6 de setembro de 2011

O direito ao sumiço




Aos 20 anos, saí pelo mundo sozinha para tentar entender o real significado de "estar" sozinha. Hoje, a tecnologia não deixa mais ninguém sumir por uns tempos

São poucos os adolescentes que não sonham, um dia, em passar uma temporada fora do país. Nem todos realizam, obviamente não é um sonho barato. Mas juntando umas economias aqui, um fundo de garantia ali, se inscrevendo num programa de intercâmbio ou simplesmente munindo-se de coragem e uma mochila, muitos conseguem embarcar num avião: hora de dar um tempo pro Brasil, aprender outro idioma, meter a cara lá fora.

Eu tive essa oportunidade aos 20 e poucos anos. Poupei dinheiro, acumulei férias não vencidas na empresa onde trabalhava e saí para o mundo sozinha, interessada em conhecer vários lugares mas, principalmente, interessada em entender o que significava, afinal, esse "sozinha". Que delícia. Ninguém saber onde estou, o que comi no almoço, quais os meus medos, quem eram as pessoas com quem eu cruzava. Olhar para os lados e não reconhecer nenhum rosto, direcionar meus passos para onde eu quisesse, sem um guia, sem um acordo prévio, liberdade total. Desaparecida no mundo. Isso me conferia uma certa bravura, fortalecia minha autoestima. Claro que eu telefonava para casa de vez em quando e escrevia cartas, fazendo os relatos necessários e tranquilizando o pessoal, mas eu estava sozinha da silva com meus pensamentos e emoções novas.

Aí veio a tecnologia, com seus mil olhos, e acabou com essa história de sozinha da silva. Hoje ninguém mais consegue tirar férias da família, dos amigos e da vida que conhece tão bem. Antigamente era uma aventura fazer um autoexílio, sumir por uns tempos. Mas isso foi antes do Skype. Do MSN. Do e-mail. Hoje, nem que você vá para outro planeta consegue desaparecer.

Claro que só usa essa parafernália tecnológica quem quer. Você pode encontrar uma dúzia de cybercafés em cada quarteirão da cidade em que está e passar reto por eles, fazer que não viu. Mas sua mãe, seu pai, sua namorada, sua irmã, seu melhor amigo, todos eles sabem que você está vivendo coisas incríveis e querem que você conte tudinho, em detalhes. Não custa nada mandar um sinal de vida, pô. Todos os dias, claro! Dois boletins diários: às 11h da manhã e no fim da noite, combinado.

Sei que quando chegar a hora de minhas filhas sumirem no mundo vou rezar uma novena para abençoar a sagrada internet, mas não quero esquecer jamais da importância de se respeitar o distanciamento e o prazer que o viajante sente ao estar momentaneamente fora de alcance, sem rastreamento, sem monitoração. Para os que ficam, é um alívio poder sentir próximo aquele que está longe, mas aquele que está longe tem o direito ao sumiço - e o dever até. Quem não desfruta do privilégio de deixar uma saudade atrás de si e curtir o "não ser", "não estar" e "não ser visto", perde uma das sensações mais excitantes da vida, que é se sentir um estrangeiro universal.

Martha Medeiros 




Até o finalzinho do mês!!! Bjkas, Lena.




 Neil Young-Harvest moon



 

5 de setembro de 2011

O ódio e seus filhotes




Qualquer sentimento, seja de amor, inveja, ciúme, medo, ódio ou ternura, não é controlável do jeito que supomos ou desejamos. Eu quero dizer que situações, que contextos de vida inevitavelmente podem nos atingir: atiçam nossas vísceras, mecanismos de neurotransmissão entram em ação e o corpo fica diferente, pensamentos e imagens são evocados. Há uma pegadinha nesta minha argumentação e preciso salientar que estou, ao menos por enquanto, estritamente me referindo ao domínio do sentir, que abrange as emoções e os pensamentos correlatos a elas.

