3 de fevereiro de 2011

Em busca da felicidade




maioria dos contos de fada termina com um beijo entre o herói e a donzela selando o início de uma felicidade duradoura e eterna, o famoso e tão ambicionado final feliz. 


O beijo é um prêmio, um símbolo, um marco; representa uma mudança de paradigma. Para chegar ali os heróis e heroínas tiveram que passar por provas e superar obstáculos a fim de conquistar e selar sua união e felicidade eternas. E a partir desse momento eles viverão felizes para sempre! 

Foi assim com Branca de Neve, é assim com quase todas as teledramaturgias... toda a trama se desenrola até o final feliz.

E, aí acaba. 

Passamos nossas vidas atrás desses finais felizes. Somos carentes de finais felizes. Mas, quando o alcançamos, o que acontece? Um dia a gente finalmente encontra o nosso príncipe ou a nossa princesa encantado(a), e aí? O conto de fadas ou a novela não revelam, mas a vida continua. Sobra para nós, pobres mortais, a tarefa de escrever esse capítulo que jamais será exibido. O dia-a-dia, a rotina, os filhos, as contas, as brigas... 

Se o caminho anterior ao final feliz é feito de atos heróicos, conquistas e bravuras a serem proclamadas (até para impressionar o outro), nesta parte da vida tudo passa a ser mais silencioso, sem glórias nem glamour. Por isso muitas vezes o final feliz marca o início do fim. Não suportamos viver em um mundo sem fantasias. Não suportamos o contato com a realidade. E, caso a relação seja uma daquelas poucas que sobrevivem ao passar dos anos, há também o passar dos anos... o envelhecer... a morte. 

Este é o ponto central: não suportamos a ideia da morte. É desesperador saber que aquela relação vai terminar, que o amado(a) vai morrer, que eu vou morrer. Optamos por viver em um mundo de fantasias, na Terra do Nunca, onde ninguém envelhece e a morte não existe, um mundo onde a felicidade reina eterna. Por isso tentamos viver sempre até o final feliz, sem ultrapassá-lo. 

De um lado o caminho do herói; de outro, o caminho da sabedoria. E o final feliz como linha divisória entre um e outro. E é claro que queremos porque queremos, de qualquer maneira, a qualquer custo, permanecer na parte heróica da história, onde o prêmio é a felicidade eterna. Se de um lado tudo é festa e aventura e no outro reina a solidão e o silêncio, por que não ficarmos eternamente comemorando? Se posso ter tudo (de bom), por que não? 

E assim, de casamento em casamento, de brigas em brigas, de separação em separação e de novo casamento em novo casamento, vamos vivendo atrás de nossa felicidade. 

No entanto, há aqueles casais que permanecem unidos durante 20, 30, 40, às vezes 50 anos. Que fascínio! Como conseguem? O que os mantém unidos durante tantos e tantos anos? O que é preciso fazer para que o casamento seja duradouro? Deixo a reflexão para vocês. 


Alexandre Perlingeiro


2 comentários:

Mafalda S. disse...

Essa questão dava muito que falar. Mas há alguém que estudou isso a vida inteira e tem uma resposta para essa questão: Dr. John Gottman.

Beijinhos

Lena disse...

Mafalda, seria ele o autor de Inteligência Emocional?