11 de setembro de 2010

Ganhar na loteria?



Sempre que entregamos o cartão da Mega Sena, erramos
a pergunta. Não deveria ser o que faria com a
bolada, mas quem deixaria de ser. Porque não seria
mais ninguém. Nada como uma fortuna para aniquilar uma
personalidade. O pobre ainda recebe contas, o milionário nem
isso. Não teria mais possibilidade de ser santo,
um santo depende do sacrifício, um afortunado é apenas filantropo.
Não exerceria mais a generosidade, a bondade surgiria como obrigação.
Ou dá ou é avarento. Não seria mais pai, mas
Papai Noel, materializando com um clique dos dedos
qualquer sonho de consumo das crianças.
Apagaria a chance de chegar em casa com um chocolate
escondido entre os pães, a mortadela
e o queijo e ser festejado pelos filhos. Não poderia
reclamar que quase bati o carro ou ser consolado pela mulher
diante do medo da demissão. Abandonaria o ofício, a graduação,
assumiria a condição vitalícia de empresário.
Não teria mais amigos,
mas empregados. Não teria mais esposa,
mas uma sócia. Não poderia puxar conversa, puxaria o talão.
Não conheceria mesmo a cor do dinheiro,
nunca estaria comigo. Passaria a desconfiar da mãe,
do cachorro, numa paranóia constante,
certo de que desejam se aproveitar de mim. Perderia
o controle da situação. Ao organizar uma
pelada, acabaria em campeonato.
Ao fazer um churrasco,
desbancaria em orgia. Quando
destratado por um garçom, compraria
o restaurante. Não lutaria por nada, mandaria.
Se eu ganhasse R$ 85 milhões,
simplesmente não existiria.
Apesar de tudo, não custa tentar. Preenchi meu bilhete.



 Fabrício Carpinejar

Um comentário:

Internauta disse...

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