10 de dezembro de 2010

Os efeitos negativos de adiar ter filhos


Certa vez, viajando sozinha, encontrei uma mulher jovem que também viajava só. Começamos a conversar e, papo vai, papo vem, ela me disse que tinha uma filha de 20 anos. Fiquei surpresa. Eu não imaginaria.Ela me contou, então, que tinha engravidado aos 20. Foi um tanto difícil e tudo, mas ela havia construído uma relação ótima com a filha e, aos 40 e poucos, tinha liberdade para viajar, dedicar-se à carreira e curtir o marido.

Fiquei pensando que seria legal chegar aos 40 dessa maneira, quase com uma sensação de dever cumprido, com filhos crescidos, e muita saúde e tempo pela frente para aproveitar. Mas certamente não é o que vai acontecer comigo: chegando aos 30 (tenho 28 anos), não estou vendo filhos num futuro imediato. Supondo que eu tenha um filho aos 35, terei 55 quando ele chegar aos 20, quando ele provavelmente ainda vai depender de mim para cursar uma faculdade. Então, em vez de começar a diminuir o ritmo de trabalho, talvez eu tenha que aumentá-lo para pagar as contas. É uma situação diferente da de meus pais, por exemplo, que se casaram aos 20 e poucos e, aos 30, já eram pais e estavam mais ou menos estabelecidos.

É verdade que a nossa expectativa de vida está aumentando. Mas também é verdade que adiar a decisão de ter filhos tem consequências. Muitas delas negativas. Demorar para casar e ter filhos gera problemas para homens e mulheres. A principal questão é a dificuldade de equilibrar o trabalho e as obrigações domésticas. Até aí, nenhuma novidade. Ao adiar a formação da família, as pessoas podem encavalar duas tarefas pesadas: educar crianças pequenas e lutar por crescimento profissional.

Nos Estados Unidos, a idade média do primeiro casamento é 28 anos para homens e 26 para mulheres. Por isso, é provável que o primeiro filho chegue bem no momento mais decisivo da carreira, em que as exigências são maiores.

O efeito disso é a falta de tempo e, claro, o estresse: 44% das mães que trabalham e têm um parceiro que trabalha dizem que ambos passam pouco tempo com os filhos, 73% dizem que têm pouco tempo com o parceiro e 74% afirmam que têm pouco tempo para si mesmas. Muitas mulheres abrem mão de tempo de lazer e sono para conseguir dar conta de tudo que têm que fazer. Entre os homens, 58% dizem que passam pouco tempo com os filhos, 62% afirmam que têm pouco tempo com a parceira e 58% têm pouco tempo para si próprios.

Nos casos em que a paternidade é muito adiada, acima dos 50 anos, o estudo alerta para a possibilidade de um dos pais ter problemas de saúde e precisar de cuidados especiais antes de os filhos estarem estabelecidos.

Nem sempre a idade de ter filhos é algo que a gente consegue decidir – tem a gravidez não - planejada, tem o parceiro certo que não aparece, entre outras coisas –, mas, hoje, me parece muito mais atraente e menos amalucada a ideia de ter um filho aos 20. Talvez porque eu não tenha mais 20. Ou será que é melhor mesmo ter filho mais cedo?

Letícia Sorg

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse post foi algum tipo de indireta????
rsrsrsrs
Beijosss!!
Ju