31 de outubro de 2011

Perdoe!




Suponhamos que você tenha queimado o braço há um ano atrás. Foi uma experiência bastante dolorosa. Pergunte a si mesmo se a dor ainda existe. Com certeza você não sente mais nada; lembra do fato, mas não sente mais a dor. Por que não podemos agir assim com os outros e com nós mesmos?

Brigas e mágoas são sentimentos ruins tanto para quem os sofre, quanto para quem os provocou. Mesmo depois de algum tempo, ao se lembrar do que aconteceu você percebe que as emoções estão a flor da pele: que o ódio, a raiva, o ressentimento e a dor ainda estão muito vivos. Nesses momentos, bate uma vontade de vingança, um desejo de que a outra pessoa vivencie tudo que você passou ou está passando. É quando você pensa: "Ela me roubou a saúde, o dinheiro e a alegria de viver".

Esses sentimentos negativos têm potencial para causar grandes destruições. Eles estão por trás da maioria das doenças, nos envenenando aos poucos e nos tornando uma pessoa triste, injustiçada e com raiva de tudo e todos. Devemos nos conscientizar que não são as pessoas ou circunstâncias externas a nós que provocam nossos conflitos e mágoas, mas sim nossos próprios sentimentos e atitudes sobre as pessoas e os acontecimentos ao nosso redor.

Poderíamos fazer igual a situação da queimadura: aconteceu, foi ruim, mas já passou. Muitas vezes sabemos exatamente porque sofremos, e mesmo tendo a consciência racional do sofrimento não conseguimos nos livrar dele. Nem sempre é fácil dar o perdão a quem nos magoou ou traiu, mas só assim conseguiremos nos livrar das emoções negativas que envenenam o nosso coração.

O perdão é um processo de abandonar o vínculo com o passado, conseguindo assim seguir em frente. Quando liberamos nossas dores, nós não ficamos mais ligados ao passado, e sim, livres para experimentar a felicidade verdadeira e a paz interior. Nós próprios somos os curadores divinos, é só respeitar as crenças de cada um e perdoar a si mesmo. Com isso, você recebe tudo.

Há três anos resolvi usar as regressões de idade para o tratamento do perdão. Perdoar é um poder que todos nós temos, mas durante esses anos eu percebi que mesmo sabendo disso as pessoas enfrentam muitas dificuldades. A partir disso, criei uma abordagem terapêutica que faz com que a pessoa limpe todos os fatos negativos, mesmo aqueles que não temos consciência, mas que são responsáveis pelo nosso modo de ser e agir.

Eu mesma usei esse tratamento e vi as situações mais difíceis, que pareciam impossíveis, simplesmente se desfazendo, dando lugar a várias oportunidades para mim e para minha família. Aprendi que não basta ser perdoado ou perdoar, é preciso se perdoar primeiro. Quando nada mais tiver jeito, pode ter certeza, o perdão resolve tudo.




Myriam Durante




30 de outubro de 2011

Se ame, se aceite





Quantos se lamentam do que herdaram ao vir ao mundo. Reclamam de não terem tido a aparência que o padrão da mídia diz ser o mais bonito, de não ter a altura adequada, de ter tendência à calvície ou a engordar. Também lamentam não terem tido berço de ouro ou algumas facilidades que outros têm, enfim...

Lamentar é fácil e perigoso. Fácil, pois não nos cobra nenhuma ação para mudar nada e perigoso, pois, por não nos estimular a nenhuma ação, nos deixam estagnados vendo a vida passar.

Seu corpo não é tudo que tens, pois carrega ele uma alma que traz em si milhares de possibilidades. E é o que tens dentro que faz seu mundo ser melhor ou pior. Se tens dentro de si que a forma de seu corpo dará rumo ao seu destino, de certo estará jogando fora a oportunidade de enxergar além. Se tens dentro de si que o seu berço é que ditará seu futuro, de certo estarás jogando fora a oportunidade de construir um caminho partindo do zero e que de certo, vai sendo construído e solidificado a cada vitória, a cada passo dado.

Lembro mais uma vez mestre Sartre, "não somos aquilo que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós".

Então seu baixinho, gordo, careca, sem parentes importantes e sem conta corrente rechonchuda, comece a se olhar no espelho mais vezes, sorrir para o que tens e comece a buscar a ter mais do que o simples lamentar. Mãos a obra. Aceite os pontos negativos, descubra os pontos positivos e perceba ainda de mais nada, ninguém é perfeito.

Só para registro e reflexão.

Fecha o pano.





Fernando Martins






29 de outubro de 2011

Limites




O nosso direito termina onde começa o direito do outro.

E quando nós mesmos não respeitamos o nosso direito, permitindo que sejam invadidos os nossos limites, e nem percebemos? Ao contrário, nos queixamos dos outros mas não nos damos conta que a responsabilidade é toda nossa, ao não avisarmos o outro até onde ele pode ir...

O outro não possui a capacidade de adivinhar até onde vai a nossa tolerância a não ser que comuniquemos a ele. Enquanto não fizermos isso, ele se sente confortável e não percebe nada demais...

Acontece que muitas vezes na ânsia de agradarmos (crescemos ouvindo que devemos ser "bonzinhos" ou o Papai Noel não vem, o coelho da Páscoa passa reto, o presente de aniversário fica para próximo ano...) somos levados a tolerar mais que o tolerável.

Sendo assim, um dia tudo foge do controle e explodimos. Ou surtamos. Ou continuamos tolerando até que o nosso humor se esvai, nossa vida parece não ter sentido, porque nos sentimos presos à necessidade de continuarmos tolerando, uma vez que já o fizemos até o momento.

Este comportamento é cruel. Cruel conosco, cruel com o outro.

Nós sofremos e o outro, por ignorância, sofre também por não saber a razão de certas atitudes hostis em relação a ele. Sim, porque embora estejamos tolerando, não nos sentimos confortáveis e, em certas situações, não há como esconder a insatisfação.

Muitas vezes, não percebemos ao mantermos este tipo de atitude e o desconforto parece descabido.

É saudável olhar ao redor e verificar se existem situações deste tipo na nossa vida; um diálogo muitas vezes ajuda muito. Concordo que possa haver um certo constrangimento ao colocarmos o assunto em pauta, podemos num primeiro momento encontrar mil justificativas para manter a situação como está. Mas isto é somente o medo da mudança e da reação do outro.

Nada justifica nos mantermos nesta prisão fazendo do outro nosso algoz. É justo conscientizarmos o outro do que sentimos em relação a ele para que ele possa fazer algo a respeito, ele não pode ser acusado de algo que nem sabe que está fazendo.

