deste ato me proporcionar tanto prazer. Após ter me tornado jornalista, resolvi fazer uma pesquisa séria e objetiva sobre o assunto. Descobri muitos tipos de beijos e, após a edição do meu livro 'Dossiê do Beijo: 484 Formas de Beijar', eu descobri ainda mais, chegando a 600 formas diferentes”.

Ilana Ramos

13 de junho de 2012

Namore muito, mas não cometa uma loucura!



Evolução e aprendizados à parte, acredito realmente que nascemos para nos relacionar, para estar em constante troca com o outro. Para exercitar afeto e perceber, ao longo de toda a vida, o quanto isso pode ser difícil na maioria das vezes, mas o quanto também é valioso, gratificante e enche nossa vida de significado!

E você há de convir comigo que quando se trata de namorar, é diferente! É mais fácil! É fluido, leve, receptivo. Namoro de verdade, como tão bem poetizou Carlos Drummond de Andrade, tem a ver com fazer pactos com a felicidade, por muitas vias, de várias formas, mas todas tão simples, tão simples, que quase nos esquecemos! Se você ainda não leu o poema de Drummond sobre ter ou não ter namorado, faça isso ainda hoje!

Quando comecei a pensar sobre esse tema "namorar", me veio uma frase que ouvi essa semana num contexto completamente adverso. Estava assistindo a um documentário sobre a loucura. Loucura mesmo, de doença, internação, medicamento e psiquiatria. E me comovi demais ao ouvir um suposto doente mental dizendo ao repórter que "loucura é quando a gente não vê o outro"!

"Meu Deus!", eu pensei! "Será que temos confundido tão deliberadamente a diferença entre loucura e sabedoria?"! Loucura é não ver o outro, claro! E foi o suposto louco quem disse isso ao suposto normal! E me veio agora: sabe qual é o momento, talvez o único momento em que realmente vemos o outro? No exato instante em que nos rendemos e o namoramos.

Repare! Observe e me diga se não tenho razão! Ver o outro não tem exatamente a ver com paixão, porque ela é projeção, é quase uma dor! Não tem tanto a ver com amor, porque costumamos entendê-lo mais como um compromisso, quase sério. Mas namoro, não! Quando você sai para namorar, você vai à busca do que o outro tem de mais belo, e disposto a mostrar o que você tem de melhor. Você olha o outro querendo realizar seus sonhos, fazê-lo feliz, da forma mais genuína e profunda que a felicidade pode ser feita!

Tem a ver com olhos nos olhos, prestar atenção no que ele diz, estar atento ao que o outro quer. Tem a ver com paciência amorosa, com ceder carinhosamente, só para ter o privilegio de presenciar seu sorriso. Namoro é feito de risada, espontaneidade, humanidade. É feito de tempo sem ponteiros...

Namorar é ganhar o dia de presente para o outro. É transformar a vida num passeio de balão. É, eu sei, não dá para fazer isso o tempo todo. Mas dá, sim, pode apostar, para fazer isso bem mais vezes do que temos feito! Por isso, hoje não quero te sugerir nada! Quero te desafiar! Isso mesmo!

Duvido você parar com essa maluquice de não ver o outro! Duvido você "pensar fora da caixa"! Em primeiro lugar, pare de acreditar que você só pode namorar quem você beija na boca. Sim, é obvio que você não só pode, como deve namorar mais quem você dorme, quem você casou, quem divide a vida com você. Mas estou sugerindo que você namore a vida, os amigos, os filhos, o marido, a esposa, o flerte, a paquera. Namore até você mesmo!

Ignore as defesas alheias com jeitinho. Aproxime-se de mansinho e invada algumas almas. Namore alguns, algumas, com toda a doçura com que for capaz! Olhe bem dentro dos olhos deles. Beije as mãos. Diga algo tão desconcertante quanto são os enamorados! Mas diga inteiro, entregue, vendo o outro de verdade!

