A saudade é uma separação que inventou o casamento.
Não é reencontrando minha mulher que desfaço o mal-estar de ter estado longe. Ainda que seja uma hora, um dia, uma semana.
Sentir saudade agora é sentir as saudades de minha vida com ela.
Saudade é uma experiência que não termina de terminar.
Com a saudade, não sinto falta dela, mas do que sou com ela.
Saudade é vaidade. Lamento a própria ausência, apesar de parecer preocupado com a ausência dela.
Saudade é o luto do meu pensamento, a morte do meu pensamento. É nunca mais pensar como solteiro; é pensar como casado daqui por diante. Jurarei que minha risada é mais extravagante em sua companhia, de que sou mais elegante em seus ombros, de que o mundo gosta de nos ver abraçados.
Saudade é não se bastar mais, é depender de alguém para continuar sendo. Depender de alguém até para deixar de ser.
Com a saudade, finjo que me preocupo com minha amada, mas é apenas um jeito de me preocupar comigo. Ela não está mais perto para me melhorar, me antecipar.
Não é que posso perdê-la, eu é que posso me perder longe do que já fui com ela.
Saudade é uma soma daquilo que não somos quando o outro se afasta e daquilo que somos quando o outro está junto. É a certeza de nossa insuficiência. Representa um desfalque da personalidade. Passo a me dar conta de que somente existo para me exibir à ela. Isolado, tenho a sensação de engano, de boicote, de que não nasci inteiro, de que não morrerei inteiro. Minhas palavras ficam tímidas; meu rosto, desafinado.
Saudade é imaginar por dois não sendo mais nenhum. É agir solitário no plural.
Não é uma generosidade, mas seu contrário: um profundo egoísmo; não queremos que amada se distancie para que ela não descubra nossa desimportância. No fundo, é o medo de que a nossa companhia não sinta saudade. O receio do fim. A primeira histeria. A primeira crise de nervosismo.
Saudade é uma covardia corajosa, uma ansiedade cheia de paciência, uma preocupação despreocupada. É se ofender elogiando outro, é se elogiar ofendendo o outro.
Saudade é uma antecipação do abandono. Uma despedida provisória que dói igual a um desenlace definitivo. É um aceno que não entrega a mão ao ar, um cumprimento que não fecha os dedos.
A saudade é acordar na sexta como se fosse sábado. É vestir nossa roupa predileta para permanecer em casa. É arrumar a cama para dormir no sofá.
A saudade surge antes da saudade. Definimos dentro do fato qual será a lembrança de que sentiremos saudade. Sentimos saudade no meio da experiência.
Saudade é uma alegria entristecendo.
Porque toda alegria só será definitiva depois da saudade. Depois da tristeza.
Fabrício Carpinejar
21 comentários:
Lena amiga con certeza bela verdadeso depois que a felicidade sera eterna...
saludos
otima semana}
abracos
Que lindo!
Adorei!
Beijos meus e uma boa semana pra ti!
Tem selinho lá no Meu Aconchego pra vc.Meus 500 seguidores.Queria dividir com vc essa alegria. Beijos achocolatados
Nossa lindíssimo o texto Lena.
Li e reli, não conhecia o texto e achei interessante essa abordagem de saudade.
Bom dia e uma semana maravilhosa para você.
que triste alegria, não é mesmo? lindo demais da conta. boa semana
Oii..
tem selinho no meu blog pra vc!
e não se esqueça das regrinhas, rs
Beijoos
http://pathyoliver.blogspot.com/2011/05/300-seguidores-o.html
saudde...é uma palvra/setimento doído. Cada um tem sua maneira de sentí-la...mas de todas as maneiras é doloroso. Lindo texto querida, bjo bem grande pra vc =)
Lena,
cada definição coube mais e melhor que a anterior.Saudade traduzida e bem explicada pelo autor que destacou no texto cada fato para cada um.È só escolher o caso, só expor o sentido, só declarar o sentimento: Saudade!
Estou sempre com saudades. Me vi em muitos parágrafos.
Saudades, Leninha.
Bela semana p/ ti,
Bjos,
Calu
Lena,
"Saudade é uma alegria entristecendo".
Sim... completamente!
Beijos,
AL
Abordagem interessante essa!
Tenha uma semana linda!
Beijo!
Abordagem interessante essa!
Tenha uma semana linda!
Beijo!
Olá Lena querida,
Falar de Carpinejar é um luxo só. É maravilhoso. Orgulho-me de morar na mesma cidade deste gênio da literatura de nossos dias.
Encanta-me como ele escreve a vida tão cheia de coisas bem próprias dela e disso faz poesia e poema. É encantador!
Um grande beijo para você,
Maria Paraguassu.
Lindíssimo este texto!
Bjs
POI Lena
A saudade já faz tanta parte de nossa vida, que já não sabemos viver sem ela.
Bjux
Esse Fabricio escreve demais!! adorei!!
Bjs lena
Já dizia Bilac: "Saudades: presença
dos ausentes".
Lindo texto.
Abraço.
oi Lena,
estava andando por esses lados,
e encontrei uma luz acesa,
resolvi entrar,
ah,que delicia de lugar,
já me acomodei,
desculpe a invasão,
se quiser estou te esperando com um café quentinho...
a porta está aberta é só entrar
beijinhos
Lindo texto maravilhosamente emoldurado por uma foto que diz tudo! parabéns querida, você como sempre me surpreende a cada postagem!
bjs Sandra
http://projetandopessoas.blogsapot.com//
ola passando pra agradecer a visita...e ja estou seguindo gostei dostextosque encontrei aqui..voltarei mais vezes!!!
Saudade consentida: uma ausência que logo vai acabar, que pode ser suportada.
Saudade sofrida : dor da ausência definitiva.
É assim que vejo a saudade, mas o sentimento é o mesmo, sempre que ela aparece.
Que texto triste... ♥
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