Vamos nos dar a chance de expor os nossos limites e respeitar o limite dos outros.

Respeitar e ser respeitado significa liberdade.


Mônica Turolla






28 de outubro de 2011

A nova mulher em busca da plenitude




Já há algum tempo venho observando a maneira com que muitas mulheres têm conduzido sua vida. A causa de tantos comportamentos incoerentes e desencontrados seria irrelevante detalhar aqui: conquistas e mudanças que elas mesmas têm provocado em todo o mundo ao longo das últimas décadas – sejam as construtivas e dignas de méritos incontestáveis, sejam as deturpadas e equivocadas.

Mas meu intuito não é relatar a história e sim a essência da mulher; é falar da alma feminina e não dos estereótipos, máscaras e papeis que elas vêm utilizando para garantir seu espaço e demarcarem sua capacidade de ir além do esperado.

Infelizmente, feridas por regras patriarcais, muitas mulheres saíram do extremo da submissão em busca de seu real valor, mas se perderam. Assim, morrendo de medo de se sentirem novamente amarradas pelas rédeas do passado, insistem em renegar sua alma acolhedora, sua beleza encantadora, seu coração fértil, receptivo...

Neste momento, desejo enaltecer esse doce coração, provocar - no bom sentido - o desabrochar completo desta alma legitimamente sensível, terna, plena!

Que possamos, especialmente hoje e a partir de agora, baixar as armas, as defesas e as desconfianças... e simplesmente ser mulher – com todos os predicados que esse lugar nos cabe! Porém, não com um comportamento maquiado, afiado, dolorosamente sociabilizado. Proponho um comportamento autêntico, com direito à sua notável delicadeza, à doçura que tantas vezes é substituída pelo espírito de competição e comparação equivocada com os homens.

Que deixemos, enfim, de lutar por uma igualdade genuinamente impossível, que mais nos desvalorizaria do que enobreceria. Que passemos a assumir nossas maravilhosas e caras diferenças e atuemos decididamente a partir de nossa feminilidade essencial, preciosa, sublime. E que façamos isso, sobretudo, no exercício de conduzir as nossas relações, seja no âmbito profissional ou pessoal.

Desejo que nós, mulheres, recuperemos nossa capacidade de sedução e envolvimento – no sentido mais amplo dessas expressões – sem, contudo, termos de agir como os homens. Não somos homens. Não somos melhores nem piores. Somos mulheres, somos o feminino divinamente complementar do masculino e vice-versa.

Não precisamos de igualdade, apenas de nossa singularidade. Portanto, sugiro que sejamos firmes, justas e produtivas, mas sem nunca renegarmos nossa natureza criadora e criativa. E com certeiros atos, que possamos, de fato, conquistar o mundo.

Porém, não falo de uma conquista cujo adversário se chama homem! Não precisamos de adversários, mas de companheiros, aliados, protetores e amigos. Quando proponho que nos comportemos femininamente, estou sugerindo o exercício da lucidez feminina, da capacidade que temos de conciliar e compreender, de um gesto que perdoa, um abraço que envolve, de uma conduta que nutre e floresce o que está ao seu redor...

Sei que muitas mulheres são subjugadas e até desvalorizadas em seu ambiente de trabalho e até mesmo em suas relações afetivas; sei que muitas delas não encontram espaço para sua expressão máxima e contundente. Por isso mesmo, hoje especialmente, quero defender a urgência do deixar-ser e levantar a bandeira em nome do SER MULHER!





Rosana Braga 



Amigos e Amigas, 
Ofereço este texto da incrível escritora Rosana Braga para a minha queridíssima amiga Meire, que todos conhecem e amam, do doce Blog "My Crystal Visions",  pela qual nutro um amor e um carinho enormes, e que está completando hoje, 28 de outubrode 2011, 23 aninhos!
Menina meiga, mulher forte e verdadeira, escritora, poetisa, em busca de sua plenitude... Um ser humano lindo, digno de muita admiração!!! Obrigada, Meire, Princesa de Cristal, por representar tão bem o mundo feminino. Tenho muito orgulho de você. E tenho a grande honra de tê-la como amiga, pois você é o meu diamante! "And diamonds arre forever...".




27 de outubro de 2011

Por que a pessoa sumiu assim, do nada?




Você conhece alguém, troca mensagens com esta pessoa, falam-se ao telefone e até saem algumas vezes juntos. Tudo o leva a crer que este encontro promete um prolongamento, uma concretização, um final feliz.

Empolgação, investimento, foco, alegria... e você realmente começa a acreditar que, desta vez, vai ser diferente! Porém, de repente, não mais que de repente, o ser humano desaparece! Assim mesmo, do nada, sem deixar recado ou ao menos dizer um fui.

Você fica se perguntando o que houve, se fez algo errado, se forçou a barra, viajou na maionese ou algo neste sentido... Mas, não! Não encontra nenhum motivo que justifique atitude tão paradoxal – o tal sumiço.

Chega a se questionar sobre a possibilidade de o sujeito ter sido abduzido, ter perdido a voz ou sofrido algum tipo de amnésia, mas logo se dá conta de que tudo isso é muito, muito pouco provável.

E sua mente não pára de raciocinar! Você diz a si mesmo: bem, qualquer pessoa com o mínimo de noção de educação deveria saber que se toda frase merece um ponto final ou ao menos reticências, o que dirá um relacionamento, por mais recém-nascido que seja.

E você tem razão: o fato é que são raras as vezes em que a saída à francesa é a melhor escolha! Portanto, é bem possível que este não seja o caso e que sua angústia diante do sumiço do outro faça sentido!

No entanto, por mais que seja compreensível esse sentimento, nada justifica o prolongamento indefinido dele. Ou seja, se você estava se relacionando com alguém que, do nada, desapareceu, sugiro que tente, sim, fazer contato, verificar se está tudo bem. Mas se não obteve retorno, o melhor que tem a fazer é esquecer esta história!

A simples decisão da pessoa de sumir deve servir para lhe mostrar que, em última instância, não faria sentido continuar investindo na relação. O que tinha de ser, já foi! E o que não foi, não era pra ser. Simples assim. E qualquer conclusão diferente desta só vai fazer você se afogar num sem-fim de perguntas para as quais não encontrará as respostas.

Portanto, seja inteligente e, sobretudo, razoável consigo mesmo. Não se maltrate e nem permita que a falta de consideração de alguém preencha seus dias com lamentos e sensação de rejeição. Cada um tem suas razões e, por mais amargo que seja admitir, talvez esta pessoa simplesmente não saiba lhe contar quais são as dela...

