4 de dezembro de 2010

Quando a atividade física não dá resultado



Faz algumas semanas, dei um tempo na musculação e voltei a frequentar aulas de ginástica localizada, daquelas em que um bando de mulheres tagarelas acima dos 35 anos dá trabalho para um professor que tenta botá-las em forma. Supostamente, elas estão lá também para ficar em forma. Mas não me parece que todas ali estejam de fato interessadas em obter o melhor resultado que puderem da atividade. Na hora de falarem ao mesmo tempo, são muito dedicadas. Mas quando se trata de malhar para valer, recuam facilmente.

Engraçado como isso é comum em turmas de mulheres na academia. Já observei a mesma coisa em inúmeras turmas de ginástica. Sempre há um grupinho que reclama de dor o tempo todo, mesmo carregando o menor peso possível, e nunca evolui. Elas podem passar anos frequentando a mesma aula, e ninguém percebe os resultados. Por que será? O professor manda botar a carga mais pesada que cada uma pode sustentar no exercício, e as mulheres reclamonas preferem ficar no pesinho leve mesmo para evitar grandes sacrifícios. E fazem os exercícios com a cara mansa, sem fazer careta, sem suar muito.

Há quem diga que muita gente vai à academia só pra fazer amizades. Vai ver é isso. Pra mim, fazer exercício muito aquém da minha capacidade é perder tempo e jogar dinheiro fora. Sempre detestei aulas fáceis demais. Se eu posso aguentar mais, se meu corpo está preparado para um esforço mais ousado, eu quero ir além. Se eu posso fazer, eu faço.

Foi assim que eu ganhei musculatura pouco depois de começar a me exercitar. Claro que comecei pegando leve, como deve ser, pra ir me adaptando aos poucos. Assim que ficava fácil, aumentava a dificuldade, botava mais peso. Ninguém precisava me mandar mudar a carga; eu sabia quando fazer isso. Algum tempo depois, conquistei um certo bração bem definido que as outras mulheres não tinham. Eu era fisiculturista? Tomava bomba? Longe disso. Apenas mantinha meus exercícios (iguais ao que as outras faziam) no nível do “pelo menos um pouco difícil”, em vez de evitar as caretas.

Não que eu ache que todas as mulheres deveriam adorar ginástica e fazer todos os exercícios propostos com a maior boa vontade do mundo. O que eu acho é que elas só deveriam fazer ginástica com a maior boa vontade do mundo, se a intenção for ficar em forma. Se não tiverem essa vontade, que façam outra coisa. Senão estarão enganando a si mesmas, acreditando que estão fazendo exercícios e que irão entrar em forma algum dia. Essa bobagem de entrar em forma sem esforço não existe. Sem sacrifício sim, se a pessoa não achar que exercício é sacrifício. O que faz diferença é aquela velha história: descobrir qual tipo de exercício mais dá vontade de fazer, ou que tipo de movimento mais dá vontade de aprender.

Não sei se essa disposição para o esforço físico é espírito de atleta. Mas é algo que sempre tive e que as pessoas que estão em forma normalmente têm. Não entendo o porquê da preguiça, o motivo do desânimo por fazer força, ofegar, transpirar. Uma coisa é não gostar de academia, outra coisa é não gostar de se desafiar. Pra mim, sentir que eu posso realizar certas forças é um prazer. Só tenho preguiça quando estou muito cansada, ou quando a atividade já ficou chata.

Então, pessoal, chega de se enganar. Atividade física pra entrar em forma, só aquela em que conseguir fazer o que está difícil seja o melhor atrativo, ok?

Francine Lima

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