No trânsito, por exemplo, quando uma moto corta nossa frente de modo imprevisto e perigoso, sentimos medo, susto, irritação e/ou raiva. Parte dessas reações é fruto da história de evolução da espécie, nosso corpo fica naturalmente agitado, em prontidão para se defender de um ataque, de tocaia contra o que nos ameaça, seja um tigre (no caso do homem pré-histórico) ou um veículo mal dirigido, na contemporaneidade.

E daí? De que vale saber dessas coisas? A questão é que há pessoas que ficam num estado alterado por muito mais tempo, ou numa intensidade absolutamente desproporcional à ameaça representada pelo motociclista imprudente. Alguns saem em perseguição, outros disparam uma arma de fogo em direção à moto, a gente fica sem saber quem teve ou deixou de ter razão num caso desses. Imprudência no trânsito resultando em violência urbana, esse seria o resumo desta historinha.

Há também o caso do motorista que não reage explicitamente ao deslize do motociclista, mas cuja pressão arterial sobe naquele exato momento ou que chega ao trabalho espumando de raiva e descarregando a irritação no office-boy, que de nada teve culpa.

Pois é, a agressividade de um sujeito ao pilotar a moto deflagraria a agressividade ou o adoecer de outro sujeito, o qual pode se tornar agressivo com terceiros. OK, tudo aqui é de faz-de-conta, mas eu garanto que tramas similares são plausíveis no mundo real, fora das novelas das oito. Agressividade gerou raiva, que gerou mal-estar e mais agressividade.

Lá no começo eu disse que não dá para controlar o que se sente. Então um apressadinho concluiria que estamos fritos e nada há para se fazer. Nada disso. Podemos, na verdade, exercer algum controle pessoal e de uns sobre os outros, mas em termos do que fazemos, e não em termos do que sentimos.

Que escolha eu faço quando piloto como búfalo selvagem? Quem sou eu, que resolve conflitos com balas de revólver? Que desconexão existe entre o que eu faço e valores que supostamente eu afirmaria defender, como a compaixão, prudência, amizade, etc.?

É possível planejar estratégias sociais para promoção de comportamentos de paz e de bem-estar. No meu artigo eu poderia falar do papel do poder público, dos responsáveis pela lei e por sua real implantação. Poderia, outrossim, falar de fé, de religiões e de amor ao próximo. Prefiro outro caminho. Podemos aprender a aceitar o que sentimos (raiva intensa, por exemplo) sem precisarmos reagir aos sentimentos que forem pouco benéficos a nós e aos outros.

Você sabia que praticantes regulares de yoga e de meditação costumam ter reações físicas e emocionais menos exaltadas frente ao mundo? Essas pessoas aprendem, através de um treinamento bem orientado, a aceitar seus sentimentos, mas a permanecerem em contato com a dimensão construtiva do mundo, seus organismos são mais compassados e suas emoções são compassivas. Aprendem a julgar menos (a si mesmos e aos outros) e a se acalmarem mais, mantendo o foco nos valores mais relevantes, relacionados ao bem-estar individual e coletivo.

Procure informações a respeito de práticas como meditação e yoga, aceite suas emoções, e eduque seus atos amorosamente. Este é um bom começo para uma sociedade melhor, e trata-se de um caminho que só depende de você.



Regina Wielenska 



4 de setembro de 2011

Amar é compartilhar felicidade!





A psicanálise nos fornece uma preciosa contribuição no que diz respeito ao tratamento das desordens emocionais. Nesse sentido, na fase infantil quando mãe e pai são referências máximas na futura definição de perfis masculino e feminino, distúrbios psíquicos podem interferir nas relações afetivas do filho adulto.

Quando escolhemos o parceiro ou a parceira para um compromisso sério, estamos depositando naquele indivíduo, expectativas de que o suprimento de amor do qual necessitamos seja contemplado nessa relação. No entanto, esse "suprimento" que são as nossas carências afetivas, não inicia na nova relação com o sexo oposto, mas a continuidade do histórico de relações com as figuras materna e paterna que são transferidas para a atual relação.

As carências afetivas tornam-se transferenciais, passam do pai ou da mãe para aquela mulher ou homem cujas expectativas de suprimento que restaram do passado, alimentamos inconscientemente.