No final das contas, pode apostar que se ficou algo importante a ser dito, algum dia ela vai dar um jeito de fazê-lo. Senão, lembre-se: para quem tem a autoestima em dia, um silêncio como este deve se transformar no mais perfeito já foi tarde!





Rosana Braga 

26 de outubro de 2011

O amor é simples



O que faz do amor original e puro é que podemos senti-lo mais pela percepção do que pela manifestação da palavra.

O amor se mostra como um sentimento repleto de esperança. Esse sentimento não forma só um elo de carinho com a pessoa amada, mas vai mais além, ele abraça todas as pessoas, na sua mais pura essência.

Ter a esperança de vivenciar o dia anterior e sonhar com o amanhã é desfrutar de um amor natural, simples e verdadeiro. Tudo isso vivendo o momento presente com toda a intensidade e todo o prazer dos encantos e das viagens que só o amor pode oferecer.

Saibamos que a morte, uma ameaça a todas as nossas realizações, no amor, não é um fim, mas a entrada para uma vida nova, recheada de esperança. O que podemos deduzir a respeito do amor é que ele se divide entre a aproximação natural e a saudade. Propriamente sentida, a saudade já é uma prova de amor, mas não a única. Cada um de nós tem uma idéia bem subjetiva a esse respeito. Por outro lado, mesmo parecendo ser tão complexo, o amor é simples, por isso, escapa de uma total compreensão.

Quando o sentimento do amor nasce, jamais para de crescer. Ele é sempre procurado, sentido e sonhado. A vida está em constante movimento, e o amor também sempre em formação. É como se um movesse o outro, numa evolução contínua e sempre inacabada. A alegria, o prazer, a tristeza, a dor e a saudade são sentimentos que dão sentido à nossa vida. Eles fazem com que ela não se torne estática, mas emocionante e cheia de emoções.

A incorporação física do amor é prazerosa e iluminada pelos sentimentos sem palavras, onde a pele fala com a pele, os olhos falam com os olhos e os corações batem num mesmo compasso.

Na verdade, o amor é a fusão de todos os sentimentos. É uma grandeza que está em constante transformação, buscando uma perfeição inalcançável. Esse sentimento aproxima as pessoas. Para ele não existe tempo ou qualquer preconceito, transcendendo a tudo e a todos.

Para termos uma vida plena e feliz temos que colocar tudo o que nos cerca a serviço do amor. Porém, é importante não deixar que o amor se confunda com uma paixão doentia e dolorosa, pois isso foge ao seu verdadeiro propósito de ser livre, incondicional e maravilhoso.

Na abordagem do amor, julgo poder avançar um pouco mais. Podemos expandi-lo para toda a humanidade, tão carente de carinho. Expandi-lo em forma de compaixão, caridade e gratidão.

A força da atração centraliza os corações apaixonados em uma perfeita sintonia. Esse movimento é muito válido, pois tudo vale a pena pela alegria e pelo prazer de viver. A grande mágica é podermos amar, nos apaixonar, sem ferirmos o amor altruísta. Uma coisa é amar a criação e o criador, a outra é amar a criatura.

É impossível e desumano não olharmos o próximo com carinho e amor. Este sempre se dirige a um semblante e a um coração. O ser humano só pode ser amável quando percebe que é amado. Se o ponto central do amor é a alegria de viver, então que cada um escolha a sua maneira de amar, desde que o faça com alegria e colabore para liberdade que todos tem por direito.

Se o universo tende a guiar cada um de nós, alguma coisa pode acontecer a qualquer momento, um novo encontro ou um reencontro, onde o amor comanda a engrenagem da máquina que move os nossos sentimentos.

O amor está acima de tudo. É preciso acreditarmos na sua existência. É preciso acreditarmos nesse sentimento transcendente, mas isso só se tornará possível quando percebermos a sua simplicidade.



Bernardino Nilton Nascimento




25 de outubro de 2011

Prepare-se: a vida é uma consequência!



A natureza é repleta de ciclos que se renovam constantemente. Desde as menores partículas da célula ou do átomo, tudo se transforma, pois nada é imutável no universo.

A vida inteligente, em qualquer lugar do cosmos, segue o seu ritmo natural em que cada nova fase do ciclo vital é uma consequência das fases anteriores, ou seja, o reflexo de nossas escolhas através do livre arbítrio.

Portanto, o ser dotado de inteligência e liberdade de escolha, é o senhor de seu destino.

O diferencial nessa questão é a postura adotada por cada indivíduo diante de sua própria vida, à medida que depende de sua lucidez as escolhas a serem tomadas em prol de sua evolução consciencial.

Por este motivo, somos agentes lúcidos ou passivos no palco da vida, pois depende de nossas iniciativas a alteração de um perfil que trazemos de muitas vivências no corpo físico.

Se passivos, alienados de nossa essência, a tendência é que continuemos a reproduzir um modelo repleto de vícios comportamentais e sentimentos não resolvidos, que são, em parte, responsaveis por níveis de sofrimento psíquico-físico experenciados na vida atual.

Se lúcidos e ativos, a tendência é que alteremos esse paradigma a partir da renovação interior que gerará uma energia compatível com a sensação de bem-estar vital.

Contudo, nunca é tarde para que iniciemos a nossa "revolução da consciência", porque o pouco que fizermos no momento vital, repercutirá positivamente no futuro. É um processo que exige perseverança e fé no potencial transformador que existe em cada um de nós.

Precisamos entender que a vida é precedida de momentos de destruição. Do caos surge o renascimento, a criação, ou seja, a fase em que as expectativas se renovam, desde que sejamos os próprios agentes dessa transformação.

Na natureza humana nada acontece por acaso, seja na passividade ou na tomada de atitudes, a verdade do que somos se revela diante do universo. Dessa transparência ninguém está livre...

Podemos escrever uma história repleta de capítulos interessantes sobre a nossa existência, ou escrever capítulos que se repetem sem nenhuma importância no contexto existencial. Nesse sentido, a escolha é do indivíduo que permanece passivamente atrelado ao seu passado, ou do indivíduo que desperta para a dinâmica das transformações necessárias a partir de si mesmo.

A renovação vital é sempre um convite -e uma chance- para que o indivíduo desperte em relação às suas inerentes potencialidades. Valores que, invariavelmente, encontram-se subjugados por valores materialistas e dependentes do comportamento padronizado, herança de muitas vidas do espírito imortal.

Quando na vida tem-se a impressão de que "tudo dá errado", é porque, geralmente, repetimos erros do passado e não percebemos que somos vítimas de nossas próprias escolhas e condicionamentos. E para que o ciclo vital não torne-se um cristalizado sentimento de frustração que tende a aumentar de intensidade com o passar do tempo, é fundamental que despertemos das sombras que nos prendem a processos obsessivos para a luz da consciência.

