11 de dezembro de 2010

Fim de ano: pausa para se conhecer melhor



É tempo de retrospectiva, de balanço. O ano está terminando e começamos a avaliar o que fizemos para traçar novas metas para o ano que vem. Suas metas para 2010 foram alcançadas? Todo ano você cumpre com todos os planos que traçou? O que foi que deu errado? Como você lida com essas perguntas, sem mágoas contra si mesmo? Duvido.

Eu confesso que há anos não consigo realizar a maioria das minhas expectativas de ano novo. E desconfio que venho cometendo dois erros fundamentais. Um deles é que eu não sabia traçar metas. Metas envolvem clareza de objetivos, métodos e possibilidades, e nada disso estava muito claro para mim. O outro erro era não me conhecer o suficiente para saber o que eu era capaz de alcançar.

Em janeiro, enquanto caminhava na praia, relaxada e distante do meu cotidiano, lancei minhas expectativas para o ano. Na minha imaginação, eu era uma pessoa cheia de poderes, conquistados ali mesmo, naquela areia quente, e tinha todos os bons fluidos do universo conspirando a meu favor. Daria tudo certo, era só querer.

Nada mais enganoso, pois topei com um inimigo inesperado: eu. Os tais planos ficaram inviáveis, porque eu não era aquela pessoa tão pronta para fazer tudo certo. Mas o que estava faltando para que eu me tornasse quem desejava ser? Foi no momento da decepção que decidi que 2010 seria um ano de autoestudo. Os sonhos e as metas teriam de ficar para depois.

Eu não sabia bem por onde começar. Fui fazendo perguntas por aí, buscando leituras, fazendo anotações que se contradiziam após alguns dias, elaborando teorias sobre minhas crenças, meus gostos, meu modo de me relacionar. Quanto mais eu me aprofundava na investigação, mais eu me angustiava por não ser capaz de responder com certezas todas as perguntas sobre mim. Tentei obtê-las com pessoas capacitadas para isso. Ninguém as tinha.

Era eu que tinha de me revelar se eu estava interessada nas metas, se eu tinha preguiça ou garra, se eu tinha autoconfiança para arriscar atitudes novas. Era eu que tinha de diferenciar minhas dúvidas das minhas mentiras.

Estudar a própria personalidade me pareceu bem mais complicado do que estudar para uma prova. No autoestudo, entender os livros não é necessariamente suficiente para entender o que fazer. Por que não parou de fumar? Por que não voltou para a academia? Por que não emagreceu? Por que não saiu mais com sua mulher? Por que não aprendeu italiano? Por que não mudou em nada?

Nossa tendência é dar desculpas e não assumir nossos fracassos. Não parei de fumar porque estou diminuindo o número de cigarros devagar... Não voltei para a academia porque não encontrei a ideal... A gente sempre se diz que o ano que vem será diferente. Queremos evoluir. E só evoluímos se mudamos. E mudar é difícil porque envolve conhecer-se e descobrir o que não está funcionando dentro de si.

Tenho a impressão de que precisamos criar mais oportunidades de aprender mais sobre nós mesmos. Ocupamos muito tempo com os afazeres diários e esse aprendizado requer tempo e dedicação. O que não quer dizer que deva ser desagradável ou cansativo.

Como você conhece suas verdades e tenta melhorá-las? Você se dedica ao autoestudo? Com quem? À mesa da cozinha, brigando em família? À mesa de um bar, bebendo com amigos? Durante a corrida, de manhã cedo? No quarto, escrevendo? No divã, chorando?

E o que tem feito mais diferença para você se melhorar, ano a ano?

Francine Lima 

Resumo do original por Lena Simões

Nenhum comentário: