27 de setembro de 2012

O que fazer quando ele para de beijar, não pega na mão, se afasta?




Entender! É preciso entender que o mundo é frio. O mundo não tá nem aí. E entender que há muita gente fria no planeta, vestida com pele de ursinho, sorriso de simpatia e festa, exalando um calor brutal ao público que falta tanto na intimidade. Ah, quando um dos lados do casal ganha espinhos na pele e não toca, não retribui, não beija, se acomoda, é preciso entender. Entender que provavelmente a coisa já era. Entender que se essa frieza for por pouco tempo, por algum motivo justo, às vezes até injusto, mas real, tudo bem. Você apoia, você conversa, você procura, você ouve, você beija pelos dois. 

Mas entender que se não te tocar, não beijar, não encostar for o comum, se isso virou o normal, é que a coisa anda tropeçando às cambalhotas rumo a uma escada. Uma escada sem fim. Uma escada sem rumo. Rumo, aliás, ao fim. 

Por fim, entender que você precisa entender isso. E não insistir. E escapar. Mesmo que doa. Porque uma pessoa que faz isso com você – e mesmo que ela não pareça cruel fazendo isso – essa pessoa precisa ir. Você precisa fazer com que ela vá. Pra longe. Pra sempre. 

Existem mesmo sujeitos que não curtem um contato físico em público. Homem que estranha mãos dadas. Homem que não gosta de abraço, de pegar. Às vezes, a gente põe isso na conta da criação. Tem vergonha. Acha que pega mal. Não quer divulgar. Motivos são infinitos. 

Diante de um sujeito que não te encosta, você precisa entender, precisa conversar, precisa sutilmente mostrar que tocar é bom, mas também precisa respeitar, entender que o direito de grudar e de não grudar tem o mesmíssimo peso. Acho ok um cara levar tempo pra se soltar. Acho ok manter uma distância enquanto um casal começa a entender se é casal ou se não é. Mas que isso dure pouco. Que isso dure até o amor nascer. E que esse freio dure muito pouco. 

Agora, ainda que sempre seja uma lindeza respeitar as diferenças, eu sinceramente não entendo muito um sujeito que não pega, que não toca, que não beija. Tem que beijar. Tem que beijar todo dia. Nem que seja um pouquinho. E de vez em quando, pular nas costas dele e ele te segurar. E os dois rirem. Abraço. Mão no bumbum, no peito, no pescoço, na bochecha. 

A gente já é tão sozinho no mundo. O milagre de deixar alguém especial furar essa capa espinhosa que cobre os nossos ossos, poxa, isso é bonito. Isso exige tanto carinho. Tanta pele. Tanta doçura e maciez. 

Se eu pudesse dizer algo a vocês e a eles, eu diria: peguem, peguem sempre, nunca deixem de pegar aquela pessoa especial. Um dia – sem chance de errar nesta previsão – eu sei que vocês deixarão de se encostar. Que seja em vida ou na morte. Um dia todo mundo separa. Que quando isso acabar, vai dar uma saudade. 

O problema é quando a gente tem saudade estando junto. Quando tem saudade com ele a três palmos de distância. Quando ele não está mais ali, mesmo estando ali. 

E aliás, sejamos docemente verdadeiros: há muitas de vocês que também são assim. Que não procuram. Que afastam uma mão e um dedo com vontade de carinho. Que congelam a gente numa frieza cheia de sorrisos e esporádicos carinhos. Não são somente os caras. 

Acho isso tudo profundamente triste. E acho profundamente sintomático. Que um relacionamento esfrie, normal. É da vida. Daí que entendo: há fases pra tudo quando se é casal. Mas tem que ser fase, não regra. Amor precisa de um pouquinho de primavera inicial, algum verão e muito inverno pra que a gente consiga viver no outono infinito que é o amor a dois. 

A verdade? A verdade é que a gente se engana demais. Que a gente finge não ver. O pior cego não é aquele que não quer ver, é aquele que ama. É aquele que não escuta o som do silêncio. E que insiste. 

Um amor não retribuído aleija mais do que uma tipoia, uma cadeira de rodas, uma bengala. E sabe qual é o grande culpado, o grande problema? Você, eu e todo mundo que não vê naquela falta de tocar, de beijar, um sinal do fim dos tempos. Dos tempos a dois. 

Ele não te beija? Ele não te toca? Então ele não te quer… É triste, é tristíssimo. Que a gente é tão covarde. Que a gente vira a cara e não vê a mais espelhada das verdades. Que o problema é sempre o outro. Eu fico bravíssimo, tristíssimo como a gente conta as maiores lorotas do mundo a nós mesmos. 

O sujeito, a sujeita que já causaram uma dor de amor, que enganaram, que gelaram por dias, semanas e meses quem ama, que fizeram o parceiro sofrer, que foram covardes e que depois, sofreram um pouco, mas seguiram a vida como se tudo estivesse normal, como se fosse normal espalhar dor,esse sujeito deveria ganhar um prego eterno e dolorido no joelho. A gente deveria ter sempre mais cuidado com o outro. Mas não tem. E o mundo é assim. 

Não se culpem, meninas. Amar e não receber de volta amor, beijar e não receber um beijo de volta, isso tudo é uma paulada na cervical, dessas de não fazer mais a gente andar. É triste. Mas há muita gente que gosta disso. De fazer você sentar e jamais andar novamente. 

Se você está passando por isso, eu queria te dar um leve choque e um abraço e um beijo – o abraço e o beijo que ele não tá te dando. E então dizer: ele não te ama mais. Ele é covarde. Mas coitado, ele é só ele, o que ele pode e consegue ser. 

E dizer por fim: sai dessa. Que, repetirei: ele é covarde, é confuso. Comum demais pra admitir isso, esperto demais pra não te deixar ir, ruim demais pra não pensar que você sofre. Quem não beija, quem não abraça, quem não pega na mão, não ama. 



Marie Claire Brasil

Edição: Lena 



3 comentários:

Leninha Brandão disse...

Minha querida Lena,

Belo e esclarecedor texto, amiga! Muitas pessoas vivem esta situação pela vida toda e se tornam reféns deste sentimento que as prende a um indivíduo tão hostil.
Bjsssss,
leninha

Maria Adeladia disse...

Lena, boa noite! Como está vc, querida?

Olha, relacionamento é muito complexo!As pessoas precisam saber o momento certo para não permitir ser trapaceado, quando a relação chega a este ponto,o tempo passa tão rápido, e de repente perdem melhores oportunidades! Muitos não levam isso á serío.

O melhor é nos amarmos, antes de qualquer pessoa.
Beijos linda!

António Je. Batalha disse...

Olá , passei pela net encontrei o seu blog e o achei muito bom, li algumas coisas folhe-ei algumas postagens, gostei do que li e desde já quero dar-lhe os parabéns, e espero que continue se esforçando para sempre fazer o seu melhor, quando encontro bons blogs sempre fico mais um pouco meu nome é: António Batalha. Como sou um homem de Deus deixo-lhe a minha bênção. E que haja muita felicidade e saude em sua vida e em toda a sua casa.
PS. Se desejar seguir o meu humilde blog, Peregrino E Servo, fique á vontade, eu vou retribuir.