O novo paradigma de si mesmo exige mudança interior que pode começar pelos mais simples gestos que revelam as nossas intenções em querer mudar para melhor, a partir da prática do bem sem olhar a quem.

Esteja preparado, pois a vida é uma consequência de nossas escolhas. 





Flávio Bastos 





24 de outubro de 2011

A pessoa definitiva



Apesar do título sugestivo, o assunto não é o cara com quem você ficará para o resto de sua vida e será feliz para sempre. A pessoa definitiva, nesse caso é alguém que chega ao seu coração sabe-se lá como, provoca uma verdadeira revolução e transforma sua maneira de ser, pensar e agir. Em geral, sai da sua vida pela mesma porta que entrou, porém deixa sementes que farão de você um outro ser. Triste? Claro! E dói porque ele leva embora parte de sua zona de conforto e vice-versa – é como se cada um ficasse com uma peça de roupa do outro que já não serve mais. Por isso, às vezes é tão difícil nos desconectarmos – no fundo, a desconexão é conosco mesmos. Por isso, muitas vezes o sentimento é de amor e repulsa. Não está em jogo aqui quem sofreu ou se entregou mais, mas sim o que cada um fará com o que viveu e aprendeu. Ou nos refugiamos em outra zona de conforto ou nos movimentamos. Das escolhas possíveis, apenas uma faz crescer. O lado bonito nisso tudo é que essa pessoa definitiva também ajuda a despertar o que há de melhor em nós. Acorda dons e desejos adormecidos e nos torna mais verdadeiros. Uma espécie de reencontro com a essência, com nossa matéria pura, que nos permite assumir o que queremos e a entender de uma vez por todas o que não queremos seja numa relação, seja na vida profissional. Essa pessoa definitiva só aparece quando estamos preparadas para a mudança, quando nossas crenças perderam o sentido, quando nosso jeito de lidar com o amor já não convence. Então, pode-se dizer que a pessoa definitiva é uma das mais importantes da nossa vida. É verdade que todas as relações nos transformam um pouco, mas apenas uma nos induz ao movimento profundo. E pode ter certeza de que ela chega com uma força incontrolável e nos pega de surpresa. Feliz quem teve a oportunidade de encontrá-la!




Fernanda Santos





 

23 de outubro de 2011

Sexualidade



Este é um tema central na vida de todos, estejamos ou não vivendo a dois. Além disso, também faz parte do nosso cotidiano o fato de que a sexualidade continua sendo tabu em nossa cultura. Justamente por isso temos ainda muitas dificuldades em viver natural e integralmente a nossa sexualidade.

Houve mudanças muito significativas desde os meados do século passado em que vários paradigmas foram sacudidos e as posições do homem e da mulher passaram não só a ser questionadas, como também reavaliadas e modificadas em um curto espaço de tempo e de forma contundente. A mulher saiu da sombra do homem e passou a ocupar um lugar por si mesma, seja nos âmbitos social, profissional e político, além de mais obviamente no âmbito familiar.

Estamos vivendo explicitamente desencontros muito frequentes em que a mulher tem exigido do homem atitudes e posicionamentos aos quais ele não foi preparado para responder. Assim, é evidente o desconcerto, a perplexidade e o susto que se percebe no homem, em geral por não poder compreender o que ocorre, tentando satisfazer à mulher sem realmente saber por onde começar, e ainda se sentindo muito arraigado aos hábitos que foram vigentes durante muitos séculos com relação ao que definia o ser masculino e o feminino.

Existe ainda muita inibição e repressão com respeito à expressão da sexualidade. É muito comum ainda viver a sexualidade em torno à experiência genital unicamente, sobretudo em torno à perseguição do orgasmo como meta e confirmação da satisfação, sendo a sexualidade definida como “satisfatória e bem vivida” quando o orgasmo é conseguido.

O homem ainda se sente responsável pelo orgasmo da mulher, portanto pode facilmente cair em um descrédito de sua masculinidade caso a mulher não demonstre a satisfação esperada.

Como consequência também ocorre que a mulher aprende a representar essa satisfação para não frustrar, nem possivelmente perder o homem, como também para manter a imagem de “boa amante” e “mulher liberada”. Nestes casos, a mulher se distancia de seu próprio ritmo e verdadeiro desejo, chegando a perder totalmente o contato com a sua energia sexual individual.

Em diversas relações é frequente a utilização da sexualidade como moeda de intercâmbio: “se você me der tal coisa eu te dou tal outra, caso contrário nego o que você mais quer”. E isso tem acontecido tanto com homens como com mulheres.

A dificuldade de comunicação de forma clara e sincera, os contínuos desencontros e o desconhecimento do próprio corpo, incluindo a inconsciência de sua energia sexual a um nível sutil e profundo, desembocam com frequência em uma sublimação do sexo, no desinteresse e na negação em explorar e expandir a própria sexualidade, tanto individualmente, como também dentro da relação a dois.

Às vezes ocorrem tentativas de viver o sexo somente como válvula de escape de tensões e confirmação da masculinidade e feminilidade, transformando os encontros em meros exercícios físicos desconectados do todo.

O homem aprendeu, em nossa cultura, a medir sua masculinidade pela quantidade de pessoas com as quais manteve relações sexuais. A mulher aprendeu a usar sua sexualidade e seu corpo para obter contato afetivo e sentir-se desejada. Mas esses aprendizados têm causado as maiores frustrações, além de acusações mútuas que provocam um abismo dentro de relações que deveriam ser as mais próximas e íntimas. É patente perceber o quanto a integração do prazer se torna impedida, os canais que propiciam a criatividade e a saúde psicofísica se mantêm obstruídos e a evolução do ser humano, em níveis menos aparentes e mais sutis, permanece estagnada.

O caminho mais imediato e mais fácil para restabelecer a fluidez da energia sexual é, a meu ver, reconhecer, explicitar e se propor a mover-se em torno aos aspectos, atitudes e comportamentos que têm dificultado e/ou impedido a integração da sexualidade na própria vida como um todo.




Suzana Stroke






21 de outubro de 2011

Solidão criativa ou destrutiva? Você decide!



O peso da palavra solidão parece que a faz ecoar. O mundo dá um valor muito negativo à solidão. Tentaremos aqui ter uma compreensão um pouco mais abrangente sobre como encarar e lidar com ela.

Todos nós, em alguns momentos de nossas vidas nos sentimos sozinhos. A solidão revela a necessidade que temos do outro. Tudo na nossa vida parece ser definido a partir de nossas relações e o outro é parte fundamental nisso.

