29 de maio de 2011

Quais são suas reais necessidades?





Quantas vezes temos necessidades físicas e emocionais e as negamos como se não as sentíssemos? Você pode até dizer que sabe quando está com fome e por isso come até mais do que gostaria. Mas quantas vezes você comeu mesmo sem fome, só para satisfazer uma necessidade que pensava ser fome? Você tem certeza que sua necessidade em alguns momentos é mesmo de comida? Quantas vezes comeu por raiva, ansiedade, nervoso, preocupação e só percebeu seus reais sentimentos depois que comeu? Não percebemos nossas necessidades na mesma proporção em que não percebemos nossos sentimentos, negamos até mesmo necessidades básicas.

Desde muito pequenos aprendemos a nos distanciar daquilo que sentimos e a priorizar as necessidades dos outros. Você nunca deixou o maior pedaço de bolo ou o maior bife para que seu marido ou sua filha comesse? Quantas vezes deixou de comprar um roupa para você, mas não deixou de comprar para seu filho? Você nunca poupou seu marido de ter que fazer o supermercado e, mesmo sobrecarregada e sem tempo, você conseguiu fazer as compras?

Como são divididas as tarefas da casa? Igualmente entre todos? Você tem o privilégio de chegar em casa depois de ter trabalhado dia todo e ir direto para o banho, sem ter nada para fazer? Ou ao chegar você coloca roupa na máquina de lavar, o feijão para cozinhar, enquanto isso, liga o computador, recebe e-mails, retorna alguns telefonemas pendentes, conversa com o filho, arruma a mesa para o jantar e depois disso tudo, seu marido chega e ao encontrar tudo praticamente em ordem, ele vai direto para o banho? Acontece assim em sua casa? E ao sair do banho, ele vai deitar só um pouquinho porque está muito cansado. E você, como se sente? O que faz com que a necessidade do outro se torne mais importante que a sua?

Geralmente sequer percebemos que temos necessidades. Algumas vezes, não falamos o que sentimos para evitar uma briga e chegamos a ponto de negarmos para nós mesmos o que sentimos e, assim, vamos levando, como diz o ditado: empurrando com a barriga. Mas até quando podemos viver assim? Você já parou para pensar nas possíveis causas dessas atitudes? O que faz com que neguemos nossas próprias necessidades enquanto buscamos suprir de quem está a nossa volta?

Muitas vezes aprendemos a negar nossas necessidades, ainda muito pequenos. Um exemplo: um bebê chora porque está com fome, mas a mãe não o atende. Por outro lado, quando não chora, a mãe o alimenta, pois está na hora. Assim, aos poucos, o bebê conclui que ao expressar sua necessidade, não é ouvido, mas quando não o faz, recebe atenção.

Outro exemplo: a criança ao chegar da escola triste porque brigou com um amiguinho, ouve a mãe dizer que isso não tem importância, porque briga de criança logo passa, que isso é bobagem. O que é bobagem, a tristeza da criança? E as infinitas vezes que essa mesma criança ouviu que criança não sabe o que fala, ou que só faz coisa errada? E aquela mãe que diz não é nada quando a criança pergunta por que ela está chorando? Alguém chora por não estar sentindo nada? É possível se sentir digno de confiança dessa mãe que nega o que está evidente? Como alguém pode crescer se sentindo importante e consciente de seu valor enquanto pessoa se tudo que faz ou sente é errado, ou se não lhe dizem a verdade?

À medida que essa criança cresce irá registrando em seu inconsciente que é melhor negar e não demonstrar o que sente, pois aprendeu que mesmo que demonstre suas necessidades, elas não serão atendidas. E você, quantas vezes teve alguém que realmente se importou com o que sentia, com seus medos, seus pesadelos, suas dúvidas, quando era criança? Quem o ouvia com atenção e o fazia se sentir compreendido e seguro?

Antigamente, raramente os sentimentos de uma criança eram ouvidos e respeitados, levando-nos muitas vezes à conclusão que para satisfazer nossas necessidades não devemos demonstrar que as temos. É assim que desde crianças aprendemos a negar nossas necessidades, sentimentos e supervalorizamos as necessidades de outras pessoas. Assim, passamos a dar ao outro aquilo que gostaríamos de receber.

