27 de maio de 2012

Quem nos ajuda a ser feliz?



Existe uma rede de seres ao nosso redor aos quais nunca ou quase nunca chegamos a nos encontrar com eles, talvez os vejamos de passagem ao longe.
Quando chegamos já se foram, quando saímos do trabalho, eles estão se aprontando para começar o trabalho deles.

Às vezes, cruzamos com eles pelas ruas, entrando ou saindo de algum lugar. Estão lá dentro escondidos por trás do fogão, espalhando farinha na massa, ateando fogo na lenha do forno da pizza, rapidamente estão correndo para lavar e repor os pratos na mesa de entrada no lugar que almoçamos quase todos os dias.

Mas não os vemos, não sabemos os seus nomes, qual a cor de seus olhos, se são altos os baixos, se são homens ou mulheres que estão cozinhando para que possamos comer.

Não sabemos quem é o entregador do jornal, quem é o carteiro que passa pela nossa calçada. Quem é o rapaz que corre e some com o saco de lixo que deixamos na calçada. Quase nem notamos o responsável pela limpeza pública que varre e ensaca tudo que não foi devidamente jogado no cesto de coleta. Quem é a mocinha que repõe o estoque de bandejas de queijo na prateleira de supermercado? Também não a vemos, também não sabemos quem é. Até mesmo o cara que se veste de Papai Noel e fica na porta da loja conversando com os nossos pequenos.

São tantos os serviços prestados e que com certeza facilitam a vida diária; mas nem por isso nos damos conta. Estamos sempre com o pensamento em outra coisa, no próximo horário da agenda, no compromisso a seguir, que não nos lembramos de agradecer ou elogiar o cozinheiro pelo gostoso almoço que pudemos saborear, de dar um rápido bom dia para o gari que conosco cruza na rua.

Seres que não tem nada de diferente de nós, trabalham e comem, andam pelas ruas, em conduções que foram limpas por outros seres que também não são vistos por muitos, mas que estão lá. Cumprindo seus papéis para que o nosso dia seja melhor.

Na verdade é um conjunto de pessoas anônimas que nos ajudam a ter um dia mais gostoso; com uma comidinha saudável, bem mais leve. Com ruas mais limpas, o vagão do metro limpo, a plataforma que esta pronta para nos receber.

Somos todos visíveis e ao mesmo tempo invisíveis! Mas é bom saber que existe uma rede de pessoas que nos auxiliam a todo instante, a quem precisamos fazer o possível para perceber, cumprimentar e agradecer pelo fato de estarem mesmo que nos "bastidores" contribuindo e facilitando a vida.

Reconhecendo que sozinhos fica bem mais difícil dar conta do que temos que fazer em nosso trabalho, na vida pessoal ou social, afinal, é uma gama de pormenores do dia-a-dia, para podermos realizar qualquer um dos nossos propósitos de vida que bem pode ser o de "simplesmente ser feliz!" 
Cássia Marina Moreira


25 de maio de 2012

Muita aparência pra bem pouca consistência!




Praticamente impossível não surgir ao menos um assunto incluindo o tema relacionamentos numa rodinha de bate-papo, seja entre homens, mulheres ou os dois juntos.

É de praxe falar sobre um casal conhecido, a própria relação ou sobre casos ouvidos. Ou seja, a grande maioria das pessoas sempre tem uma opinião, uma história ou uma experiência vivida que inclui afeto, amor, paixão e todos os sentimentos consequentes.

Acontece que, cada vez mais, tenho tido a impressão de que o que se fala não é exatamente o que se sente. Ou melhor, a maneira com que se tem falado das situações que envolvem o coração é bem destoante do modo com que se tem vivido os sentimentos.

A meu ver, temos maquiado nossas palavras e colocações a fim de mostrá-las seguras, cheias de certezas, tão certas a ponto de tornarem-se inflexíveis, ao menos aparentemente. Parece-me que estamos convencidos de que precisamos provar que temos uma autoconfiança e uma auto-estima imbatíveis, indestrutíveis, sobre-humanas talvez...

