25 de agosto de 2010

Combinação explosiva


Apesar do empenho feminino em busca da igualdade, por um capricho da natureza, o metabolismo do álcool nas mulheres não é, nem jamais será igual ao nosso. Se administrarmos para mulheres e homens a mesma dose, ajustada de acordo com os índices de massa corpórea, elas fatalmente apresentarão níveis sanguíneos mais elevados.

Nelas, a fragilidade aos efeitos embriagadores é justificada pela maior proporção de tecido gorduroso, por variações na absorção do álcool no decorrer do ciclo menstrual e porque a concentração gástrica da desidrogenase alcoólica (enzima essencial para a decomposição do álcool) é mais baixa do que nos homens.

Esses mecanismos explicam porque ficam embriagadas com doses mais baixas e progridem mais rapidamente para o alcoolismo crônico e seu cortejo de complicações.

A avaliação dos questionários aplicados durante anos consecutivos em dezenas de milhares de mulheres acompanhadas no célebre “Nurses’ Health Study”, revelou que tomar 2 ou 3 drinques diários aumenta em 40% o risco de surgir hipertensão arterial, bem como o de derrame cerebral hemorrágico.

Uma análise de seis estudos demonstrou que as mulheres habituadas a ingerir de 2,5 a 5 drinques por dia, apresentam probabilidade 40% maior de desenvolver câncer de mama. O uso continuado de álcool reduz a densidade da massa óssea em ambos os sexos, mas a probabilidade de provocar osteoporose é maior no feminino.

Estudos demonstram que a maior parte das mulheres bebe como forma de livrar-se das angústias associadas aos quadros depressivos. A prevalência de depressão nas que abusam de álcool é de 30% a 40%. Talvez por essa razão, tentem o suicídio 4 vezes mais do que as abstêmias.

Além de tudo isso, a bebida pode causar problemas ao feto. A ingestão de álcool durante a gestação eventualmente provoca distúrbios fetais que vão do retardo de desenvolvimento à chamada síndrome alcoólica fetal.

Não há nenhum estudo que assegure existir na gravidez uma quantidade de álcool segura. É imprevisível: bebês de mães que beberam a toda a gestação podem nascer normais, enquanto os de outras que o fizeram ocasionalmente podem apresentar malformações congênitas. Recomenda-se, assim, que a gestante não beba, afinal são apenas nove meses.

Caso não esteja grávida, a mulher pode beber, mas pouco, talvez um ou dois drinques por vez. Como a carne é frágil, entretanto, se houver exagero dê um tempo de alguns dias, contrariar a natureza é guerra perdida.

Drauzio Varella 
 

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