Como esse processo todo acontece de forma inconsciente, raramente percebemos que fazemos isso e até damos justificativas quando fazemos por alguém o que sequer pensamos em fazer por nós mesmos. Nos preocupamos com todos, buscamos suprir as necessidades de todos, amenizamos o sofrimento de muitos, mas insistimos em negar o que está dentro de nós. Resultado: insatisfação, depressão, doenças. Até quando você irá agir como se não sentisse?

Enquanto você mesmo não respeitar o que sente, o que precisa, dificilmente as pessoas irão respeitá-lo. Procure se ouvir mais. Identifique o que precisa, suas necessidades em todos os aspectos, não apenas físico, mas também, e principalmente, suas necessidades emocionais.

Do que você mais sente falta neste momento? De um colo, um ombro amigo para chorar? Fale isso para seu namorado, marido, esposa, amigo. Deixe-o saber o que quer, assim dará ao outro a chance de fazer um pouco mais por você. Continue fazendo com que as pessoas que estejam ao seu lado se sintam importantes por serem tratadas da forma especial com que você as trata, mas isso não requer que deixe de lado suas vontades, desejos, necessidades e sentimentos. Não espere alguém perceber suas necessidades para que elas sejam supridas. Sabe aquela atenção, amor, carinho e dedicação que você distribui entre aqueles que ama? Dê um pouco para si mesmo, sempre e incondicionalmente!



Rosemeire Zago 

22 comentários:

A.S. disse...

Lena,

Excelente o texto que nos deixas! Um texto que reflete uma realidade muitas vezes ocultada!
Costumo dizer, que um carinho na altura certa é mais importante que uma noite de amor!...


Beijos meus...
AL

Catia Bosso disse...

As reais necessidades se encontram sempre nos menores detalhes...
Excelente reflexão para hoje!

LenaLindona!!!

Que frio!!! Aff!! Mas temos que ser resistentes a qualquer temperatura, não é mesmo! Desde quando um friozinho de 7 graus vai paralizar nossas emoções!!!
Espero que ai no Planalto Central esteja mais quentinho...

bjs geladinhos pra ti e p o Dr ...


Catita

Anônimo disse...

Texto que nos leva a indagarmos e a conhecermos de forma mais detalhada a nós mesmos!.. Fantástico Lena!

Uma beijoca em seu coração..
Verinha

Hellen Caroline disse...

Ah,Lena Querida
muitas vezes passamos uma vida,vivemos um relacionamento por anos e anos sem saber o que se passa no lado de dentro do próximo justamente porque não deixamos que essa pessoa se fortaleça em nós para falar,e assim somos nós... por pensar que sempre o próximo irá descobrir nossas necessidades e angústias.
Que possamos demonstrar mais amor,mais fé no próximo,pois isso é o que nos falta!
Sempre bom vim te ler viu?
Um beijo no teu coração.
Domingo de paz pra ti!

AC disse...

Lena,
A pertinência dos seus posts é sempre de assinalar. Por vezes não concordo com alguns pontos de vista mas, atendendo à necessidade que este formato de comunicação tem de generalizar, isso seria conversa para um frente a frente, não para um simples comentário. De qualquer modo, fica a sua capacidade em saber colocar, sempre, o dedo na ferida.

Beijo :)

Meire Oliveira disse...

Lena, minha estrelinha é muito difícil eu num colocar as necessidades alheias na frente das minhas, e acho que herdei isso da minha mãe. Mas isso pode se tornar um ciclo vicioso e saímos prejudicados, mas tem coisa melhor do que ver as pessoas felizes? Se tem ainda num achei rsrsrs
Mas a verdade é que não devemos ficar calados quanto a nossos sentimentos, vontades, pois ninguém é adivinha!

Suas escolhas são 10! Te amo!!! Bjo gigantesco.

Meire Oliveira disse...

Lena, vi seu comentário e "vorti", tem um texto da Ana Jácomo que ela publicou no blog dela ontem, que fala muito por mim...

Esse mistério
"Estive pensando nesse mistério que faz com que a vida da gente se encante tanto por outra vida. E sinta vontade de escrever poemas. Garimpar estrelas. Deixar florir pelo corpo os sorrisos que nascem no coração. Nesse mistério que nos faz olhar a mesma imagem inúmeras vezes, sem cansaço, seja ela feita de papel ou de memória. Que nos faz respirar feliz que nem folha orvalhada. Querer caber, com frequência, no mesmo metro quadrado onde a tal vida está. Cantarolar pela rua aquela canção que a gente não tinha a mínima ideia de que lembrava.

