27 de novembro de 2010

Dormir bem é para poucos



Em São Paulo, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto do Sono da Unifesp, 77% dos moradores sofrem de algum problema relacionado ao sono. Uma estimativa menos precisa afirma que 5% da população brasileira tem sonolência durante o dia, o que se reflete diretamente no trabalho e está levando empresas a adotarem medidas para amenizar o problema. 
Mas este número pode ser maior. "Considerando que atualmente 20% da população economicamente ativa trabalha à noite e que essas pessoas sofrem de privação de sono e têm sonolência diurna, podemos ter números muito maiores", diz o médico Flávio Aloé, do Laboratório do Sono do Hospital das Clínicas.

São números como esses que estão nos transformando em uma nação de insones. A ponto de fazer a falta de sono já ser considerada um problema de saúde pública. A privação do sono é considerada um problema epidemiológico; precisamos dormir mais do que efetivamente dormimos. Geneticamente, não estamos preparados para dormir menos.

Há quem consiga sobreviver dormindo apenas cinco horas por noite – ou menos. Mas, em geral, o brasileiro dedica sete horas diárias ao sono, o que ainda está abaixo do recomendado. E essa hora perdida traz consequências. “Dormir uma hora a menos todas as noites, por exemplo, tem um impacto direto na vida da pessoa”, explica Stella Tavares, autora do livro Durma Bem, Viva Melhor.

Além de ter o desempenho comprometido, por conta das dificuldades de prestar atenção e se concentrar, a pessoa tende a ficar mais irritada, impulsiva. A longo prazo, uma pessoa que costuma dormir menos que precisa pode ter problemas no coração, ganho de peso, alterações hormonais e comprometimento imunológico.

Os especialistas lembram que o sono considerado de qualidade é aquele que revigora e que restabelece as energias. Porém, dormir a quantidade de horas necessárias nem sempre significa dormir bem. Sabemos que dormimos bem quando acordamos com a disposição de enfrentar o dia que vem pela frente – e não quando despertamos com sono.

Para aqueles que passam mais tempo em volta de uma máquina de café do que da própria mesa no escritório, um alerta: o uso contínuo de estratégias para se manter acordado pode indicar que a pessoa está com algum problema. Ela pode estar tentando encobrir algo que não está normal.

Se não por privação parcial do sono, a sonolência durante o dia pode ser causada por motivos médicos. Desde distúrbios do sono, como a apneia e a narcolepsia, por problemas respiratórios e até por hábitos de vida, como o excesso de café na noite anterior.

O problema é que os médicos ainda não dão atenção necessária ao problema. Quem diz isso é um médico. É verdade que a classe médica está mais informada que a classe leiga, mas ainda estamos longe do ideal. Nas consultas, o médico não pergunta se você dormiu bem. Ele não faz isso porque nunca aprendeu que deveria perguntar isso ou porque ele não sabe para onde deve encaminhar o paciente, dependendo da resposta que ouvir", alerta Aloé.

Natalia Cuminale

Um comentário:

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Lena. Essa matéria é propícia e atualíssima. Penso que a maioria de nós sofre algum tipo de transtorno do sono. A vida é agitada demais e nos exige muito, talvez além do que possamos dar. E nesse esforço diário de tentativa de "dar conta" do recado, perdemos o sono, e com isso, as terríveis consequencias mencionadas no texto. Beijos, amiga, bom final de semana e bom sono, com lindos sonhos.