Mas estou certa de que a realidade não é bem essa! Na solidão de cada quarto, no consolo de um ombro amigo, nas confissões feitas nos divãs e até na busca esperançosa nos templos, igrejas e orações, fica evidente que há bem pouca consistência nesta aparente perfeição.

Mais do que isso, a fragilidade e os intermináveis questionamentos que rondam tantos corações estão gritando em cada relação vivida e até mesmo naquelas não-vividas. A carência, o medo de sofrer, dúvidas sobre o que fazer e como agir revelam o quanto o ego de tanta gente está bem maior do que sua consciência.

Por quê? É... também me faço esta pergunta e não a encontro em absoluto, pois felizmente não sou dona da verdade, mas suponho que elas têm tentado – a todo custo – tão somente se defender. Entretanto, de tão defendidas, de tão cheias de couraças, escudos e máscaras, terminam subjugando sua essência e, portanto, se distanciando daquilo que realmente sentem.

Creio que a autopercepção seja um bom primeiro passo. Observarmos aquilo que estamos dizendo, pensando ou fazendo é uma maneira eficiente de constatarmos o quanto nossas palavras têm estado desafinadas com o que carregamos no peito.

Frases carregadas de prepotência, do tipo eu sou assim e pronto, se quiser, ele (ou ela) que mude de idéia, ninguém vai mandar em mim, entre outras, só servem para encorpar um orgulho que não nos preenche e nem nos satisfaz.

Que a partir de agora, possamos admitir mais: não sei, talvez eu tenha mesmo que mudar de ideia, quem sabe eu esteja enganado?, estou confuso, com medo, precisando de ajuda...

E que assim, bem mais consistentemente humanos, possamos nos encontrar num abraço maior que nossos próprios braços, que nos acolha não porque parecemos sempre certos, mas porque somos sempre ‘gente’... e gente precisa de afeto!

Rosana Braga

As prisões de cada um



Todos cometem pequenos ou grandes delitos. E no amor, como fica esse balanço? Uns nem imaginam que fizeram faltas com consequências tão graves; outros acham que estão no máximo do pecado e se julgam criminosos hediondos, quando na verdade ninguém foi prejudicado a não ser eles mesmos.

O amor tem leis próprias e uma infinidade de jurisprudências. Só que o coração é o juiz, o poder supremo – ele prende, liberta, absolve, perdoa, pune. Há que respeitá-lo, pois nele ninguém manda. No máximo, podem afrontá-lo de forma dura, ou enganá-lo por vias escusas. Quem tem essa capacidade? A razão, sem dúvida. Embora não tenha poder absoluto, é dotada de força avassaladora, já que é ela quem, de fato, descumpre as ordens do coração.

Essa conversa está muito burocrática né? Tudo isso para dizer que o coração tem razões que a própria razão desconhece; que a razão sufoca, invade, invalida e, acima de tudo, aprisiona o sentimento de um jeito implacável. Infelizmente, não dá para sair por aí fazendo tudo o que o coração quer, mas tornar-se refém da razão também não está entre as dez atitudes mais saudáveis do mundo.

Outro dia li uma frase que diz mais ou menos o seguinte: quando alguém está na sua cabeça é porque ainda não saiu do seu coração. Existem pessoas que esmagam o coração alheio sem entender que o primeiro a ser machucado é o delas.

Assim como existe gente que brinca com o coração do outro sem esperar que o seu próprio um dia lhe pregue uma peça. E finalmente ainda há aqueles que são sinceros, mas acabam engolidos pelo aprisionamento da razão. Choram em silêncio, travam uma disputa desleal entre o querer e o não poder, não arriscam, não extravasam, apenas sentem um ritmo acelerado, tão acelerado que, a qualquer momento, vencem a barreira da razão e se permitem transgredir. Resta saber se esse coração será punido ou absolvido.