Somos definidos por papéis: pais, filhos, marido, esposa, viúvo, solteiro... e essas conceituações só existem mediante um outro. Quando nos percebemos sem o outro nos deparamos com a condição de solidão: estamos sós. Quando falamos em nos perceber sem o outro, não nos referimos a ausência concreta e material de uma pessoa, afinal ela pode estar lá e nós estarmos nos sentindo sozinhos.

Mas como lidar com esse sentimento?

Parece fundamental compreendermos que a solidão pode ser destrutiva ou criativa. Criativo é tudo que fertiliza, que traz a vida e destrutivo é tudo que leva a desagregação e a morte.

Às vezes, nos deparamos com uma solidão terrível, como se a falta do outro representasse também a ausência de nós mesmos. Ou seja, só existimos se o outro nos dá condição para tal, se não nos permite sentirmos só, como se a falta do outro fizesse presente internamente a sensação de um "buraco" que nos deixa pela metade, não estamos mais inteiros. Nesse caso a falta do outro impossibilita a percepção de que somos uma unidade, que podemos sentir a ausência de alguém, mas que isso não nos faz deixar de existir como indivíduos. Muitas vezes, as pessoas nem percebem que foram esquecendo de si mesmas aos poucos. A solidão revela aqui uma característica destrutiva.

A solidão também pode emergir e nos revelar com mais profundidade a impossibilidade de configurarmos junto com o outro uma unidade: percebemos que somos um, um sem o outro, um sem ninguém. Só nós mesmos compomos essa unidade. Nesse caso, a percepção de que "também existo a partir da consciência que o outro tem da minha existência" se faz presente, porém não nos impede de compreendermos que somos um.

Há pessoas que utilizam a solidão como meio para produzir. Sabemos de inumeráveis artistas, escritores, etc... que produzem na condição de estarem sozinhos. O que é produzido foi pensado a partir da existência do olhar do outro, seja na fantasia ou na realidade. Também podemos lembrar de momentos na nossa vida que estamos sozinhos e em paz: como se essa fosse a mais pura possibilidade de perceber, sentir a vida.

A solidão criativa assemelha-se à verdadeira solidão relatada por Thomas Merton: "A verdadeira solidão limpa a alma, abre-se completamente para os quatro ventos da generosidade.(...) A verdadeira solidão separa um homem de outros para que ele possa desenvolver o bem que está nele, e então cumprir seu verdadeiro destino a pôr-se a serviço de uma pessoa".

Faz-se fundamental portanto, entender a solidão e suas diversas possibilidades. Se buscamos uma vida amorosa rica e verdadeira, temos que admitir o risco de ficar só. Caso contrário, vamos aceitando qualquer coisa, nos acomodando, por medo de encarar a solidão. Só se sente sozinho, quem abandonou a si mesmo...



Noely Montes Moraes



20 de outubro de 2011

Deixe que digam, que pensem...




"Pare de escutar as críticas dos outros e comece a dar ouvidos à sua voz interior. Ela, sim, fará você ser feliz de verdade".

Diante de uma crítica qualquer, muita gente se sente diminuída, ofendida, com a autoestima abalada. Aliás, você já reparou que vários elogios podem ser anulados por uma única crítica? Você pode até ser bajulada a todo momento... Mas basta alguém chegar e dizer que você deveria ser assim ou assado que tudo muda - mesmo que a pessoa diga isso de maneira delicada. Aquilo bate forte dentro do peito. Nossa, em situações como essa a gente fica totalmente desconcertada! E, automaticamente, adotamos uma postura defensiva.

É... os seres humanos são muito vulneráveis! Só de imaginar que vai ser criticada, você já muda a maneira de agir, já deixa de fazer as coisas como queria, não se coloca na vida como gostaria... E mais: tem gente que gasta uma vida inteira adotando posturas e atitudes falsas para evitar críticas. Então, preste atenção! Mesmo que você abra mão de ser espontânea para assumir diferentes modelos, jamais agradará a todos. Isso é impossível! E mais: você sempre será criticada por algum motivo.

Quero que você perceba que as críticas não terão esse efeito arrasador se você não der importância a elas. Isso mesmo! Se as pessoas fossem um pouco mais inteligentes, não escutariam crítica alguma. Ou escutariam, mas com muita reserva: "Fulano me disse tal coisa? Será que é verdade? É melhor eu verificar se o que ele disse faz sentido". Você deve tirar conclusões com base na sua própria observação. E o detalhe: sempre com a mente lúcida e tranquila, e com os pés firmes no chão.

O problema de receber críticas é quando a gente dá muito crédito à opinião dos outros. O que isso significa? Que você sempre se coloca em segundo plano. Desde pequenina, dá o lugar aos outros (não importa se está muito cansada), não machuca os outros (não importa quais sejam seus sentimentos)... Tudo é para os outros. O outro vai entrando de tal maneira em nós mesmos que temos um departamento na nossa cabeça que se chama "Os Outros". Pode não haver ninguém controlando suas atitudes, mas você já está se justificando, dando satisfações. Que horror!

Você? Ah, você está sempre em segundo plano, vai ficando lá no fundinho. E é por isso que as críticas magoam tanto seu coração. O segredo é um só: ponha-se sempre em primeiro lugar. Não estou estimulando o egoísmo, mas a autovalorização e a autoestima. Quero que as pessoas dêem importância aos próprios dons e escutem os próprios sentimentos e emoções.

Acredite! O sucesso vem quando a gente deixa de ligar para as opiniões dos outros. Se você cair na loucura de ouvir o mundo para se orientar, vai acabar se arrebentando. E essas pessoas que você tanto considera serão justamente as primeiras a lhe desprezar, a largar você no meio do caminho. Porque a lei é essa: você só pode dar valor a quem tem valor.

Sempre que se deparar com uma crítica, pare e pense: "O que importa é o que eu sinto, não o que essa pessoa sente. O importante é o que eu ouço, não o que o outro fala. O essencial é o que eu penso, não o que o fulano ou o sicrano pensa. Dou valor àquilo que realmente sinto. A natureza me fez responsável por mim e assim o serei - para sempre!".





Luiz Antonio Gasparetto


19 de outubro de 2011

Pergunta pra ele, uai!!!


Outro dia, estava no MSN, conversando com uma amiga mineira, de Belo Horizonte. Ela me contava sobre a relação que vinha tendo com um rapaz há alguns meses. Eu já conhecia a história e vinha constatando uma angústia recorrente nela.