Estive pensando nesse mistério que faz com que a vida da gente encontre essa vida na multidão planetária de bilhões de outras. E sem saber que ela existia, perceba ao encontrá-la que sentia saudade dela antes de conhecê-la. Estive pensando nesse mistério que faz com que aquela vida que acaba de encontrar a nossa nos deixe com a impressão de estar no nosso caminho desde sempre, como se fosse um sol que esteve o tempo todo ali e a gente somente não o ouvia cantar. Nesse mistério que nos faz trocar buquês dos olhares mais cuidadosos. Que nos faz querer cultivar jardins, lado a lado. Nesse mistério que faz com que a nossa vida queira um bem tão grande à outra vida, que vai ver que isso já é uma prece e a gente nem desconfia.

Estive pensando nesse mistério lindo que você é para alguém e alguém é para você ou que ainda serão um para o outro. Nessa oportunidade preciosa dos encontros que nos fazem crescer no amor também com o tempero bom da ludicidade. Nesse clima de passeio noturno em pracinha de cidade pequena. Nessa paz que convida o coração pra recostar e repousar cansaços. Nesse lume capaz de clarear quarteirões inteirinhos da alma e acender um mundaréu de vontades no corpo. Nesse abraço com braços que começam dentro da gente. Nessa vontade de deixar o mundo todo pra depois só para saborear cada milímetro do momento embrulhado pra presente.

Estive pensando nesse mistério que não consigo desvendar. Nem tento."
é bem por aí. =D bjokitas

Anônimo disse...

Boa tarde minha flor,
Obrigado pelo voto na lethy
Estou muito feliz pelo teu blog
cada vez melhor.
O blog novo ainda vai demorar um pouquinho...mas tbm estou ansiosa para inaugurá-lo.

Um bom domingo Lena

Ingrid disse...

nos conhecermos e assumir nossas carências é o ideal.. mas as vezes dói viu!
muito legal Lena..
beijos e boa semana..

Milene R. F. S. disse...

Muito bom o texto Lena. Na verdade somos ensinados desde pequenos a fazer tudo pelos outros e nada por nós... pensar em si mesmo é considerado por muitos egoísmo e isso é feio né... ninguém quer ser taxado de egoísta... mas a verdade é que se amar e ser egoísta são coisas completamente diferentes. Quem não se ama, não ama ninguém! O egoísta, ao contrário do que a maioria acredita, não se ama muito, se ama pouco e por isso tenta tirar de todos a sua volta tudo o que pode e um pouco mais, ele é um vampiro, não por se amar demais, mas por se amar de menos, por não ser capaz de suprir as próprias necessidades. Assim o egoísta não é aquele que se ama e se cuida, mas sim aquele que exige que os outros a sua volta vivam conforme as suas regras e pensamentos... Os valores aqui se invertem na nossa sociedade, quando vc se ama, quando vc se cuida, quando vc pensa no que vc quer e não no que os outros querem que vc queira, vc é taxado de egoísta, quando na verdade vc só está se amando, e se amando vc pode, aí sim, oferecer o seu amor para os outros sem ressentimentos secretos, inconscientes. Tem um livro que gostaria de indicar sobre o assunto amor, amor em todas as suas modalidades, ao próximo, a deus e a si mesmo: A arte de amar, do pisicanalista Erich Fromm. É um livro fantástico sobre o assunto. Beijos e um bom final de semana para vc, é sempre um prazer visitar o seu blog, até.

MARILENE disse...

Desde que me entendo por gente, "aprendi" a abrir mão de minhas necessidades em prol da família. Mesmo reconhecendo que temos direito de satisfazê-las, há sempre um sentimento de culpa quando "abandonamos" ou não damos importância a fatos que os envolvem. E nem se trata de desconhecimento do tema. É difícil mesmo!

bjs.

Anônimo disse...

Muito certo. É daquele tipo de coisas que tem que ler com tempo, fazem bem ao alma.

MA FERREIRA disse...

