7 de setembro de 2010

Os alfajores Havanna



Eles são pequenos e redondos. Recheados com doce de leite e cobertos de açúcar ou chocolate. Na Argentina é um produto de primeira necessidade, uma bomba calórica que virou obsessão de nossos “hermanitos” e de milhares de turistas das mais variadas nacionalidades. Assim como a carne e o couro, o alfajor Havanna é uma instituição nacional daquele país.

Não, ele não é argentino, mas merecia ser. A história do alfajor, o doce mais tradicional da Argentina, tem origem na cozinha árabe. O doce nasceu em Andaluzia, e seu nome vem de “al-hasú”, que em árabe significa “estufado ou recheado”. Originalmente produzido com amêndoas, mel e avelãs, chegou às ruas espanholas como alfajor através da ocupação árabe na Península Ibérica. Ao atravessar o Atlântico, levado pelo químico francês Augusto Chammás, ganhou seu formato redondo e daí para frente, sofreu várias alterações, até chegar à receita atual.

A marca Havanna surgiu em 1947, em Mar Del Plata, quando os amigos Demetrio Eliades, Luis Sbaraglini e Benjamin Sisterna decidiram montar uma fábrica de alfajores, doce tradicional do país, feito à base de uma massa fina e delicada com recheio de doce de leite e cobertura de chocolate. A receita foi aprimorada pelo mestre pasteleiro Toribio Gonzáles, nascendo assim os alfajores Havanna. O nome foi inspirado na capital de Cuba, porque um dos sócios foi proprietário de uma casa de show ao estilo cubano. Foi colocado mais uma letra N no nome por uma questão de registro. Delícia argentina os alfajores Havanna se tornaram uma tradição entre os argentinos, que presenteavam amigos e familiares com as delícias açucaradas como forma de simpatia e amor.

Em 1995, a empresa abriu seu primeiro Havanna Café, espaços aconchegantes, no qual uma iluminação dramática, bem ao estilo argentino, dirigia os focos de luz para uma estante de madeira escura onde estavam os protagonistas recheados com doce de leite. Localizado em Buenos Aires, este primeiro café foi inspirado nas tradicionais cafeterias européias visando uma permanência mais longa do consumidor no estabelecimento. A Havanna passou, assim, a ser conhecida também como uma rede de cafeterias. Em 2003 a empresa expandiu sua linha de produtos (hoje são mais de 150 itens) e começou uma forte expansão de sua rede de lojas, quiosques e cafés (cujo ambiente está sempre à uma temperatura de 24º para manter a qualidade dos produtos), inclusive para outros países do mundo.

Os alfajores são essencialmente feitos com uma massa de farinha, açúcar, ovos e essências de limão e de amêndoas, recheada de doce de leite e coberta de chocolate. Parece simples, ainda mais sabendo que o doce de leite não é fabricado pela Havanna, mas encomendado com um fornecedor e o chocolate vem do Brasil. A diferença é o poder da marca, que permite aos seus alfajores custarem até 20% a mais que os concorrentes. Eles podem ser encontrados nos sabores nozes, doce de leite, chocolate e frutas, este último disponível somente na Argentina, além da versão em tamanho reduzido, o mini alfajor, extremamente popular nas companhias aéreas argentinas.



Mesmo em meio à expansão internacional a principal fábrica da empresa, localizada até hoje em Mar Del Plata, mantém seu esquema meio industrial e meio artesanal de produção. Aproximadamente 22 senhoras, com média de idade de 50 anos, vestidas com uniformes brancos e blusas rendadas, revestem os alfajores com merengue um a um com uma espátula e o processo de embalagem não é totalmente mecanizado. Somente nesta fábrica são aproximadamente 200 funcionários trabalhando para produzir 700 mil alfajores por mês (no verão a produção chega a 1.2 milhões). Hoje em dia, os famosos alfajores, cuja receita é guardada em segredo, ainda são feitos cuidadosamente em três fábricas: duas em Mar Del Plata e uma em Bariloche.

A empresa chegou ao Brasil somente em 2006, com a inauguração de sua primeira loja, um café localizado no bairro dos Jardins, em São Paulo, e um quiosque no Shopping Iguatemi. Alguns produtos das lojas brasileiras têm diferenças em relação aos encontrados na Argentina. É o caso do café, que é nacional; do brigadeiro de doce de leite; do milkshake de café e doce de leite; e do panetone recheado com o doce de leite. O sucesso foi instantâneo e não demorou muito para que outras lojas fossem inauguradas pelo país.

A Havanna possui mais de 1.000 lojas e está presente em outros 2.300 pontos de venda em 17 países. Somente a loja do aeroporto de internacional de Ezeiza, localizada em Buenos Aires, vende mais de sete milhões de alfajores por ano. A empresa vende anualmente mais de 100 milhões de alfajores. Mais de 10% de sua produção se destina ao exterior.

Para descobrir mais da história, receitas e segredinhos dos alfajores argentinos havanna dê um pulinho no site
http://www.havanna.com.ar/. Bom proveito!

Edição: Lena


2 comentários:

biahelenalobo disse...

Hummmmmmmmm delícia!
Mas eu gosto mais dos alfajores caseiros e os 'de padaria' que tem em Montevidéu.

Lena disse...

Bia, concordo com você. O alfajor Havanna tem muito de marca mas a gente encontra uns de padaria lá mensmo em Buenos Aires simplesmente d-e-l-i-c-i-o-s-o-s!!!!Bj. grande!