27 de outubro de 2010

De jipe, por aí, para pensar

Faltava pouco para meio-dia quando um jipe branco, com um casal de gringos a bordo e placa da Suíça, parou num posto da Polícia Militar à beira de uma rodovia na região pantaneira do Mato Grosso. Placa da Suíça? Sim, eu não errei.

Brancos que só, com as bochechas vermelhas sob o sol tropical, o casal vestia roupas simples e mostrava os passaportes vermelhos. Falavam em inglês.

A rodovia brasileira era o caminho para a fronteira boliviana, de onde pretendiam continuar até o deserto de sal, um dos espetáculos mais curiosos que a natureza aprontou aqui na América do Sul.

O casal já tinha conhecido boa parte do território central do Brasil, com suas cavernas, cachoeiras e paisagens inigualáveis. Passou pela Chapada da Diamantina, na Bahia, onde tomou banho nos rios cor de coca-cola, na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e pela Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso.
 
O jipe branco embarcara da Europa rumo à aventura na América do Sul. O plano de viagem a partir da Bolívia incluía toda a rota terrestre até o Alasca, de onde embarcariam novamente para chegar à Rússia e voltar à Suíça dirigindo o 4×4.

Sei, por experiência própria, que viagens proporcionam momentos de intimidade e conhecimento do outro que convivência nenhuma dá. Revelam-se fraquezas, desejos e traços da personalidade que muitos tentam esconder. Tudo se potencializa. É hora de ser solidário, corajoso, amigo e paciente como nunca. É hora de abrir mão e saber pedir.

Para um casal é, sem dúvida, uma prova para o futuro da relação. Sei de casais que se separaram no fim de aventuras parecidas. Sei de casais que se surpreenderam com o grau de identificação. Conheço casais que brigam diariamente quando viajam sós. Sei de amigos que brigaram e se perdoaram (tempos) depois. Casais que se declararam, ao fim de tudo, prontos para ter filhos.

Para pensar: seu relacionamento sobreviveria, se fortaleceria ou acabaria com uma aventura dessas?

Isabel Clemente

Aos meus amigos 
Júlio Lopes Lima Filho e Carmen Rizza Madeira Ghetti,
e aos meus sobrinhos 
Marcelo e Francis Giovanini,
jipeiros de corpo e alma, em maior ou menor intensidade.

Um comentário:

Carmen Rizza disse...

Que homenagem linda! Obrigada, querida amiga!