E transforme o seu relacionamento com um dia de dizer "não" a essa loucura cotidiana que temos nos imposto sem perceber. "Não" aos olhos fechados para o outro! E "sim" ao suspiro gostoso de quem abre os olhos e acorda. Acorda de verdade! Acorda e vê que viver sem namorar é a maior loucura que alguém pode cometer. Chega de loucura! Agora, você e eu somos só doçura!

Rosana Braga 

12 de junho de 2012

Por que eu gosto de namorar



 namorar 

v. tr. 
1. Andar de namoro com; requestar. 
2. Seduzir, encantar. 
3. Cobiçar. 

v. intr. 
4. Fazer namoro. 
5. Ser namorador. 

v. pron. 
6. Sentir amor; apaixonar-se. 


Embora o dicionário resuma em seis significados a palavra namorar, é possível dizer muito mais. Namorar é colocar o amor em prática. Namoro não é só um compromisso. É o amor vivido por duas pessoas. 

Tem medo de namorar quem não conhece a indescritível sensação de ter encontrado a sua alma gêmea — que não é alguém igual a você, mas alguém com quem você sente uma ligação incrível, como se, de fato, estivessem unidos de corpo, alma, coração, pelas forças do além, ou seja lá o que for. 

Namorar é ter ao seu lado alguém que te conhece tão bem que já sabe se você está com algum problema só pelo tom da sua voz. É ter a pessoa que você ama, a pessoa que você deseja e seu melhor amigo, todas em uma só. É sentir que tem um porto seguro, mesmo quando parece que o mundo vai desabar sobre a sua cabeça. 

Não sabe o quanto é bom namorar quem pensa que é só ter alguém para beijar na boca e para quem ter de dar satisfação. Namorar é muito mais que isso. Namorar é bom e faz bem. É viver o amor na sua plenitude. 

É incomparável a felicidade de amar e saber ser amado. Namorar é sentir paz com a simples presença de quem se ama. É apaixonar-se todos os dias pelo mesmo sorriso. É precisar ouvir aquela voz, só aquela, te dizendo “boa noite” antes de dormir. 

Eu gosto de namorar. Gosto de ter alguém que me manda mensagem no celular no meio do dia (ou da noite) só para dizer que me ama. Gosto de ter com quem conversar sobre qualquer coisa, sem medo de ser julgada. Gosto de dormir abraçada. Gosto de assistir filme, sair, ouvir música, ou até mesmo fazer nada — tudo é muito bom quando feito junto a quem se ama. 

Eu gosto de ter com quem fazer planos. De lembrar como tudo começou e chegar à conclusão de que fica melhor a cada dia. Fico feliz ao concluir que o amor existe, sim, embora por muito tempo eu tenha acreditado no contrário. 

Namorar é poder ser você mesmo, sem medo de rir ou chorar e parecer ridículo. Namorar é se entregar. É deixar transparecer seu verdadeiro “eu” e ter consciência de que alguém te ama por todas as suas qualidades e com todos os seus defeitos. Eu gosto de ter alguém que me entende e que, quando estou errada, sabe me mostrar isso sem perder a ternura. 

Namorar é ter conflitos. E aprender a resolvê-los. É conhecer o mundo de outra pessoa e deixá-la conhecer o seu. É trocar experiências, juras de amor e carinhos. Mas o namoro também é perder. Em geral, perde-se muitas horas de sono, mas ganha-se momentos sublimes. 

É dividir o refrigerante, o cobertor, as contas e os problemas. E é compartilhar as alegrias, as conquistas e a vida. Viver a dois é nunca mais estar só, mesmo quando se está longe. Namoro não é apenas a fase que precede o casamento. Casais que se amam são eternos namorados. 

E como é bom namorar e estar enamorado!

Mayara Godoy

10 de junho de 2012

Pensar, um ato sem censura


Quase todas as pessoas se assustam com certos pensamentos "proibidos" que afloram à mente de forma espontânea. Chegam a sonhar que mataram a própria mãe ou o irmão e acordam angustiadas. Não se confor­mam com o fato. Experimentam culpa, vergonha e não têm coragem de contar o sonho nem para os mais íntimos. Ocorre o mesmo quando, acordadas, reconhecem que não gostam de um filho, que não sentiriam a mínima falta do companheiro se ele morresse. Isso sem falar das fantasias sexuais extravagantes. É enorme o constrangimento causado por alguns desejos sadomasoquistas, de sexo promíscuo ou de natureza homossexual.

