4 de dezembro de 2010

O estranho poder da maquiagem


Eu só comecei a usar maquiagem e a pintar as unhas aos 35 anos – acreditem. Antes era meio hippie, feminista, não me depilava e achava o batom uma concessão ao “rótulo” social da mulher. Mudei bastante com a idade, felizmente, hoje sou mais flexível, muito mais tolerante e aprendi que são válidos alguns ardis da vaidade. Continuo arredia à maquiagem. Meu dia-a-dia pede muito mais cara lavada com filtro solar.

Mas, para quem acha batom supérfluo, selecionei dois textos que ilustram o inverso. Um é da revista Economist de janeiro passado. Na crise, vende-se muito mais batom!!! É uma questão de autoestima, quer se queira ou não.

“Em recessões, as Ferraris continuam nos showrooms, e os vestidos de designers permanecem pendurados nos cabides, mas os batons não: em períodos difíceis, mulheres compram mais batom, porque é um luxo acessível”.

Essa seria a ideia por trás do “índice do batom” (lipstick index), uma expressão criada pelo presidente da Estée Lauder, empresa de cosméticos, na recessão de 2001. No outono agourento de então, em plena crise, vendas de batom nos Estados Unidos aumentaram 11%. Cosméticos ficam em alta para evitar a depressão – oopss, o trocadilho é proposital.

Li algo emocionante sobre o poder do batom. É trecho de um livro de uma autora britânica, Linda Grant, sobre moda. O depoimento é do tenente-coronel britânico Mervin Willet Gonin, um dos primeiros oficiais a liberar o campo de concentração nazista de Bergen-Belsen. Ele passou um mês lá com seus soldados e pedia suprimentos: “….uma enorme quantidade de batom chegou. Não era o que os homens queriam. Estávamos implorando por centenas e milhares de outras coisas e eu não sei quem pediu batom. Queria tanto descobrir quem fez o pedido. Foi uma iniciativa simplesmente genial, brilhante. Acredito que nada, naquele momento, ajudou mais aquelas mulheres confinadas no campo do que o batom… Finalmente alguém tinha feito algo para torná-las novamente indivíduos, não mais identificadas apenas pelo número tatuado no braço. Finalmente alguém se importava com sua aparência. O batom começou a devolver a elas sua humanidade”.

Pode soar exagerado, mas é bonito, e provavelmente verdadeiro. O batom é um tremendo supérfluo, se não for exagerado (tem mulher que acorda e passa batom). E uma maquiagem leve e bem feita ajuda a disfarçar as imperfeições da pele, descansa a fisionomia e valoriza o que temos de mais bonito no rosto.

O que vocês preferem? Cara lavada ou maquiada? Maquiagem só de noite ou também de dia?

Ruth de Aquino

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