Fernanda Santos 






24 de maio de 2012

Bem me quer, mal me quer




Pior, muito pior que ter certezas dolorosas, é ter incertezas. Quando sabemos, pelo menos fica decidido, dói, a gente chora, finge que se esquece, diz que não aceita e acaba por aprender a conviver com a verdade.

O ciúme é um sentimento pernicioso que não destrói somente uma relação, mas as partes envolvidas. Ele cria feridas tão profundas que podem nos marcar (e o outro) para toda a vida.

O ciumento costuma dizer: "eu tenho ciúme porque te amo" quando na realidade deveria ser mais honesto dizendo: "tenho ciúme porque acho que você me pertence."

Ora, ninguém pertence a ninguém!!! As pessoas doam-se por amor e continuam elas mesmas. Escolhem voluntariamente estar junto e continuam a ter o direito de respirar sozinhas e se assim não for, melhor que cada qual fique do seu lado.

Se o relacionamento é uma brincadeira de bem me quer, mal me quer, te amo apaixonadamente ou não te amo, então ele não vale a pena.

É insano querer fechar o ser amado num quarto sem portas e sem janelas, impedi-lo de ter amigos e de poder apreciar a vida como se deve ser.

Nada pior para uma relação do que a incerteza do amor do outro, mas ainda o julgar de tudo o que o ele faz, com quem anda, para onde olha... o querer saber a todo custo os pensamentos que passam pela sua cabeça e as emoções que atravessam seu coração.

O amor não é uma prisão, mas um campo aberto ao sol e às flores. É a brisa suave do fim do dia e o sereno da madrugada. É um dar as mãos voluntário.

Ter alguém que desconfia todo o tempo de tudo o que fazemos é humilhante. É como se não fôssemos capazes de andar sozinhos e escolher livremente por onde andamos ou com quem estamos. Conviver com pessoas assim é altamente destrutivo.

As pessoas são ciumentas porque não se sentem amadas ou não têm certeza que são amadas o bastante para que o outro fique com elas por escolha livre.

Elas acham que não são merecedoras do amor e por isso precisam aprisioná-lo.

Essas pessoas precisam, antes de tudo, conhecer a razão de tanta insegurança, curar-se desse mal, desenvolver um bom relacionamento de si para si e só depois poderão abrir-se ao mundo.

Elas deverão amar-se e, por conseqüência, achar natural que o amor venha a elas, não porque ela criou-lhe amarras, mas porque ele descobriu um lugar seguro para morar e para onde, de onde ele estiver e por onde andar, vai querer voltar.



Letícia Thompson

23 de maio de 2012

Cuidado para não ser igual



Fomos educados a seguir determinados padrões para sermos aceitos na sociedade. Fomos comparados aos nossos irmãos, vizinhos e colegas que, supostamente, serviam de exemplo de comportamento. Fomos ensinados nas escolas a seguir padrões de raciocínio, formas de absorver as informações, sem questionarmos nada.

O problema maior não é somente termos experienciado situações mencionadas acima. A grande frustração do ser humano vem justamente da aceitação de que temos que ser iguais para sermos felizes ou aceitos.

Estamos o tempo todo nos comparando a exemplos de sucesso como se a receita estivesse sempre fora de nós. Agora, se estou preocupado em ser o que o outro é, como serei o que sou? Por isso tantas pessoas não conseguem escolher nem o que vão comer em um restaurante, quanto mais o que querem aprender e desenvolver nesta nossa experiência maravilhosa que é a de viver neste planeta.

Falta coragem às pessoas de serem o que elas são. Passam a vida inteira se violentando em tarefas diárias, com pessoas que não te agradam e situações que não alimentam.

A falta de autoconhecimento leva a problemas tão atuais hoje em dia como a síndrome do pânico, depressão, desanimo, apatia etc..

Você não precisa lutar para ser diferente, você já e!

Chega de lutar para ser igual. A vida é uma experiência única e está em suas mãos fazer dela um aprendizado alegre ou um simples contar dos dias.



Simone Arrojo