29 de dezembro de 2010

A felicidade aumenta com a idade



Depois dos 50, a vida parece melhor. É isso mesmo? Um estudo, baseado numa pesquisa do Instituto Gallup com mais de 340 mil americanos, garante que sim. Cinquentões são geralmente mais felizes, e enfrentam menos estresse e preocupação do que jovens adultos entre 20 e 40 anos.

O estudo de 2008 e publicado pela National Academy of Sciences levou em conta fatores na vida dos entrevistados, como casamento, filhos e emprego. Os pesquisadores tiveram cuidado em não comparar um cinquentão (ou cinquentona) bem casado e bem empregado com um jovem solitário e sem trabalho, para não deturpar as interpretações finais.

Para medir o bem-estar, foram usados critérios que envolvem duas medidas de felicidade: a capacidade de refletir sobre a sua vida e a sensação de prazer imediato. Algumas conclusões :

O estresse e a raiva vão diminuindo com a idade.
. A preocupação declina aos 50 anos.
. A tristeza aumenta um pouco aos 40 e diminui aos 50, mas não oscila tanto quanto os outros sentimentos de acordo com a idade.
. A satisfação geral com a vida aparentemente vai declinando até a chegada dos 50 anos, quando então volta a aumentar.
. A idade influencia o bem-estar igualmente entre homens e mulheres, embora elas tenham mais tendência ao estresse e preocupação.

Ainda segundo a pesquisa, existem algumas teorias para explicar por que as pessoas se sentem melhor um pouco mais velhas – e essas teorias não estão associadas ao estilo de vida, mas à experiência acumulada mesmo.

. Talvez os cinquentões saibam controlar suas emoções melhor do que os jovens.
. As pessoas mais velhas tendem a ter uma memória mais seletiva – lembram-se de menos coisas negativas, valorizam mais as lembranças boas e felizes. E, portanto, ficam mais contentes.
. Em vez de ficar remoendo seus fracassos e comemorando suas conquistas, os mais velhos acham mais produtivo pensar em como aproveitar o que resta de sua vida.

Como eu já passei dos 50 anos, fiquei me perguntando se sou mais feliz hoje do que aos 20 ou 25. E a primeira resposta que me vem à cabeça é: sou, sim, mais feliz. É verdade que me sinto hoje bem mais confiante, menos angustiada. Eu tinha preocupações que se confundiam com a insegurança dos jovens: serei feliz? trabalharei no que gosto? serei independente? me apaixonarei por homens bacanas? terei filhos saudáveis? conhecerei muitos lugares? encontrarei pessoas interessantes? terá valido a pena viver…?

Todas perguntas relacionadas com o futuro. E, quando temos 20 e poucos anos, as respostas parecem muito longe, depois de uma curva inexistente. Na juventude, damos a esses dilemas uma dimensão que, aos 50, parece desproporcional.

Mas, não consigo associar os 50 anos à falta de inquietações. Essa “felicidade” relacionada à “acomodação” ou à “ausência de dúvidas” ainda não chegou para mim. Felizmente. Tenho tantos projetos que minha maior preocupação – além da minha saúde e a felicidade dos meus filhos – é o tempo. Ou a falta dele.

Claro que estamos nos referindo a uma parcela da população instruída, bem nutrida e com perspectivas de desenvolvimento pessoal. É óbvio também que não podemos generalizar. Há velhos rabugentos e amargurados. Na sua opinião, o que seria pior, a angústia juvenil ou a da meia-idade? A sabedoria dos 50 pode nos ajudar a ser felizes? Ou a velhice é um naufrágio, como dizia Charles de Gaulle?

Ruth de Aquino

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