10 de setembro de 2012

O que você quer levar dessa vida?


Os ponteiros acusam: a hora escorre pelos dedos. A terra gira mais rápido. As folhinhas do calendário viram depressa demais. Quando percebemos, no meio do caos que nos rodeia, estamos no meio de um plano inacabado, com a ansiedade no colo (e uma lista interminável de insatisfação nas mãos). O resultado? Ansiedade! E uma aflição no peito que não nos deixa parar...

Queremos ser mais rápidos. Mais produtivos. Mais felizes. Mais jovens. Mais conectados. Queremos ser mais sempre.

A verdade é que não há nada de errado em se aperfeiçoar, muito menos em querer ser melhor. A vontade vira problema quando nos tornamos vítimas da nossa própria pressa. E a ansiedade, ao invés de mola, se torna fardo diário na vida da gente. Estou errada? Creio que não. Tudo ficou fast, gostando ou não do termo. O novo se torna obsoleto em questão de meses. Surgem versões atrás de versões, upgrades diários, tanta novidade que a memória não consegue lembrar o número do nosso próprio telefone.

E a gente passa a vida correndo. Calculando. Somando. Tentando... Esquecendo que, no fundo, a vida é um grande clichê e as coisas que realmente fazem diferença são muito simples.

Vejam meu próprio exemplo: há anos atrás, conheci um vendedor de picolé na praia, enquanto ele fazia seu habitual trajeto de venda. O dia estava lindo, o mar tinha uma cor verde-esmeralda incrível e ele perguntou, bem de repente, enquanto eu admirava a paisagem: menina, no fim, o que a gente leva dessa vida? Fiquei sem saber o que responder, afinal não estava preparada para uma pergunta daquelas. E ele mesmo se solucionou, com aquele ar de quem está apenas pensando alto: é, a gente só leva lembranças...

Pronto! Dez anos de terapias poupados. Não quero levar dessa vida uma lembrança que inclui cara feia, trânsito infernal, buzina, palavrão, correria e uma pressa desvairada. Não, não quero. Não quero faltar aniversários, encontros com amigos, esquecer abraços, me faltar como pessoa por pura falta de tempo. Quero levar, como lembranças, todas as coisas simples que eu considero essenciais: amores. Risos. Beijos. Abraços. Alegrias. Realizações. Palavras. E aquele sentimento de que não vivemos e, sim, desfrutamos a vida. É. Para desfrutar, não existe pressa. 
 
 
 
Fernanda Mello
 
 
 

2 comentários:

Sobre o Tempo disse...

Excelente texto, Lena! Como sempre, uma mensagem para nos deixar pensativos. Ótimo dia! Bjs

Claudia Caprecci disse...

Leninha querida, esse é mais um daqueles textos que considero que todos nesse mundo, sem excessão, deveriam ler.
É tudo tão simples.
Aos poucos, vivendo, vamos aprendendo, mas seria bem melhor se conseguissemos descobrir tudo isso bem mais cedo.
Mas nesse caso talvez a vida perdesse seu real sentido.
Afinal, estamos aqui para aprender, errar, acertar...
Nesse percurso alguns se dão conta dessa simplicidade, outros...
Abençoada semana minha amiga, muita paz e luz!
Beijo grande.