14 de junho de 2010

O Abecedário de Fernando Pessoa




Neste mês de junho é celebrado os 122 anos de nascimento do escritor português Fernando Pessoa - e, por que não, também de Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Bernardo Soares, seus poetas inventados. Assim desdobrado em vários, Pessoa conseguiu confundir a relação entre autoria e personalidade, vida e obra, sentimento e expressão. Atento a essa rede armada pelo poeta, o pesquisador e crítico Fernando Cabral Martins organizou o Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português, que está sendo lançando hoje.


São mais de 600 artigos reunidos escritos por estudiosos renomados em quase mil páginas que, a partir da obra do poeta, contextualizam aquele movimento literário em Portugal, que modificou as artes e a sociedade como um todo. O ponto de partida é a data da primeira aparição pública de Pessoa, 1912, e vai até o ano de sua morte, 1935.

Pessoa era um homem reservado, misterioso até. Figura complexa, criador de tantos "eus", Pessoa deixou poucas pistas sobre seus pensamentos. Quando alguém afirma que ele acreditava na astrologia, na Rosa-Cruz, na cabala, no cristianismo, no paganismo, no espiritismo ou em qualquer outro "ismo", é porque não leu bem toda a sua obra. O poeta acreditava em cada uma destas doutrinas, e duvidava delas todas. Da mesma maneira que os heterônimos se contrapunham e contradiziam, assim acontecia com as crenças de Pessoa.

O dicionário oferece algumas das perspectivas dessa trajetória excepcional. Nada, porém, de conclusões definitivas - afinal, como dizia o próprio poeta, "todas as frases do livro da vida, se lidas até ao fim, terminam numa interrogação".



Fonte: Ubiratan Brasil - O Estado de São Paulo

Edição: Lena

3 comentários:

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Lena. Essa mistura de crenças, idéias, eus, deu-nos de presente uma obra maravilhosa, eterna e carregada de sabedoria e filosofia.
Belo post. Beijos, amiga.

Unknown disse...

A propósito, aqui vai uma de Ricardo Reis:

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.

Põe quanto és
No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive

Parabéns pelo blog, mami!!

Lena disse...

Mary Jo e Ju, obrigada!Bj. grande.