Em suma: parceiro não é pai, mas tem que ser um pouco "pai". Parceira não é mãe, mas deve ser um pouco "mãe". Caso contrário, sentimentos não resolvidos com as figuras referenciais da infância, podem emergir com a energia das emoções desequilibradas que acabam por afetar a qualidade do relacionamento.

Portanto, o mais importante nas relações afetivas adultas é ambos encontrarem o ponto de equilíbrio entre a demanda afetiva do passado e a necessidade de suprimento do presente. Não esquecendo, que não basta ser um pouco mãe ou pai se o inerente desejo sexual não for contemplado pelo desempenho dos amantes...

Invariavelmente, o relacionamento íntimo - e sério - entre duas pessoas, envolve a fusão de carências afetivas, desejos e expectativas de crescimento pessoal e mútuo. E na ânsia de preencher o vazio de amor que ficou da relação com as figuras parentais da infância, o volume de energia que acompanha o envolvimento afetivo do casal, costuma gerar conflito de egos.

Se os envolvidos não tiverem um nível aceitável de conhecimento de si mesmos e do que o outro representa na relação, o envolvimento tende a fixar-se na demanda instintual (sexo), que apesar de ser importante no contexto geral, é apenas mais um ingrediente na qualidade do relacionamento.

Amar exige cumplicidade no sentido de compreender as carências que transitam numa relação amorosa. Ignorar é assumir um comportamento infantil ainda sintonizado ao passado. Por este motivo, o risco maior para a relação ocorre quando levamos para a proposta de crescimento mútuo e pessoal, os sentimentos negativos que transferem-se para o outrem em forma de processo obsessivo e asfixiante para ambos, como a dependência afetiva e o ciúme patológico, entre outros.

Quanto mais estivermos focados numa relação afetiva estável, mais libertos estaremos da sintonia do passado para assumirmos a condição de adultos que encaram o amor como uma forma de buscar a completude e a felicidade.



Flávio Bastos





The platters - Only You







3 de setembro de 2011

Entre os príncipes e os sapos, muitos detalhes devem ser considerados...



Você certamente preferiria encontrar um príncipe a um sapo, não é? Claro, dentre os conceitos que definem um homem, o de príncipe é bem mais atraente e interessante do que o de sapo. O primeiro refere-se àquele gentil, carinhoso e romântico, enquanto que o segundo aponta para aquele esquisito, desatento e, por vezes, até irritante!

No entanto, como todo conceito fechado, este também merece uma reflexão, e o quanto antes, para evitarmos mais buscas ilusórias, expectativas frustradas e, por fim, desencontros desastrosos! Será mesmo que existem os homens que são príncipes e os que são sapos? Se, sim, nesta mesma medida, deve haver então as mulheres que são princesas e as que são pererecas, certo? Não! Errado! Nem uma coisa, nem outra!

Podemos começar a desconstruir esse raciocínio admitindo que todos nós, tanto homens quanto mulheres, somos príncipes e princesas, mas também sapos e pererecas! Afinal, em alguns dias, estamos bem-humorados, divertidos, leves, atraentes e encantadores. Enquanto que, em outros, estamos tensos, tristes, impacientes e até repelentes.

Isto é ser gente. Existir em todas as possibilidades e nuances. Transitar entre a luz e a sombra e descobrir, neste caminho, a possibilidade de amadurecer e se tornar melhor. E tudo isso acontece, inclusive, enquanto nos relacionamos. Enquanto buscamos um amor ou durante a vivência dele. E tudo bem... Não há nada de errado em se permitir ser tudo isso. O problema começa quando a permissão só é dada a si mesmo e não ao outro.

Pessoas que desejam encontrar e se relacionar somente com príncipes ou com princesas, que não conseguem acolher o sapo e a perereca que existe em cada homem e em cada mulher, certamente, vão se decepcionar e amargar, repetidas vezes, aquela sensação de que sempre escolhe a pessoa errada. Será? Será mesmo que existem pessoas erradas e pessoas certas? Ou seria mais inteligente se encarássemos a todos com quem nos relacionamos como uma imperdível e exclusiva oportunidade de aprender algo novo?

