13 de setembro de 2010

Por que?




Faz tempo, havia a coleção Thesouro da Juventude, com o seu Livro dos Porquês, respondendo a perguntas sobre o nosso mundo. Gostaria de ver uma nova versão, feita por autores perspicazes, desta vez com indagações que encontro na vida cotidiana. Olhando dentro de casa, por que todas as lajes vazam ou brevemente vazarão? Por que as paredes duram 200 anos e os encanamentos, lá enterrados, mal atingem dez? Por que os canos começam a vazar quando o azulejo do banheiro acaba de sair de linha? Se vivemos nos trópicos, por que as casas são construídas como estufas, mais próprias para a Sibéria? Por que gastar fortunas em novas adutoras, se é fácil economizar água? Por que paramos de economizar energia elétrica? Por que o plugue do telefone tem quatro pernas, se só utilizamos duas? Por que impor uma nova base de tomada que não permite usar plugues redondos nem chatos?

O mundo das empresas também traz amplas perplexidades. Por que se cria uma empresa em minutos nos Estados Unidos e no Brasil são necessários 152 dias? Lá, uma pessoa pode trabalhar um dia ou mil dias sem contrato de trabalho. Aqui não pode, por que será? Estarão equivocados 91% dos empresários, ao indicar que conflitos burocráticos atrapalham seus negócios? Por que um menor, no seu emprego, não pode subir em uma escadinha ou carregar uma caixa, se na academia escala paredes e levanta peso? Por que é quase impossível fechar uma empresa no Brasil? Saindo à rua, ocorrem-me muitas perguntas. Por que se permite o estacionamento em ruas congestionadas? Ou o trânsito de caminhões nas estradas, durante os fins de semana mais movimentados do ano? Por que a polícia verifica febrilmente os carimbos e impostos e não verifica luzes, freios, poluição ou excesso de ruído, causadores de incômodos e acidentes? Por que se permitem automóveis espargindo milhares de watts pelos alto-falantes de seu porta-malas? Por que, para fretar um ônibus, é preciso levar o número da carreira de identidade de todos os que farão a viagem?

Dirijo-me ao aeroporto, em outro município. Por que os táxis voltando não podem pegar passageiros, já que isso economizaria combustível e permitiria cobrar metade da tarifa (sem perda para o taxista)? Por que a maquininha de ler código de barras, se a mesma informação está no computador da empresa aérea? Por que o computador da empresa não tem todas as informações do passageiro frequente? Por que não substituir o cartão de embarque por um magnético, que seria sempre o mesmo? Por que mostrar identidade se não é confrontada com uma lista de terroristas? Por que a Infraero não consegue decidir se é preciso ou não tirar o notebook da pasta no raio X? Voltando ao hotel, por que o seu computador continua não abendo o número do meu CPF?

Ao lidar com a burocracia pública, tenho muitas perguntas. Por que a Advocacia-Geral da União obstrui o Judiciário, recorrendo em todas as causas perdidas? Aliás, por que o Judiciário não foi informatizado? Por que algumas causas simples se arrastam por mais de dez anos? Por que há tantos presos que terminaram sua pena e continuam encarcerados? Por que os canórios guardam papel, quando os arquivos eletrônicos são mais seguros? Por que não se pode pagar Darf com cartão de crédito, no próprio balcão? Por que há dois milhões de processos trabalhistas em curso? Por que a hora noturna de trabalho tem 52 minutos e 30 segundos?

Pensando nas nossas escolas, por que se ensinam coisas que nem os professores sabem para que servem? Por que fazer livros que só um gênio consegue entender? Por que se bombardeiam os futuros professores com teorias intergalácticas, em vez de ensinar-lhes o assunto das aulas que vão dar? Aliás, por que não aprendem mais a dar aula? Por que os contratos dos professores das universidades públicas impedem que eles exerçam a profissão que devem ensinar? Por que essas instituições precisam de fundações de direito privado para fazer a pesquisa prescrita na Constituição? Por que seus professores podem faltar impunemente, mas põem no olho da rua suas empregadas, se fizerem o mesmo? Alguém pode responder a essas perguntas? Algum candidato à Presidência se aventura? Do meu lado, só consigo me lembrar de Einstein: "Apenas duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana".


Autor: Cláudio de Moura Castro

Um comentário:

Anônimo disse...

Porque vc´s nao respondem as perguntas???
Eu fui procurar e entrei nesse site e vc´s me vêem com o livro dos por ques eu queria as respostas ja q vc´s sao tao inteligentesss