Nem sempre o passado provoca nostalgia. Às vezes, dar de cara com ele só traz alívio.
O sujeito está lá, feliz com a sua vida, quando recebe pela internet a foto de uma ex de olhos alucinados, copo na mão, enroscada num cara no meio da balada. Ao ver as formas e o rosto conhecido, ele instantaneamente leva a mão à boca, num gesto de susto e autocomiseração.
Mas isso dura menos de um segundo.
É tempo suficiente para ele lembrar que não tem mais nada a ver com aquilo - que aquele furacão de álcool e extravagância já não é mais da conta dele.
Com um suspiro de gratidão indefinida, ele observa a imagem na tela enquanto lembra que a moça, embora linda e arrebatadora, era uma dor de cabeça que não dói mais nele.
Quem é capaz de se identificar com essa história?
Eu sou. E acho que muitos serão.
Cada um de nós já teve experiências de convívio carregadas de ambiguidade. Você gosta da pessoa, às vezes ama, mas, junto com as coisas que você deseja ou admira nela, percebe traços de personalidade, manias ou comportamentos que são simplesmente insuportáveis. É bom livrar-se deles, embora não seja gostoso separar-se do que você ama nas pessoas.
Eu, por exemplo, não suporto gente intolerante, arrogante, belicosa. Mas já convivi com isso bem de perto, numa pessoa que tinha qualidades admiráveis. Foi traumatizante. Desde que essa relação acabou, faço questão de acordar ao lado de gente com menos certezas e pedras na mão. Tem sido bom assim.
Com as mulheres acredito que acontece o mesmo.
Uma delas me dizia outro dia como foi chegar na casa de um amigo e dar de cara com o ex- namorado embriagado se comportando como um grosso na frente da nova namorada – exatamente como fazia com ela. “Deu raiva dele, deu pena da garota, mas a alegria de estar livre daquilo foi bem maior”, me disse a amiga.
Às vezes o que está errado numa pessoa é como certos barulhos no carro que vão e voltam. Algo está lá, incomodando, mas você não consegue perceber o quê, exatamente. Apenas meses ou anos depois, já na condição de amigo, ou pelo menos de ex, fica claro, repentinamente claro, qual era a origem do ruído.
Você olha para a aquela mulher encantadora e falante e percebe a crônica incapacidade dela em se mover em qualquer direção.
Ou então se dá conta da tristeza, quase depressão, que emana dela e que pairava sobre a relação de vocês como uma névoa.
Ou então nota, por trás da polidez, a insistência dela em falar de si mesma, como se ninguém mais importasse.
Ou a frequência exasperante com que ela menciona fulano, um antecessor que já era antigo ao seu tempo, mas que parece não ter sido esquecido.
Nessas ocasiões, a gente entende por que acabou, por que não deu certo, por que não tinha de ser.
O tempo ajuda a perceber sutilezas. Ele nos ajuda a ver através das pessoas e raramente o mito delas resiste a esse olhar objetivo e desapaixonado.
É bom que seja assim.
Se o seu ex era um controlador ególatra ou um quarentão indolente que precisa de mãe, é importante perceber. Ajuda a olhar para frente. Faz com que a vida ande. Permite entender que as coisas que aconteceram no passado tinham lá seus motivos. Permite olhar para a foto da ex na internet e dar uma boa gargalhada - sem o menor sentimento de perda.
O sujeito está lá, feliz com a sua vida, quando recebe pela internet a foto de uma ex de olhos alucinados, copo na mão, enroscada num cara no meio da balada. Ao ver as formas e o rosto conhecido, ele instantaneamente leva a mão à boca, num gesto de susto e autocomiseração.
Mas isso dura menos de um segundo.
É tempo suficiente para ele lembrar que não tem mais nada a ver com aquilo - que aquele furacão de álcool e extravagância já não é mais da conta dele.
Com um suspiro de gratidão indefinida, ele observa a imagem na tela enquanto lembra que a moça, embora linda e arrebatadora, era uma dor de cabeça que não dói mais nele.
Quem é capaz de se identificar com essa história?
Eu sou. E acho que muitos serão.
Cada um de nós já teve experiências de convívio carregadas de ambiguidade. Você gosta da pessoa, às vezes ama, mas, junto com as coisas que você deseja ou admira nela, percebe traços de personalidade, manias ou comportamentos que são simplesmente insuportáveis. É bom livrar-se deles, embora não seja gostoso separar-se do que você ama nas pessoas.
Eu, por exemplo, não suporto gente intolerante, arrogante, belicosa. Mas já convivi com isso bem de perto, numa pessoa que tinha qualidades admiráveis. Foi traumatizante. Desde que essa relação acabou, faço questão de acordar ao lado de gente com menos certezas e pedras na mão. Tem sido bom assim.
