Fiz as contas outro dia e descobri que conheço quatro mulheres recém-separadas com pouco mais de 30 anos. Elas se casaram na segunda metade dos 20, tiveram filhos e agora estão recomeçando a vida. Assim como os ex-maridos delas.
No fim de semana fui tomar café com uma das quatro. Ela parecia animada, mas apreensiva. Bonita e feliz, diz que não tem faltado sexo depois do casamento. Sempre aparece um sujeito interessante que está interessado. O problema é depois: rola ou não rola algum tipo de relacionamento? Não tem rolado, e isso a deixa nervosa. Minha amiga gosta de namoro, intimidade, manhãs de domingo a dois, lendo jornal no sofá. “Não aguento mais me arrumar para sair com um cara novo”, ela se queixa, rindo de si mesma. “Dá muita preguiça esse negócio de procurar parceiro.”
Ao conversar com ela, tive a impressão inexorável de que nós todos - homens e mulheres de todas as idades - vamos ter de nos acostumar a essa forma essencial de instabilidade. Assim como não existe mais emprego para a vida inteira, talvez não haja mais casamento para a vida inteira. Constatar isso impede que a gente relaxe e se acomode. Afinal, tanto o emprego quanto o casamento podem acabar a qualquer momento. Você pode ser demitido. Talvez seja cruel pensar assim, mas é parte da nova realidade.
Antes, a gente se casava uma única vez. Escolhia um parceiro antes do 30 anos e ficava com ele até o fim da vida. Para o bem e para o mal. Mas isso, faz tempo, é verdade para um número cada vez menor de pessoas. Só os que têm muita sorte ou são imensamente conformistas passam a vida com um único parceiro. A maioria – ao menos no meio em que eu vivo – terá múltiplas relações durante a vida. Dá preguiça começar de novo, mas acho que não tem outro jeito.
Assim como trocamos de emprego, de casa, de amigos e de ideias ao longo da existência, me parece (quase) inevitável que haja renovação em relação aos parceiros. A alternativa a isso seria renovar as relações por dentro, indefinidamente, por meio de projetos, filhos, mudanças, experiências novas e, claro, amor, muito amor. Mas quem consegue manter esse trem perpetuamente em movimento? Sábios ou sortudos, que são minoria em qualquer lugar.
As pessoas mudam com o tempo, distanciam-se uma da outra e, para muitos, a ligação acaba. Como se faz para casar com uma pessoa aos 25 anos e seguir contente com ela aos 45? Eu não faço ideia. Nem me parece que a permanência seja a coisa mais natural ou mais desejável do mundo.
Nesse artigo eu queria enfatizar que a vida com múltiplos casamentos afeta as nossas escolhas e propõe mudanças na forma como nos relacionamos com o outro. Uma coisa é se casar achando que aquele é um evento único e vitalício. Outra é imaginar que o casamento faz sentido no momento, mas pode deixar de fazer no futuro. Essa nova perspectiva sugere cuidados diferentes.
O essencial é imaginar que a pessoa que hoje é seu marido ou sua mulher pode se tornar um ex. Como ele caberia nessa outra função? Alguns exemplos de como essa pergunta pode ser relevante:
1. Uma pessoa que mantém péssimas relações com os seus ex é, provavelmente, forte candidata a manter uma relação detestável com você no futuro. A não ser, claro, que você imagine que o casamento de vocês, ao contrário de todos os anteriores dele ou dela, nunca vai acabar...
2. Gente economicamente dependente também pode ser um problema. Agora você está apaixonado e banca tudo sem sentir-se incomodado. Mas quanto tempo vai durar a sua generosidade se o amor acabar? Se a experiência do resto da humanidade se aplica a você, pouquíssimo tempo.
3. Você acha bonita a maneira como ela pode ser agressiva e teimosa com estranhos quando se trata de defender os interesses dela? Então se imagine por dois segundos do outro lado da mesa – é onde você vai estar, como um estranho, se um dia o casamento terminar em disputa.
4. Generosidade é essencial na vida e pode ser ainda mais necessária quando as pessoas se separam. Você não quer discutir dinheiro, móveis, imóveis, discos ou filhos com um egoísta que não consegue se colocar no lugar do outro e quer levar vantagem em tudo, certo?
5. Ter amigos é essencial. Ter família ajuda. Pode ser divertido viver numa bolha a dois por algum tempo, mas, se você é a única referência afetiva de alguém, sair de um casamento com essa pessoa pode tornar-se um pesadelo.
6. Flexibilidade é um requerimento básico. Se você vai ter filhos, tem de estar preparado para a possibilidade de vê-los morando com padrastos ou madrastas. No início dói um pouco, mas, se essas funções forem ocupadas por pessoas do bem, o convívio fará bem às crianças ou jovens adultos envolvidos.
Há um aspecto libertador na constatação de que o casamento não precisa ser eterno: podemos errar com menos culpa e até fazer experiências que não faríamos na situação anterior.
