Falar nem sempre é fácil -
verdade seja dita. Mas difícil mesmo é fazer. E fazer com constância e
coerência. É mostrar, por meio de atitudes, escolhas e comportamentos, que as
palavras ditas não estão vazias. Ao contrário, estão endossadas pelo que é
palpável, visível e constatável. Sim, estou falando de amor.
Sei que muitos defendem a
ideia de que o amor é imponderável e que, mesmo quando não é demonstrado, deve
ser considerado como real e válido. Concordo apenas em partes. Na verdade,
depende do motivo pelo qual ele não é expresso. Porque, em última instância,
aposto todas as minhas fichas na crença de que amar é, sobretudo, um verbo de
ação.
Claro que declarações
verbais de amor são sempre bem vindas. Longe de mim afirmar que elas não têm
seu valor. Tem - e dos grandes. É, sem dúvida, muito bom ouvir a pessoa amada
relembrando-nos o que sente de bom. É saudável e prazeroso se sentir amado por
todos os sentidos, de todas as maneiras.
O que estou querendo
defender é o fato de que amor é um pacote, um conjunto de fatores que vai além
de palavras. É preciso amar e mostrar! Porque de amores que a gente não vê o
mundo está cheio. Sim, de amores que podem ser vistos também está, felizmente.
Mas precisamos mostrar mais, especialmente para aqueles que amamos mais de
perto!
Porque amar de longe
também é bem mais fácil. Não inclui as irritações e as impaciências próprias da
convivência, da rotina, das diferenças. Não inclui os impulsos viscerais,
contato, corpos ocupando o mesmo espaço físico. Fica mais na poesia, no
"pode vir a ser", na expectativa do encontro. Fica mais no nível do
platônico. Não é exatamente um exercício, senão o da espera.
Quando proponho mostrar o
amor, estou sugerindo exercitá-lo mesmo! O que faz quem ama? Como se comporta
um amante? Está sempre mal humorado e impaciente? Vive pronto para criticar,
julgar e condenar? É focado nas limitações e nos enganos de quem ama?
Privilegia o silêncio de quem se ausenta e a distância de quem não se importa?
Recusa-se à intimidade?
Esta não parece uma boa
descrição de alguém que diz que ama, não é? E por que será que, ainda assim,
tantas pessoas não se cansam de repetir "eu te amo" enquanto, ao
mesmo tempo, mantém exatamente esse tipo de comportamento?
Rainer Rilke escreveu algo
que, em algum nível, responde minha pergunta: "Amar outro ser humano é
talvez a tarefa mais difícil que a nós foi confiada, a tarefa definitiva, a
prova e o teste finais; a obra para a qual todas as outras não passam de mera
preparação".
Isto é, precisamos
primeiro aprender, mas infelizmente não se ensina a amar nas escolas, embora
devesse ser disciplina obrigatória, em minha opinião. E depois de aprendidos
alguns importantes conceitos, depois de compartilhadas profundas experiências,
sob a supervisão de quem se especializou no assunto, seria absolutamente
interessante que se estimulasse o treino.
Como fazer diante de um
desentendimento? Conversando. Ouvindo o outro. Ponderando sobre os diferentes
pontos de vista. Como lidar com sentimentos como ciúme e insegurança? Olhando
para dentro, refletindo sobre como se sente em relação a si mesmo e o que pode
ser feito para lapidar essa autoimagem. Como perdoar? Reconhecendo as próprias
dificuldades, os próprios erros, considerando o que realmente importa: se é
estar com a razão ou amar um pouco além.
Enfim, treinar, treinar,
treinar. Treinamento é o caminho para o desenvolvimento e, por fim, para a
excelência, inclusive do amor. Portanto, da próxima vez que se sentir inspirado
a contar à pessoa amada o que você sente por ela, que tal acrescentar às
palavras uma atitude que mostre?
Rosana Braga
Um comentário:
oi minha amiga,
lindo,
sentir,dizer e agir...
perfeito para um amor perfeito...
beijinhos
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