5 de novembro de 2010

O abraço preciso





“As mulheres da geração de minhas filhas se debatem entre as vantagens da vida caseira e as da mundana. Vivem se perguntando se preferem cuidar de um lar estável a viver – talvez despreocupadamente – em espaços transitórios; se precisam mais da proteção de cenários conhecidos ou da liberdade que existe quando se passa de uma experiência à outra. Não sabem se devem se entediar com um homem que lhes garanta a angustiante rotina cotidiana tranquilizadora ou se divertir com um homem que lhes garanta a angustiante excitação do jogo de segredos e procuras, enganos e confissões, armadilhas que atraem e capturam. (…) Algumas mulheres da geração de minhas filhas parecem viver em uma permanente montanha-russa: ainda não sabem como é, onde está e nem como se procura uma relação que lhes permita desfrutar a calma e a excitação; a tranquilidade e a exaltação; a alegria sossegada do outono frutífero e a exuberante primavera florida”.

O trecho acima é do livro Diferentes Formas de Amar – tudo o que não ensinaram às mulheres sobre relacionamentos a dois, da psicóloga argentina Susana Balán, radicada em Nova York. Nele, a autora fala de como as mulheres de hoje precisam de um equilíbrio no mundo afetivo: nem a dependência de suas avós e nem a defensiva de suas mães, aquelas que viveram o momento da emancipação feminina. A ideia surgiu quando uma paciente – da idade de suas filhas, que ela tanto cita no livro, lhe disse: “as mulheres de sua geração nos ensinaram a lutar, mas não nos ensinaram a amar”.

Entre a descrição dos modelos amorosos do passado e narrativas pessoais de mulheres de diferentes gerações, Susana Balán usa a metáfora do abraço e o tango de sua terra natal para descrever como seria esta nova relação. Na edição argentina, o livro ganhou um título melhor: El Abrazo Preciso – Dos para el tango.

“O abraço preciso não promete a ausência de asperezas pressupostas pela igualdade nem a concordância absoluta, (…) Oferece, e também pede, a capacidade de resolver harmonicamente a tensão criada pelas diferenças de posições. (…) Na vida, como no tango, os companheiros se olham, se encontram e se apoiam. (…) Então os bailarinos procuram a simetria: só quando o outro é igual em força e bondade, mas diferentes na maneira de articular essas qualidades, é possível revelar a riqueza do intercâmbio de pensamentos, sentimentos e informações".

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Martha Mendonça 


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