Além disso, esta reflexão também pode ser um desafiante convite para que você exercite mais a sua porção príncipe ou princesa, exatamente como sabe fazer – e muito bem – toda vez que deseja conquistar alguém. Gentileza, carinho, atenção, paciência, saber ouvir, ceder, presentear, mimar, entre outras pequenas atitudes cativantes são sempre muito bem-vindas e fazem toda a diferença no seu dia-a-dia e no seu relacionamento, embora não eliminem definitivamente a sua porção sapo ou perereca!

No final das contas, o grande desafio do amor, para todos nós, é tentarmos, todos os dias, encontrar o equilíbrio na relação. Se seu par acordou sapo, calibre o ambiente com sua parte princesa e vice-versa. E lembre-se de que, como numa equação matemática, o mais importante é que, ao passar a régua, o saldo seja sempre positivo. E isso quer dizer que se você tem se relacionado mais como sapo ou perereca do que como príncipe ou princesa, algo precisa ser feito, urgentemente! Caso contrário, como se diz popularmente, a fila anda... porque o reinado precisa funcionar!



Rosana Braga 


Peter Gabriel - Kiss That Frog


1 de setembro de 2011

Movimento





Chega um momento, depois de algum caminho percorrido, em que a gente pode até considerar que avançou menos do que supunha, mas entende ter avançado o máximo que conseguiu até então.

E a gente agradece, com gentileza e compaixão por todos os caminhantes, porque somente quem caminha sabe o valor, o tamanho, a conquista, de que é feita a história de cada único passo.

Há quem pare no meio da estrada e se enrede no suposto cansaço que mente o medo de prosseguir.

Há quem corra tão freneticamente de si mesmo que nem percebe a paisagem ao seu redor.

Há quem pareça recuar dois passos para cada um alcançado.

No fim das contas, todos avançam, de uma forma ou de outra, ainda que, aos próprios olhos e aos alheios, o avanço seja imperceptível.

E, nos trechos da jornada em que já é possível caminhar com mais atenção, respirando os sentimentos singulares de cada passo, a gente percebe que não há exatamente um lugar onde chegar.

Nós somos o lugar.

A gente percebe que pode aprender a relaxar e a usufruir também da viagem e que essa é forma mais hábil e generosa de avanço.

Não há movimento que se assemelhe àquele que nasce de um coração contente”.



Ana Jácomo




Beatles - Here Comes The Sun







Meus amigos,

Obrigada por me fazerem sorrir, chorar, refletir, aprender, amar... Por me fazerem acreditar que sou capaz... Por me fazerem acreditar que existem pessoas e pessoas... Por me fazerem acreditar que nos relacionarmos é uma das mais emocionantes aventuras que existem... Porque em nenhuma outra, assumimos tanto o risco de nos envolver, cativar, respeitar, partilhar, compreender, perdoar, encantar... 
 
Para registrar essa nossa amizade, fiz, para vocês, o “Selo dos 700”. Com certeza, me sentirei muito feliz se o levarem para os seus cantinhos, porque essa vitória é nossa! 
Bjkas! 
 
Lena Simões


***
Publicado pela minha linda amiga Meiroca do Blog My Crystal Visions!

Amadeirei meu coração







Descobri que existe um vício delicioso, o Amadeirado! Mas porque esse vicio deixa a todos encantados?

Talvez seja o charme da madeira,
talhada por essa guerreira.
Talvez sejam as notas de sândalo
que produzem esse encantamento imediato
por ser leve, pura, doce madeira de fino trato.

Talvez seja a carinha de anjo que enfeita esse canto,
que tem um carisma ímpar e é amada por tantos.
Talvez seja por cada leitura que tem a nos oferecer,
nos fazendo querer ser melhor, nos ajudando a crescer.

Talvez pelas músicas que vêm embaladas junto com o texto,
dando graça em total contexto.
Talvez seja por tudo isso e muito mais,
que vamos descobrindo a cada coisa boa que ele nos traz.

Amadeirado é um blog iluminado,
cuidado por um ser de coração alado.
Coração Amadeirado é coração encantado.