O fato é que o tal pretendido aparecia de vez em quando, comportava-se como um verdadeiro Don Juan, mas depois sumia por dias... o que provocava nela o que eu costumo chamar de ‘cara de ué’, ou seja, um ponto de interrogação interno, um ‘não-sei-o-que-faço-agora’ que, geralmente, nos deixa sem rumo...
Ansiosa e confusa, ela começou a me falar de como estava se sentindo, como era difícil estar numa relação tão incoerente e como gostaria de esclarecer a situação de uma vez por todas.

Contou-me que, quando estavam juntos, ele era carinhoso, atencioso e parecia gostar bastante da companhia dela. Entretanto, se saíam, era porque ela ligava e sugeria um encontro. Nos dias seguintes, porém, ele não dava sinal de vida... ao que ela o procurava e ele rapidamente se manifestava: Poxa, você sumiu. Estou com saudades....

Daí, na tentativa de entender o que é que estava acontecendo, já que ele demonstrava, ao mesmo tempo, interesse e desinteresse, começou a disparar uma série de indagações, cujas respostas provavelmente já vinha tentando descobrir a semanas:

- Rô, por que será que ele é tão carinhoso quando está comigo?

- Será que gosta mesmo de mim?

- E se gosta, por que some depois, não me liga, não me procura?

- Será que tem outra?

- Será que não tá a fim de namorar ninguém?

- Você acha que devo ligar de novo e convidá-lo para sairmos?

- Mas pode ser que ele só queira ficar comigo, não é?

- O que você acha que ele quer?


E enquanto ela disparava suas dúvidas feito atirador com uma metralhadora nas mãos, fiquei pensando em como costumamos alimentar fantasias; no quanto insistimos na ideia – tão equivocada – de que devemos tentar ‘descobrir’ as respostas em vez de fazer as perguntas certas para a pessoa certa!

Conversamos com a melhor amiga, o terapeuta, a mãe, o irmão ou com quer que seja que confiemos o suficiente para escancarar toda nossa insegurança diante de uma situação que só pode nos fazer sentir assim: inseguros! Mas não nos atrevemos a conversar justamente com a pessoa cujo comportamento tem nos causado toda essa aflição!

E como até aquele momento eu não havia me manifestado, por um simples e óbvio motivo – o de que EU NÃO SEI E NÃO TENHO COMO SABER, já que não conversei com ele – aproveitei a pergunta-chave que ela me fez!



Ao indagar: O que você acha que ele quer?, eu imediatamente respondi:

- Pergunta pra ele, uai!!!

Ela ficou em silêncio por um tempo e depois escreveu: como assim?!? , demonstrando o quanto essa possibilidade de falar clara e diretamente a assustava, a decepcionava e a deixava em pânico...

Daí insisti, para provocá-la:

- Bem, se você quer saber a verdade, só existe uma maneira – fazendo a ele exatamente todas as perguntas que acabou de me fazer. Porque, afinal, só ele tem as respostas!

Mas ela ainda retrucou: mas, Rô, ele pode achar que estou cobrando, querendo uma decisão da parte dele! .

Ok, querida, então vamos lá:

- E não é exatamente isso que você ta me dizendo que quer saber? Que importa o nome que isso tem – se cobrança, se pergunta, se desejo de entender ou qualquer outra expressão? Agora, se você está com medo de ouvir a resposta, talvez então deva rever sua postura e assumir que prefere ficar na dúvida a correr o risco de ouvir uma verdade que vai doer... A escolha é sua e você tem o direito de querer ficar na dúvida, mas precisa saber qual é a escolha que está fazendo!
Depois de outro silêncio, ela escreveu:

- Acho que você está certa. Vou pensar melhor no que quero...

Pois sugiro que façamos isso sempre. Que fiquemos atentos. E, acima de tudo, que aprendamos a fazer as perguntas certas para a pessoa certa, de forma clara e direta!

Porque embora a clareza ainda nos assuste tanto e possa realmente nos machucar, é somente ouvindo-a ou estando cientes de que não desejamos ouvi-la neste momento, que poderemos baixar a ansiedade e parar de sentir tanta angústia diante da dúvida...



Rosana Braga
  
  
       

18 de outubro de 2011

E por falar em desapego...





Falar sobre desapego geralmente soa mal: dependendo do ponto de vista, parece complicado, pretensioso, arrogante e até falso e mentiroso. Quem, em sua vida, nunca sofreu por ter que abrir mão de alguém ou de algo que julgava ou sentia ser de estrema importância para si?

Quando crianças, o fato de saber que chegará um novo irmãozinho e que por isso o lugar de "único" deixará de existir, faz sofrer, assim como saber que frequentar a escola exige abrir mão do aconchego da mãe para aprender a caminhar sozinho. Mais difícil ainda, é aprender a viver em sociedade: emprestar brinquedos, dividir a atenção da professora, perder-se na multidão anônima da escola. Estes são os primeiros treinos conscientes de desapego: a descoberta que o mundo é muito maior do que o mundo pessoal, e que, para viver nele é preciso soltar-se e caminhar consigo e pelos próprios pés.

Diariamente, somos colocados frente a situações que nos levam a praticar, com bom senso, o desapego. É o modo que a vida tem de nos ensinar a sermos livres. Mas, de repente, a vida nos dá um chacoalhão: ela quer que cresçamos e, se parados, não saímos do lugar. Estes empurrões são proporcionais às nossas necessidades, mas apesar disso, muitas vezes é difícil entendê-los e aceitá-los. É muito comum a indagação angustiada: "Porque eu? Porque comigo?"

Poder. Status. Perdas de bens materiais, de emprego, de estabilidade financeira nos abalam terrivelmente, pois nos obrigam a nos separar da fonte de nosso conforto e estabilidade. É preciso reduzir despesas, deixar de lado o supérfluo, repensar as necessidades, o que implica em reavaliar valores pessoais e familiares, as verdadeiras amizades.

Implica em praticar o bom senso, a indulgência; em saber relevar e deixar ir tudo e todos que não conseguem se enquadrar na nova realidade. É um momento poderoso de descoberta dos amigos de verdade, e, sobretudo do próprio potencial ético, da força interior, do nível de autoconfiança e da certeza do merecimento pessoal na reestruturação de uma nova arquitetura profissional e financeira.

Desapego é deixar ir, sim, com gratidão pelo que se teve e pela oportunidade de poder e saber empreender novos caminhos.

Envelhecer. Não aceitar o estereótipo social de inutilidade, fragilidade, doença, solidão e medo, mas sim entender a beleza da maturidade, a riqueza das experiências vividas e deixar ir, sem dó e frustração, as idéias amargas da perda da juventude do corpo. Valorizar e praticar os bons hábitos adquiridos na estrada percorrida assim como as novas possibilidades dos novos tempos, do novo corpo, da nova inteligência intelectual e principalmente, a emocional. Desapego é deixar ir, sim, com gratidão pelo que se teve e pela oportunidade de poder e saber empreender novos caminhos.

