16 de junho de 2012

Um difícil caso de amor


A pior relação de amor, a que mais dá errado, a que mais nos faz sofrer, a que deixa as cicatrizes mais profundas… é a que vivemos conosco mesmas. Não há relacionamento que resista a tanto autodesamor. Quem não se ama, sempre bate o olho num enguiço. Umas escolhem homens assustados, traumatizados, cheios de medo; outras optam por tipos esquisitos, sofredores, dependentes. Existem ainda aquelas que procuram sujeitos incapazes de um ato de generosidade, ou os que não conseguem tirar o olhar do próprio umbigo – os narcisistas (“… É que Narciso acha feio tudo o que não é espelho…”, cantou Caetano Veloso). Num outro nível, há aqueles que não sabem se comunicar, a não ser por meio de palavras carregadas de cinismo. E, nas lindas palavras de Nana Caymmi, existem os que “adormecem paixões” por pura incapacidade de entrega. Fofis, o problema é seu, entende? É uma questão de você com você mesma. O fulano, seja ele de que espécime for, é o antagonista do seu roteiro de aprendizado sobre o autoamor. É básico, é óbvio, mas é isso aí. Sofremos muito mais pelo pouco ou nenhum amor-próprio do que pelas besteiras e esquisitices do outro. Nada como relações ruins em série para descobrir o pote de outro atrás do arco-íris. Cada vez que mergulho fundo em alguém, volto à tona (não sem alguns arranhões) pensando na dificuldade daquele que ficou se debatendo na superfície por medo de se afogar. Fico orgulhosa em saber o quão fundo posso ir e mais ainda por conhecer melhor o caminho de volta. É isso. Ando completamente apaixonada por mim. Entendi que o pote de ouro sou eu.


Fernanda Santos

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