Lena..
Tenho que rever certas coisas...
O pedaço maior do bife não é meu..rs

Eu acho que o comportamento de cada pessoa depende muito da maneira como ela foi criada. Como diz tão belamente texto.
Eu fui de querer agradar as pessoas.
Hj eu tb faço isso, mas de um modo diferente. Aprendi algumas coisas e pelo texto to vendo que muitas coisas ainda eu tenho que aprender.
Eu fiquei mais egoista depois que comecei a fazer terapia.
Não aquele egoismo de querer tudo pra mim.
Hj eu não deixo de fazer as coisas que gosto e preciso.
Nem faço mais coisas por obrigação, a não ser aquelas que sabemos são excenciais para um bom convivio.
Me afastei das pessoas que não tinham nada a ver comigo.
Acho que minhas irmãs deviam me odiar antes. Somos em cinco. Eu a mais velha.
Eu sempre palpitava, queria o melhor pra elas, e achava que tinha a solução.
E nunca tinha.
A intenção era boa, mas de nada adiantava.
Ajudei financeiramente. Adiantou? Nada.
Até que um dia eu acordei.
Comecei a ficar mais na minha.
A espiritualidade me trouxe o entendimento que cada um esta onde devia estar. Cada um é responsavel por seus problemas e soluções. E o que é dado de mão beijada, não surte valor.
Eu achava que tinha que sofrer junto.
Hj me solidarizo com a dor do outro, ajudo no que for preciso, mas não sofro junto.
Gasto com terapia, faço minhs coisas certinhas, cuido da minha espiritualidade, faço o que gosto. Invisto em mim.
Não é justo eu sair deste caminho pra sentir a dor do outro.
Amar não é isso. Eu achava que era.
Mas sei tb que o outro é importante.
Procuro sempre manter o equilibrio. As vezes abro mão daqui, abro mão dali. Mas não deixo que vire regra.

Um beijo..ja dei o pitaco de hj..rs
bj
Ma

Ale disse...

Mais uma vez fazendo pensar,

Reflexões boas pra um final de semana em que vivi a falta de cooperação de uma equipe,

Mas amanhã é outro dia,


Um beijo!

Sobre o Tempo disse...

"No homem há mais amor-próprio do que amor; na mulher, pelo contrário, há mais amor do que amor-próprio."
(Paolo Mantegazza)

Lena, mais uma vez, obrigado pelo carinho. Um ótimo início de semana. Bjs

Calu Barros disse...

Esse assunto veio de encontro a muitas lembranças minhas, principalmente o 4º parágrafo:...quando nos lembramos que temos necessidades?
Desde a infância somos educadas para olhar para fora e nunca para dentro, ou seja, o outro é sempre mais importante que eu.E, nós mulheres da minha geração, carregamos essa bandeira imposta pela severa educação feminina.Ainda bem que pude aos poucos, ver surgir uma nova concepção de parceria num casal e minhas filhas são exemplos vivos dessa mudança.Fico feliz por isso.
Um bjo linda Lena.
Boa semana.
Calu

Rosane Marega disse...

Lindo Lena, lindo!
Beijossssssss

Imaculada disse...

Sua visita deixou-me imensamente feliz!
Seu blog é muito bom... Amei suas postagens, sábias, reflexivas e com lindas imagens. Estarei passando sempre por aqui.
Grande abraço! Uma linda e abençoada semana para ti.

Jose_Kunita disse...

HOLA, BONITA. SI NO TE IMPORTA, VOY A SENTARME EN LA PLATEA DE TUS SEGUIDORES PARA PODER VER MÁS DE CERCA LO Q’ TIENES PARA DECIR ..
P.D. EL PRÓXIMO 31 DE OCTUBRE TE ESPERO EN “EL HECHIZO” ;)
BESO.

Anônimo disse...

NESTE MOMENTO ESTOU PRECISANDO DE UM FORTE ABRAÇO...

Vim te dizer que tem aniversário no niver


bjs

Eva disse...

Oi querida, obrigada por sua visitinha, vc é sempre gentil e amorosa, amo sua presença lá no blog. Querida Lena, eu adorei teu texto, nos faz refletir e organizar nossas necessidades, que sempre serão muitas, mas minha maior prioridade será sempre o carinho, eu não consigo viver sem ehehe, então distribuo bastante, beijiho, boa semana.

Tatiana Kielberman disse...

Mais um texto da querida Rose, adoro!!

Ultimamente, graças a D´us tenho atentado mais para as reais necessidades da minha alma... e é fundamental isso!

Beijo grande, Lena!