8 de outubro de 2010

Aisha, a afegã


Bibi Aisha, a jovem afegã mutilada que saiu na capa da revista Time, já se encontra nos Estados Unidos para realizar uma cirurgia de reconstrução do nariz e das orelhas, extirpados pelo marido em punição à sua tentativa de fugir de casa.

No Afeganistão, onde está hoje, Aisha tem o apoio e a proteção da ONG Mulheres pelas Mulheres Afegãs. Nos Estados Unidos, a Fundação Grossman Burn vai pagar a sua cirurgia e ajudá-la a reconstruir a vida no novo país.

Em entrevista à rede de TV americana CNN, Aisha descreveu o seu sofrimento. “Quando eles cortaram meu nariz e minhas orelhas, eu desmaiei”, disse Aisha. “Senti como se houvesse água fria em nariz. Eu abri os olhos e nem pude ver por causa de todo o sangue”.

Aisha conta que, aos 16 anos, foi entregue ao pai do marido e aos seus dez irmãos e se tornou prisioneira deles por dois anos. Ela diz que os homens eram membros do Talibã na província de Uruzgan, no sul do Afeganistão.

Ao tentar fugir, foi pega pela polícia em Kandahar e teve que voltar para casa. Por causa da fuga, Aisha foi acusada de desonrar e envergonhar a família do marido e, julgada pela justiça do Talibã, foi condenada à mutilação.

A imagem de seu rosto na capa da revista americana certamente ficará como um dos símbolos da opressão sofrida pelas mulheres no Afeganistão onde, segundo a ONU, quase 90% das cidadãs sofrem algum tipo de abuso doméstico.

A escolha da Time foi uma referência à capa história da National Geographic de 1985, que se tornou um ícone da situação das afegãs durante a ocupação soviética. A reportagem da Time questionou a abertura do diálogo com o Talibã e defendeu a permanência dos Estados Unidos no Afeganistão mesmo depois do escândalo do vazamento de dados sigilosos de operações com vítimas civis.



Letícia Sorg

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