1 de junho de 2012

Amor na era digital: você tem gosto de quê?




Ah, não sei, não. O tempo do relógio não dá mais conta desse mundo. Você acorda e está lá: a cada dia uma nova invenção tecnológica é criada para enganar o deus Chronos. Olhamos pro lado e os bluetooths, wirelles, infra-vermelhos e conexões via satélite invadem nossas vidas e nos conectam com o planeta Terra num piscar de olhos. Palavras navegam por terra, água e ar e aparecem em tempo real para diminuir a distância e a solidão. Você liga o computador e: - Olá! Seu sorriso é visto do outro lado por uma webcam que te responde via Skype: - Bom dia! E assim seguimos: enviamos e-mails, falamos bobagens pelo Orkut, lemos blogs, usamos o Google para tudo o que não sabemos, compomos, namoramos e trabalhamos pelo MSN, montamos fotologs, compramos livros e Havaianas on-line, mandamos mensagens com fotos para o celular de amigas distantes, dizemos “eu te amo” com a velocidade da luz (não é esse o tempo de apertar “send”?). É, parece que, de repente, tudo que parecia estar longe, ficou mais perto. E confesso. Sou contraditória. Sou metade hippie, metade filha da família Jetsons (lembra daquele desenho onde a faxineira era robô?). Pois é. Quer me entender? Nem tente. Quero pé na grama e muita tecnologia! Já me vi perguntando a mesma frase várias vezes e acho que virou mania: moço, tem entrada pra USB? Resposta positiva? Alivio!! Minha vida está salva por um décimo de segundo! Vamos respeitar: existem futilidades tecnológicas deliciosas e quem disser que não, nunca sentiu o prazer inenarrável de andar pelas ruas de ipod como se fizesse parte de um clipe imaginário. Ou nunca pôde viajar pro meio do nada com um laptop, sabendo que poderá conectar-se à internet (mesmo que lenta) e mandar seu trabalho em tempo hábil, enquanto enterra os próprios pés na areia. Mas... TRIM! Nova mensagem de voz. Leio e me perco. O que será que me fez escrever esse texto cheio de bytes e palavras que se auto-corrigem? Hum... O coração avisa: é o vazio. Mesmo com essa rápida conexão que liga o mundo, eu nunca senti as pessoas tão desconectadas. Não só de si mesmas. Mas dos outros. Parece que a carência avança na mesma rapidez que a tecnologia progride. Muitas vezes preferimos manter relacionamentos com pessoas que juramos conhecer muito (mas que moram em outro hemisfério) sem ao menos sorrir pra aquele vizinho interessante que esbarrou em você. Eu não sou contra relações à distância, muito menos virtuais, cada um sabe de si e ninguém nunca vai entender o amor (graças a Deus!). Eu também não sou antropóloga, socióloga, psicóloga, nem perita em assuntos do saber. Eu apenas sinto. E o que sinto é que o mundo anda carente. Carente do real. Sem poses, frases copiadas e fotos corrigidas em photoshops Vem cá: a quem a gente quer enganar? Do quê a gente quer se esconder? Muito melhor usar a tecnologia a nosso favor e tomar apenas cuidado para não usa-la como barreira para camuflar nossos medos e defeitos. Afinal – vamos ser sinceros!- cheiro é cheiro, beijo é gosto, pele é química e eu não vou saber se te quero porque sua imagem de 480 pixels me deixou de boca aberta. Ah, não mesmo! Eu quero te provar. Literalmente. Palavra por palavra. Beijo por beijo. Frase por frase. Ao vivo e a cores.

(Sorte nossa que a tecnologia ainda não conseguiu plugar o coração). 


Fernanda Mello


7 comentários:

Marites Rehermann disse...

Lena, que texto maravilhoso e verdadeiro!! Ainda ontem, participei do Dia do Trabalhador na casa espírita que eu trabalho, e recebemos uma mensagem do plano espiritual chamando nossa atenção para a importância do toque. Que as pessoas devem se tocar, se abraçar mais. E, hoje me deparo com esse texto! Lindo!! Vou abraçar e tocar muito mais!!

Tenha uma sexta-feira iluminada, querida Lena!!
Beijos!!♥

Maria Célia disse...

OI Lena
Texto excelente, mas você tem razão numa coisa, nada substitui o toque, o olhar dentro dos olhos, um abraço gostoso, a emoção de estar perto de alguém que gostamos muito.
Ah, isto não tem preço, nem internet.
Beijo.

Leninha Brandão disse...

Minha querida Lena,

Adorei o texto!Também vivo com os pés na grama e na tecnologia,apesar de estar ainda engatinhando neste último quesito.
Bjsssss,querida,
Leninha

Palavras disse...

Oi Lena,

ótimo texto!
Beijo é beijo,gosto é gosto ainda que a tecnologia traga tudo que esteja longe para bem perto... nada substituirá o toque1

Ainda bem!

Beijos

Leila

Paty Michele disse...

Eu acredito no amor, seja do jeito que for!
Lena, faz tempo que não apareço, seu blog continua lindo e com um conteúdo maravilhoso.

Apareça lá no meu blog pra conferir as novidades, vc tbm anda sumida.

beijos e uma linda semana pra vc.

http://patymichele.blogspot.com.br/

Leninha Brandão disse...

Vim reler este excelente texto e me maravilho com este querer provar,palavra por palavra,beijo após beijo,contato direto...pele com pele.

Lindo,amiga,

bjssssss,
Leninha

Marli Terezinha Andrucho Boldori disse...

Belíssimo texto.Deixo-lhe um grande abraço!