17 de junho de 2010

Desapego


Embora as pessoas reclamem daquilo que não possuem, existe outra questão que merece atenção: aquilo que possuímos em excesso. Aliás, os excessos costumam ser mais prejudiciais que as faltas, mas demoram mais para serem percebidos. Em geral, possuímos mais do que necessitamos para ser feliz, mas insistimos que não somos felizes porque nos falta alguma coisa. E de fato falta: falta assumirmos um estilo de vida mais franco, sincero e liberto.

Tudo o que temos em excesso demanda tempo e energia para ser administrado. Roupas demais, revistas demais, bagunça demais, lembranças demais (fique com as que valem a pena, pelo aprendizado ou felicidade que trouxeram), compromissos demais, pressa demais.


Todos nos beneficiaremos com a prática de determinado nível de minimalismo. Podemos reinventar nossa maneira de viver para viver com o necessário. Não precisa ser o mínimo necessário, pode haver algumas sobras, mas sem os exageros de costume. Viver melhor com menos. Isso traz uma sensação de leveza e felicidade tão maravilhosa que todos devemos, ao menos, experimentar. Na melhor das hipóteses, aprendemos e adotamos um novo estilo de vida.

Quem está em processo de mudança, reconhece rápido o quanto acumulou de coisas em excesso, e aprende que pode viver tão bem, ou melhor, com muito menos! Liberte-se dos excessos de todo o tipo: excesso de informação (muita coisa é só ruído, nem mereceria atenção); excesso de produtos e serviços (consumismo é uma válvula de escape para não olharmos para nossa própria existência); excesso de relacionamentos (nem todos valem a pena). Viva mais com menos, experimente algum nível de minimalismo. Permita-se sentir-se livre dos acúmulos e excessos.

Nada é mais gratificante que a liberdade, a sensação de que você se basta sem precisar de um arsenal de coisas, sons e cores a seu redor. Dedique-se a experimentar essa libertadora sensação. Quem sabe viver com pouco, sempre saberá viver em quaisquer situações, mas aqueles que só sabem viver com muito, nas mínimas provações e ausências sofrem e se desesperam. Esses últimos se confundiram com seus excessos... e na falta deles, não se reconhecem.
Todo excesso é energia acumulada em local inapropriado, estagnando o fluxo da vida. Excesso de excessos corresponde à falta de si mesmo. E se o que te falta é você, nada poderá preencher esse vazio...


Carlos Hilsdorf

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