Se você conhece alguém atraente, mas sabe, lá no fundo, que a pessoa não é “adequada”, o que fazer? Antigamente, o bom senso prevaleceria sobre a paixão. Afinal, tratava-se da vida inteira. Não mais. Agora podemos viver as aventuras. Podemos nos casar com uma pessoa que nos enche os olhos, a cama e o coração mesmo intuindo que aquilo não vai durar. Podemos experimentar. Claro, as pessoas sempre fizeram isso, mas os resultados eram potencialmente devastadores. Estavam condenadas a passar décadas com as consequências de um impulso. Isso acabou.
O resultado é que podemos nos preparar, do ponto de vista do casamento, para viver várias vidas. Ou várias experiências, cada uma delas adequada a um momento da nossa existência. Algumas serão intensas e breves, outras tranquilas e duradouras. O importante, como na música, é a possibilidade de viver as emoções.
Está claro, pelas estatísticas colhidas no mundo inteiro, que as pessoas gostam do casamento. Da cerimônia, da relação que se cria a partir dela, da família. O casamento forma parcerias únicas e propicia um erotismo profundo, que se atinge apenas nas relações duradouras. Ele fornece um ambiente adequado para a criação dos filhos e ajuda na multiplicação do patrimônio. Sempre houve boas razões para as pessoas se casarem. Isso não mudou. O que não existe mais é uma razão para permanecer casado quando o prazer da relação terminou. O casamento continua sendo uma boa ideia – que agora pode ser repetida uma, duas, três ou vinte vezes ao longo da vida.
Ivan Martins
9 comentários:
Olá Lena querida!
Passei pra te dar um beijinho.
Meu tempo está escasso,mas não esqueço de quem aprendi a gostar.
Beijo grande e linda terça-feira!
Minha sweet Madeirinha super linda e charmosa, ameiiiiiiii a decoração de Natal aqui *-* os olhinhos brilharam, eu amo Natal, me anima, me renova, me faz refletir muito. E esse convidado especial de dezembro é um fofuxo, me mandou presentes adiantados, te contei? Uma Estrela maravilinda que chegou em meados de maio, caiu no meu colo e foi correndinho pro coração de melão, hj mora lá, deixa tudinho brilhando!!!
Ah, que graça a caneca do Papai Noel, nessa época eu piro com os enfeites, toda vez que passo em frente a uma loja é uma coisinha que vem pra casa comigo, da última vez achei borboletas lindas de enfeite super brilhantes...daqui a pouco vou ter que enfeitar o teto de casa pq num vai caber mais nada!!! rsrs
Hoje parece que engoli uma vitrola, tô falando mais que a boca por aqui, mas é estava com saudades :)
Quanto ao texto Lenita linda, tem coisas que foram feitas pra durar e outras não, se deu ou não deu certo o lance é bola pra frente que a vida voa, a fila anda e a catraca como dizem tem que ser seletiva, mas nem tanto hehehe
Amo vc Estrela encantada, coloquei a imagem que tu me deu lá no meu post, ficou lindésima!!! ;)
super beijokita minha loura.
hj em dia se casa e se namora sem amoras pessoas fingem desejo
querem mostrar q nao estao sozinhas
e quando me casar quero que dure o maximo!!!
Lena me visite quero sua opiniao musical no ultimo post faz tempo que nao vejo por la bjus
Lena querida!
Ótimo texto!
E bem reflexivo... Em se tratando de casamento, as mudanças são muitas.
Abraços! Linda tarde pra ti.
Oi Lena, tudo bem?
Casamento é uma coisa muito séria, acredito que quando se casa tem que ter consciência do passo que esta dando. Quando não se consegue conviver um com o outro, acho que nem dialogo , ou psicologa vai resolver alguma coisa. Se no caso nenhum dos dois ceder em algum momento o final é só briga e desentimento, e quem sempre sofre com isso são os filhos. Esses sim merece respeito porque não pediram pra estar ali. Acho que nesse caso a separação sempre é bem vinda , mas em comum acordo sem brigas, porque mesmo separado sempre vai ter uma ligação ainda entre eles, principalmente se tiver filhos. Sempre dei muita prioridade ao meu casamento talvez isso tenha fortalecido ainda mais esse tempo todo. Cada um tem sua opinião formada, cada um é dono de si, cada um merece ser feliz, junto ou separado. Assim penso"eu"... (Melhor estar separados felizes, do juntos infelizes). Ótimo post Lena, sempre aqui se lê coisa importante. Beijos e ótima semana.
Queria diferenciar dois conceitos:um o casamento, outro os sentimentos!
Os sentimentos mudam e condicionam a duração do primeiro dos conceitos!
São totalmente independentes.
Os sentimentos prescindem do casamento... o casamento não sobrevive sem sentimentos.
Esses seis ítens mencionados demonstram sabedoria. São fatores que precisam, realmente, ser muito bem analisados antes de entrarmos em uma relação.
Bjs.
Deus planejou o casamento para que dure até a morte, porém infelizmente este ideal tem sido banalizado cada vez mais.
Pena que os casamentos são passageiros....A segurança que ele trazia acabou e não falo pelo item financeiro,mas o familiar.As crianças tendo que se sujeitar a outros ( Pais)que nem sempre estarão abertos e com amor...Essa é a parte dura do divórcio com filhos.Um belo texto para reflexão...abraços
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