Adoecer, perder a saúde e o bem estar físico. O tratamento médico é indispensável como também buscar as causas internas e externas, respeitando os limites do corpo e da alma. Neste caso, o desapego é não se revoltar; é a aceitação humilde e verdadeira da própria humanidade e de suas propriedades: a temporalidade e a mortalidade do corpo físico, o que não significa largar-se, não se cuidar, entregar-se. Isto seria negligência e omissão.

O foco principal é perceber que, apesar de termos em nós o poder divino e suas qualidades inerentes, o controle central ainda escapa de nossas mãos. Graças à nossa imaturidade espiritual e emocional, que nos impedem assumir plenamente o controle de nossa evolução pessoal, não temos a saúde plena em tempo total.

A doença nos fere como uma violenta bofetada, e nos mostra de forma dura e objetiva (embora achemos cruel e injusta) a nossa vulnerabilidade, impotência, ignorância, joga no chão nossa arrogância de sermos melhores que o resto do rebanho.

A doença e suas conseqüências e seqüelas são o grande desafio para nossa fé em uma inteligência maior e em sua justiça, embora não a compreendamos. São o teste para o desapego do controle sobre si próprio, sobre a família, sobre os bens materiais, sobre o futuro, sobre a morte e sobre a vida. E, diante da morte, o desafio da aceitação da temporalidade e da mortalidade; da entrega a uma nova etapa ainda desconhecida, permitindo-se deixar ir sem dor ou medo.

Luto. Morte. Dor. A grande perda do familiar querido, principalmente filhos. Dor maior não existe!

A dor da distância, da não presença física, da saudade. Mas é preciso se desligar, deixar ir, entregar à sabedoria do todo, para que haja evolução, mudança, crescimento, tanto pessoal quanto daquele que passou à outra dimensão. Isto é desapego, é deixar ir, sem dor; é amor verdadeiro, que tudo dá sem querer troca. Desapego é deixar ir, sim, com gratidão pelo que se teve e pela oportunidade de poder e saber empreender novos caminhos. É libertação do orgulho, da vaidade, do medo, da arrogância. Não desanime e deixe ir... Consciente e amorosamente troque e transforme-se para ter harmonia e luz. Muita paz!




Eda Cecília Marini 

17 de outubro de 2011

A importância das emoções



Desejamos sucesso financeiro e profissional, relacionamentos de qualidade, tudo do bom e do melhor! Fazemos cursos, aprendemos novas técnicas, a fim de nos aprimorarmos e assim atingir nossos objetivos.

Apesar de todo empenho, muitas vezes não conseguimos o sucesso almejado.

Conhecer a melhor estratégia de marketing, a melhor técnica de vendas, psicologia, etc., nem sempre nos garante o sucesso desejado. O que acontece?

Consideramos todos os aspectos, investimos em todos os setores a fim de alcançar os resultados, mas deixamos de lado um aspecto muito importante: as emoções.

Através de técnicas buscamos controlar as emoções, mas emoções controladas podem sair do controle. O ideal é possuir boas emoções, emoções saudáveis. Tudo que fazemos envolve emoções, é impossível viver sem ela. Deixá-las "de lado".

Mesmo quando você pensa que elas não estão atuando, estão. A questão é conscientizar-se das emoções. Somente a partir do momento que você olha e reconhece que elas existem tem a capacidade de mudar ou transformá-las.

O que impede que você tenha um bom ou ótimo desempenho em algo? Emoções.

O que atrapalha seus relacionamentos atraindo pessoas não compatíveis ou afastando qualquer possibilidade? Emoções.

O que coloca a vida dos seus sonhos distante? Emoções.

-"Mas como? Eu estou fazendo tudo que posso! Meus pensamentos são positivos eu sei que posso!"


Você conscientemente sabe que pode, todos podem. Mas você SENTE que pode?

Durante a nossa vida passamos por inúmeras experiências, ouvimos muitas coisas, que podem estar interferindo sem que nos percebamos disso.

-"Você nunca será alguém na vida."

-"Este exame é muito difícil, não é pra qualquer um."

-"Relacionamentos são sempre difíceis, difícil encontrar alguém e ser feliz ao mesmo tempo é praticamente impossível."
-"Fique quieto, ninguém chamou você na conversa."

-"É assim mesmo, dinheiro chama dinheiro, se você não tem, difícil conseguir."

São exemplos de crenças que atuam a nível subconsciente, e por mais que você aprenda técnicas a fim de driblá-las, elas continuam lá atuando sem que você perceba.

Por isso é difícil, alcançar objetivos, passar no exame, ter um relacionamento ideal, falar em publico, ganhar dinheiro, etc. Na realidade não é difícil, mas suas crenças dizem que sim. E se elas falam isso você sente que é assim, é como se fosse uma lei para você.

Entre saber que é assim e sentir que não é, sentir ganha. Somente afirmar algo e não acreditar (ter a crença) de que é verdade, não vai resultar no objetivo esperado. Saber não é sentir, mas sentir é saber. É necessário transformar o ‘saber’ em ‘sentir", isto torna tudo possível.

Para alcançar o resultado desejado, para realizar os nossos sonhos é necessário sentir que podemos, que conseguiremos. É imprescindível que transformemos o saber em sentir. Conscientize-se de suas emoções, sinta que pode, tenha a vida dos seus sonhos!



Mônica Turolla





16 de outubro de 2011

Liberte-se dos três tipos de sofrimento




Existem três tipos básicos de sofrimento: a ignorância, o apego e a aversão

A ignorância é como uma cegueira mental. Apesar de acumularmos muitos conhecimentos úteis durante nossa vida, não conseguimos aprender o mais importante dos conhecimentos: saber lidar com a impermanência dos estados de prazer, alegria e felicidade. Esta ignorância gera os outros dois sofrimentos: o apego e a aversão, criando a dualidade de nosso estado mental confuso.

Quando somos crianças queremos situações e sensações boas e evitamos as sensações ruins. Isto é saudável nesta idade infantil, mas nossos problemas começam quando nos tornamos adultos e nos apegamos aos momentos bons. Tentamos segurar as sensações prazerosas e tentamos evitar que elas terminem. Não estamos preparados para as mudanças que podem acontecer. Chamamos de apego esta ilusão de acharmos que temos controle sobre a duração da felicidade. Mas não temos controle algum sobre isto.

