26 de agosto de 2010

“A Origem”, ficção de primeira linha



Não torça o nariz para esse gênero tradicionalmente preferido por garotões moderninhos. Christopher Nolan, o diretor responsável por transformar “Batman – O Cavaleiro das Trevas” em um blockbuster cult, assina a nova produção e faz seu ingresso valer a pena com “A Origem”, principal estreia dos cinemas neste mês. Seja pela excelente atuação de Leonardo DiCaprio, seja pelo time de coadjuvantes que inclui Ellen Page (a eterna Juno) e o gatinho Joseph Gordon-Lewitt, aquele que não conseguiu conquistar a “Summer” Zooey Deschanel em “500 Dias Com Ela”, a produção é entretenimento que não subestima o espectador.

A trama conta a história de um time de ladrões de ideias. Comandado por Dom Cobb (DiCaprio), eles viajam o mundo retirando da mente de pessoas influentes informações importantíssimas – e ganhando bastante por isso. O trabalho, porém, não é fácil. Uma vez dentro do insconsciente do outro, eles precisam, literalmente, lutar contra as armadilhas psiquícas do cérebro, que podem tomar a forma de homens armados ou de prédios em ruínas. Se morrerem no mundo dos sonhos também morrem no mundo real.

Atormentado pela figura da mulher (papel de Marion Cotillard), que surge em seus pensamentos durante as missões ou mesmo quando está acordado, Cobb aceita um último e arriscado trabalho na esperança de que seu contratador seja tão influente que consiga fazê-lo apagar os problemas do passado. Ao invés de subtrair uma ideia, desta vez ele deve inserir na mente do herdeiro de um magnata da energia (personagem de Cillian Murphy) um pensamento completamente novo. Para o êxito da tarefa, Cobb e sua turma precisam colocar essa ideia nas camadas mais profundas do inconsciente para que ele aceite aquilo como sendo algo que sempre pensou.

Merece destaque ainda Marion Cottilard, seu figurino altamente desejável e sua interpretação, que se transforma de sutil ao eloquente à medida que sua personagem é desvendada. Efeitos especiais incríveis, como o da sequência em que o personagem de Lewitt luta com um inimigo andando pelas paredes e pelo teto do corredor de um hotel como se estivesse na gravidade zero, renovam o gênero como não se via desde “Matrix” e são esteticamente muito atraentes. Resultado, antes mesmo de estrear no Brasil, “A Origem” já arrecadou U$S1 bilhão de bilheteria ao redor do mundo. Prova de que desde “Cidade dos Sonhos”, obra-prima fantasmagórica de David Lynch, nosso subconsciente não era tão desbravado.


Autor: Luciana Borges

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