8 de dezembro de 2012

Alguém tem que ceder!




Com certeza, você já deve ter enfrentado alguma situação que pensou em desistir, mas não o fez porque não teve coragem de abandonar sua posição. Isto porque fomos educados a perseguir nossos sonhos, a colocar nossas opiniões custe o que custar. E às vezes mesmo o custo sendo muito alto, como perder um amigo, desgastar um relacionamento que precisa de pacificação, ou mesmo por em risco uma posição profissional, muita gente continua lutando, sem ceder, sem pensar.

A vida muda quando mudamos de postura. As cosias caminham, se movimentam quando nos permitimos fazer diferente, agir de outra maneira. Não adianta esperar novos resultados quando não mudamos nada, quando fazemos tudo igual. Mas, na maioria das vezes, não sabemos o que fazer diferente, o que mudar?

Num relacionamento, por exemplo, quantas vezes tentamos impor o que achamos correto, quantas vezes queremos que o outro faça o que sabemos ser importante? Quantas vezes cedemos?

Ceder exige muita autoestima e sabedoria.

Não me refiro aqui ao ceder dos fracos que se entregam sem lutar, sem cumprir sua missão, sem ir atrás dos seus objetivos, porque cabe a cada um de nós batalhar por dias melhores, por um trabalho digno e por relações de amor respeitoso. Refiro-me a ceder quando percebemos que existem outras possibilidades fora aquelas que podemos ver no momento. Ceder quando sentimos que o outro precisa se expor, colocar-se, e quando sentimos que podemos dar um espaço e nos juntar à verdade do companheiro. Sim, porque cabe a nós criarmos relações, nas quais as pessoas se sintam seguras, amadas e respeitadas o suficiente para que possam se expor.

Companheirismo é coisa séria.

Conheço casais que podem até se amar, mas que não são companheiros, não sabem ouvir o outro, apenas lutam pelo direito de falar, de brigar por suas posições. Conheço profissionais que perdem ótimas oportunidades de ficar calados, de deixar acontecer, porque não sabem ser diplomatas. Conheço pessoas que conquistaram poder, mas não têm amigos, apenas ouvintes. Mas vale a pena viver assim? Sem ceder, sem permitir que o outro coloque o seu ponto de vista? Querendo controlar tudo, ou cuidando demais sem deixar espaço para os outros crescerem?

Os pais também têm que ceder. Vez por outra, apesar da sabedoria, da maturidade, cabe aos pais dar espaço para os filhos caminharem e descobrirem seus acertos e enganos. Afinal, não estamos mais no tempo de ditar regras como já fizeram sociedades falidas do passado.

O diálogo não resolve tudo, às vezes é preciso dar espaço para o silêncio.

Muitas vezes, estamos precisando ceder espaço até para nós mesmos, porque quando ficamos estressados, querendo resolver tudo rápido e a vida teimosamente não nos oferece escolhas, perdemos a alegria, o bom senso e a esperança, impondo um ritmo triste à nossa caminhada.

Ceder faz parte da contemplação, do silêncio necessário e do tempo para pensar. O impulso ruidoso, por vezes, deve deixar lugar para a reflexão amorosa que vem do coração, afinal, você quer ser feliz ou apenas ter razão?


Maria Silvia Orlovas

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