28 de maio de 2010

As mãos do meu pai



"As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis sobre um fundo de manchas já cor de terra — como são belas as tuas mãos — pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram na nobre cólera dos justos...

Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam nos braços da tua cadeira predileta, uma luz parece vir de dentro delas... Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente, vieste alimentando na terrível solidão do mundo, como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das tuas mãos. E é, ainda, a vida que transfigura das tuas mãos nodosas... essa chama de vida, que transcende a própria vida... e que os Anjos, um dia, chamarão de alma..."

2 comentários:

Lena disse...

A inspiração para nomear este blog veio de você, meu pai, madeira de lei, que sempre deu um norte à minha vida. Talvez fosse necessária a sua ida para que eu pudesse entender que sofrimento é crescimento. Assim, a criança deu lugar à mulher que sempre, sempre, continuará a buscar as suas razões de viver.

Meire Oliveira disse...

Amiga, com licença de eu comentar aqui, to vagando pelo Amadeirado e achei essa postagem que vejo que foi uma das suas primeiras. Sabe que hoje seu pai deve te aplaudir lá do alto pela mulher que vc se tornou ;)
ps.: Linda essa foto aí de cima do comentário!!! E essas palavras tbm, (que são as que tu colocou ali em baixo da "Minha inspiração") dá até um nózinho na garganta ao ler, acho que vc tem um potencial de escritora escondido aí nesse coração de estrela!
bjs e meu carinho.