7 de setembro de 2012

Amizade interior




"No momento em que você começa a se amar, a se aceitar, esta mente que se apresenta como inimiga começa a ficar sua amiga. Quando você se aceita, essa transformação acontece por si mesma e a mente começa a ficar silenciosa, naturalmente. Compreenda a sua unicidade e aceite-a. A vida sabe o propósito porque lhe deu essa unicidade. Não há nada de errado no seu ser, não há nada imperfeito em nenhum lugar. Diga SIM para você mesmo. Então, você fica em harmonia dentro de si". Kiran Kanakia

Cada choque que temos nas nossas relações oferece uma oportunidade ímpar para olharmos para nós mesmos e investigarmos as raízes internas do mal-entendido externo. A desarmonia nos nossos relacionamentos pode estar refletindo uma parte nossa que não aceitamos e que está em desequilíbrio. Ao invés de esperar e cobrar mudanças de comportamento da parte dos outros, seria bem mais inteligente e edificante se o ser humano colocasse essa energia a seu serviço, direcionando-a para dentro de si, à procura de se observar e se conhecer melhor. Conflitos intensos e perturbadores surgem quando um quer mudar o outro, sem antes olhar e investigar o próprio comportamento.

Temos que admitir que mal-entendidos podem ocorrer quando as pessoas têm um convívio mais estreito, principalmente, se levarmos em conta que a maioria das pessoas anda em descompasso consigo mesma e, consequentemente, com os outros. Além disso, precisamos entender que cada indivíduo tem sua natureza própria e única. Ninguém é igual, não somos cópias uns dos outros.

Num único dia, frequentemente, passamos por humores diferentes de acordo com os acontecimentos e as situações vivenciadas. E mais, não temos o poder de mudar o outro, seja este quem for: o filho, o cônjuge, o chefe, o pai, a mãe, o amigo etc. No máximo, podemos mudar a nós mesmos. E ainda assim, não mudamos a nossa natureza, mas apenas o nosso entendimento, o que possibilita transformar o nosso olhar e o nosso modo de agir. A natureza de cada expressão é dada pela Vida com um determinado propósito, que nós não sabemos qual é, mas nos cabe compreender e respeitar a unicidade de todo indivíduo. E o primeiro passo nessa direção é dentro de nós mesmos.

Se estivermos mais familiarizados e em paz conosco, a convivência familiar e social terá chances de ser mais harmônica, de fato, saudável e fraterna, uma vez que não projetaremos lá fora a nossa briga e confusão internas. Se a nossa visão está clara, torna-se mais fácil distinguir o que é conteúdo nosso e o que é do outro. Assim, tampouco vamos nos prestar a sermos depósitos do lixo emocional das pessoas com quem convivemos. Podemos escolher deixar o lixo que não nos pertence fora da nossa casa, sem que nos cause transtornos e distúrbios mais sérios, em nível físico, mental ou espiritual.

É bom ressaltar que, mesmo que o mundo lá fora nos rejeite, temos sempre a sagrada opção de nos aceitar e nos acolher com amor e confiança. E esse ombro amigo que oferecemos a nós mesmos opera verdadeiros milagres! Nessa guinada para dentro do espaço interior, guiados por um sentimento profundo de autoaceitação de qualquer face nossa, observando-nos silenciosamente, sem julgamentos, muitos condicionamentos, reações e amarras se dissolvem. Nesse simples passo, mudanças significativas acontecem naturalmente, sem esforço.

O combustível para qualquer transformação pessoal é a compreensão e o amor. Relacionarmo-nos de forma harmônica conosco e com as pessoas é uma arte que exige um exercício constante de boa vontade, entendimento e amizade, a curto, médio e longo prazo. Nem sempre é fácil, mas é possível, se não impusermos a nós e aos outros cobranças absurdas e mudanças bruscas e imediatas. As mudanças consistentes não acontecem da noite para o dia, nem pela imposição de quem quer que seja.

Que possamos conviver conosco e com os outros com menos julgamentos, preconceitos, intolerância e mais afeto, respeito, paciência, compreensão e, sobretudo, muita compaixão pelos limites de cada um, pelas falhas que temos dificuldades em aceitar (dentro e fora). Isso é um pacto de paz, amizade e tolerância conosco e com as pessoas com quem a existência nos faz conviver, seja por um momento, por um dia ou pela vida inteira.



Enildes Corrêa 
 

3 comentários:

Angel disse...

O problema está no momento de dizermos o "Sim" a nós próprios...

um anjo

Maria Célia disse...

Bom dia, Lena
Que imagem linda, esta cesta de flores numa bicicleta rosa.
Tem razão não conseguimos mudar ninguém, somente a nós mesmos, e olha que já é uma tarefa árdua.
O importante é relevarmos os defeitos dos outros, assim como os nossos, não existe perfeição em seres humanos.
Beijo

Carol disse...

Quando estamos em paz com nós mesmo, enxergaremos tudo de forma mais clara e leve.
Abraços