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7 de maio de 2011

Alma da mulher





Nada mais contraditório do que ser mulher...
Mulher que pensa com o coração,
age pela emoção e vence pelo amor.
Que vive milhões de emoções num só dia
e transmite cada uma delas, num único olhar.
Que cobra de si a perfeição
e vive arrumando desculpas
para os erros daqueles a quem ama.
Que hospeda no ventre outras almas,
dá a luz e depois fica cega,
diante da beleza dos filhos que gerou.
Que dá as asas, ensina a voar
mas não quer ver partir os pássaros,
mesmo sabendo que eles não lhe pertencem.
Que se enfeita toda e perfuma o leito,
ainda que seu amor
nem perceba mais tais detalhes.
Que como uma feiticeira
transforma em luz e sorriso
as dores que sente na alma,
só pra ninguém notar.
E ainda tem que ser forte,
pra dar os ombros
para quem neles precise chorar.
Feliz do homem que por um dia
souber entender a alma da mulher!


Fatima Ayache


Para  a minha doce guerreira mãe Marina!





4 de novembro de 2010

O dilema da mãe trabalhadora





Imaginemos uma trabalhadora que, após passar pelos obstáculos naturais do início da carreira, chega a um cargo de responsabilidade em uma empresa. O futuro na profissão parece sorrir para ela, mas ela também está apaixonada pelo maridão e mal pode esperar pela vinda do primeiro filho.

Nove meses depois, nossa trabalhadora está em casa com seu bebê recém-nascido. Sua empresa adotou a licença maternidade de seis meses, que passou a vigorar em janeiro, em troca de benefícios fiscais. Esses seis meses de convívio intenso com a mãe provavelmente vão beneficiar o desenvolvimento e a saúde da criança. A licença de 180 dias é considerada uma vitória para as mulheres trabalhadoras. Mas pode ser um tropeço na ascensão profissional de nossa jovem batalhadora.

É o que pensa, muito desgostosamente, Luciana Moya, especialista nas áreas trabalhista e previdenciária da consultoria Hirashima e Associados. “Infelizmente, aquelas mulheres que querem ser bem sucedidas em setores concorridos e de alta performance não podem tirar seis meses de licença maternidade”, afirma. “Ela deve voltar o mais rapidamente possível”.

Luciana fala com experiência pessoal. “Tive duas licenças maternidade de três meses”, diz. Antes de se tornar sócia de uma empresa, ela fez carreira na Arthur Andersen, gigante mundial do ramo de auditoria, que fechou as portas em 2002. Luciana lamenta não ter tido mais tempo com os filhos, mas acredita que a dinâmica corporativa é implacável com quem se distancia do trabalho por muito tempo.

Ela não crê que a mulher vá sofrer represálias por tirar seis meses de licença, mas acha que a longa ausência faz com que ela “perca a sintonia” com o chefe e colegas — o prejuízo viria “nas entrelinhas”. Com o afastamento prolongado, a mulher ficaria distante dos novos projetos e iria para o fim da fila de promoções, transferências e treinamentos.

É uma dilema que deve torturar as mulheres que enfrentam pesadas disputas por visibilidade nas empresas. Todas querem o melhor para o filho — mas dar o melhor para o bebê significa passar mais algumas semanas com ele nessa fase inicial da vida ou aumentar as chances de ele ter uma mãe com salário maior no futuro? Nós, homens (como pais, companheiros, amigos, chefes, colegas), temos a obrigação de contribuir ao máximo para que ela tome a melhor e mais tranquila decisão nesse momento. Só tenho a impressão que esse nosso ”máximo” será sempre pouco, diante do tamanho do dilema.

Diante das opções meses a mais com a criança ou escalada mais rápida na carreira (sua ou da sua companheira), o que você faria? O que você já fez?


Thiago Cid

24 de outubro de 2010

Sogra não é problema



Muito homem por aí não gosta de sogras. Eu gosto. Na minha experiência, as mães das mulheres ou das namoradas são forças positivas, aquele tipo de gente que contribui para que as coisas dêem certo, não errado. Não me lembro de uma única relação em que mãe de uma mulher querida constituísse um problema. 

Na primeira vez que deparei com uma mãe legal achei que era acidente. Todo mundo fazia piadas sobre sogras, mas eu tinha dado sorte. À medida que o tempo foi passando, e as relações se sucedendo, ficou claro que a lenda da sogra bruxa não tinha pé na realidade. Era outro lugar comum atrás do qual não existia nada. Ou existia apenas misoginia. 

Aos poucos, percebi que muito mais importante do que a figura caricatural da sogra eram as relações verdadeiras entre mãe e filha, que constituem o pano de fundo para o contato entre um homem e qualquer mulher. 

Vistas de um ponto de vista masculino, que não costuma ser muito rico em sutilezas, as relações entre mães e filhas são incrivelmente complexas e intensas, carregadas de sentimentos contraditórios que ligam e às vezes repelem as pessoas pela vida inteira, de uma forma dolorosamente pendente. 

Com o tempo e com a vivência, a gente descobre que é possível se dar bem com a sogra mesmo quando ela se dá mal com a própria filha, embora a situação seja desgastante. Se a sua namorada ou a sua mulher vive às turras com a mãe dela, vai pedir seu apoio na disputa emocional, ainda que de forma velada. Não é fácil viver no meio dessa conflagração. Qualquer partido que você tome pode ser insuficiente ou excessivo, insensível ou estúpido, tudo ao mesmo tempo. 