Como não temos consciência da impermanência dos acontecimentos, queremos segurar a vida e os momentos de felicidade. Ao pensar e agir desse modo, deixamos de viver o momento presente. Passamos a viver de uma felicidade que já passou ou que esperamos que aconteça. Para tentar satisfazer nossos desejos sensoriais, fazemos de tudo para evitar o sofrimento. Mas o sofrimento faz parte da vida e nem sempre podemos evitá-lo. Precisamos saber lidar com ele, enfrentá-lo, tentar transformar o sofrimento em estados mais equilibrados e compreender que são oportunidades de evolução e aprendizado.

Sentir aversão por alguma coisa ou por alguém gera sofrimento. Ódio e raiva são emoções negativas que trazem muitas inquietações.

Ao praticarmos a bondade, a amabilidade, a paciência, tornamos nossos relacionamentos mais naturais, espontâneos e verdadeiros. Por meio destas virtudes, edificamos um mundo mais humano e aprendemos a eliminar tanto o nosso sofrimento como o dos outros, e desta maneira, somos mais felizes.

Vamos tomando consciência da dor dos outros à nossa volta. E assim, percebemos a necessidade de ajudá-los a terem consciência de como podem amenizar e aceitar a dor para não serem infelizes. Daí surge a virtude da compaixão que é uma grande chave para nossa libertação.

A compaixão é uma qualidade essencial para nos livrarmos de nossas ansiedades e aversões. Compaixão não é sentir dó ou piedade. É uma atitude de valorizar a outra pessoa, percebendo que somos todos iguais. Abrimos nosso coração para sentir sentimentos como compreensão e aceitação. A compaixão vai se desenvolvendo à medida que cultivamos o não julgar, o não criticar e, passamos a ter o mesmo zelo pelo bem-estar dos outros como temos pelo nosso.

Mesmo uma pequena ação pode ter uma grande consequência, positiva ou negativa. Às vezes, pequenos gestos gentis e favores, que você faz para alguém e nem se lembra mais, podem gerar bons frutos no futuro, pois aquela pessoa se lembra de sua bondade e procura lhe ajudar de outras maneiras.

Quanto maior a compaixão e a bondade de uma pessoa, maiores são as suas experiências subjetivas de felicidade. Quanto maior a negatividade, maior o seu sofrimento e dor. A realidade de nossa vida cotidiana é o resultado dos nossos pensamentos, intenções, palavras e ações.


Emilce Starling

15 de outubro de 2011

Intuição: a melhor conselheira




Na vida, talvez junto com respirar, o que mais fazemos é escolher. Fazemos escolhas o tempo inteiro, durante toda a vida. Desde a hora que acordarmos (acordar, inclusive, é uma escolha) até a hora de ir dormir (novamente outra escolha) passamos o tempo inteiro fazendo algum tipo de escolha. Das coisas mais simples até as mais importantes.

Desde o que iremos comer no café da manhã, que ônibus tomar, que trajeto percorrer, que roupa vestir e assim por diante. O número de escolhas que fazemos diariamente é infindável. E basta viver para se fazer escolhas. Ninguém vive sem escolhas. O próprio ato de não escolher já é uma escolha.

Em algumas ocasiões, as escolhas que fazemos são as que determinam o que será feito da nossa vida. A profissão que iremos seguir, aceitar ou não aquela proposta de emprego, aceitar ou não um pedido de namoro (ou casamento), decidir mudar de cidade ou de país, ou quem sabe determinar que é hora de dar cabo a um relacionamento que só faz sofrer, que é hora de sair do emprego e buscar algo melhor, enfim, escolher mudar qualquer coisa que tenha algum impacto sentimento ou psicológico.

Escolher o que comer no jantar é algo simples e o fazemos naturalmente. Decidir que é hora de terminar um relacionamento não é uma coisa tão simples e pode terminar em sofrimento para ambas as partes.

Então a dúvida que fica é essa: como saber o que fazer? Como saber o que é melhor para cada um de nós?

Se me fosse perguntado, a resposta que eu daria seria: Siga a sua intuição! Ela, melhor do que ninguém, melhor até do que nós mesmos, é perfeita para responder a essas e a todo o tipo de questões que precisemos nos fazer. Alguém pode pular e dizer que não tem intuição.

Bobagem!

Posso afirmar, sem sombra de dúvida, que todas as pessoas possuem intuição. Algumas preferem chamar de sexto-sentido. O nome pouco importa. Mas a intuição é a melhor conselheira que uma pessoa pode ter. E o mais engraçado é que a intuição, a grosso modo, faz parte da própria pessoa. Com isso é possível dizer que cada um tem plenas condições de saber e, principalmente, fazer as escolhas certas.

A intuição, ou sexto-sentido com prefiram, normalmente não falha. É difícil ela dizer algo que esteja errado. Por conta disso talvez percamos algumas diversões, deixemos de experimentar ou vivenciar certas coisas. Mas certamente seriam coisas que não teriam grande importância para o decorrer da nossa vida, mas em compensação pode nos afastar de alguns males irreparáveis.

A intuição pode se manifestar de diversas formas. Ela varia de acordo com cada pessoa. Cada um precisa aprender a escutar o que diz sua intuição. Isso ninguém pode fazer por você. Cada um tem que aprender a conhecer quando a sua intuição está falando. E é aí que mora a maior dificuldade: separar o que diz a intuição do que nós queremos que ela diga! Para isso não existe manual, não existe fórmula secreta, muito menos simpatia.

É necessário escutar o que ela diz, mesmo que vá contra aquilo que queremos. Um exemplo bastante típico é querer namorar uma pessoa e a intuição dizer que esta pessoa irá nos fazer sofrer. Inventamos mil e uma desculpas, pensamos que estamos ficando loucos e fazemos todas as coisas possíveis para nos convencer que a pessoa é um bom partido. Mas mesmo assim, ainda fica aquela vozinha, aquele sentimento lá dentro indicando que estamos trilhando o caminho errado.

E isso nos incomoda. E fica nos incomodando cada vez mais. E quanto mais ela incomoda, mas lutamos para nos convencer que a intuição está errada e nós certos. Porém, fatalmente, ela se mostrará correta. E veremos, no fim das contas, que devíamos tê-la escutado.

A maior dificuldade está, realmente, em escutar o que ela fala e aceitar isso. Mesmo sendo contrário àquilo que desejamos. Mas ao escutá-la estamos escolhendo seguir um caminho melhor e muito provavelmente menos dolorido. E o que é melhor: ela está sempre conosco, sempre pronta para nos auxiliar e nos mostrar qual caminho seguir.

Sempre pronta a responder qualquer dúvida, a nos ajudar com qualquer problema. E ela está sempre falando. Sempre. Nós é que muitas vezes não a ouvimos. Ou talvez ouçamos, mas fazemos de conta que não é conosco.




Fabio Centenaro