11 de fevereiro de 2013

Porque nos sentimos em casa...





Estava pensando em quantas das coisas que fazemos no dia a dia, fazemos de forma automática, somente por fazer e fiquei surpresa ao constatar que mesmo algumas das coisas que eu amo fazer podiam acabar se tornando rotina e perdendo toda graça, porque rotina é uma repetição que de tão automática, nos tira do presente do entusiasmo de fazer pela primeira vez.

E a rotina das ideias que acreditamos nelas e que acabam também sendo um mapa que nos prende e faz com que não estejamos abertos para o novo que sempre se manifesta no presente.

Temos opiniões formadas sobre coisas que, em determinado momento, foram as que mais se encaixavam a quem éramos, mas, acabamos gostando tanto daquelas ideias e daqueles insights que eles passam a ser mais uma rotina só mais uma repetição que nos impede de fluir com o presente.

Como é difícil se desapegar das coisas "boas" e que nos dão sensação de segurança. Aprendemos a querer repetir caminhos porque nos sentimos seguros nos caminhos conhecidos e quanto mais mapas indicativos de onde devemos seguir, mais seguros nos sentimos, gostamos de ter tudo sob controle sem perceber o quanto esses mapas repetidos nos prendem e nos impedem de fluir com a vida, que nunca se repete em nenhum momento sequer.

Aprendemos que segurança se parece com repetição e que risco se parece com o novo e por mais que uma parte nossa queira o novo, o medo de arriscar quase sempre nos impede de ir além dos limites do conhecido.

Pensando nisso tudo, senti-me enjoada de tudo que fazia e me deu um tipo de revolta por ter que fazer as mesmas coisas mas, uma parte muito forte em mim já ia fazer, mesmo sem estar com muita vontade e olha que eram coisas que até gosto de fazer e que acreditava "tinha" que fazer.

Mas, não consegui mesmo fazer nada naquele dia e foi assim, meio que como um protesto meu, que falei que não ia fazer nada, que eu não pudesse dar o melhor de mim.

Aceitei aquele intervalo, firme nessa decisão de não repetir as mesmas coisas só por que foram boas e que por isso acabaram se tornando um hábito e passei um dia muito estranho.

À noite, já deitada para dormir, senti-me completamente desapegada da minha vida, até então e senti como se, a partir de agora, eu tivesse um papel em branco onde poderia criar uma vida totalmente nova, mas não senti vontade de criar nada um desapego calmo me levou a um sono tranquilo e reparador.

Até me assustei com o meu desapego de todas as coisas. Naquele momento, se nada se repetisse, se tudo mudasse, se tudo se repetisse, se nada mudasse, estaria bem. De alguma forma, ali me desapeguei de ter e de não ter que fazer igual ou diferente.

Entendi que o repetir ou o tentar não repetir nos prende da mesma maneira e que a chave é fluir com o presente ali tudo se manifesta e, quando estamos inteiros, as aparentes mesmas coisas são sempre novas e encantadas e as novas e vividas pela primeira vez são tão familiares que não implicam em nenhum risco, porque nos sentimos em casa.

Rubia A. Dantés

2 comentários:

Anne Lieri disse...

Lena,que excelente texto! No final do ano passado tb me peguei percebendo que não havia feito nada de novo e isso me deixou triste.Hoje vejo que tudo que fazemos com prazer,mesmo que mil vezes,vale sempre a pena!bjs e boa semana!

Penélope disse...

Apesar de sabermos que é necessário nos livrarmos da rotina não conseguimos viver sem ela. Ela em sua maioria das vezes é nosso NORTE...
Eu também, se for colocar na ponta do lápis, tenho feito muitas coisas automaticamente.
Um beijinho...