12 de fevereiro de 2011

Almas gêmeas




Não sei se o ideal do que acho um relacionamento bom chama-se encontro de almas gêmeas. Mas podemos falar disso, desmistificando um pouco o que se convencionou chamar de bom, bonito e perfeito.

Num bom relacionamento, espera-se que duas pessoas se completem, mas não se anulem. E para que isso ocorra é muito importante que as pessoas sejam diferentes entre si, pois isso é que estimula a relação. Não estou falando da máxima, “os opostos se atraem”, pois até é verdade que se atraem, mas a convivência é insuportável. Estou falando sim das diferenças que possibilitam trocas, ingrediente básico para o crescimento individual e conjugal.

Conviver com o igual esvazia a relação, empobrecendo todos os níveis de comunicação e gerando tédio. A idéia da busca da alma gêmea é sedimentada na busca pelo prazer puro, da fuga da dor.

Ao sermos concebidos, pelo menos nove meses, vivemos em êxtase total, na barriga da mãe, com todas as nossas necessidades satisfeitas. E, pelo resto da vida, sonhamos e ansiamos por visitar novamente este paraíso. Daí buscamos também na relação afetiva aquele outro que só me dê prazer, mesmo sabendo que as adversidades da vida surgem e nem sempre permitem isso.

Essa espera passiva pelo outro que nos completa advinda da crença de que em algum lugar está a minha outra metade perdida é muito frustrante, pois o investimento pessoal, intelectual e emocional é necessário para a nossa estrutura psíquica, mesmo que o preço seja alto; não configurando essa busca pelo outro como impossível, pois é desses acertos e erros que teremos a possibilidade de nos vermos inteiros.

Quando encontramos alguém que pode fazer parte de nossa vida, a sinalização disso não ocorre porque os sinos dobram ou as estrelas ficam mais coloridas, mas sim pela tranquilidade que nos invade pela certeza e realidade de uma relação que só traz alegria, pois essa sim é a rima para o amor e não para a dor.

As mulheres, por sua singularidade, dão vazão ao romantismo e se expressam mais em relação a esse amor idealizado. Os homens, ao contrário, não verbalizam, não expressam, mas também esperam por um amor que seja a outra metade. Pois apesar de serem mais realistas, ainda embarcam nessa busca pelo amor ideal onde imaginam que os desencontros não ocorrem.

A procura obsessiva por um amor perfeito é idealização pura de um conto de fadas, pois com certeza não existe nesse mundo alguém que preencha todas as expectativas de um outro alguém e isso não é o fim, mas o estímulo para nos desenvolvermos.

Não estou escrevendo um libelo contra o romantismo, porque o ser romântico, como ser uma pessoa sensível e susceptível às emoções é muito enriquecedor. Por outro lado, o romântico que espera com seu romantismo, que tudo de bom lhe aconteça passivamente é profundamente amorfo.

Acredito sim que duas pessoas possam se encontrar e apesar de suas diferenças se completarem, desde que tenham muito mais que um grande amor que atravesse vidas entre si, mas que tenham principalmente objetivos, valores, sonhos e desejos em comum. Essa será sua alma gêmea.



Márcia Atik

5 comentários:

Anônimo disse...

Acredito que todo relacionamento só será sólido se houver amizade e desprendimento de ambas as partes.
Um bom final de semana, Lena.

Rosani disse...

Lindo texto, acredito que somente o amor e afinidades possam uni e manter um relacionamento, beijos menina

Marlene disse...

acredito que o amor é capaz de unir,incondicional
mente quando duas almas tem aquele encontro especial ,doando-se uma a outra para a eernidade
querida seja muito bem vinda ao meu blog,
sua presença enfeita e alegra minha pagina
obrigado e volte sempre,bjs

marlene

Lucy Sem Fronteiras disse...

Olá Lena querida!

Como está lindo aqui este seu cantinho!!! Quantas flores, quanta poesia, que lindoo...

Quanto a almas gêmas, na verdade, o que é frustrante às pessoas, é que elas buscam alguém perfeito e buscam erroneamente 'a sua metade'.
E ao contrário, somente quando nos sentimos 'inteiros' é que vamos encontrar um outro ser 'inteiro' tb.
A maior parte ainda, busca no outro, aquilo que deveria encontrar em si mesma.
Como se o outro, tivesse a obrigação de fazê-la feliz, tanto que dizem 'quero alguém que me complete'. Porém, sem amor próprio, e sem nos sentirmos felizes primeiramente com nós mesmos,
não seremos felizes com o outro, nem que este seja 'um deus grego' rss.

E para concluir, não precisamos de ninguém 'igual' a nós, .. mas é uma delícia encontrar quem olhe conosco, para a mesma 'direção'....

Beijo grande em seu coração minha querida, direto do meu viu!
rsrs

Lucy

Lena disse...

Lucy,

Muito obrigada pelo comentário. Foi perfeito. Obrigada também pelos elogios ao blog. O seu também é lindo: na minha vida de blogueira (9 meses) o "Lucy sem Fronteiras" foi uns dos primeiros que me encantou e que comecei a seguir.
Te gosto muito. Vamos interagir mais vezes. Bjkas. Um lindo e mágico domingo pra você.
Lena