Com as mulheres acredito que acontece o mesmo.
Uma delas me dizia outro dia como foi chegar na casa de um amigo e dar de cara com o ex- namorado embriagado se comportando como um grosso na frente da nova namorada – exatamente como fazia com ela. “Deu raiva dele, deu pena da garota, mas a alegria de estar livre daquilo foi bem maior”, me disse a amiga.
Às vezes o que está errado numa pessoa é como certos barulhos no carro que vão e voltam. Algo está lá, incomodando, mas você não consegue perceber o quê, exatamente. Apenas meses ou anos depois, já na condição de amigo, ou pelo menos de ex, fica claro, repentinamente claro, qual era a origem do ruído.
Você olha para a aquela mulher encantadora e falante e percebe a crônica incapacidade dela em se mover em qualquer direção.
Ou então se dá conta da tristeza, quase depressão, que emana dela e que pairava sobre a relação de vocês como uma névoa.
Ou então nota, por trás da polidez, a insistência dela em falar de si mesma, como se ninguém mais importasse.
Ou a frequência exasperante com que ela menciona fulano, um antecessor que já era antigo ao seu tempo, mas que parece não ter sido esquecido.
Nessas ocasiões, a gente entende por que acabou, por que não deu certo, por que não tinha de ser.
O tempo ajuda a perceber sutilezas. Ele nos ajuda a ver através das pessoas e raramente o mito delas resiste a esse olhar objetivo e desapaixonado.
É bom que seja assim.
Se o seu ex era um controlador ególatra ou um quarentão indolente que precisa de mãe, é importante perceber. Ajuda a olhar para frente. Faz com que a vida ande. Permite entender que as coisas que aconteceram no passado tinham lá seus motivos. Permite olhar para a foto da ex na internet e dar uma boa gargalhada - sem o menor sentimento de perda.
Ivan Martins
8 comentários:
Adorei seu blog. Supimpa! Muito bom. Sucesso, hoje e sempre. Alegria, saúde e dias pra lá de bonitos. Abração.
Se puder visite meu blog. Se gostar, me siga! Abs.
Lena, muitas vezes ir de encontro com o passado é reconciar-mos conosco mesmos!!!
Enquanto a troca de nacionalidade, não há problema nenhum...
Um grande abraço!!!
OI Lena, obrigada pelo carinho demonstrado com meu cantinho.
Este post vem de encontro com alguns questionamentos meus, bem recentes.
Tenho algumas estórias relacionada com meu passado, com reencontros, alguns bem felizes e outros até engraçados. O tempo faz dessas coisas, as vezes as pessoas crescem, às vezes elas só ficam mais reais. Elas mudam, nós mudamos e daí a estranheza de lembrar que estivemos envolvidos com aquela pessoa “estranha” que vemos hoje.
Tem uma frase que uso muito, que o nosso passado às vezes ilumina nosso presente, em algumas situações as coisas ficam mais claras e nos dá uma grande lição também, tudo acontece com um determinado propósito, por isso na hora em que estivermos sofrendo por alguma coisa que hoje não deu certo, lembremos que daqui a algum tempo, vc vai saber o porque. Não devemos nos monopolisar por muito tempo por uma coisa que está saindo de nossa vida. Só o tempo suficiente para lembrar disso. O tempo dirá.......
bjs
Agente sempre lembra do passado é inevitavel mas temos que ver por um lado bom se lembramos é qporque foi importante e tudo o que é importante deve ser lembrado.amigaa adoro-te bjks minhas de bom domingo.
Oi amada,
Quero te agradecer pelo carinho deixado lá no blog, não pude resistir e publiquei...
Você é uma das amigas que me conquistou de forma tal que te gosto como uma irmã. Não sei se mais nova ou mais velha mas não importa, o amor é o mesmo.
Segunda retorno ao trabalho e minhas visitas vão diminuir...te peço não me abandone! Vou me esmerar para continuar com o mesmo ritmo de visitas.
Um grande bjo e um domingo florido
Lena, foi muito oportuno você ter comentado sobre a Francine no post do meu Blog-só assim percebi que tinha cometido a indelicadeza de não citar comentário sobre ela-já o fiz agora.A Francine é escritora na revista Época.
Bom domingo e um grande abraço.
Rejane
A faceta empírica da vida nos remete ao arquivo, ou seja, o que foi vivido deixou lições e, ponto final ! - Ficam as lições, o aprendizado ... nunca busque-se remexer o passado, sem a certeza de que feridas voltarão a sangrar ..... Bjs e feliz com a visita a IVANCEZAR
Olá! Vim retribuir a visita e gostei muito do seu blog, eclético, com textos bem escolhidos e um layout muito agradável! Estarei passando por aqui para dar um oizinho!
Volte sempre lá no blog, é muito bem vinda!
Beijo
Adri
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