Parabéns pelos 700 seguidores amiga mais que querida!!
Com todo o meu carinho por ti que é terno e eterno.

®Meire



Roberto Carlos -  Emoções




Obrigada, Meire, por todo esse seu carinho por mim! Beijos! Lena Simões.

***

Agora, vem o comentário da linda amiga Regilene. Obrigada, pessoa querida!
O AMADEIRADO ANUNCIA SETEMBRO
De Regilene Rodrigues Neves
Para Lena Simões

O Amadeirado anuncia setembro
Exalando primavera em volta
E o perfume da sua alma Lena
Escorre letras com essência de amor...

Fragrâncias tuas impregna dentro de nós
Feito bálsamo pinga nos sentimentos
Aliviando lugares feridos de espinhos...

Seu carinho toca no coração
Vem de uma linda estação
Traz cheiro de poesia
E joga pétalas sobre alma
Que num sorriso florido agradece
A dedicação da jardineira
Que cuida cultivando suas flores...

Cada qual de cores perfeitas e únicas
Algumas o tempo estraga
Ou murcham ou perdem seu encanto
Outras florescem ainda mais belas
Porque renascem de estação em estação...

Assim a amizade acontece
Dentro do seu lindo jardim
De cheiro amadeirado de almas afins!...

BEIJO! Regilene.




Desejo de felicidade

 

 
 
Todos nós temos um desejo teimoso de felicidade, mas esse desejo muitas vezes se frustra. Vem um sonho e logo ele desaparece, se apaga, aparece outro e.... nada. É claro que nossas experiências têm muito a ver com a felicidade. Algumas pessoas perdem a esperança, mas muitos de nós somos românticos inveterados e continuamos a sonhar nossos sonhos. Tendemos a pintar a realidade com expectativas coloridas, continuamos acreditando que o sexo e o amor representam a combinação de um cofre e que a única coisa que nos falta é descobrir o "segredo", a combinação certa.

Acontece que a vida é um processo, um lento processo de aprendizado. Viver é crescer e o crescimento acontece sempre devagar, não é como colocar uma moeda numa máquina de balas e instantaneamente obter o colorido chiclete da felicidade. Todo crescimento envolve esforço, algum tipo de alongamento. Pensamos: "se eu continuar me alongando vou chegar lá". Só que alongamento exige tempo e repetição. Nossos músculos se encolhem, se retraem. Normalmente não matamos os dragões dos nossos medos, das nossas inseguranças com um golpe de espada, por isso nos exercitamos diariamente.

Sabemos que as expectativas ajudam, mas, além delas, na vida existem desdobramento e desenvolvimento, repetição e transformação, há o produzido e ainda aquilo a ser produzido. No laboratório da vida o processo é lento, envolve ensaio e erro. Todos erramos, por isso muitos lápis já vêm com borracha.

Se nunca erramos e não aprendermos com nossos erros, nunca vamos descobrir nada. Tente aprender com os erros dos outros. Você não vai viver o bastante para cometer todos eles por si mesmo. Então, essa é a curva da estrada que não podemos perder. No nosso rendez-vous com o destino precisamos ir vendo e fazendo, lidando com os imprevistos, com os desencontros, com o perigo. Portanto, não adianta fingir que não existem abismos na estrada da vida. O importante é aprender a construir pontes sobre eles.

No entanto, esta é uma questão difícil. Muitas vezes nos cansamos de tentar e sermos corajosos. Todos sabemos que o amor lança pontes, tece ligações, mas todos temos medo do poder que o amor tem de criar e de destruir. Sabemos que ele pode mudar nosso mundo amanhã e tornar a transformá-lo depois. Entretanto, só se aprende tentando.

De repente acontece um duplo contato e daí surge um "amor tecido", quer dizer, um amor entrelaçado, trançado, mesclado, que não é propriamente uma obra a ser construída, mas, sobretudo, uma prática contínua, uma espécie de encadeamento. Esse é um amor que por sua vez gera e dá forma ao nosso sonho, ao nosso desejo de felicidade.



Maria Helena Matarazzo