Muito mais gostoso é quando mãe e filha se adoram. O ambiente que resulta dessa cumplicidade é uma delícia. Há na casa da sogra um aconchego gostoso, um carinho entre mulheres que transborda e atinge quem caminha ao lado. Esse tipo de relação amorosa permite que você, que vem de fora, construa sem culpa relações de carinho e admiração com a sogra. Na ausência de recriminação e de veto, você pode tratar com o ser humano real, não com o monstro simbólico que ocupa a cabeça de algumas filhas cada vez que elas olham para a própria mãe. 

Nas casas em que mãe e filha se gostam não há cabos de guerra permanentes e nem tensão oculta - muito menos armadilhas para o macho desatento, que são frequentes no terreno minado ao redor de mãe e filha que competem. Como você não percebeu aquela coisa horrível que a mãe dela disse no meio do almoço de domingo? Não viu como ela trata melhor o irmão da sua mulher? “Se você estivesse realmente ao meu lado perceberia que...” Pode ser difícil. 

Minha reduzida experiência e capacidade de observação sugerem que as mulheres que se dão bem com a própria mãe são companhias mais fáceis. Essa é uma relação tão essencial, tão básica, que as mulheres que a tem resolvida caminham mais leves pela vida – e põem nos ombros dos seus homens uma carga menor durante o convívio. 

Um ditado antigo diz que sogra não se escolhe. É verdade. Mas o que eu acho mais importante é que você não escolhe o tipo de relação que a sua mulher tem com a mãe dela. Se a sogra for chata, arruma-se um jeito de que ela fique longe. É fácil de resolver. Mas quando a sua mulher tem um contencioso permanente com a própria mãe, você não se livra disso tão facilmente. Fica na vida dela uma amargura que vai entrar na sua vida de algum jeito, como a água de um vazamento. Melhor ajudar sua mulher a estancá-lo. 


Ivan Martins


5 de outubro de 2010

Opinião de mãe



Durante a infância e a adolescência, me lembro de pedir a opinião da minha mãe todas vezes em que me vestia. Mesmo quando a roupa era um uniforme escolar, perguntava se o moletom não estava “balão demais”, se a calça jeans não aumentava o tamanho do quadril. Invariavelmente, ela respondia que eu estava ótima – na maioria das vezes sem olhar para mim, absorta em seu trabalho.

Mesmo sabendo que a resposta seria sempre a mesma, todos os dias eu a procurava. Hoje, sei que buscava mais sua aprovação do que saber se a roupa me caía bem. Inclusive porque cheguei a ir para a escola com a blusa vestida do avesso, calças furadas, um pé de cada de tênis (sério, muito sério).

Mas, por um lado, tive alguma sorte com essa negligência. Segundo dois livros lançados recentemente nos Estados Unidos e resenhados pela revista americana Newsweek, as mães podem ser grandes responsáveis por desvios na autoimagem de suas filhas. Elas costumam passar mensagens negativas sobre a imagem do corpo das filhas, muitas vezes involuntariamente. Um deles, o You’d be so pretty if... (Você seria tão bonita se…), é autobiográfico.

Escrito pela jornalista Dara Chadwick, ela lembra o dia em que sua mãe colocou o monstro dentro de sua cabeça. Quando ela tinha 20 anos, saiu com a mãe para comprar vestidos. Insatisfeita com a própria imagem no espelho, a mãe disse a filha: “Se você achar que está gorda, é porque está.” Anos depois, a frase continua ecoando na mente da jornalista quando ela entra em um provador de roupas.

O outro livro, My mother, my mirror (Minha mãe, meu espelho), foi escrito pela terapeuta Laura Arens Fuerstein com base em frases fatídicas vociferadas por sua própria mãe e as de pacientes. Nele, ela diz que as meninas procuram se enquadrar na visão que as mães constroem delas. A opinião da mãe é como um espelho.

Em famílias com mais de uma filha, a primeira costuma ser vista como a responsável (meu caso), enquanto a segunda é tida como a popular. E as meninas reproduzem esse comportamento. Dara dá algumas dicas sobre como evitar traumas. Cuidado redobrado com o que se diz na frente das meninas, mesmo quando a crítica é para si mesma. Outro conselho é não deixar de fazer algo como dançar em um casamento porque está se achando gorda. Assim, mãe vai ensinar a filha que só as magras podem se divertir.



Laura Neves

3 de junho de 2010

Minha mãe


Imagem

"Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo.
Tenho medo da vida, minha mãe.
Canta a doce cantiga que cantavas
Quando eu corria doido ao teu regaço
Com medo dos fantasmas do telhado.
Nina o meu sono cheio de inquietude
Batendo de levinho no meu braço
Que estou com muito medo, minha mãe.
Repousa a luz amiga dos teus olhos
Nos meus olhos sem luz e sem repouso
Dize à dor que me espera eternamente
Para ir embora.
Expulsa a angústia imensa
Do meu ser que não quer e que não pode
Dá-me um beijo na fonte dolorida
Que ela arde de febre, minha mãe.
Aninha-me em teu colo como outrora
Dize-me bem baixo assim:
— Filho, não temas
Dorme em sossego, que tua mãe não dorme. Dorme".