11 de dezembro de 2010

Por um pouco de estilo


Já contei aqui que não tenho o hábito de arquivista. Ainda que eu tenha me arrependido daquele ato máximo de desprendimento que me fez optar pelo primeiro aluguel do vestido de noiva, não houve outra roupa que despertasse em mim o sentido de perda. Roupas vêm e vão.

Se estou há mais de um ano sem usar uma determinada roupa, eu dôo, porque essa falta de interesse é prova inequívoca de que algo vai mal no nosso relacionamento. Desde que vim morar em Brasília, passei a ter mais um “filtro” do que posso doar para que alguém dê melhor destino ao que eu abandonei. Se a peça não entra nunca em nenhuma mala que faço é porque eu definitivamente não me identifico mais com ela.

Preciso dar o crédito a quem me ensinou a ser mais selecionada com o meu guarda-roupa: a mestra Glória Khalil com seu livro Chic. Não me lembro bem quando li, só sei que depois de devorar o livro joguei quase metade do meu guarda-roupa fora. Claro que estou exagerando, mas eu me desprendi de roupas até bacanas, em bom estado, mas que já não tinham a ver comigo.

Pois tenho a dizer que fiquei ainda pior (ou melhor) depois de ler outro livro na mesma linha, O livro negro do estilo, de Nina Garcia. A jornalista colombiana é a editora de moda da Marie Claire norte-americana e seu livro acaba de ser publicado no Brasil.


O livro é um tanto voltado para americanas. Dá dicas de lojas que não vemos por aqui e diz que cashmere pega bem em qualquer clima. Não no Rio de Janeiro ou no cerrado, pensei. Discordei da autora também em outros pontos, sobretudo quando ela disse que existem pouquíssimas situações em que o salto alto é dispensável. Essa moça certamente nunca trabalhou em pé, não anda pelos corredores do Congresso Nacional, não pega metrô nem ônibus, e nunca carregou um filho nove meses na barriga, pensei. E errei. Ela já engravidou sim e foi justamente nesse momento da vida que ela admitiu tirar os saltos. E antes que me incluam em algum grupo “odeio saltos altos”, eu gosto, mas só acho que, na atual fase da minha vida, são poucas as ocasiões para eu botar um.

O livro pretende ensinar um pouco sobre estilo, algo que não se compra, que não vem com a moda, mas que passa a ser a marca de determinadas mulheres. A mulher com estilo é, antes de mais nada, uma pessoa auto-confiante, autêntica e feliz. A roupa é o acessório que mostra ao mundo como ela se sente ou como quer ser vista. E nunca é demais rever esses conceitos. Eu fico me perguntando por que, um dia, mesmo sabendo de tudo isso, topei comprar roupas que não pretendiam ser nada além de…roupas.

Selecionei aqui algumas dicas do livro de Nina para inspirar você na busca por um estilo, na valorização daquilo que te faça sentir linda e, sobretudo, no que te possa fazer de você uma mulher mais estilosa.

1. Invista na estrutura. É preciso ter uma bela saia reta, uma jaqueta chique, um pretinho básico, um jeans legal e uma blusa branca. Gaste com isso.
2. Faça compras ousadas de vez em quando. É uma peça única? Você amou? É fantástica? Faz  você se sentir fabulosa? Compre.
3.Sapatos são importantes. Muito importantes.
4. Lembre-se do poder dos acessórios. Usados na medida certa, desviam o olhar da roupa antiga e dão um toque especial ao visual. Pode ser um lenço, um óculos de sol, um bracelete, uma bolsa, um casaquinho básico...
5. Não seja uma vítima da moda.  Não use a última tendência nem saia com a bolsa da moda.
6. Dinheiro não é o mais importante. Quem tem estilo sabe usar aquele par de brincos comprado na feirinha. Mas não se deixe levar por liquidações. Pagar metade do preço por um jeans é um grande negócio, se você for usá-lo depois.
7. Misture formas, tecidos, cores, o leve com o pesado, a renda com couro. Não fique só no terreno seguro.
8. Adapte roupas antigas. Para isso você precisa ter à mão um bom alfaiate que mantenha o mesmo tipo de bainha, que não deforme o estilo do seu vestido.
9.Livre-se daquilo que você não usa ou não lhe cai bem, mesmo que tenha lhe custado uma fortuna. Por isso, nunca compre um número menor do que o seu esperando perder “uns quilinhos”.
10.A roupa fica no armário zombando de você.
11.Finalmente: sorria, querida, sorria!

Não é que depois de ler o livro eu doei 15 peças, dois ternos e quatro pares de sapato? E eu tenho o equivalente a duas portas de armário, duas prateleiras e três gavetas. Juro. Comecei a limpeza da casa para receber 2011 com energia nova. Tente você também.

Isabel Clemente

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