8 de dezembro de 2010

U2: a turnê 360 graus em Dublin


O casal de brasileiros Marcelo e Vanessa Manacero reservou duas semanas de julho do ano passado para estar em Dublin, a capital da Irlanda. O objetivo era, sim, curtir umas boas férias, mas o principal a fazer na cidade aconteceria nos dias 24, 25 e 27. Juntos assistiriam a três shows do U2 na terra natal da banda, por ocasião da turnê 360°.

Eu também estava lá pelo mesmo motivo. Não em todas as noites. Tinha ingresso apenas para a última. Por esse motivo não pretendo fazer aqui um texto imparcial sobre o show do quarteto dono de uma turnê milionária. Trata-se do relato de uma jornalista que é fã e se permitiu atravessar o oceano para entender o que significa ouvir essa grande banda no local onde ela surgiu para o mundo.

O Croke Park é um exemplo para os brasileiros de como é possível um evento desses funcionar sem tumulto. Cheguei lá quatro horas antes de Bono subir ao palco. Desnecessário. Fiquei tanto tempo circulando dentro do estádio que deu para comprar uma camiseta, comer um cachorro quente, tirar fotos das pessoas entrando e reparar que se eu quisesse esperar do lado de fora tomando uma típica cerveja irlandesa ninguém iria ocupar o meu lugar.

O estádio moderno se destaca em meio a uma Dublin de paisagem por vezes ainda medieval com suas ruas de pedra. Está localizado em um bairro de casinhas geminadas que se distinguem umas das outras apenas pelas cores das portas de entrada. No caminho para o Croke Park há pubs e pouquíssimos “camelôs”. Eles vendem chapéus enfeitados, óculos de sol baratos que lembram os usados por Bono e bandeiras do país. É proibida a comercialização de produtos que pirateiem a imagem do U2 dentro da Irlanda, por isso uma camiseta oficial custa caríssimos 25 euros. A banda é tida como um patrimônio nacional e só naquele fim de semana tinha atraído 80 mil turistas para ver as apresentações na cidade.

A impressão que se tem cerca de meia hora antes do show começar é de que a banda vai tocar para um estádio quase às moscas. “Onde está todo mundo”, perguntava, achando estranho o fato de ninguém ocupar os lugares vazios. Marcelo, a quem eu acabara de conhecer, me explicou que também teve esse mesmo pensamento no primeiro dia de apresentação. Depois percebeu que é costume dos irlandeses ficar tomando cerveja até o último minuto, já que não se pode entrar com bebida alcoólica na arena.

As primeiras notas soaram às nove horas da noite, quando ainda havia sol cobrindo parte das arquibancadas. Larry Mullen, o baterista, Adam Clayton, o baixista, The Edge na guitarra e Bono, por último, subiram ao palco. Direto do último álbum, “No line on the horizon”, seguiram-se “Breathe”, “No line on the horizon”, “Get on your boots” e “Magnificent”, esta última maior hit do atual trabalho até o momento.

A platéia respondeu de maneira efusiva, mas senti que todos estavam mesmo à espera da parte em que a banda e a cidade cantariam seus hinos particulares. Bono saudou os inúmeros turistas que usavam camisetas de seus países – referindo-se, inclusive, ao Brasil.

No meio do show o público já pulava e cantava a plenos pulmões sob uma sequência puramente energética: “Beautiful Day”, “Elevation” e “Desire”. Seguiram-se mais hits com “Stuck in a moment you can`t get out of”, “One”, “Until the end of the world”, “The Unforgetable Fire” – que não era tocada pela banda ao vivo há 15 anos – além de “City of Blinding Lights” e “Vertigo”, ambas do álbum de 2006. A dançante “I'll Go Crazy If I Don't Go Crazy Tonight” foi tocada antes do estádio finalmente explodir ao som de “Sunday Bloody Sunday”.

Nessa hora, a cor verde tomou conta do imenso telão que transmitia o show, acompanhada de dizeres em árabe. A canção se tornou uma espécie de ode de teor político, nesse caso, remetendo diretamente aos protestos contra o resultado das eleições no Irã este ano. Esse seu comportamento de messias humanitário vira e mexe costuma arrancar críticas que duvidam de seu real engajamento. Mas discutir assuntos que ultrapassem a cerca do quintal de casa não é algo tão incomum na Europa. Em Dublin, por exemplo, pude ver cartazes da juventude socialista local convocando para uma reunião sobre os rumos do governo de Barack Obama.

Ao todo, foram 24 músicas e nenhum bis. O encerramento aconteceu com “Moment of Surrender”, após já terem tocado clássicos definitivos como “Where the streets have no name” e “With or Without you”. Visivelmente emocionados, os quatro integrantes se despediram enquanto a plateia delirava. Era o último dia na Irlanda. De lá, seguiram para Polônia, Croácia e Inglaterra antes de chegar aos Estados Unidos, onde fizeram uma maratona de apresentações no segundo semestre.
 
Ao final de duas horas e meia de show me sentia totalmente realizada – como fã e como jornalista. Porque sabia que teria uma boa história para contar quando voltasse. 
 
Luciana Borges

Um comentário:

Strawberry Beatles Forever disse...

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