20 de fevereiro de 2011

O amor na maturidade




Namorar é bom, mas não é fácil, reza o senso comum. É preciso ajustar aqui, aparar acolá, ponderar mais adiante, reconhecer se o par é o ideal. De onde vem o medo e como acertar o passo na jornada por um novo amor? A resposta pode estar no equilíbrio do ego.

Às explicações iniciais: o ego é o “eu” de uma pessoa, seu ponto de vista único, diferente dos demais, e tem como vizinhos o id – a soma dos impulsos e desejos, sempre em busca do prazer imediato – e o superego, que avalia as questões morais, dialoga com o mundo externo e cuida para que as vontades não levem ao caos. Cabe ao ego tentar manter seus dois vizinhos satisfeitos e ainda tomar conta de si próprio. A tarefa não é fácil! Daí as culpas, as incertezas, as reticências, as ponderações.

É preciso abraçar o ego e encorajá-lo a se expandir mais. Este processo amplia o autoconhecimento e dá mais autoconfiança. Um ego equilibrado pode preparar o terreno para o namoro após o fim de um relacionamento importante e será um grande atrativo para os pretendentes. Quem não se sente bem perto de uma pessoa que se conheça a fundo, saiba o que quer e goste de si mesma? Se o ego não está lá muito forte, aqui vão algumas dicas para usar todo o seu potencial sem perder o controle e torná-lo um aliado do amor.

Não existe nada de errado em alimentar o ego. O problema começa é se o ego estiver inflado – o que pode ser relacionado a atitudes ruins. Aquelas pessoas que ‘se acham’, que olham o semelhante por cima e, quiçá, nem o consideram. Daí a importância de manter o ego equilibrado e buscar reconhecer os limites que existem, por exemplo, entre a autoconfiança e a prepotência. Este ‘ego inflado’ padece da pobreza de não ver que ele está com os outros e que nem sempre as suas necessidades serão prontamente atendidas.

Egocentrismo não faz bem a ninguém. Quando o ego está em equilíbrio, as expectativas que se tem para um relacionamento e as formas de expressá-las são saudáveis. Mas mania de controlar tudo que está ao redor e achar que se está sempre certo podem destruir uma relação. Neste caso, é bom pisar no freio do ego e trabalhar para que ele se acalme e se controle. Perceber que estamos no mundo e que nele devemos fazer história, independentemente da idade, é o melhor controle para o egocentrismo.

A confiança está diretamente ligada ao ego. Insistir em dar muito valor às próprias opiniões e menosprezar as alheias pode tornar a confiança difícil de ser construída. Quanto mais se praticar a humildade, mais saudável será o ego.

O ego precisa ser contido pela própria pessoa. Sem uma barreira psicológica uma pessoa é facilmente absorvida pela definição que os outros têm dela, prejudicando sua própria visão de si mesma. Entender o ego fortalece a capacidade de compreender os próprios sentimentos e os alheios.

Conflitos podem colocar o ego em perspectiva. Parece estranho, mas um conflito pode ser a chave para uma intimidade mais forte. Como conciliar o que queremos com as interdições que são da vida? A maturidade é brilhante porque ela compreendeu bem este diálogo... Eis a sabedoria. Conflitos criam, sim, dor e desconforto, mas deixar levar o ego a lutar contra estes sentimentos ruins ajudará a fortalecer a aproximação, dando maiores chances de sucesso à relação. O que faz bem a um relacionamento é que um ego possa dialogar com o outro. Quem diz que o diálogo é a chave de qualquer relação sabe do que está falando.


Filipe de Paiva

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