Na verdade, poucos se conformam com a existência de emoções passeando por nossas mentes sem ser convidadas. Gostaríamos de ter controle sobre o que pensamos, mas surgem desejos que não estão de acordo com a ordem moral. Aí, somos forçados a lutar contra eles. Tentamos ajustá-los, reprimi-los. Por esse caminho, o porão do inconsciente se torna depósito de tudo o que sentimos, mas queremos ocultar. Se uma pessoa gosta de se imaginar boa, seus defeitos continuarão a existir. A agressividade e a inveja irão se manifestar de forma camuflada, burlando a vigilância de nossa razão. As ideias que rechaçamos permanecem dentro de nós. Perdemos o domínio sobre elas quando não as aceitamos, ficando à mercê dos impulsos mais primitivos.

Não há a menor chance de só termos pensa­mentos e desejos que estejam de acordo com nossos valores éticos. Somos simultaneamente seres racionais, capazes de reflexões sutis e elaboradas, e animais (até certo ponto não domesticados). O mamífero que existe em nós reage brutalmente à agressão, mesmo quando possui convicções ligadas a idéias de tolerância e perdão. Temos desejos sexuais que transbordam os limites do amor e as normas estabeleci­das pela sociedade. Sabemos ser impossível criar uma ordem social estável, sem que haja regras para a nossa vida sexual. Essas regras distinguem os parceiros aceitáveis dos que devem ser evitados ou proibidos. É claro, porém, que os desejos não desaparecem apenas porque existem impedimentos externos. Talvez até aumentem.

O que acontece, então? Nosso mundo interior perde a serenidade. Passamos a viver conflitos permanentes entre desejos e possibilidade de ação. Queremos, por exemplo, determinados objetos que não nos pertencem, mas abafamos o impulso natural de nos apropriar deles, pois é preciso respeitar o código de valores morais criado pela nossa própria razão. Segundo esse código, apossar-se de bens alheios constitui roubo, uma transgressão sujeita a punições. Saber isso não nos impede de cobiçar determinado objeto. Não podemos, por exemplo, levar para casa o carro importado que estacionou na esquina. Mas como gostaríamos de ter um! Neste momento, talvez apareça a tentação de roubá-lo. É um crime pensar assim?

Acho que não. Para mim não existe "pecado por pensamento" e, se existisse, de nada adiantaria querer se emendar, pois muitas idéias surgem de surpresa, sendo inviável desfazer algo que já aconteceu. Não devemos acreditar que só nós, criaturas inferiores, temos pensamentos inaceitáveis. Se eles invadiram nossa mente é porque são próprios dos seres humanos. Em matéria de fantasias e desejos, ninguém se diferencia; é moral ou imoral. É uma pena que as pessoas não sejam sinceras e não reconheçam que até mesmo os homens e as mulheres mais abnegados têm impulsos homicidas, sede de vingança, sonhos eróticos de todo tipo.

Precisamos aproveitar o surgimento desses desejos para nos conhecer melhor. A inveja, por exemplo, nos fala a respeito das coisas que queremos possuir. Aí, surge a alternativa: agredir quem provocou o sentimento negativo ou nos esforçar para também atingir o objeto cobiçado. Nesse caso, a inveja vai nos ajudar a descobrir nossas aspirações.

Não concluam, porém, que tudo é permitido. Na transferência do pensamento para a ação, a cons­ciência moral se impõe, pois se trata de questões totalmente diferentes. Posso sonhar em matar um irmão, mas é óbvio que não posso matá-lo de fato. Posso desejar o que quiser em relação ao sexo, mas na hora de praticá-lo devo respeitar minhas convicções e as do parceiro. A liberdade interior é uma das nossas maiores aquisições psicológicas. Podemos e devemos saber tudo o que se passa dentro de nós. As ações, no entanto, sempre terão de ser limitadas por valores morais e levar em conta os direitos das outras pessoas.

Flávio Gikovate