3 de outubro de 2010

Sexualidade prematura

Cinderella ate my daughter – Cinderela devorou minha filha – é um livro que está causando polêmica nos Estados Unidos. Nele, a autora, a jornalista Peggy Orenstein, critica duramente a tendência girly – algo como mulherzinha – que tomou conta das meninas do mundo ocidental. Muito rosa, muito enfeite, maquiagem, escova nos cabelos – hábitos femininos que estão virando mania para as meninas cada vez mais cedo. Ela diz que 40% das meninas de seis anos já usam batom regularmente. A ligação com as princesas que elas tanto admiram, afinal, é ingênuo e as protege num mundo de sonhos ou na realidade as empurra para um mundo sexualizado muito antes da puberdade?

Mãe de uma menina, a autora foi a campo. Visitou a Disneilândia e feiras de brinquedos com suas dezenas de lançamentos para meninas e entrevistou pais de participantes de concursos de beleza infantil, assim como pais de meninas, em geral. Dissecou a cultura pop, os contos de fadas, e inventou um avatar para conversar com adolescentes pela internet.

Sua constatação é de que a ênfase no gênero desde cedo resulta em uma sexualização precoce, a preocupação exacerbada com a beleza e o corpo e auto-estima centrada no olhar dos outros. Segundo Orenstein, o girl-power da década de 90, quando as mulheres alcançaram o ápice de sua liberdade, somado ao culto ao corpo, formaram uma atual geração de meninas absolutamente neuróticas por sua aparência – mais do que pelo que elas realmente são, sua personalidade.

Mas que pais negariam uma roupa de princesa a suas filhas, ou brinquedos cor-de-rosa ou uma festa de aniversário com cabeleireiro e maquiador? – ela pergunta. Sinceramente, acho que nenhum. A maioria vê tudo com um olhar embevecido. Isso quando não as estimulam ainda mais – especialmente as mães (e muitas vezes pelo próprio exemplo).

Ela diz que é preciso dar as meninas brinquedos neutros e estimular atividades com meninos. “É fato que crianças não são criadas no vácuo. Mas a influência dos pais para frear a tendência girly é muito importante”, afirma.

Martha Mendonça

Um comentário:

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Lena, querida amiga. Vejo isso claramente nas meninas de hoje. Elas perderam aquela infantilidade gostosa e ingênua. Estão mais preocupadas com a estética e com os modelos "Cinderelas". Um mundo de contos de fadas, que perdeu a conexão com a realidade. Infelizmente, ainda não sabemos as consequências desse novo modismo. Beijos e ótima semana.